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sexta-feira, 26 de março de 2010

MITO DA CAVERNA DE PLATÃO

1- MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.

2- REPRESENTAÇÃO DA CAVERNA


3- SIGNIFICADO DOS ELEMENTOS DA ALEGORIA DE PLATÃO:

O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética,O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense?) Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro (CHAUI, Marilena. Convite a filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1999. p. 41).

4- OS DOIS MUNDO DE PLATÃO

Utilizando-se da alegoria da Caverna, Platão afirma existir dois mundos diferentes, separados e autônomos entre si:

4.1 O mundo visível, sensível, dos fenômenos e acessível aos sentidos (é aquele que a maioria da humanidade está presa; sujeito a interpretações falsas da verdade);

4.2 O mundo das idéias gerais (inteligível), "das essências imutáveis, que o homem (alguns) atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos" (ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007).

Para exemplificar a visão de Platão, considere um conjunto de cavalos. Apesar deles não serem exatamente iguais, existe algo que é comum a todos os cavalos; algo que garante que nós jamais teremos problemas para reconhecer um cavalo. Naturalmente, um exemplar isolado do cavalo, este sim "flui", "passa". Ele envelhece e fica manco, depois adoece e morre. Mas a verdadeira FORMA do cavalo é eterna e imutável.


Para Platão tudo o que podemos tocar e sentir na natureza "flui". Não existe, portanto, um elemento básico que não se desintegre. Absolutamente tudo o que pertence ao mundo dos sentidos é feito de um material sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável (Mundo de Sophia).

Notem que Platão inverte a perspectiva do que costumeiramente entendemos como verdade.

Como poderíamos conhecer se não tivéssemos visto antes? Platão diria, a IDÉIA, A FORMA da coisa existe desde a eternidade, por isso você a vê.

A teoria das idéias de Platão é historicamente o primeiro dos idealismos. Para ele, o ser em sua pureza e perfeição não está no mundo físico, que é o reino das aparências. Os objetos captados pelos sentidos são cópia imperfeita das idéias puras (mundo das idéias). A verdadeira realidade está no mundo das idéias, porque só é Verdade/Realidade para Platão aquilo que é eterno e imutável. Esse mundo só é acessível pela razão.

Platão acreditava numa realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos. A esta realidade ele deu o nome de mundo das idéias. Nele estão as "imagens padrão", as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que encontramos na natureza. Ou seja, tudo que podemos ver, sentir, tocar, existe, desde a eternidade, nesse mundo das idéias.

5- O CINEMA EXPLICA PLATÃO

No filme Matrix a mente dos seres humanos está aprisionada num programa denominado Matrix, que simula uma realidade humana quase perfeita. Tanto no filme como na alegoria, é apresentado personagens presos num mundo que consideram real e verdadeiro, mas, na verdade, estão vivendo num mundo não condizente com a realidade. São prisioneiros num mundo "material", que é uma simulação de programa de computador, criada num futuro distante por uma Inteligência Artificial (IA), como símbolo da escravidão da humanidade pela perpetuação da ignorância em forma de uma percepção ilusória, chamada MATRIX.

O vídeo abaixo nos ajudará a entender um pouco melhor a alegoria da caverna de Platão, mostrará também trecho do filme Matrix (que é um verdadeiro questionamento do conceito de verdade do senso comum e, conseqüentemente, da ciência, baseado nas idéias de Platão):




Veja também uma paródia do filme Matrix no vídeo abaixo:



Outro filme que também reflete bem as teorias de Platão, especialmente com relação às “Etapas do Conhecimento” (demonstradas no item 6) e às dificuldades e dores para se chegar à “verdade”, à “realidade”, ao “conhecimento”, é o Show de Truman. O protagonista do filme, Truman, vivido pelo conhecido ator Jim Carrey, passa por todas as etapas da teoria do conhecimento de Platão, desde a fase da (agnose) Ignorância (até seus trinta anos), quando vivia num mundo de “sombras” achando que era “real”, que existia de fato. Posteriormente, após muitas lutas internas, começa a desconfiar e a “estranhar” alguns aspectos de sua própria vida, muito embora, ainda, não pudesse discernir exatamente o que estava acontecendo, tinha convicção de que algo, além do que conhecia como “verdade”, estava acontecendo; essa nova fase caracteriza-se pelo início da dúvida, da desconfiança, do questionamento; é a fase do (doxa), opinião. Finalmente após intensa batalha com as grandes dificuldades que envolvem chegar-se ao conhecimento, Truman, tem seus olhos desvendados; descobre por ele mesmo, que passou a vida inteira vendo “sombras”. É a etapa da (Episteme) conhecimento, sendo representada por sua saída da caverna, isto é, do estúdio.

Esses filmes, baseados na Teoria do Conhecimento de Platão, nos levam a uma séria reflexão: até que ponto somos realmente livres? Até que ponto não somos, de alguma forma, manipulados? Até que ponto nossas supostas escolhas não são ditadas por grandes interesses ideológicos ou econômicos? Essas simples perguntas podem nos livrar das cordas dos “manipuladores de marionetes”.

6- DADOS TÉCNICOS SOBRE A ALEGORIA DA CAVERNA DE PLATÃO

Com essa metáfora - o justamente famoso Mito da Caverna - Platão quis mostrar muitas coisas. Uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá-lo, pois romper com a inércia da ignorância (agnosis) requer sacrifícios. Lembremos de frase importante do filme Matrix: “A ignorância é felicidade".

6.1- ETAPAS DO SABER:

6.1.1- NA PRIMEIRA ETAPA, o homem está na ignorância (AGNOSIS);

6.1.2- A SEGUNDA ETAPA a ser atingida é a da opinião (DOXA), quando o indivíduo que ergueu-se das profundezas da caverna tem o seu primeiro contanto com as novas e imprecisas imagens exteriores. Nesse primeiro instante, ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar a sua frente.

6.1.3- NA TERCEIRA ETAPA, porém, persistindo em seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Ai então ele atingirá o conhecimento (EPSTEME).

7- ALEGORIA DA CAVERNA NA VISÃO DE MAURÍCIO DE SOUZA






8- APLICAÇÕES PRÁTICAS:

O que aprendemos, de prático, e que podemos aplicar em nosso cotidiano com as idéias de Platão?

Apesar dos detalhes técnicos que envolvem a Algoria da Caverna de Platão (detalhes que, muitas vezes, só "nteressam" aos filósofos), as idéias de Platão são, de fato, alertadoras.

Nos ensinam a sempre contestar, duvidar, criticar "as verdades" que se nos apresentam (ou aquilo que querem que entendamos como verdade).

Essas críticas, questionamentos e dúvidas, entretanto, não devem ter fim em si mesmas (criticar por criticar), mas só possuem importância enquanto processo de investigação da verdade.

O filósofo alemão Karl Popper ensinava que "toda teoria (qualquer que seja) deve ser "falseada" (bombardeada com toda espécie de críticas e questionamentos), pois quanto mais se mantiver intacta, mas dígna de ser seguida". Torne-se um crítico, siga os conselhos práticas de Platão, não aceite a "verdade" sem antes enchê-la de crítica.

Questionar, criticar e duvidar sempre! Esse é o antídoto prático trazido por Platão e que poderá evitar muitos processos de manipulação. Evitará que nos tornemos verdadeiras "marionetes" nas mãos dos detentores do poder (de qualquer tipo de poder).

O vídeo a seguir é um bom exemplo (reduzido ao absurdo, claro) do perigo de vivermos totalmente imersos no senso comum; sem nenhum senso crítico e de como isso pode ser devastador e prejudicial à nossa consciência.


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