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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PENTECOSTALISMO E REFORMA PROTESTANTE: Pressupostos doutrinários – Parte II


Não quero ser injusto. Nossa intenção aqui é tão somente compararmos os pressupostos doutrinários mais basilares da Reforma Protestante com os do Pentecostalismo. Só isso. O julgamento quem fará são nossos leitores. Julgarão se esses pressupostos possuem coerência entre si. Julgarão se eles são, de alguma forma, convergentes ou completamente divergentes, muito embora essa seja a nossa desconfiança.

Poderíamos analisar a questão em várias frentes mas, por questão de espaço, vamos abordar sinteticamente apenas os chamados “Cinco Solas da Reforma”. Evidentemente que não podemos esquecer do contexto histórico em que os Solas foram formulados, sob pena de graves deslizes. Contudo, assim como estamos convencidos que o Pentecostalismo é outra Reforma Religiosa, como já afirmamos na parte I dessa série, também estamos convencidos que o Pentecostalismo é o mais grave passo de retorno ao Romanismo. Sendo assim, o ambiente de nossa análise possui praticamente as mesmas características encontradas pelos Reformadores no século XVI, o que nos habilita a tomar emprestado os “Solas da Reforma” e aplicá-los diretamente à questão Pentecostal.

Sola Scriptura:  Somente a Escritura

Essa é, talvez, a bandeira mais importante defendida pela Reforma Protestante. Cair nessa é cair em gravíssimo erro. Ela significa que todas as práticas religiosas, doutrinas e cultos devem emanar “somente” das Escrituras Sagradas. Pressupõe também que toda e qualquer “nova revelação” e, portanto, extra-bíblica, deve ser rejeitada, pois a Escritura, o Canon fechado, os 39 livros do VT e os 27 do NT, são suficientes e inerrantes. 

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Até mesmo uma interpretação errada, por mais herética que seja, é minimizada diante dessa “opção consciente” de não ter a Escritura Sagrada como regra  exclusiva de fé e de prática.

Para os  pentecostais, assim como para os católicos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os Católicos têm nas bulas papais e na tradição o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os Pentecostais, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES, que podem vir por “profecias”, “sonhos”, ou através das “línguas estranhas”.  

Quantos casamentos feitos e desfeitos; quantas “visitas pessoais” do próprio Deus nos arraiais Pentecostais. Falam como se pela boca do próprio Deus: “eis que sou Deus que te digo varão”. Quebra flagrante do terceiro mandamento. É mais do que claro que “as novas revelações” possuem, para os pentecostais, status de regra de fé e de prática, posto que eles obedecem cegamente a “ordem de Deus”, vinda diretamente de um “vaso”. Bom seria se essa obediência se estendesse à voz de Deus publicada na bíblia. Mas não é esse o caso, infelizmente. Alguém poderia negar essa realidade?

Já a variação neopentecostal,  que pouco se utiliza das “manifestações de dons espetaculares” e que investe, principalmente, no exorcismo,  utiliza uma interpretação tão esdrúxula da Bíblia que a transforma em palavra de qualquer pessoa, menos de Deus.

O pressuposto Pentecostal de “Escritura também” pode causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são diametralmente opostos. “Escritura também” pode ser, e tem sido em muitas ocasiões, traduzido por “Somente Novas Revelações, nada de bíblia”. Permita-me ilustrar o que acabamos de argumentar: há muitos anos atrás, em nossa igreja, uma irmã envolvida com o Pentecostalismo recebeu a seguinte revelação: “seu atual marido não é o que Deus escolheu para você”. Essa mesma “profecia” foi levada pela mesma “profetisa” (pessoa com grande reconhecimento no meio pentecostal, possua cargo ou não) a um membro da igreja Assembléia de Deus: “vaso, a sua atual esposa não é a mulher que Deus escolheu pra você”. Resultado: ambos deixaram seus cônjuges e passaram a viver maritalmente “felizes para sempre”. Detalhe: a tal profetisa conhecia os dois pombinhos. Lembro que o conselho da igreja listou uma série incalculável de versículos bíblicos para aquela irmã, na esperança de fazê-la entender o quanto estava enlameada com o pecado de adultério. Sua resposta a cada versículo era: “esse eu já sei decorado, mas nada vai fazer eu mudar de idéia porque eu tenho a confirmação da revelação de Deus na minha vida”. É ou não é “somente nova revelação e bíblia nada”? Ela foi disciplinada, saiu da nossa igreja e foi fazer parte de uma igreja Pentecostal com seu novo parceiro "canela de fogo". 

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Scriptura” é: “Escritura também, mas não só Escritura”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa:  são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.
  
Sola Fide: Somente a Fé

Significa que o perdão dos pecados e, conseqüentemente, a justificação, advêm tão somente pela fé no sacrifício vicário de Cristo e não por obras meritórias.

Martinho Lutero baseou sua vida nesse princípio para lutar contra os desmandos da ICAR e, principalmente, contra a venda de indulgências, que é a venda de benefícios espirituais, do perdão ou mesmo de uma benção. Ao ler a epístola de Romanos 1:17 “O justo viverá da fé”, Lutero teve seus olhos desvendados para a realidade de que não pode negociar benesses com Deus, antes, pelo contrário, elas devem ser recebidas pela fé somente, sendo fruto da preciosa graça de Deus. Fé esta, aliás, outorgada pelo próprio Deus aos seus eleitos.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Rui Barbosa, no prefácio do livro “O Papa e o concilio”, referindo-se à venda de indulgências pela ICAR, na idade média, chega a dizer que não se respeitava nem mesmo os pontos mais melindrosos da Fé. Diz ele: “É só jogar o dinheiro na caixa que, no mesmo instante, as almas que estão no purgatório escapam, e que todos deveriam comprar o perdão da alma de seus entes queridos, e ainda que tivessem uma só veste, deveriam despi-la, logo e já, para comprar benefícios tamanhos”.

Os pentecostais são os responsáveis por ressuscitarem a famigerada idéia de indulgência. A troca de dinheiro por benefícios divinos é evidente, sobretudo em sua vertente neopentecostal, que se utiliza, também de muitos símbolos físicos como “unção com óleo”, “pulseiras da vitória”, “rosa ungida” e muitos outros, afastando por completo a idéia de “pela fé somente”. Mas, esse não é um privilégio apenas dos neopentecostais. Um dos mais proeminentes representantes do “Pentecostalismo tradicional ou original”, Silas Malafaia, também enveredou pela negação do “Sola Fide”. Em um vídeo muito famoso, também publicado no filosofiacalvinista sobre o título “A indulgência eletrônica de Malafaia e Murdock”, fez as seguintes afirmações, que o reaproximam e junto com ele o Pentecostalismo, mais uma vez, ao Romanismo e dessa feita em suas característcias mais graves: o Romanismo pré-reforma:

“E quando mais rápido a semente entrar no solo uma colheita começa a crescer”. Essa afirmação é uma referência a uma oferta “voluntária” de R$ 1.000,00 pedida pro Malafaia e Murdock.

Que outros benefícios essa oferta traria? Pasmem. Essa frase da dupla Malafaia/ Murdock é completamente  indiscutível:

“Salvação para membros da família" (é uma referência a um dos benefícios adquiridos por quem pagar a indulgência, ou melhor, a "oferta voluntária" de R$ 1.000,00).

Agora compare com o que disse Rui Barbosa acerca da venda de indulgência, pela Igreja Católica Romana pré-reforma, que reproduzimos acima, com a Indulgência Eletrônica (porque poderia ser até dividia no cartão) de Malafaia e Murdock. É ou não é a mesmíssima coisa?

Isso não é simplesmente um desvio de conduta de um Pentecostal. É, antes, uma conseqüência mais ou menos lógica e previsível dos desdobramentos da negação dos princípios basilares da Fé Reformada, que é, na verdade, o cerne do Pentecostalismo.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Fide é: “Fé em Deus, mas também Fé no esforço do homem”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa:  são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

Solus Christus:  Somente Cristo.

Significa, em última análise, que não necessitamos de mais absolutamente nada além do Sacrifício substitutivo de Cristo Jesus, para a salvação. Implica que aquele que é salvo o é única e exclusivamente pelo sacrifício de Cristo. Isto é, o eleito nada faz que possa contribuir para sua salvação.  De forma que a pregação numa Igreja Reformada  poderia, tranquilamente, fazer a seguinte exortação: “não tentem fazer nada para alcançar a salvação, pois isso lhes seria um esforço inútil, pois vocês nada podem fazer para alcançar a vida eterna, nem mesmo podem contribuir ou ajudar a Deus nessa tarefa”.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

O que aconteceria se essa exortação fosse feita em uma igreja Pentecostal?

Os pentecostais, pelo fato se serem semi-Pelagianos, não suportam a idéia da passividade face à doutrina da Salvação.  Não estou querendo afirmar que os Pentecostais não crêem em Cristo para a salvação. Isso seria absurdamente desonesto. O problema é que não depositam a confiança de sua salvação “Somente em Cristo”, como o pressuposto da Reforma Protestante, baseado na Bíblia, requer. É sempre Cristo+cabelos+“joelhos no chão”+roupas+“manifestações do espírito”+“prosperidade” (características da variação neopentecostal)+“santificação pessoal”, cujo conceito é extremamente parecido com o conceito Católico Romano, isto é, santo como sendo aquele que não peca. Essa similaridade é evidenciada também pelas roupas dos santos católicos e dos crentes pentecostais, que parecem proceder da mesma grife.  

O pressuposto Pentecostal de “Cristo também” também pode causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são diametralmente opostos.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Solus Christus” é: “Cristo também, mas não só Cristo”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.
  
Sola Gratia: Somente a Graça

“Durante a Reforma, os líderes protestantes e os teólogos geralmente concordavam que a doutrina da salvação da Igreja Católica Romana seria uma mistura de confiança na graça de Deus e confiança no mérito de suas próprias obras, comportamento este chamado pelos protestantes de sinergismo” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sola_gratia), enquanto eles defendiam o monergismo, que significa que a salvação depende exclusivamente de Deus: no início, no meio e no fim.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Observe: a mesma constatação que os “líderes protestantes” do século XVI chegaram acerca da doutrina da salvação da Igreja Católica Apostólica Romana pode, integralmente, ser observada na doutrina da Salvação dos Pentecostais.

Eles não acreditam que Cristo resolveu o problema da condenação eterna de forma igualmente eterna e definitiva, pois também acreditam na perda da Salvação. Ora, se Cristo morreu pelo indivíduo e ele ainda pode perder a salvação, o que, afinal, seria suficiente para dar-lhes a certeza da salvação? Respondemos claramente o que os Pentecostais respondem na sua prática religiosa: as obras. À semelhança dos Espíritas, que praticam boas obras por acreditarem ser importante para melhorarem seu processo de reencarnação, tudo que o Pentecostal faz é visando a “continuação da sua salvação”. Ou seja, faz porque entende que deve fazer para “continuar salvo”, do contrário poderá perder essa salvação, a exemplo das vigílias, das longas orações, das manifestações públicas de “espiritualidade” e das campanhas de evangelização, que servem como uma espécie de “cartão de visita” para ser apresentado na porta do céu.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Gratia” é: Sinergia. Nós podemos contribuir ativamente para nossa salvação. A graça, no contexto Pentecostal, é algo quase dispensável, pouco utilizada, pouquíssimo estudada e nunca compreendida.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

 Soli Deo Gloria: Glória somente a Deus

A primeira pergunta do Catecismo Maior de Westmister faz uma indagação cuja resposta representa bem esse Sola: Qual o fim supremo e principal do homem? A Essa pergunta os herdeiros da Reforma responderam: Glorificar a Deus e Gozá-lo para Sempre.

Esse ponto foi levantado pelos Reformadores exatamente para combater a questão hierárquica da Igreja Católica, bem como da canonização de pessoas consideradas “santas”. É evidente aqui que a luta era contra o orgulho humano que quer, insuflado pelas idéias de satanás, assumir a glória devida “somente a Deus”.

Os Reformadores não admitiam, em hipótese alguma, dividir a glória devida “somente a Deus” com homens, ainda que esses fossem líderes religiosos proeminentes.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

A busca frenética pelo reconhecimento pessoal no meio Pentecostal é algo gritante. Muitos jovens se martirizam psicologicamente para ter “o dom de línguas estranhas”, por exemplo. Com que objetivo? Edificar a igreja? Absolutamente. Com o fim de serem reconhecidos como “homens e mulheres de Deus”. Isso, em última instância redunda em glória pessoal e particular, além de render cargos. Cargos que inclusive possuem natureza hierárquica, o que possibilita uma nova ponte à idéia de clero do Catolicismo Romano, passando pelo “cargo” de presbítero, evangelista e evoluindo aos diversos tipos de pastores, numa escalada gradual, sendo o posterior superior ao imediatamente anterior.  

De todo esse estado de “glorificação velada do homem”, característica peculiar do humanismo - principal influenciador do Pentecostalismo, decorre a variação encontrada nas igrejas neopentecostais: a figura do Apóstolo, que pressupõe um grau extremamente alto e superior em relação aos demais líderes da igreja. Só não se sabe onde essa escala hierárquica de poder eclesiástico vai parar.

Há também a glorificação dos “profetas” e “profetisas” que não possuem, necessariamente, um cargo, muito embora seja o objetivo de muitos deles. Esses são “eleitos” pelo próprio povo para receberem a glória do reconhecimento. Esses têm uma oração mais poderosa que os demais. Com esses, dizem seus admiradores, Deus fala coisas profundas e misteriosas. Uma das principais frases de Malafaia, por exemplo, para trazer alguma espécie de “maldição” aos seus oponentes é “sou profeta de Deus”. Isso requer para si uma espécie de contato direto com Deus, o que lhe confere um poder extremamente grande.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Soli Deo Glória” é: Deus seja glorificado, mas também o “homem e a mulher de Deus".

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

Agora decida: o Pentecostalismo tem algo a ver com a Reforma Protestante? Os pressupostos do Pentecostalismo são convergentes ou divergentes em relação ao pressupostos da Reforma Protestante do século XVI?

Se por acaso (e espero que sim) atribui ao Pentecostalismo algum pressuposto que não lhe pertence, por favor apontem, faço questão de corrigir.


Série: Reforma Protestante.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A PODEROSA FÉ DOS PENTECOSTAIS E A INCREDULIDADE DOS TRADICIONAIS

Não posso deixar de admirar a fé dos Pentecostais. Eles conseguem acreditar em coisas inacreditáveis. Afinal, não é esse o pressuposto da fé? Isso é admirável. Fé pujante, eu diria. Acima de qualquer poder limitador. Ao contrário disso, muitos que fazem parte de uma igreja proveniente da Reforma Protestante (ao contrário do que muitos pensam, nem todas as igrejas evangélicas têem sua origem na Reforma do século XVI, antes, pelo contrário, fazem parte de um movimento completamente outro, completamente novo e não têm nada a ver com Lutero, Calvino e Cia Ltda), também chamadas de "Igrejas Históricas" (muito embora esse termo não seja muito correto, pois todas são "históricas"), só sabem criticar os Pentecostais. Mas isso nada mais é que inveja da fé que possuem. Isso mesmo. Inveja de fé. Jamais terão uma fé como a deles.

No vídeo abaixo, por exemplo, isso fica absolutamente claro. Só mesmo quem é dotado de uma fé ilimitada pode crer nisso. "Pena" (literalmente) que os tradicionais não podem desfrutar desse sentimento quase extasiante. Sua fé é do tamanho de um grão de mostarda, apenas. Absolutamente minúscula. Jamais terão a fé que os Pentecostais têem.


É claro que alguns Pentecostais, contaminados por algum pensamento da Reforma Protestante, tendo já sua fé diminuída, ao ver o vídeo acima, certamente dirá: "isso é meninice". Mas, com base em que afirmas que a revelação que o irmão teve não procede? O que a faz diferente das tantas outras revelações que você aceita como sendo de Deus? Ora, não seja incrédulo, seja Pentecostal. A base dessa revelação demonstrada no vídeo é exatamente a mesma de todas as outras. E sabe o que é bom nisso tudo? Sabe o que deixa os tradicionais furiosos? É que mesmo não tendo como provar pelas Escrituras se a dita cuja revelação procede ou não ainda assim os Pentecostais continuam crendo. Isso é realmente incrível! Que fé inacreditável! É assim que é: uns "fé-de-mais", outros, para alívio de todos,  "fé-de-menos"!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PENTECOSTAL X CALVINISTA. QUEM TEM MAIS FÉ PARA PASSAR NO VESTIBULAR?

Esses dias, vendo várias notícias acerca dos vestibulares por todo Brasil, fiquei lembrando de um testemunho que ouvi, há muitos anos atrás. Ao lembrar, comecei a fazer uma retrospectiva da minha vida como estudante, e agora como professor, e não pude deixar de fazer uma série de associações. Muita coisa que vi, só agora consegui entender, depois de algumas leituras sobre o que irei expor brevemente a seguir.

Por enquanto, voltemos ao vestibular. A tensão pré-vestibular pode ser visivelmente percebida; está estampada nos rostos dos vestibulandos. Mas, o jovem “crente” tem uma importante aliada - que os outros não têm – na conquista da tão sonhada vaga na universidade: a fé. Mas, obviamente, nem todos são iguais: “uns fé de mais”, outros, porém, “fé de menos”. Nesse sentido pergunto: Quem tem mais fé para passar no vestibular? O Pentecostal ou o Calvinista?

O testemunho era o seguinte e servirá de base para ilustrar a “Fé que o Pentecostal tem para passar no vestibular”:

1- Um irmão pentecostal fez sua inscrição no vestibular;
2- Um dia antes do exame, “muito joelho no chão”;
3- O irmão foi dormir tranquilamente, agarrado com o texto “em paz me deito e logo pego no sono”;
4- No dia seguinte – dia do exame vestibular – o irmão acordou tarde; perdeu a hora e pelo avançar do relógio não daria tempo chegar no local da prova;
5- Tristeza total? Decepção? Raiva de si mesmo? Talvez, mas não para esse irmão pentecostal. Afinal ele já havia recebido a confirmação, de um “vaso”, que ele passaria no vestibular;
6- Ele, prontamente, ajoelhando-se, com uma fé descomunal, orou assim: “Senhor, eu já recebi a promessa e repreendo o inimigo que não quer me ver na universidade. O Senhor é o “Deus dos impossíveis”, “se o Senhor é por nós quem será contra nós”? Eu creio na tua promessa”;
7- Finalizada a oração, o irmão deitou-se novamente, mais uma vez agarrando-se ao “em paz me deito e logo pego no sono” (muito embora o sol já brilhasse forte), com uma espécie de “esperança concretizada”, afinal, fé não é “a certeza daquilo que não estamos vendo ainda”?
8- No outro dia, ao lhe perguntarem como foi o vestibular, ele sempre respondia: eu creio que irei passar; tenho a mais absoluta certeza; “Deus não é homem pra falhar”.
9- Finalmente, o resultado: Meus irmãos - dizia o narrador do testemunho -, concluindo aos gritos: “Deus é fiel, Deus é fiel, Deus é fiel” (neste momento “reteté” na igreja, um “ribuliço” só). “Primeiro lugar, quando Deus faz é assim irmãos”; dizia ele euforicamente e pulando sentenciava: “primeiro lugar, passei em primeiro lugar, glórias a Deus, aleluia” (neste momento toda a igreja passa a glorificar a Deus).
10- Não iremos continuar relatando seu comportamento na universidade por motivos óbvios.

Depois que ouvi isso comecei a lembrar de alguns colegas de classe, também pentecostais. Uma delas, “filava” que era uma beleza. Passou o ensino médio todinho filando. Dominava as mais avançadas técnicas de “cola”. No solado do sapato, na borracha, embaixo da longa saia (ela dava o jeito dela pra poder ver a fila) e outras tantas, de fazer inveja a James Bond. Seu palavreado também não era dos mais saudáveis. “Gazear” aula pra namorar era uma constante. Nas provas de recuperação e final era presença garantida. Um testemunho sofrível, eu diria. Mas uma jovem com muita fé, de muita oração. Tudo bem se ela mentiu nas informações pra pedir a isenção da taxa do vestibular, afinal, “a carne é fraca”, “ninguém é perfeito”, “perfeito só Deus”.

Agora vamos falar da “fé que o Calvinista tem para passar no vestibular” (se é que se pode chamar de fé):

1- No ensino médio, apesar de trabalhar o dia inteiro, sempre se esforçou para tirar boas notas;
2- Até dava fila (que também está errado, mas isso denota que a turma o reconhecia como um bom aluno), mas não se permitia filar. Preferia uma nota baixa a “enganar o professor”;
3- Terminou o ensino médio sem ir para a recuperação em nenhuma matéria, afinal estudava muito. Seguia à risca o conselho do velho professor de matemática: “quem estuda mais, brinca mais”; mas não só isso. Tinha clareza de sua responsabilidade e sempre buscava fazer o melhor que podia.
4- Fez sua inscrição no vestibular;
5- Pagou a taxa, mesmo com muita dificuldade financeira. Mentir para ganhar isenção da taxa sequer se nominava em sua mente;
6- Passou um tempo estudando ainda mais, focado no vestibular;
7- No dia do exame acordou muito cedo, pegou o ônibus em direção ao local das provas (cerca de 45 minutos em trânsito livre);
8- Fez as provas e ficou aguardando o resultado;
9- Não passou em “primeiro lugar”, mas passou.
10- Ao receber os cumprimentos, simplesmente dizia: “foi pela misericórdia de Deus mesmo”. Apesar de todo seu esforço sempre creditava as glórias na conta de Deus;
11- Na universidade, se esforçava, dentro de suas limitações, a continuar no mesmo ritmo de sempre.

Isso parece brincadeira? Pode até parecer, mas um sociólogo “ateu” chamado Max Weber explica o comportamento desses dois grupos: Calvinistas e “Pentecostais”. Na verdade, originalmente, Weber faz um paralelo entre Calvinistas e Católicos. Mas, como, na minha opinião, o “Pentecostalismo é mais grave passo de RETORNO AO ROMANISMO, penso que os argumentos de Weber se aplicam tanto a um como a outro. Se quiser saber mais sobre essa nosso “opinião” acesse o link abaixo e fique á vontade para comentar:

http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2009/10/o-lado-negativo-da-reforma-protestante.html.

Ainda para obter mais informações sobre essa nossa opinião, assista aos vídeos de nossa participação no Programa Consensus, da TV 14, no link abaixo:

http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2009/07/programa-consensus-canal-14.html

Para finalizar, algumas frases de Max Weber, sociólogo ateu (obtidas após comprovação, via metodologia comparativa/dedutiva), que explicam as diferenças já ressaltadas acima:


Dessa forma, coube aos puritanos, que se consideravam eleitos, viver a santificação da vida cotidiana. Pois o caráter sectário – a consciência de ser minoria e a motivação de ser eleito de Deus – fazia de cada membro dessas comunidades não mero adepto do rebanho mas, mas um vocacionado que se dedicava simultaneamente ao aprimoramento ético, intelectual e profissional (WEBER, 1999, p.21).

O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado (WEBER, 1999, p.91).

Mas no curso de seu desenvolvimento, o calvinismo acrescentou algo de positivo a isso tudo, ou seja, a idéia de comprovar a fé do indivíduo pelas atitudes seculares”. - Como sugere inclusive as escrituras a fazer todas as coisas como que para o Senhor (Rm 14:8, Fp 2:3-15) - (WEBER, 1999, p.94).

Consideramos apenas o calvinismo e adotamos a doutrina da predestinação como arcabouço dogmático da moralidade puritana, no sentido de racionalização metódica da conduta ética (WEBER, 1999, p.96).

O efeito da Reforma foi o de aumentar em si mesmo, se comparado à atitude católica, e aumentar de forma poderosamente a ênfase moral e a sanção religiosa em relação ao trabalho secular organizado no âmbito da vocação (WEBER, 1999, p.70).


Tirem suas próprias conclusões e fiquem à vontade para comentar, discordar, acrescentar ou diminuir. Não estou generalizando os fatos ok?

sábado, 31 de outubro de 2009

O LADO NEGATIVO DA REFORMA PROTESTANTE

Para uma melhor compreensão do artigo abaixo é essencial a leitura do seguinte texto:
II REIS 23:1-14 e 22:8-10.

O texto citado acima “pinta” um quadro surpreendente de como um “povo autêntico” de Deus pode desviar-se de suas veredas. Já aqui temos uma lição importante: Isso pode acontecer conosco também; com nossas igrejas; com nossas vidas. Já aconteceu no passado; o que nos garante que não voltará a acontecer? O livro de II Reis, nos capítulos 22 e 23, nos mostra algo notável e que é “fato-presente” na história de todos os grandes desvios do “povo autêntico de Deus”. De forma sintetizada, a situação era a seguinte:

a) O povo de Deus (permita-me dizer uma igreja), completamente desviada dos seus caminhos: corrompida, misturada, devassa; envolta com toda prática de prostituição e misticismo desenfreado; b) Palavra de Deus esquecida, mais que isso: perdida, abandonada. Ninguém sequer a consultava mais; c) Um homem (Josias) tem a oportunidade de ler essa palavra; cai em si; percebe que não somente ele, mas também todo o “povo de Deus” estava à beira do paganismo, precisamente por ter negligenciado e abandonado as Sagradas Escrituras; d) Esse homem não fica com a palavra de Deus só pra ele, antes, apresenta-a ao povo; e) O povo volta-se para Deus, arrependido. Esse quadro lembra algo? Exatamente o mesmo quadro encontrado no século XVI, por Lutero.

É o mesmo quadro encontrado todas as vezes que o “povo de Deus” deixa de ter a Bíblia como sua ÚNICA regra de Fé e Prática. Infelizmente esse modelo cíclico está acontecendo novamente. Josias, o “Lutero de Israel”, promoveu uma verdadeira REFORMA na “igreja” de Deus. Estamos falando do ano 642 a.C; ou seja, cerca de 2.160 anos antes do movimento que ficou conhecido como a REFORMA PROTESTANTE. Mas, será que poderíamos, à semelhança da metáfora acima, chamar Lutero de “O Josias Protestante”? Lutero, de fato, conseguiu atingir seus objetivos? Lutero conseguiu REFORMAR a igreja que fazia parte? O Rei Josias, diferentemente de Lutero, promoveu a REFORMA da “igreja” que fazia parte. Lutero, em nossa opinião, não teve o mesmo êxito (talvez porque, realmente, não era possível reformar uma igreja tão desviada das escrituras, como se tornou a romana; talvez o estrago já estava muito grande - havendo “perda total” -; ou ainda por algum tipo de inabilidade política, ou, quem sabe, até precipitação).

O fato é que Não houve REFORMA (na igreja do ocidente = Católica apostólica Romana). O que houve na verdade foi uma RUPTURA. Robert Nicolls, em sua História da Igreja Cristã, confirma esse nosso argumento:

"Num debate, no qual fora desafiado por um defensor da igreja, ele declarou, como resultado dos estudos que fizera, que o papa não tinha autoridade divina e que os concílios eclesiásticos não eram infalíveis. Essas afirmações significaram seu ROMPIMENTO DEFINITIVO E IRREVOGÁVEL com a igreja papal" (NICOLLS, 2002, p.159).

Isso nos faz refletir: O que seria melhor? Se a Igreja Romana passasse, de fato, por uma REFORMA (como intentava, a princípio, Lutero) e voltasse às Escrituras ou o ROMPIMENTO (que de fato houve?). Penso que essa RUPTURA abriu caminho para uma série de outras rupturas futuras.

Estima-se que, só em São Paulo, a cada dois dias, é aberta uma nova igreja (regularizada). Igreja para góticos, para metaleiros, para surfistas, e até, pasmem, para gays. A revista Eclésia, em sua edição de Nº 91, publicou uma reportagem sob o título “Igrejas para todos os gostos”, onde lista mais de 70 estranhas igrejas. Confira acessando: http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=366.


O “protestantismo” é hoje uma imensa “cocha de retalhos” (alguém pode negar?). E a cada nova RUPTURA a nova igreja resultante se aproxima cada vez mais do ROMANISMO, comprovando a velha tese de repetição cíclica da história. Uma das mais graves RUPTURAS, em nossa opinião, foi a que ocorreu em 1906, em Los Angeles, na famosa rua Azuza, onde teve origem o PENTECOSTALISMO, e, com ele, todas as ramificações neo-pentecostais e neo-renovadas (uma verdadeira RUPTURA com o PROTESTANTISMO HISTÓRICO, tornando-se outra coisa, de fato).

Ao nosso ver, este é o mais grave passo de RETORNO AO ROMANISMO. Aparentemente o pentecostalismo é algo muito distinto do ROMANISMO, mas não é. Basta um rápido olhar para percebermos o gritante retorno:

a) Para os irmãos pentecostais, assim como para os católicos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os Católicos têm nas bulas papais e na tradição o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os irmãos pentecostais, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES; b) O catolicismo ensina um SEMI-PELAGIANISMO, isto é, o homem coopera com Deus na salvação. Os irmãos pentecostais pensam do mesmo jeito, quando não superam esse erro, tornando-se, verdadeiramente, PELAGIANOS; c) O catolicismo ensina Salvação pelas obras. E os irmãos Pentecostais? Exatamente igual: É Cristo e mais cabelo, roupas, calos nos joelhos, etc. d) O que não dizer também do conceito de santidade? É exatamente o mesmo. Há alguma diferença nas vestes dos irmãos pentecostais para as dos SANTOS CATÓLICOS?

Esse é, certamente, o lado negativo da RUPTURA PROTESTANTE. E isso é um grande problema para a igreja de Deus.

Para quem acha que estou exagerando, o cantor João Alexandre, em sua extraordinária música "É proibido pensar", ilustrada de forma feliz no vídeo abaixo, aborda sobre o atual e lastimável estado daquilo que se denomina "igreja evangélica". Não deixe de assistir, vale muito à pena. É uma das melhores músicas dos últimos tempos:

Ainda sobre o lado negativo da Reforma Protestante, aproveite e veja também como estamos (e não tem como negar, os Reformados são considados, nesse sentido, "farinha do mesmo saco", portanto, não adianta fingir que não temos nada a ver com isso. Se realmente não temos, então vamos deixar isso muito claro para todos) sendo ridicularizados, aliás, com toda razão. Esse pessoal do CQC sabe mesmo utilizar a "Maiêutica Socrática", isto é, sabe fazer com que os "crentes" cheguem, eles mesmos, à verdade: são massa de monobra de alguns lobos espertalhões travestidos de ovelhas. Mas, o pior de tudo é que, apesar de saberem disso, eles mesmos pedem: me enganem, por favor! Isso é incrível! Vejam o brilhante CQC "nos" ridicularizando na marcha pra Jesus (pra Jesus?).

Apesar de tudo, no sentido principal, o de trazer a igreja INVISÍVEL de Deus de volta às ESCRITURAS SAGRADAS, podemos afirmar ser LUTERO o “JOSIAS PROTESTANTE”, título que deverá ser repartido com os demais “reformadores”.

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