Jesus, certa vez, disse algo que é muito pertinente relembrarmos num
momento de comemoração de mais um ano de vida, especialmente num contexto de festa
de aniversário. Disse Ele: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode
acrescentar um côvado ao curso de sua vida”? (Lucas 12:25). Côvado é uma
unidade de medida que equivale a aproximadamente 45 centímetros. O argumento
irrefutável nos lembra que nenhum de nós; absolutamente ninguém, tem a
capacidade de alongar, nem mesmo por alguns centímetros, a caminhada que nos
está proposta. Alguém consciente pode negar isso? Nem mesmo os mais abastados
com suas muitas riquezas podem decidir por viver mais um pouco, tendo chegado o
limite do curso de sua vida. Os poderosos não poderão usar sua recorrente
arrogância para conquistarem mais tempo. A fé dos religiosos também não os ajudará a merecerem tamanho benefício. Os pobres também não poderão usar seu sofrimento momentâneo como
estratégia de convencimento para prolongamento de suas vidas. O fim da estrada
é absolutamente democrático e irrevogável. Essa reflexão perpassa uma questão filosófica fundamental e basilar: afinal, “que
é o homem”? É a pergunta feita também pelo Salmista; respondendo ele mesmo: “ O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra
que passa (Salmos 144:3-4). E ainda outro salmista afirma: “Os dias da nossa
vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor
deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo
90:10). É o que somos: “humanos; demasiadamente humanos”; seres cujo DNA
está impregnado de transitoriedade e dependência, face à Eterna e Imutável existência de Deus, como ainda afirma o Salmista: “Antes que os montes nascessem e se
formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo
90:2). Somos loucos em não atentarmos para tão grande diferença entre Ele e nós. Parabenizar, ser parabenizado ou ainda parabenizar-se por mais um ano de vida, não significaria, em última análise, entender que o continuar vivo, de alguma forma, depende ou dependeu de nós? Diante do exposto acima, não fica sem sentido, em qualquer língua, as famosas
palavras cantadas “Parabéns pra você ou Happy Birthday to You”? Antes, não
seria mais adequado, à ocasião, ações de Graças a Deus, único autor e
preservador da vida? Façamos nossas, pois, as palavras de Moisés, em seu salmo solitário:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos coração sábio” e ainda: “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade,
para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Salmo
90:12,14).