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sábado, 31 de dezembro de 2011

AS PREVISÕES PARA 2012 E A PROVIDÊNCIA DE DEUS


Todo ano é a mesma coisa. É só  se aproximar o dia 31 de dezembro que os astrólogos, astrônomos, cartomantes e videntes de plantão reaparecem para trazer suas previsões acerca do ano que se aproxima. Na verdade eles têm um público muito grande. Neste exato momento que antecede a queima de fogos e a virada do ano, muitas pessoas estão se preparando com uma série de mandingas e superstições. É roupa branca para atrair paz, é roupa amarela para atrair riquezas e por aí vai. Sem contar os pulinhos com o pé direito nas ondas do mar. Muitos, inclusive, dedicam oferendas às suas divindades na tentativa de aplacar seus ânimos a fim de ter garantido um ano estável e com grande bonança.

O novo é sempre muito assustador mesmo. Não sabemos o que nos reserva no ano de 2012. Há quem diga  até que será o último dos anos. Saber o que 2012 nos trará é algo que foge completamente ao nosso controle. E, obviamente, não gostamos disso. Nosso senso de superioridade e autonomia são completamente abalados frente ao novo, ao desconhecido, ao que não podemos controlar.. Nos sentimos impotentes como um barco à deriva no mar.. 

O que 2012 nos trará?

Estamos preocupados? Ansiosos? Isso é normal. Faz parte da nossa humanidade. Faz parte da nossa falta de soberania,  onipresença e eternidade.

Deus, ao contrário, não se preocupada nem um pouco com isso, pois nada lhe é novo. Não há nada nesse universo e lugares conhecidos, e ainda por conhecer, que Deus não coloque seu dedo e diga: é Meu.

Devemos descansar na  Providência de Deus. Nada Lhe foge ao controle. Nada Lhe é oculto.

Em 2012, aconteça o que acontecer, estarei bem, pois Deus estará comigo. Ele estará cuidando de mim. Assim devem pensar todos aqueles que amam a Deus porque Ele o amou primeiro com amor salvífico.

Em 2012, aconteça o que acontecer, Deus em sua eterna providência estará cuidando de nós. 

O Capítulo V da Confissão de Fé de Westminster trata acerca da bendita providência de Deus. É reconfortante saber que servimos a um Deus que é Deus. Aliás, o único Deus verdadeiro. Leia:

I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor. Ref. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5. 

I. Pela sua muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as coisas, desde a maior até a menor. Ref. Nee, 9:6; Sal. 145:14-16; Dan. 4:34-35; Sal. 135:6; Mat. 10:29-31; Prov. 15:3; II Cron. 16:9; At.15:18; Ef. 1:11; Sal. 33:10-11; Ef. 3:10; Rom. 9:17; Gen. 45:5.

II. Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam conforme a natureza das causas secundárias, necessárias, livre ou contingentemente.Ref. Jer. 32:19; At. 2:13; Gen. 8:22; Jer. 31:35; Isa.10:6-7.

III. Na sua providência ordinária Deus emprega meios; todavia, ele é livre para operar sem eles, sobre eles ou contra eles, segundo o seu arbítrio. Ref. At. 27:24, 31; Isa. 55:10-11; Os.1:7; Rom. 4:20-21; Dan.3:27; João 11:34-45; Rom. 1:4.

IV. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus, de tal maneira se manifestam na sua providência, que esta se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens, e isto não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, para os seus próprios e santos desígnios, sábia e poderosamente os limita, e regula e governa em uma múltipla dispensarão mas essa permissão é tal, que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão somente da criatura e não de Deus, que, sendo santíssimo e justíssimo, não pode ser o autor do pecado nem pode aprová-lo. Ref. Isa. 45:7; Rom. 11:32-34; At. 4:27-28; Sal. 76:10; II Reis 19:28; At.14:16; Gen. 50:20; Isa. 10:12; I João 2:16; Sal. 50:21; Tiago 1:17.

V. O mui sábio, justo e gracioso Deus muitas vezes deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e dolo dos seus corações, a fim de que eles sejam humilhados; para animá-los a dependerem mais intima e constantemente do apoio dele e torná-los mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecar, para vários outros fins justos e santos.  Ref. II Cron. 32:25-26, 31; II Sam. 24:1, 25; Luc. 22:31-32; II Cor. 12:7-9.

VI. Quanto àqueles homens malvados e ímpios que Deus, como justo juiz, cega e endurece em razão de pecados anteriores, ele somente lhes recusa a graça pela qual poderiam ser iluminados em seus entendimentos e movidos em seus corações, mas às vezes tira os dons que já possuíam, e os expõe a objetos que a sua corrupção torna ocasiões de pecado; além disso os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Sataná5: assim acontece que eles se endurecem sob as influências dos meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros. Ref. Rom. 1:24-25, 28 e 11:7; Deut. 29:4; Mar. 4:11-12; Mat. 13:12 e 25:29; II Reis 8:12-13; Sal.81:11-12; I Cor. 2:11; II Cor. 11:3; Exo. 8:15, 32; II Cor. 2:15-16; Isa. 8:14.

VII. Como a providência de Deus se estende, em geral, a todos os crentes, também de um modo muito especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela. Ref. Amós 9:8-9; Mat. 16:18; Rom. 8-28; I Tim. 4: 10. 

Não confie no acaso. Não confie em superstições. Não confie em signos. Não confie em diagnosticadores.  Não confie em você e na sua força. Não confie nas previsões para 2012. Confie somente em Deus que criou e governa tudo quanto há.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O “EIS QUE TE DIGO VARÃO”, DO PENTECOSTALISMO, NA VERSÃO CATÓLICA ROMANA


O  poderoso Movimento  Religioso Pentecostal tem estendido  suas fronteiras até mesmo fora do arraial gospel. Uma das características mais marcantes desse movimento, que não tem nada a ver com o protestantismo ou com a Reforma Protestante, sendo algo completamente outro, é, certamente, a presunção de ter o crente pentecostal um canal direto com o próprio Deus. São as chamadas “ novas revelações”, que podem vir por meio de um sonho, de profecias, de visões, de dons de línguas ou por uma revelação instantânea em mini-transe, durante alguma preleção. 

É o famoso “Eis que te digo varão”.

Certamente você conhece alguma “estória” com esse bordão.

Muitos protestantes duvidam da veracidade dessas mensagens instantâneas supostamente recebidas do próprio Deus, dentre os quais estou incluído. Não é nosso objetivo analisar essa questão agora. Basta, por hora, dizer que tais mensagens não podem ter sua veracidade comprovada. É uma questão de fé. Pura fé. Aliás, de muita fé mesmo. Quem não tem muita fé, como eu, não acredita. Quem tem, ao contrário, fé transbordante, acredita.

O fato é que 99% dos pentecostais quando alvos do “recadinho” de Deus, por boca de “um  profeta dos últimos dias”, acredita. Puro exercício de fé. E põe fé nisso. 

No último sábado (24/12/11), depois de ter sido entrevistado por Ana Maria Braga e por Marília Gabriela, o “Pentecostal Católico Romano”, na versão mais moderna das manifestações carismáticas do Romanismo, Pedro Siqueira concedeu entrevista à apresentadora Xuxa.


Pedro, à semelhança dos outros pentecostais, diz receber  mensagens diretas de uma autoridade espiritual. No caso dele,  da principal Santa do Catolicismo Romano, a quem chamam de  “Nossa Senhora”.  Ao melhor estilo “Eis que te digo varão”,  Pedro manda recados diretos aos presentes, citando, inclusive, seus nomes. Assim como no Pentecostalismo original, os “recadinhos” são de natureza existencial, geralmente envolvendo problemas como falta de emprego e promessas de curas, com o objetivo de trazer conforto ao aflito.

A única diferença entre o Pentecostal Católico Romano Pedro Siqueira e os Pentecostais Originais é que esses dizem receber mensagens diretamente de Deus e aquele diz recebê-las diretamente de “Nossa Senhora”. A gritaria também difere um do outro, antes que alguém chame atenção para isso.  O resto é só semelhança. Nos dois casos, por exemplo, não  há como comprovar a veracidade da autoria do “recadinho”. Nos dois casos, a fé, no profeta, vaso ou instrumento, é única base que confere legitimidade à mensagem.


Veja a entrevista com Pedro Siqueira. Preste atenção nos trechos em que ele aparace em uma espécie de mini-transe, em pleno exercício e entrega das "novas revelações", dos "recadinhos" de "Nossa Senhora":


Concluo com duas perguntas aos irmãos Pentecostais:

1ª)   As mensagens recebidas por Pedro são verídicas?
2ª) Em caso de resposta negativa à primeira pergunta, por favor responda: como provar que Pedro Siqueira  está blefando?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FESTIVAL PROMESSAS E O PODER DAS MÃOS DOS CRENTES


Não dá pra não comentar. A blogosfera amanheceu hoje (19/12/11) com  muitas notícias, comentários, críticas e análises do festival da música gospel “Promessas”, exibido pela rede Globo em 18/12/2011. As abordagens foram variadas, sendo a maior parte delas com uma pontinha de crítica. Particularmente vou me esforçar para não criticar muito, pois dá a impressão que tem inveja velada no meio.

Na verdade, será que alguma Igreja, em sã consciência, ao ser convidada para participar de um evento na Globo iria dizer não? Só mesmo um “abestado”, como diria o nosso Deputado palhaço (ou será palhaço deputado?) Tiririca, cujo humor sou fã, diria um “não” ao convite inusitado. Todo mundo critica que lá só passa Espiritismo e apologia ao Homossexualismo e diz não a um convite desses? Só estando maluco. É claro que a oportunidade deveria ter sido aproveitada, como foi.

Particularmente achei de péssima qualidade as músicas ali apresentadas, com raras exceções. Estou falando de qualidade musical mesmo, pois a teologia dessas músicas é pra lá de questionável. A própria idéia de Show soa muito estranho. Apenas Ana Paula se saiu bem, nesse quesito. Até aproveitou para mandar João 3:16. Ponto pra ela.

Não quero entrar em maiores detalhes. Somente quero chamar vossa atenção  para algo que aconteceu no evento também e que me intriga já há algum tempo. Vou aproveitar esse “mega” evento para tentar tirar essa dúvida antiga. Espero que algum leitor possa me ajudar. Seguinte:

POR QUE OS CRENTES neopentecostais e até alguns de igrejas tradicionalmente tradicionais (a redundância é proposital, pois muitas igrejas outrora tradicionais já não podem ter essa classificação) FICAM APONTANDO SUAS MÃOS COMO QUE DELAS EMANASSE ALGUMA ESPÉCIE DE PODER OU DE RAIO SANTO ABENÇOADOR OU CONSUMIDOR? Dá até medo ficar na frente.

É só isso que quero saber. Alguém pode me ajudar? Veja a foto abaixo que comprova o que estou dizendo:


Tenho uma teoria, mas não sei se estou correto:  o povo pirou de vez. Duvido nada que tenha maconha “gospi” na jogada. Aliás, sou obrigado a concordar com o velho Marx quando diz que “a religião é o ópio do povo”.  Se ele me permitisse uma pequena correção em sua frase a deixaria assim: “essa  religião (que representa essa teologia ensinada) é o ópio do povo”. 

Será que pensam  mesmo que são
Super-Heróis, daqueles que têm poder nas mãos e que emitem rajadas de raios para matar seus inimigos e “tomar posse” da vitória? Ainda tem gente que diz que teologia não interfere na vida prática. Isso nada mais é que o fruto de uma teologia maculada pela filosofia humanista, que exalta o homem de tal maneira que o faz até mesmo acreditar  que tem “Super-Poderes”, tal qual os “Super-Heróis” da TV, como esse da figura no início da postagem.

Fica o conselho: se encontrar algum crente apontando suas poderosas mãos  em sua direção, corra. Procure um local seguro para se proteger da sua super, hiper, mega rajada espiritual. Vai que ele não gosta de você. Mas pode ser “bença” também. Contudo, só reapareça depois de ter certeza absoluta de suas intenções.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ABORTO E HOLOCAUSTO. APROVAR UM É APROVAR O OUTRO. 180 GRAUS, O FILME.


O Brasil esteve a ponto de descriminalizar o aborto. Você sabe o que isso significa? Descriminalizar o aborto significa torná-lo legal em toda e qualquer ocasião. Ou seja, independentemente do motivo, a mulher poderá optar por fazer o aborto. Em nenhuma situação ela poderá ser acusada crime, como ainda ocorre hoje no Brasil, uma vez que tal prática passaria a ser abonada por lei.O processo de descriminalização do aborto está arquivado, momentaneamente não definitivamente, no Supremo Tribunal Federal, devido à grande mobilização popular.

Na Moral (Legislação, lei) brasileira, atualmente, há dois casos em que o Aborto é considerado Legal:

      a)      Em caso de estupro;
      b)      Quando a mãe corre claro e eminente risco de morte.

Alguns juízes autorizam ainda o aborto em casos de anencefalia, que é a ausência total ou de partes essenciais do cérebro, no feto.

Analisando pelo prisma da Ética, que atua basicamente no que há de essencial no ser humano, e por isso mesmo tem validade universal, sendo também invariante, e considerando ainda que a necessidade de sobrevivência é basilar e essencial a qualquer ser humano, independentemente de sua localização geográfica ou mesmo temporal, perguntamos:

Existe alguma situação em que o aborto poderia ser Eticamente justificável?

Para o aborto ser Moralmente justificável basta tão somente ser aprovado pelo costume vigente na coletividade ou ainda por legislação específica, visto que, por força conceitual, a Moral está ligada a códigos, leis, normas, costumes e hábitos. Sendo assim, o aborto praticado em decorrência de um estupro, por exemplo, é Moralmente aceito, pelo menos no que diz respeito à Moral brasileira. Mas o que estamos questionando é se algum tipo de aborto pode ser aprovado pelo critério da Ética.

Respondemos que apenas no caso em que a mãe corre eminente risco de morrer, o aborto passa a ser, por pura falta de opção, justificado pela Ética. Nesse caso, exclusivamente, o médico pode, sem nenhum  problema de consciência, optar pela vida da mãe. Observe: não se trata da escolha de um valor menor pelo maior ou vice-versa. O mesmo valor está em jogo. É vida contra vida. Qualquer que seja a decisão do médico estará sendo uma decisão Ética, pois estará trabalhando em função da manutenção da vida. Só e somente só nesse caso o aborto é Eticamente justificável

Entretanto, a Ética não
 aprovaria o aborto nos casos de estupro, mesmo estando solidária aos enormes traumas que isso traria à vítima. Primeiro porque a crianças não tem nenhum responsabilidade pelo que fez seu pai biológico. Segundo porque há aqui uma gradação de valores. O valor vida (da criança) é e será sempre infinitamente superior ao valor trauma (da vítima).

O mundialmente famoso filme “180 Graus trata exatamente sobre o problema de aprovar ou ser indiferente ao assassinato de crianças ainda no ventre. De forma contundente a questão do Holocausto é colocada lada a lado à questão do Aborto. Utilizando a Maiêutica Socrática, técnica que faz com que a pessoa chegue, por si só, à conclusão que está errada, o interlocutor do filme tem ajudado milhares de pessoas em todo mundo a visualizarem seu próprio erro ao defenderem e/ou não combaterem o aborto. Não deixe de assistir esse importante filme e lembre-se:

Aprovar o aborto é aprovar o holocausto. Ser indiferente à questão do aborto é ser indiferente ao assassinato em massa promovido pelo Nazismo. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NUNCA DUVIDE DO SPORT


Nossa homenagem a todos os Torcedores do Sport Club do Recife e a todos que, mesmo torcendo para outros times, não podem deixar de reconhecer a grandeza do Sport. Muitas vezes não verbalizam esse reconhecimento, mas suas expressões de admiração face ao melhor time do Norte/Nordeste e um dos melhores do Brasil e da América Latina (por conta da Libertadores) - Sport Recife A+ - deixam claro esse justo e merecido reconhecimento, a exemplo dos amigos Cláudio Cruz, Pr.José Roberto, Bruno da rua Rubinéia, Presb.Samuel, Márcio, Cláudio estagiário, Jaedson, Jerônimo ex-aluno, Cândido, Celestino, Profª.Lucy Chacon e da minha esposa Ana Patrícia. Chamo especial atenção à atuação dos atletas de Cristo, como o goleiro Magrão, na campanha do acesso à série A.

Veja abaixo o vídeo #NUNCADUVIDEDOSPORTE. Os bastidores do acesso à Série A, de onde, aliás, nunca deveria ter saído.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O BRILHANTE MALAFAIA. HOMOSSEXUALISMO E ABORTO: A VOZ CONTRÁRIA DE UM PROFETA


Temos que reconhecer: em se tratando do combate às causas homossexuais e abortivas, que flagrantemente atentam contra as Escrituras Sagradas e à liberdade de expressão, o Pastor Pentecostal Silas Malafaia é o "cara". Até mesmo o seu jeito truculento e ousado no tratamento de questões polêmicas e delicadas  não consegue ofuscar o brilhantismo e coragem de seus argumentos. 

Evidentemente que Malafaia é merecedor da maioria das criticas que recebe, especialmente por ter abraçado, de forma descarada, a teologia da prosperidade, chegando ao absurdo de juntar-se a nomes como Morris Cerullo - a quem considera profeta de Deus - e Mike Murdock; dois ícones da indecência gospel, sendo responsável pela importação desses "viciadores da fé", colocando-se, assim, metaforicamente, na condição de  "traficante internacional de drogas", como se aqui já não tivéssemos pesadas "drogas nacionais" para combater, a exemplo de Macedo, Valdomiro Santiago e Estevam Hernandes.

Malafaia é merecedor também de críticas quanto à sua teologia. Tanto "Protestantes" quanto "Pentecostais" (para saber mais sobre essa distinção, ler  a primeira postagem da série "Pentecostalismo e Reforma Protestante-Parte I", publicada aqui no Blog) têm motivos para apontar seus erros doutrinários. São críticas justas e merecidas. 

Porém, o Pastor Silas Malafaia não pode ser acusado de omissão, diferentemente de muitos líderes Protestantes, quando o assunto é o combate a temas envolvendo, especialmente, homossexualismo e questões bioéticas, como o aborto, por exemplo. Nesses dois itens Malafaia chega a ser brilhante em seus argumentos e digno de aplausos por sua coragem e ousadia. Fala como um verdadeiro "profeta" de Deus (nesses assuntos) que não teme "perder a cabeça", ao contrário de um "bando de pastores frouxos" que circulam em nosso meio. 

Chama a atenção seu jeito contundente e inteligente de utilizar ora argumentos científicos ora argumentos jurídicos, com o objetivo maior de defender os preceitos bíblicos envolvidos nesses temas.  Com relação a esses assuntos, deixo claro, esse blog e seu editor "tiram o chapéu" para o Pr.Silas Malafaia e lamentam, ainda, que outros blogs não reconheçam os acertos de Malafaia nesses aspectos. Na hora de criticar todo o mundo "blogosferal" edita postagens "sentando o pau" - para usar uma expressão malafariana - e tem que fazer isso mesmo, mas na hora de reconhecer seu brilhantismo na defesa da fé bíblica, quanto a esses assuntos, o que vemos são pouquíssimas referências e nenhum elogio. No máximo, a apresentação dos fatos. Dois pesos e duas medidas? Isso não é justiça. Por isso e para também não incorrer no mesmo erro do julgamento tendencioso, damos "a mão à palmatória" e dizemos: parabéns Pastor Silas Malafaia.

Veja abaixo o vídeo da fala do Pr.Silas Malafaia, na audiência pública realizada pela Comissão dos Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, em 29/11/11.



Veja também a entrevista do Pr.Silas Malafaia ao programa Canal Live, da Band, sobre a questão do aborto.


Na segunda parte da entrevista ao Canal Livre, Malafaia propõe: "O aborto é necessário? Vamos fazer o seguinte: deixa a criança nascer e entrega um porrete à mãe e diz assim: "olha minha filha, tá aqui. Mata! Não quer o filho? Dá uma paulada na cabeça dele". Não deixe de assistir essa segunda parte.



A IPB, oficialmente, também se manifestou publicamente contra a chamada Lei da homofobia, também conhecida como PL-122, bem como contra a proposta de descriminalização do aborto. Para ler na íntegra o "Manifesto Presbiteriano sobre aborto e homofobia" é só clicar no link abaixo:

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LUTERO E OS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE

2017 a Reforma Protestante completará 500 anos. Já existe mobilização no sentido de organizar uma grande comemoração. Os Luteranos brasileiros prometem um grande evento:

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PENTECOSTALISMO E REFORMA PROTESTANTE: Pressuposto Litúrgico, Pratico ou Bizarro - Parte IV


Na quarta parte da série sobre Pentecostalismo e Reforma Protestante, reservada para o que chamei de "Pressuposto Litúrgico, Prático ou Bizarro dos Pentecostais", não estaremos argumentando muito, como fizemos nas outras três partes, mas apenas mostraremos fatos e cenas que dizem respeito a esse pressuposto. Nosso objetivo é que os próprios leitores tirem suas conclusões, depois de terem lido as três primeiras partes. Estamos exagerando? Estamos errados? Estamos corretos em nossa análise? Com a palavra: você, que acompanhou nossa série de postagens sobre Pentecostalismo e Reforma Protestante. 

A demora em concluir a série ocorreu porque estávamos colhendo e selecionando o material. Nem precisava ter perdido esse tempo todo. A rede Record, no último dia 13/11/2011, veiculou uma extensa reportagem sobre  o "cair no espírito", que reproduzimos logo abaixo, no primeiro vídeo. Apenas esse vídeo seria mais que suficiente para concluir essa série. Evidentemente que o que fez a Record produzir esse importante documentário não teve motivação jornalística sincera. Contudo, isso não faz das bizarrices apresentados na reportagem menos bizarras.

Chega de palavras. Veja você mesmo e tire suas próprias conclusões:

Reportagem sobre "Cair no espírito", da Rede Record.


Casamento Pentecostal


O Circo Pentecostal


O "Apóstolo" bandido


Pentecostalismo e unção com óleo


O Zoológico Pentecostal


Pregação Pentecostal



Reteté Pentecostal


Isso já é mais que suficiente. Ainda tem muito mais, mas vou poupá-los dessas bizarrices. Tire suas próprias conclusões.

sábado, 5 de novembro de 2011

PENTECOSTALISMO E REFORMA PROTESTANTE: Pressuposto Ético - Parte III

             
O livro “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, do sociólogo ateu Max Weber, escolhido como o livro de não ficção mais importante do século XX, por intelectuais como o antropólogo Roberto Damatta,  o filósofo Renato Janine Ribeiro e o economista Eduardo Giannetti, entre outros, a convite da Folha de São Paulo (04/1999), faz uma verdadeira radiografia da influência do Calvinismo no  mundo, sobretudo no que diz respeito à questões Éticas, Morais e Econômicas.

Na contramão do Marxismo, que julgava que as mudanças da economia possuíam como causas apenas fatores econômicos, Max Weber faz brotar uma nova interpretação para a antiga questão. Utilizando a metodologia comparativa entre diversas economias, chega à conclusão que as mais desenvolvidas possuíam um traço em comum: a predominância protestante calvinista nos cargos importantes.

Weber chega à conclusão que há algo no estilo de vida dos protestantes Calvinistas, em sua Ética, que favorece o que ele chama de “espírito do capitalismo”:

“A crença nessa sistematização doutrinária calvinista leva o “eleito” a um imenso sentimento de gratidão a Deus, uma vez que, mesmo sem merecer, recebe esta graça extraordinária. Dessa forma, coube aos puritanos, que se consideravam eleitos, viver a santificação da vida cotidiana. Pois o caráter sectário – a consciência de ser minoria e a motivação de ser eleito de Deus – fazia de cada membro dessas comunidades não mero adepto do rebanho mas, mas um vocacionado que se dedicava simultaneamente ao aprimoramento ético, intelectual e profissional” (WEBER, 2002. p.21).

É fato digno de registro  que um ateu observe a prática dos Calvinistas e reconheça que sua crença nas doutrinas da Soberania de Deus influencia de tal modo suas vidas a ponto de produzir  a necessidade de viver uma vida Ética, que pressupõe, acima de tudo, respeito às pessoas:

“O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado” (WEBER, 2002. p.91).

Não quero me alongar nessa análise, pois retomamos esse assunto apenas como base comparativa daquilo que passaremos a abordar: a “ética” Pentecostal. Caso você se interesse por este assunto, o artigo completo sobre Max Weber está publicado no mês de março 2009 aqui no blog. É só localizar no “Arquivos do Blog”.

Finalizando essa parte introdutória, basta tão somente dizer que a contrapartida das pesquisas de Weber apontava como uma das causas da pobreza e da falta de crescimento intelectual das nações e economias colonizadas pelo Catolicismo Romano, o próprio modo de vida produzido pela Religião Católica, envolta em misticismos e crendices populares.

É exatamente aqui que entra o principal link entre a “ética” produzida pelo Catolicismo Romano e a “ética” produzida pelo Pentecostalismo.

Muito embora os mesmos traços de pobreza e do pouco crescimento intelectual, identificado por Weber nos católicos de diversos países, possam, facilmente, serem identificados, também, entre os pentecostais, como causa e também como conseqüência de sua prática religiosa, queremos aprofundar essa questão e ir além da passividade representada por essas duas características que, em nossa opinião, de forma geral, é uma produção mais peculiar da “ética” produzida a partir do entendimento doutrinário da fé Católica Romana. Como o Pentecostalismo em muito se assemelha ao Catolicismo Romano, como já demonstramos, acaba absorvendo, de tabela, essas influências. Contudo, não é esse o traço marcante na “ética” dos pentecostais.

O arcabouço doutrinário Pentecostal produz, antes, e de forma mais acentuada, o que chamaremos aqui, para fazer um contraponto com a idéia particularizada de “ética” do sociólogo Max Weber, de “Ética da Vantagem.  Isso mesmo. É característica peculiar do Pentecostal querer tirar vantagem de tudo e de todos.

A idéia de um contato, de uma comunicação direta com Deus, via “novas revelações”, produz, no Pentecostal, o efeito contrário que a doutrina da eleição incondicional produz no Calvinista. Faz dele uma espécie de “super-crente”, alguém que tem “poder”, alguém que tem um relacionamento diferenciado com Deus, o que o acaba tornando, inconscientemente, um crente soberbo. Enquanto a Eleição Incondicional, conseqüência direta da doutrina da Depravação Total do Homem, humilha o homem e o deixa consciente de sua inutilidade, comprovando que tudo que possui advem do favor divino, a doutrina da 2ª benção aliada ao semi-Pelagianismo, ao contrário, exalta o homem deixando-o prepotente e orgulhoso de si.

O resultado disso tudo não poderia ser outro: o Pentecostal entende que o mundo deve girar ao seu redor. Todas as coisas devem orbitar em sua volta. Pentecostal tem “o rei na barriga”. Mais que isso: Pentecostal se acha o próprio rei. E, por isso mesmo, ele não consegue enxergar o outro, respeitar o direito do outro, mas apenas seu alvo, que é conquistar o melhor, que é ter o melhor, aquilo que lhe é, supostamente,  de “direito”. Afinal, rei é rei!

Kenneth Hagin, muito embora não seja um legítimo representante do Pentecostalismo da primeira onda, apesar de ter tido dela toda a influência doutrinária, traduz de forma explícita e irrefutante o sentimento que paira no coração do Pentecostal que não teve nenhuma contato com a doutrina humilhante da Depravação Total do homem:

“Você não tem um deus no seu interior, você é um Deus. Uma réplica perfeita de Deus! Diga isso em alto e bom som, “eu sou uma réplica perfeita de Deus”! (A congregação repete um tanto insegura e sem jeito)...vamos digam isto! (Ele conduz a congregação em uníssono). Digam de novo! “Eu sou uma réplica de Deus!”- A congregação começa a se animar e o entusiasmo e o barulho aumentam cada vez que eles repetem a frase”. (NODA, 1997. p.23).

Por isso Pentecostal não respeita filas. Por isso Pentecostal acha que pode comprar e contratar serviços e não pagar. Por isso Pentecostal é péssimo empregado. Por isso Pentecostal é péssimo Patrão. Por isso Pentecostal é Péssimo vizinho. Por isso Pentecostal é péssimo marido. Por isso Pentecostal é péssima esposa. Por isso é cada vez maior o número de pessoas que repetem a já famosa frase “não faço negócio com crente”. Por isso  Pentecostal não assiste socialmente os membros de sua igreja, levando muitos a terem que esmolar na porta da igreja dos outros.

Permita-me colocar o resultado empírico das minhas observações. Todos os dias, juntamente com outros cristãos católicos e espíritas e até ateus, preciso esperar pacientemente o ônibus para ir trabalhar. Ao “entrar na bandeira” o coletivo, não é raro você perceber que algumas poucas pessoas têm a cara de pau de passar na frente e “furar a fila”, como se diz aqui no Nordeste. Um olhar mais treinado e pesquisador, vai  perceber rapidinho que no meio dos “furões” está sempre uma irmã Pentecostal, notadamente reconhecível por sua grife de “crente”, com cocó e tudo mais ou um irmão falastrão com ar de pseudo piedade.  

Outro dia, pasmem, numa pequena fila de frios de um supermercado alguém passou na frente de todo mundo e fez o seu pedido. Imaginei na hora: “deve ser um Pentecostal”. Na mosca. Mais uma vez comprovada minha teoria da “Ètica da vantagem”. Ei, irmão: você é Pentecostal não é? Sim, como você percebeu? Pelas minhas vestimentas santas? Não, porque você “furou a fila”. Esse diálogo só existiu em minha mente, infelizmente. Não tive coragem de iniciar a conversa. Aprendi com meu pai que “quem tem vergonha não faz vergonha”. Mas que tive vontade, ah isso tive. São inúmeros os relatos que poderíamos citar aqui como prova empírica de nossa argumentação. Mas, deixarei para você, caro leitor. Caso você tenha sido testemunha ocular de alguma situação bisonha, por favor, nos conte como comentário. Servirá de subsídios para o aprofundamento da nossa pesquisa.

O vídeo abaixo, da variação Pentecostal que é o neopentecostalismo, é um bom exemplo disso que denominamos de “Ética da Vantagem” Pentecostal.


O antropólogo Sérgio Buarque de Holanda, no seu livro “Raízes do Brasil”, bem como o também antropólogo Roberto Damatta, em seu livro “O que faz o Brasil, Brasil?”, abordam um assunto bem interessante que, segundo eles, é traço marcante do povo brasileiro: o chamado “jeitinho Brasileiro”.

“O jeitinho brasileiro é a transgressão suave já institucionalizada e aceita como característica fundamental e indispensável para o simpático e alegre brasileiro legitimar o seu poder diante dos outros. O seu problema é sempre mais urgente que o do vizinho. E isso, claro que somente isso, justifica que você fure a fila do supermercado”. http://gargalo.wordpress.com/2008/05/28/um-jeitinho-mais-que-brasileiro/.  O "jeito" ou "jeitinho" pode se referir a soluções que driblam normas, ou que criam artifícios de validade ética duvidável. A expressão "jeitinho" no diminutivo em certos casos, assume um sentido puramente negativo, significando não só driblar mas violar normas e convenções sociais, uma forma dissimulada de navegação social tipicamente brasileira na qual são utilizados recursos como apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro, e outros ou francamente anti-éticos para obter favores para si ou para outrem, às vezes confundido ou significando suborno ou corrupção [...].Os adeptos do "jeitinho" consideram de alto status agir desta forma, como se isto significasse ser uma pessoa articulada, bem posicionada socialmente, capaz de obter vantagens inclusive ilícitas, consideradas imorais por outras culturas” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jeitinho)

Assim como antes de Max Weber ninguém tinha atribuído fatores relacionados ao desenvolvimento econômico às questões religiosas, desconfio que os pesquisadores do chamado “jeitinho brasileiro” também estão esquecendo de abordar essa importante formuladora da prática cotidiana: a religiosidade. Talvez fosse exagero atribuir ao Pentecostalismo a origem desse famoso “jeitinho brasileiro”, que acabou contaminando a sociedade. Contudo, observando as definições acima, não é exagero nenhum dizer que os Pentecostais, no mínimo, contribuem grandemente para a perpetuação desse modo de viver.

A “Ética da vantagem” Pentecostal tem levado muitos irmãos a serem protagonistas de famosos escândalos. Só pra lembrar alguns: o caso de Sônia e Estevam Hernandes. A máfia dos sanguessugas, protagonizada por grande parte da bancada evangélica. O caso da oração de gratidão pela propina recebida de Leonardo Prudente e Rubens Brunelli.

Todos esses casos e tantos outros que não temos espaço para dizê-los aqui, têm algo em comum: a “presença predominante”, para usar uma expressão weberiana, de Pentecostais envolvidos.

Mas é verdade também que nem sempre os Pentecostais conseguem o que querem, mesmo usando todos os meios espúrios que usam. Pensam que eles se dão por vencidos? Na “Ética da vantagem Pentecostal” não tem espaço para derrotas. Eles continuam tentando. São incansáveis. Por isso os hospícios e sanatórios estão lotados de Pentecostais. Acha que estou exagerando de novo? Então visite um.

Nota: Esse artigo, bem como os outros da série Pentecostalismo e Reforma Protestante não está se referindo a indivíduos Pentecostais. É evidente que existem muitos Pentecostais, mas não a maioria, que são pessoas de bem e que têm um testemunho digno. Pessoalmente conheço alguns. Infelizmente não muitos. Da mesma forma não estamos querendo advogar que todo calvinista tem uma postura ética e moral ilibada. Evidentemente que existem alguns calvinistas que são uma vergonha. Contudo, estamos tratando de uma visão macro dessas relações religiosas. De forma que, de uma maneira geral e abrangente, por tudo que foi argumentado aqui, podemos afirmar: o calvinismo produz no seu crente uma postura ética e moral invejável e digna de registro até de ateus, como  é o caso de Max Weber, enquanto que o Pentecostalismo produz no seu crente o que chamamos aqui de “Ética da vantagem” Pentecostal.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PENTECOSTALISMO E REFORMA PROTESTANTE: Pressupostos doutrinários – Parte II


Não quero ser injusto. Nossa intenção aqui é tão somente compararmos os pressupostos doutrinários mais basilares da Reforma Protestante com os do Pentecostalismo. Só isso. O julgamento quem fará são nossos leitores. Julgarão se esses pressupostos possuem coerência entre si. Julgarão se eles são, de alguma forma, convergentes ou completamente divergentes, muito embora essa seja a nossa desconfiança.

Poderíamos analisar a questão em várias frentes mas, por questão de espaço, vamos abordar sinteticamente apenas os chamados “Cinco Solas da Reforma”. Evidentemente que não podemos esquecer do contexto histórico em que os Solas foram formulados, sob pena de graves deslizes. Contudo, assim como estamos convencidos que o Pentecostalismo é outra Reforma Religiosa, como já afirmamos na parte I dessa série, também estamos convencidos que o Pentecostalismo é o mais grave passo de retorno ao Romanismo. Sendo assim, o ambiente de nossa análise possui praticamente as mesmas características encontradas pelos Reformadores no século XVI, o que nos habilita a tomar emprestado os “Solas da Reforma” e aplicá-los diretamente à questão Pentecostal.

Sola Scriptura:  Somente a Escritura

Essa é, talvez, a bandeira mais importante defendida pela Reforma Protestante. Cair nessa é cair em gravíssimo erro. Ela significa que todas as práticas religiosas, doutrinas e cultos devem emanar “somente” das Escrituras Sagradas. Pressupõe também que toda e qualquer “nova revelação” e, portanto, extra-bíblica, deve ser rejeitada, pois a Escritura, o Canon fechado, os 39 livros do VT e os 27 do NT, são suficientes e inerrantes. 

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Até mesmo uma interpretação errada, por mais herética que seja, é minimizada diante dessa “opção consciente” de não ter a Escritura Sagrada como regra  exclusiva de fé e de prática.

Para os  pentecostais, assim como para os católicos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os Católicos têm nas bulas papais e na tradição o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os Pentecostais, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES, que podem vir por “profecias”, “sonhos”, ou através das “línguas estranhas”.  

Quantos casamentos feitos e desfeitos; quantas “visitas pessoais” do próprio Deus nos arraiais Pentecostais. Falam como se pela boca do próprio Deus: “eis que sou Deus que te digo varão”. Quebra flagrante do terceiro mandamento. É mais do que claro que “as novas revelações” possuem, para os pentecostais, status de regra de fé e de prática, posto que eles obedecem cegamente a “ordem de Deus”, vinda diretamente de um “vaso”. Bom seria se essa obediência se estendesse à voz de Deus publicada na bíblia. Mas não é esse o caso, infelizmente. Alguém poderia negar essa realidade?

Já a variação neopentecostal,  que pouco se utiliza das “manifestações de dons espetaculares” e que investe, principalmente, no exorcismo,  utiliza uma interpretação tão esdrúxula da Bíblia que a transforma em palavra de qualquer pessoa, menos de Deus.

O pressuposto Pentecostal de “Escritura também” pode causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são diametralmente opostos. “Escritura também” pode ser, e tem sido em muitas ocasiões, traduzido por “Somente Novas Revelações, nada de bíblia”. Permita-me ilustrar o que acabamos de argumentar: há muitos anos atrás, em nossa igreja, uma irmã envolvida com o Pentecostalismo recebeu a seguinte revelação: “seu atual marido não é o que Deus escolheu para você”. Essa mesma “profecia” foi levada pela mesma “profetisa” (pessoa com grande reconhecimento no meio pentecostal, possua cargo ou não) a um membro da igreja Assembléia de Deus: “vaso, a sua atual esposa não é a mulher que Deus escolheu pra você”. Resultado: ambos deixaram seus cônjuges e passaram a viver maritalmente “felizes para sempre”. Detalhe: a tal profetisa conhecia os dois pombinhos. Lembro que o conselho da igreja listou uma série incalculável de versículos bíblicos para aquela irmã, na esperança de fazê-la entender o quanto estava enlameada com o pecado de adultério. Sua resposta a cada versículo era: “esse eu já sei decorado, mas nada vai fazer eu mudar de idéia porque eu tenho a confirmação da revelação de Deus na minha vida”. É ou não é “somente nova revelação e bíblia nada”? Ela foi disciplinada, saiu da nossa igreja e foi fazer parte de uma igreja Pentecostal com seu novo parceiro "canela de fogo". 

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Scriptura” é: “Escritura também, mas não só Escritura”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa:  são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.
  
Sola Fide: Somente a Fé

Significa que o perdão dos pecados e, conseqüentemente, a justificação, advêm tão somente pela fé no sacrifício vicário de Cristo e não por obras meritórias.

Martinho Lutero baseou sua vida nesse princípio para lutar contra os desmandos da ICAR e, principalmente, contra a venda de indulgências, que é a venda de benefícios espirituais, do perdão ou mesmo de uma benção. Ao ler a epístola de Romanos 1:17 “O justo viverá da fé”, Lutero teve seus olhos desvendados para a realidade de que não pode negociar benesses com Deus, antes, pelo contrário, elas devem ser recebidas pela fé somente, sendo fruto da preciosa graça de Deus. Fé esta, aliás, outorgada pelo próprio Deus aos seus eleitos.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Rui Barbosa, no prefácio do livro “O Papa e o concilio”, referindo-se à venda de indulgências pela ICAR, na idade média, chega a dizer que não se respeitava nem mesmo os pontos mais melindrosos da Fé. Diz ele: “É só jogar o dinheiro na caixa que, no mesmo instante, as almas que estão no purgatório escapam, e que todos deveriam comprar o perdão da alma de seus entes queridos, e ainda que tivessem uma só veste, deveriam despi-la, logo e já, para comprar benefícios tamanhos”.

Os pentecostais são os responsáveis por ressuscitarem a famigerada idéia de indulgência. A troca de dinheiro por benefícios divinos é evidente, sobretudo em sua vertente neopentecostal, que se utiliza, também de muitos símbolos físicos como “unção com óleo”, “pulseiras da vitória”, “rosa ungida” e muitos outros, afastando por completo a idéia de “pela fé somente”. Mas, esse não é um privilégio apenas dos neopentecostais. Um dos mais proeminentes representantes do “Pentecostalismo tradicional ou original”, Silas Malafaia, também enveredou pela negação do “Sola Fide”. Em um vídeo muito famoso, também publicado no filosofiacalvinista sobre o título “A indulgência eletrônica de Malafaia e Murdock”, fez as seguintes afirmações, que o reaproximam e junto com ele o Pentecostalismo, mais uma vez, ao Romanismo e dessa feita em suas característcias mais graves: o Romanismo pré-reforma:

“E quando mais rápido a semente entrar no solo uma colheita começa a crescer”. Essa afirmação é uma referência a uma oferta “voluntária” de R$ 1.000,00 pedida pro Malafaia e Murdock.

Que outros benefícios essa oferta traria? Pasmem. Essa frase da dupla Malafaia/ Murdock é completamente  indiscutível:

“Salvação para membros da família" (é uma referência a um dos benefícios adquiridos por quem pagar a indulgência, ou melhor, a "oferta voluntária" de R$ 1.000,00).

Agora compare com o que disse Rui Barbosa acerca da venda de indulgência, pela Igreja Católica Romana pré-reforma, que reproduzimos acima, com a Indulgência Eletrônica (porque poderia ser até dividia no cartão) de Malafaia e Murdock. É ou não é a mesmíssima coisa?

Isso não é simplesmente um desvio de conduta de um Pentecostal. É, antes, uma conseqüência mais ou menos lógica e previsível dos desdobramentos da negação dos princípios basilares da Fé Reformada, que é, na verdade, o cerne do Pentecostalismo.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Fide é: “Fé em Deus, mas também Fé no esforço do homem”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa:  são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

Solus Christus:  Somente Cristo.

Significa, em última análise, que não necessitamos de mais absolutamente nada além do Sacrifício substitutivo de Cristo Jesus, para a salvação. Implica que aquele que é salvo o é única e exclusivamente pelo sacrifício de Cristo. Isto é, o eleito nada faz que possa contribuir para sua salvação.  De forma que a pregação numa Igreja Reformada  poderia, tranquilamente, fazer a seguinte exortação: “não tentem fazer nada para alcançar a salvação, pois isso lhes seria um esforço inútil, pois vocês nada podem fazer para alcançar a vida eterna, nem mesmo podem contribuir ou ajudar a Deus nessa tarefa”.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

O que aconteceria se essa exortação fosse feita em uma igreja Pentecostal?

Os pentecostais, pelo fato se serem semi-Pelagianos, não suportam a idéia da passividade face à doutrina da Salvação.  Não estou querendo afirmar que os Pentecostais não crêem em Cristo para a salvação. Isso seria absurdamente desonesto. O problema é que não depositam a confiança de sua salvação “Somente em Cristo”, como o pressuposto da Reforma Protestante, baseado na Bíblia, requer. É sempre Cristo+cabelos+“joelhos no chão”+roupas+“manifestações do espírito”+“prosperidade” (características da variação neopentecostal)+“santificação pessoal”, cujo conceito é extremamente parecido com o conceito Católico Romano, isto é, santo como sendo aquele que não peca. Essa similaridade é evidenciada também pelas roupas dos santos católicos e dos crentes pentecostais, que parecem proceder da mesma grife.  

O pressuposto Pentecostal de “Cristo também” também pode causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são diametralmente opostos.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Solus Christus” é: “Cristo também, mas não só Cristo”.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.
  
Sola Gratia: Somente a Graça

“Durante a Reforma, os líderes protestantes e os teólogos geralmente concordavam que a doutrina da salvação da Igreja Católica Romana seria uma mistura de confiança na graça de Deus e confiança no mérito de suas próprias obras, comportamento este chamado pelos protestantes de sinergismo” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sola_gratia), enquanto eles defendiam o monergismo, que significa que a salvação depende exclusivamente de Deus: no início, no meio e no fim.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Observe: a mesma constatação que os “líderes protestantes” do século XVI chegaram acerca da doutrina da salvação da Igreja Católica Apostólica Romana pode, integralmente, ser observada na doutrina da Salvação dos Pentecostais.

Eles não acreditam que Cristo resolveu o problema da condenação eterna de forma igualmente eterna e definitiva, pois também acreditam na perda da Salvação. Ora, se Cristo morreu pelo indivíduo e ele ainda pode perder a salvação, o que, afinal, seria suficiente para dar-lhes a certeza da salvação? Respondemos claramente o que os Pentecostais respondem na sua prática religiosa: as obras. À semelhança dos Espíritas, que praticam boas obras por acreditarem ser importante para melhorarem seu processo de reencarnação, tudo que o Pentecostal faz é visando a “continuação da sua salvação”. Ou seja, faz porque entende que deve fazer para “continuar salvo”, do contrário poderá perder essa salvação, a exemplo das vigílias, das longas orações, das manifestações públicas de “espiritualidade” e das campanhas de evangelização, que servem como uma espécie de “cartão de visita” para ser apresentado na porta do céu.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Gratia” é: Sinergia. Nós podemos contribuir ativamente para nossa salvação. A graça, no contexto Pentecostal, é algo quase dispensável, pouco utilizada, pouquíssimo estudada e nunca compreendida.

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

 Soli Deo Gloria: Glória somente a Deus

A primeira pergunta do Catecismo Maior de Westmister faz uma indagação cuja resposta representa bem esse Sola: Qual o fim supremo e principal do homem? A Essa pergunta os herdeiros da Reforma responderam: Glorificar a Deus e Gozá-lo para Sempre.

Esse ponto foi levantado pelos Reformadores exatamente para combater a questão hierárquica da Igreja Católica, bem como da canonização de pessoas consideradas “santas”. É evidente aqui que a luta era contra o orgulho humano que quer, insuflado pelas idéias de satanás, assumir a glória devida “somente a Deus”.

Os Reformadores não admitiam, em hipótese alguma, dividir a glória devida “somente a Deus” com homens, ainda que esses fossem líderes religiosos proeminentes.

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

A busca frenética pelo reconhecimento pessoal no meio Pentecostal é algo gritante. Muitos jovens se martirizam psicologicamente para ter “o dom de línguas estranhas”, por exemplo. Com que objetivo? Edificar a igreja? Absolutamente. Com o fim de serem reconhecidos como “homens e mulheres de Deus”. Isso, em última instância redunda em glória pessoal e particular, além de render cargos. Cargos que inclusive possuem natureza hierárquica, o que possibilita uma nova ponte à idéia de clero do Catolicismo Romano, passando pelo “cargo” de presbítero, evangelista e evoluindo aos diversos tipos de pastores, numa escalada gradual, sendo o posterior superior ao imediatamente anterior.  

De todo esse estado de “glorificação velada do homem”, característica peculiar do humanismo - principal influenciador do Pentecostalismo, decorre a variação encontrada nas igrejas neopentecostais: a figura do Apóstolo, que pressupõe um grau extremamente alto e superior em relação aos demais líderes da igreja. Só não se sabe onde essa escala hierárquica de poder eclesiástico vai parar.

Há também a glorificação dos “profetas” e “profetisas” que não possuem, necessariamente, um cargo, muito embora seja o objetivo de muitos deles. Esses são “eleitos” pelo próprio povo para receberem a glória do reconhecimento. Esses têm uma oração mais poderosa que os demais. Com esses, dizem seus admiradores, Deus fala coisas profundas e misteriosas. Uma das principais frases de Malafaia, por exemplo, para trazer alguma espécie de “maldição” aos seus oponentes é “sou profeta de Deus”. Isso requer para si uma espécie de contato direto com Deus, o que lhe confere um poder extremamente grande.

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Soli Deo Glória” é: Deus seja glorificado, mas também o “homem e a mulher de Deus".

Esse pressuposto Pentecostal pode até estar correto e o da Reforma Protestante errado. Mais uma coisa é certa: são completamente diferentes. Além disso, são auto-excludentes. Não há possibilidade de conciliação entre eles.

Agora decida: o Pentecostalismo tem algo a ver com a Reforma Protestante? Os pressupostos do Pentecostalismo são convergentes ou divergentes em relação ao pressupostos da Reforma Protestante do século XVI?

Se por acaso (e espero que sim) atribui ao Pentecostalismo algum pressuposto que não lhe pertence, por favor apontem, faço questão de corrigir.


Série: Reforma Protestante.

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