O PERIGO DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA - 6/8

 

CAUSAS DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA

b)  ABRAÇAR A TEOLOGIA LIBERAL

Fruto de um momento de MUDANÇA DE PARADIGMA promovida pelo advento da MODERNIDADE, que questionava O DOMÍNIO do cristianismo “católico romano” nas artes, nas ciências, etc, o LIBERALISMO TEOLÓGICO intentou fazer uma INTERPRETAÇÃO DAS NARRATIVAS bíblicas a partir das LENTES DAS CIÊNCIAS HUMANAS, especialmente a HISTÓRIA, com seu MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO, QUE TRATAVA A BÍBLIA COMO QUALQUER OUTRO LIVRO LITERÁRIO.

Assim, por exemplo, os MILAGRES relatados na bíblia eram ressignificados com explicações de causas naturais ou negados por não encontrarem COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL que eles, de fato, aconteceram.

Rudolf Karl Bultmann (século XIX), em seu livro “JESUS CRISTO E MITOLOGIA”, por exemplo, contesta que Jesus teria andado sobre as aguas, Sua ressurreição, etc. Gêneses, para os liberais, é mito, porque não é possível COMPROVAR PELOS MÉTODOS CIENTÍFICOS; pelo menos até então.

Para os LIBERAIS a bíblia está cheia de ERROS e LENDAS e a tarefa dos TEÓLOGOS passa a ser exatamente a de INVESTIGAR o que pode e o que não pode ser considerado UMA VERDADE COM COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. O que não puder ser comprovado é tratado como MITO, LENDA.

Para eles A BÍBLIA NÃO É A PALAVRA DE DEUS, APENAS CONTÉM A PALAVRA DE DEUS.

Friedrich Schleiermacher (século XVIII), considerado o PAI DO LIBERALISMO TEOLÓGICO, ensinava que a ESSÊNCIA DA RELIGIÃO era O SENTIMENTO RELIGIOSO, A CONEXÃO COM O DIVINO. Nesse sentido, o cristianismo se tornaria igual a qualquer outra religião, uma vez que é próprio da religiosidade a busca pela conexão transcendental.

O perigo é notório: a teologia liberal mina a INERRÂNCIA e AUTORIDADE bíblica e torna o cristianismo igual a qualquer outra religião, como já pontuamos. O Resultado disso é que muitas igrejas da EUROPA acabaram fechando suas portas por NÃO TEREM MAIS EM QUE CRER ou, antes, por não terem mais necessidade em crer nos fatos bíblicos. 

Em certo sentido, a teologia Liberal transformou a igreja em uma espécie de AGÊNCIA CIENTÍFICA, SECULAR, MUNDANA, quase laica, embora tenha preservado algum tipo de "espiritualidade particular" que dispensava a necessidade de que os relatos bíblicos fossem, necessariamente, verdadeiros. 

Isso, no seio da igreja, foi e é um grande problema; um dos maiores promotores de sua secularização. O cristianismo é absolutamente dependente que seus relatos sejam históricos e verdadeiros. Se não há ressurreição, por exemplo, como diz Paulo, que não fazia coro com Schleiermache e seus discípulos: "comamos e bebamos, que amanhã morreremos".