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quarta-feira, 1 de abril de 2009

FORMAS DE ENFRENTAMENTO DA VERDADE

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não existe apenas uma forma de enfrentamento (interpretação) da verdade. Tomando-se o objeto água como exemplo: para um químico (ciência) ela é H2O; para uma pessoa que está com sede, ela é gelada ou fria, própria ou imprópria para o consumo. Qual dessas duas formas de interpretação da "verdadede" sobre a água está correta? Apenas a científica? Obvio que não. Na idade Medieval, a "verdade" era estabelecida pela religiosidade. A "verdade" era apresentada num formato de dogma, que por definição não pode ser contestado. Isso rendeu a essa era da história o título de "idade das trevas". Hoje em dia, criou-se no incosciente coletivo que "verdade" é tão somente aquilo que a Ciência diz que é "verdade". Ninguém ousa questionar. Não há nenhuma crítica a essa postura, diferentemente de quando a "verdade" era imposta pela religiosidade. Indubtavelmente a verdade Científica, paradoxalmente, acabou tornando-se um "dogma" também. Nesse sentido, vivemos a mesma situação do medievo. Precisamos saber que não há apenas o modelo científico de enfrentamento (interpretação) da verdade. Existem muitos outros modelos. Destacaremos os seguintes modelos de "entendimento", de "interpretação", de "enfrentamento" da verdade:

1) Dogmatismo: Posição que não reconhece a “problemática do conhecimento” (se a verdade está no objeto ou no observador, por exemplo). Muito embora as dificuldades levantadas pela teoria do conhecimento sejam suficientemente comprovadas, os "dogmáticos" insistem, irracionalmente, em negá-las. O conhecimento não se dá por meio de interação entre o sujeito e o objeto. Acredita que os objetos possuem suas próprias verdades e estas são absolutas. Expõe sua posição sem uma análise mais criteriosa e/ou crítica. É unilateral, isto é, tem uma direção única de interpretação da realidade; por conta disso, gera uma postura rígida na vida e na ação. O vídeo a seguir nos ajudará a entender um pouco mais essa forma de enfrentamento da verdade.

2) Empirismo: considera que só é possível chegar à verdade por meio dos sentidos. Em última análise, verdade é tão somente aquilo que vemos, que tocamos, que sentimos, que experienciamos com nossos sentidos. Segundo Jhon Locke, empirista inglês, "Nada chega ao nosso conhecimento sem que primeiro tenha passado pelos nossos sentidos". O vídeo a seguir demonstrará de forma mais detalhada o conceito de verdade/realidade para o empirismo.


Mas, será mesmo que nossos sentidos "sempre" nos dizem a verdade? Até que ponto devemos formartar nosso conceito de realidade baseado nas idéias empiristas? Será mesmo que a ciência é a detentora da "verdade absoluta"? A maioria de nós acaba enclausurando-se nesse conceito materialista de verdade (verdade como sendo, unicamente, aquilo que pode ser manipulado, testado, experienciado, percebido pelos sentidos) - que é o conceito de verdade do senso comum e da ciência - sem, contudo, se dar conta que essa não é a "única" forma de enfrentamento ou de interpretação da verdade. Nossos sentidos (base da construção do conceito da verdade científica) muitas vezes se atrapalham diante das "armadilhas da percepção". É possível ver, sentir, tocar e mesmo assim não estarmos diante da realidade? Devido ao grau de contaminação do conceito de verdade do empirismo e do senso comum a que fomos submetidos, desde a infância, certamente, tenderemos a dizer que não. O vídeo a seguir tem o objetivo de nos alertar e de nos vacinar contra esse "veneno" que corre em nossas veias (conceito de verdade materialista). Não diga que seus olhos não estão vendo o que estão vendo!


Permita-me ainda insistir: É possível ver, sentir, tocar e mesmo assim não estarmos diante da realidade? Se a resposta for negativa, por dedução lógica, terá que acreditar que tudo que viu no vídeo anterior é real.
Observe também a figura abaixo. Olhe fixamente para o centro dela aproxime e afaste o olhar algumas vezes:

O que acontece? A figura está se movendo como se fora uma espécie de catraca? Pura armadilha da percepção. Nossos sentidos, ao contrário do que ensina o empirismo, podem nos enganar, servir como véus a encobrir a verdade

Agora fixe seu olhar por alguns segundos na bandeira da esquerda, na figura abaixo e em seguida olha para o quadrado branco da direita:


O que você viu? Jura que viu a bandeira brasileira em suas cores originais? Calma, você não está ficando louco(a). É só uma ilusão de ótica. Armadilha dos nossos sentidos. Armadilhas da percepção.

3) Teoria das Idéias de Platão: Para essa forma de enfrentamento (interpretação) da "verdade", ao contrário do empirismo, nossos sentidos atrapalham o conhecimento da "verdade". Fazem o papel de verdadeiros véus a encobir o real. A "verdade" não pode estar no tangível, no que é material, no que é passageiro. Só é possível alcançar a verdade através da razão. Apesar desse termo (idealismo) ter sido cunhado na modernidade, podemos aplicá-lo (há um certo consenso) para a teoria do conhecimento de Platão. Para explicar como se dá o processo do conhecimento e também para nos trazer um "novo" conceito de "verdade", Platão (estamos falando do século IV a.C), elaborou a "Alegoria da Caverna", transcrita abaixo:

O Mito da Caverna - Platão
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.

O vídeo abaixo nos ajudará a entender melhor essa forma de enfrentamento (de interpretação) da verdade. O vídeo mostrará também trecho do filme Matrix (que é um verdadeiro questionamento do conceito de verdade do senso comum e, consequentemente, da da ciência, baseado nas idéias de Platão), além disso, o vídeo mostrará também o Mito da Caverna na visão de Maurício de Souza:

Veja também uma paródia do filme Matrix no vídeo abaixo:

Por fim, quais as implicações práticas de ter consciência de que não existe apenas uma forma de enfrentamento (interpretação) da verdade? O que aprendemos, de prático, e que podemos aplicar em nosso cotidiano com as idéias de Platão? Apesar dos detalhes técnicos que envolvem a Algoria da Caverna de Platão (detalhes que, muitas vezes, só "nteressam" aos filósofos), as idéias de Platão são, de fato, alertadoras. Nos ensinam a sempre contestar, duvidar, criticar "as verdades" que se nos apresentam (ou aquilo que querem que entendamos como verdade). Essas críticas, questionamentos e dúvidas, entretanto, não devem ter fim em si mesmas (criticar por criticar), mas só possuem importância enquanto processo de investigação da verdade. Questionar, criticar e duvidar sempre! Esse é o antídoto prático trazido por Platão e que poderá evitar muitos processos de manipulação. Evitará que nos tornemos verdadeiras "marionetes" nas mãos dos detentores do poder (de qualquer tipo de poder). O vídeo a seguir é um bom exemplo (reduzido ao absurdo, claro) de como somos, mergulhados no senso comum, sem nenhum senso crítico e como isso pode ser devastadamente prejudicial. O filósofo alemão Karl Popper ensinava que "toda teoria (qualquer que seja) deve ser "falseada" (bombardeada com toda espécie de críticas e questionamentos), pois quanto mais se mantiver intacta, mas dígna de ser seguida". Torne-se um crítico, siga os conselhos práticas de Platão, não aceite a "verdade" sem antes enchê-la de crítica.

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