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sábado, 31 de outubro de 2015

496 ANOS DE REFORMA PROTESTANTE: REFLEXÕES PARA IGREJAS PENTECOSTAIS 2/2



Quem já leu nossa série intitulada "Pentecostalismo e Reforma Protestante", arquivada aqui no blog em setembro e outubro/2011, sabe que não considero as igrejas pentecostais como igrejas "protestantes", no sentido de serem fruto ou de terem alguma espécie de ligação com a Reforma Protestante do século XVI. Em nossa opinião, o Pentecostalismo é muito grande para caber dentro da reforma. É um movimento completamente outro. Além disso, entendemos que as igrejas chamadas "Neo-Pentecostais" nada mais são que igrejas "Pentecostais", com algumas poucas variações; para pior, geralmente.

Por conta isso, reconhecemos que é um pouco fora de sentido direcionar algumas reflexões para as igrejas "Pentecostais históricas" e suas variantes Neo-pentecostais, dentro de uma postagem sobre a Reforma Protestante. Cometeremos esse deslize de forma consciente, entretanto:

Para iniciarmos nossas reflexões às igrejas Pentecostais, evocaremos a "tese" de nª 20/95, de Lutero, que diz: 

"O Teólogo da Glória chama de bom aquilo que é mau, e chama de mau aquilo que é bom; o teólogo da cruz chama as coisas pelo que são".

Para Lutero, os teólogos de seu tempo, a quem ele chama de "Teólogo da Glória", "criavam uma imagem de Deus que refletia apenas as próprias expectativas da humanidade sobre como Deus deveria ser", como afirma Carl Trueman, em seu excelente livro "Reforma ontem, hoje e amanhã", p.39. Eles, continua ele: "como a maioria das pessoas, esperam que Deus recompense aos que fazem coisas boas, entendendo, obviamente, que suas próprias obras são boas e louváveis diante de Deus".

Acaso não são "Teólogos da Glória" também os defensores hodiernos da teologia da prosperidade? Para eles, os crentes em Cristo precisam ser prósperos financeiramente. Precisam repreender a enfermidade; precisam viver regaladamente. Para eles, o sofrimento não deve fazer parte da vida do Cristão. São triunfalistas, materialistas, pregadores da vitória consumista e da glória; a glória própria.

Lutero, o teólogo da cruz, pensava absolutamente diferente. Certamente ele receberia um sonoro "tá repreendido em nome de Jesus" ao expor sua "teologia da cruz", do sofrimento, que ensina:

"Assim como Cristo aceitou o sofrimento e a morte como parte de sua própria vida e ministério, assim os que procuram andar em seus passos não devem esperar menos do que isso. A teologia da cruz [...] inverte as concepções humanas. A pergunta natural de alguém que está sofrendo de alguma forma é a seguinte: Por que eu? Por que essa coisa terrível está acontecendo comigo? Eu não fiz nada de errado. Para Lutero, a pergunta deve ser respondida olhando para a cruz: Se o sofrimento, a perseguição, a injustiça, o ódio e o escárnio são o quinhão de Cristo [...], devemos então esperar que nosso quinhão seja melhor? Em outras palavras, a pergunta não é tanto "Por que acontecem coisas ruins a pessoas boas?", e, sim: "Por que não acontecem mais coisas ruins às Pessoas boas?". De fato, para Lutero o sofrimento e a fraqueza são essência da vida cristã" (TRUEMAN, 2013, p.46,47).


Se as palavras acima já são mais que suficientes para deixarem os "teólogos da glória e da prosperidade" de "cabelo em pé", afastando-os cada vez mais de Lutero, talvez por entenderem ter ele recebido a influência do "demônio verdugo" (para saber mais sobre isso pergunte ao futuro Apóstolo "Eraldo Filho", no facebook), que o fez pensar assim, imagine, então, as que se seguem:

"Quanto mais alguém se assemelha a Cristo, tudo indica que mais propensa essa pessoa estará a sofrer e a sentir-se fraca e inadequada [...]. Naturalmente, isso não quer dizer que somos salvos por meio do sofrimento - de maneira nenhuma! O que está implícito é que, uma vez salvos, podemos esperar sofrimento e fraqueza como parte integrante da vida centrada em Cristo. Portanto, não devemos ficar surpresos quando as dificuldades surgem em nossa vida, pois elas são parte essencial da obra estranha de Deus, por meio da qual ele completa em nós a obra peculiar. O que deve o cristão esperar dessa vida? Saúde, riqueza e felicidade? É assim que Deus mostra sua graça e favor? Certamente isso é o que um teólogo da glória tomaria por certo: se Deus é bom para comigo, então ele me dará todas as coisas que tanto desejo. Os valores e as expectativas de um teólogo da glória são as mesmas do mundo ao redor. Assim, o sucesso espiritual deve ser julgado de maneira e maneira análoga ao suesso terreno, em termos de receita, status e credibilidade social. Mas essa não é a genuína teologia cristã, como Lutero a vê, pois ela não dá lugar para a cruz. As verdadeiras expectativas cristãs centralizam-se na cruz e envolvem aceitar, e até mesmo abraçar espontaneamente o sofrimento, a fraqueza e a marginalização que inevitavelmente acontecem àqueles que seguem os passos o Senhor Jesus. esse é que deve ser o horizonte de expectativas do crente como indivíduo e da igreja como um todo" (TRUEMAN, 2013, p.47,48).

Nada mais a acrescentar. Aprendam isso "teólogos da glória e da prosperidade" dos últimos tempos. 

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