Páginas

segunda-feira, 5 de maio de 2025

PARA QUE SERVE A LEI MORAL DE DEUS? 4/4

Jesus ensinou a forma correta de interpretar a Lei Moral de Deus, em Mateus 8. Disse ele:

¹⁷ Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. ¹⁸ Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.¹⁹ Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.²⁰ Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. ²¹ Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. ²² Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. ²⁷ Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.²⁸ Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. 

Notem: os antigos interpretaram a Lei Moral de forma errada. Entendiam que apenas a LETRA DA LEI constituía o pecado. Jesus, porém, ensinou que TUDO AQUILO QUE LEVA OU QUE PODE LEVAR À QUEBRAR A LETRA DA LEI É, IGUALMENTE, PECADO.

Analise atentamente, agora, o sexto e o sétimo mandamentos à luz do Catecismo Maior de Westminster e verifique se você é ou não é um contumaz quebrador desses e de todos os outros mandamentos da Lei Moral de Deus. Seja sincero pelo menos para você:

136. Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento? Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. Gn 9:6; Ex 1:14;20:9,10;21:18-36;22:2; Nm 35:16,31,33; Dt 20.1-20; Is 3:15; Pv 10:12;12:18;14:30;15:1;28:17; Mt 5:22;6:31,34;25:42,43; Lc 21:34; At 16:28; Rm 12:19; Gl 5:;15; Ef 4:31; Hb 11.32-34; I Pe 4:3,4; I Jo 3:15; Tg 2:5,16;4:1.

139. Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento? Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: adultério, fornicação, rapto, incesto, sodomia e todas as concupiscências desnaturais; todas as imaginações, pensamentos, propósitos e afetos impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas; os olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imoderado; a proibição de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos; o permitir, tolerar ou ter bordéis e a freqüentação deles; os votos embaraçadores de celibato; a demora indevida de casamento; o ter mais que uma mulher ou mais que um marido ao mesmo tempo; o divórcio ou o abandono injusto; a ociosidade, a glutonaria, a bebedice, a sociedade impura; cânticos, livros, gravuras, danças, espetáculos lascivos e todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós mesmos, quer nos outros. Lv 18:1-21;19:29;20:15,16; Jr 5:7; Pv 4:23,27;5:7,8; II Sm 13:14; II Rs 23:7; Ml 2:16; Ez 16:49; Gl 5:19; Ef 5:5,11; Mt 5:32;19:5,10-12;Mc 6:18,22; I Co 5:1,13;7:2,12,13; Rm 1:26,27;13:13,14;I Tm 4:3;5:14,15; I Pe 4:3; II Pe 2:17,18; Hb 13:4.

Se você for sincero, ainda que só no íntimo do seu coração, perceberá o quanto é um pecador depravado, o quanto é um quebrador da Lei Moral de Deus. 

Assim como ocorreu com Daniel, Isaías e Paulo, que você possa, com eles, sofrer a angústia do "pecado que habita em você" e, com eles, bradar: "desventurado homem que sou". É precisamente para isso que existe a Lei Moral de Deus, como nos ensina ainda o Catecismo Maior de Westminster:

 95. De que utilidade é a lei moral a todos os homens? A lei moral é de utilidade a todos os homens, para os instruir sobre a natureza e vontade de Deus e sobre os seus deveres para com Ele, obrigando-os, a andar conforme a essa vontade; para os convencer de que são incapazes de a guardar e do estado poluto e pecaminoso da sua natureza, corações e vidas; para os humilhar, fazendo-os sentir o seu pecado e miséria, e assim ajudando-os a ver melhor como precisam de Cristo e da perfeição da sua obediência.Lev. 20:7-8; Rom. 7:12; Tiago 2:10; Miq. 6:8; Sal. 19:11-12; Rom. 3:9, 20, 23 e 7:7, 9, 13; Gal. 3:21-22; Rom. 10:4.

domingo, 4 de maio de 2025

PARA QUE SERVE A LEI MORAL DE DEUS? 3/4

 


CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI MORAL DE DEUS:

1) A LEI MORAL DE DEUS é apenas uma parte da LEI, que está dividida em três partes: LEI CERIMONIAL (que com a morte de Cristo perdeu sua eficácia); LEI CIVIL (específica para a nação de Israel, enquanto teocracia, embora contenha princípios importantes para todas as nações) e LEI MORAL, que NÃO FOI REVOGADA E ESTÁ TOTALMENTE ATIVA. 

93. Que é a lei moral? A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e perpétua a ela - nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e ameaçando com a morte a violação dela.Deut. 5:1, 31, 33; Luc. 10:26-28; Gal 3:10; I Tess. 5:28; Luc. 1:75; At. 24,:16; Rom. 10:15 (CMW).

2) A LEI MORAL DE DEUS, está resumida e dividida em duas TÁBUAS:

A) A PRIMEIRA TÁBUA PROIBE PECADOS DIRETAMENTE CONTRA DEUS, DO PRIMEIRO AO QUARTO: 1. Não terás outros deuses diante de mim, 2. Não farás para ti imagem de escultura, 3. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, 4. Lembra-te do dia de sábado para o santificar.

B) A SEGUNDA TÁBUA PROIBE PECADOS CONTRA O PRÓXIMO: 5. Honra a teu pai e a tua mãe, 6. Não matarás, 7. Não adulterarás, 8. Não furtarás, 9. Não dirás falso testemunho, 10. Não cobiçarás a casa do teu próximo.

Quando Paulo olhava para esses MANDAMENTOS, ele dizia: "SOU RÉU DE TODOS ELES; QUEBRO TODOS ELES. EMBORA CREIA QUE CRISTO MORREU EM MEU LUGAR. APESARA DISSO, CONTINUO QUEBRANDO TODOS ELES, por isso ele brada desesperado: "Desventurado homem que sou" (RM 7:24).

Quando nós olhamos para esses MESMOS MANDAMENTOS, dizemos: CUMPRO TODOS ELES, DE VEZ ENQUANDO DOU umas farrapadas.

Aqui cabe uma pergunta: O QUE É MAIS GRAVE? QUEBRAR OS MANDAMENTOS DA PRIMEIRA OU DA SEGUNDA TÁBUA DA LEI MORAL DE DEUS? Pela lógica, PECAR DIRETAMENTE CONTRA DEUS NÃO DEVERIA SER CONSIDERADO MAIS GRAVE?

Mas, em tese, qual deveria ser considerado mais gravoso: quebrar o quarto mandamento ou o sétimo mandamento?

Não é interessante que nos preocupamos MAIS e só tratamos, via de regra, dos pecados cometidos contra a segunda tábua da LEI? Quebrar o QUARTO MANDAMENTO, por exemplo dificilmente daria disciplina, Experimenta quebrar o SÉTIMO MANDAMENTO para ver o problemão que vai acontecer na sua vida. Se for um ministro ou oficial, então, será trucidado e não mais servirá para nada. Por isso NINGUÉM QUEBRA ESSE MANDAMENTO, não é? Veremos.


 


sábado, 3 de maio de 2025

PARA QUE SERVE A LEI MORAL DE DEUS? 2/4


ELUCIDAÇÃO

Mas, para nosso TOTAL DESCONFORTO, tudo indica, segundo estudiosos como Willian Rendriksen, que Paulo está escrevendo uma AUTO-BIOGRAFIA. Ele está falando dele mesmo quando diz: "O MAL QUE RESIDE EM MIM". Sim, o homem que escreveu METADE DO NOVO TESTAMENTO, quando olhava para dentro de si, via um HOMEM TOTALMENTE DEPRAVADO, um QUEBRADOR DE TODOS OS MANDAMENTOS DA LEI MORAL DE DEUS.

Para fundamentar sua argumentação HENRIKSEN cita Calvino, que ensina: "O Apóstolo Paulo, em sua própria pessoa RELATGA A FRAQUESA DOS CRENTES, E QUÃO PROFUNDA ELA É". Calvino diz isso, cita Henriksen, em seu comentário aos Romanos (HENDRIKSEN, p.302).Então, quem é Paulo, o Apóstolo? Ele mesmo responde nos versos 14,15,18,19,21,23,24 (Romanos 7).

Nesse momento NOSSAS MENTES estão fazendo um grande esforço para nos dizer que ESSE É PAULO, mas, de alguma maneira, ESSE NÃO SOU EU. Afinal, eu sou crente, reformado, santo.

Rendriksen, então, olha para esse relato ESTARRECEDOR de Paulo e diz, em seu excelente comentário da carta aos Romanos:
É precisamente o Cristão que mais progrediu, o crente maduro, que mais profundamente se preocupa com seu pecado. Quanto mais uma pessoa faz progresso na santificação, mais sentirá aversão pela sua pecaminosidade (HENDRIKSEN, p.301).

A palavra PECAMINOSIDADE é reveladora. Mesmo aqueles que estão em avançado estado de SANTIFICAÇÃO , mesmo esses, são pecadores miseráveis, QUEBRADORERS DA LEI MORAL DE DEUS; DE TODOS OS 10 MANDAMENTOS. A diferença é que eles reconhecem isso e isso traz certo desespero introspectivo, como ocorria com o próprio Paulo.

Continuando, Hendriksen ainda diz: "PAULO ESTÁ EXPONDO SUA PRÓPRIA CONDIÇÃO" (p.303). Ele cita ainda  algumas figuras das Escrituras para sustentar o que está defendendo: Jó 42:6, Daniel 9:4,5,8 e Isaías 6:5).

A questão é: O QUE FEZ PAULO, JÓ, ISAÍAS e tantos outros personagens das escrituras olharem para dentro de si e se SENTIREM VERDADEIROS PECADORES DEPRAVADOS, TÃO MAUS QUANTO SE É POSSÍVEL SER?

A LEI MORAL DE DEUS, é a resposta. Eles olharam para a LEI e logo ela retornou com um RAIO X TERRÍVEL de quem eles eram, na verdade (LER Romanos 7:7-12).

Passaremos a fazer algumas considerações sobre a LEI MORAL DE DEUS.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

PARA QUE SERVE A LEI MORAL DE DEUS? 1/4


TEXTO BASE: Romanos 7:7-21

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da interpretação bíblica, estudiosos têm se debruçado sobre esse texto para entender acerca de quem o Apóstolo Paulo está a falar, sobre a vida de quem ele está retratando?

Embora uma leitura mais simples do texto pareça deixar claro quem é essa pessoa que Paulo está nos apresentando, ELE DIZ COISAS TÃO PESADAS, TÃO FORTES SOBRE ELA, como por exemplo: "O PECADO QUE HABITA EM MIM", "SOU VENDIDO À ESCRAVIDÃO DO PECADO", que os estudiosos chegam mesmo a duvidar que Paulo esteja descrevendo a própria vida.

Alguns sugerem que Paulo esteja se referindo até mesmo a um HOMEM INCRÉDULO, porque como um apóstolo, que escreveu praticamente metade do Novo Testamento, pode ser "VENDIDO À ESCRAVIDÃO DO PECADO"?

Outros chegam a sugerir a TEORIA DOS TRÊS ESTADOS, segundo a qual, nesse mesmo texto, Paulo fala de 3 ESTÁGIOS DA VIDA DO CRENTE: 1) a vida de um CRENTE IMATURO; 2) de um CRENTE EM AMADURECIMENTO; e, finalmente: 3) de um CRENTE MADURO, que está descrito no verso 25.

Essa tentativa de entender o CRENTE como alguém que NÃO PECA está, de alguma forma, em muitas de nossas mentes; quase que na maioria, na prática. 

Parece até que só acreditamos que UM CRENTE É UM PECADOR MISERÁVEL quando alguém é disciplinado. QUANTA SURPRESA! O IRMÃO PECOU! "OREMOS PELO IRMÃO QUE CAIU EM PECADO". "Ele pecou, foi fraco"; "ele não resistiu à tentação"; "ele é um safado"; "ela é uma safada", "traiu o marido, traiu a esposa". 

Percebem? O Outro é pecador; sempre o outro. E o outro quando é apanhado em pecado. Fora isso, os outros "que não caíram em pecado" e nós SOMOS SANTOS, IMPOLUTOS, QUASE IMACULADOS. Descansa a ideia em nossa mente que SE NÃO FOMOS PEGOS EM PEGADO, SE NÃO FOMOS DISCIPLINADOS, então, não somos tão MISERÁVEIS PECADORES como aqueles irmãos que foram. 

Até quando tratamos da doutrina Calvinista da DEPRAÇÃO TOTAL, dizemos que 'O HOMEM É TÃO DEPAVADO QUANTO PODE SER. O homem! SUJEITO INDEFINIDO. E, mesmo, assim paira a ideia de HOMEM DO MUNDO, antes de se converter, NUNCA O CRENTE, IRMÃOS DA IGREJA, eu, você.

domingo, 6 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 3/3

 

4 OS CRISTÃOS CATÓLICOS E A EDUCAÇÃO 

A igreja Católica fundou ou contribuiu decisivamente para a fundação de várias escolas e universidades, dentre as quais estão contadas as mais antigas do mundo, como por exemplo a Universidade de Paris, fundada em 1045, Universidade de Bolonha, fundada em 1088, a de Salamanca, fundada em 1134 e a própria Universidade de Cambridge, fundada em 1209 por estudantes católicos dissidentes de Oxford. 

5 OS PURITANOS E A EDUCAÇÃO 

Muitos puritanos Ingleses eram mestres ou doutores, principalmente pelas Universidade de Oxford e Cambridge, considerada um “verdadeiro ninho de puritanos” (BEEKE; PEDERSON, 2010, p. 350), ou um verdadeiro “berçário dos puritanos” (Ibid., p. 393). E ainda: “Cambridge era o principal centro puritano naqueles dias” (p. 575). 

O eminente bispo Anglicano J.C. Ryle (1816-1900), comentando sobre a formação dos puritanos, conforme registram Joel Beeke e Randall Pederson, disse: 

Os puritanos não eram incultos e ignorantes. Em sua grande maioria, formaram-se em Oxford e em Cambridge – muitos deles eram membros do corpo docente de faculdades, e alguns deles foram presidentes ou diretores das melhores faculdades [...]. Em conhecimento de hebraico, grego e latim, em poder como pregadores, expositores, escritores e críticos, os puritanos, em seu tempo, não estavam em segundo lugar em relação a ninguém (BEEKE; PEDERSON, 2010, p. 60 apud MANTON, 1866, 2:xi). 

Setenta e dois por cento DOS PURITANOS INGLESES obtiveram o grau de mestre; geralmente com formação clássica em Artes, base da educação na idade média, além de teologia. Desses puritanos mestres, quarenta e seis por cento foram formados pela Universidade de Cambridge, considerada a terceira Universidade mais importante do mundo e vinte e quatro por cento na Universidade de Oxford, considerada a melhor do mundo dois por cento em outras Universidades. 

Packer chega a afirmar: 

Quase todos eles eram produtos acadêmicos das Universidades de Oxford e Cambridge; muitos deles homens de cultura e muita moderação; e todos os homens de piedade irrepreensível” (PACKER, 2022, p.28). 

Em Massachusetts, em 1647, foi promulgada uma lei PURITANA que tratava da necessidade do estabelecimento da educação básica formal, tão logo o município chegasse a cinquenta famílias.  Segundo os puritanos, a ignorância era o “projeto principal do Velho Satanás” (KARNAL, 2007, p. 48). 

Outro trecho dessa “lei puritana da educação” revelava o que estava por trás de projeto tão ousado: “manter os homens distantes do conhecimento das Escrituras, como em tempos antigos quando as tinham numa língua desconhecida” (KARNAL, 2007, p.48). 

Em contrapartida a esse PLANO DE SATANÁS, os PURITANOS elaboraram o PLANO DE GLORIFICAÇÃO A DEUS QUE CONSISTIA DAS SEGUINTES ETAPAS: 1) Tradução da Bíblia para a língua materna do povo; 2) Educação e Ensino; 3) Ensino das Escrituras. 

James Davidson, em sua obra “Uma breve história dos Estados Unidos”, diz:

Como Lutero, os puritanos queriam que todos fossem capazes de ler a bíblia. Talvez seis em cada dez homens que foram para Massachusetts sabiam ler – o dobro do número usual na Inglaterra” (2017, p. 41). 

Leandro Karnal, na obra “História dos EUA”  ainda abordando acerca dessa motivação religiosa para a criação de instituições de ensino superior nas colônias da Nova Inglaterra, afirma:

Em todos os documentos sobre educação há a mesma preocupação: o conhecimento das coisas relativas à religião. Do ensino primário ao superior, o conhecimento da Bíblia parece ter orientado todo o projeto educacional das colônias inglesas. Quando Samuel Davies escreve sobre as Razões para fundar universidades, insiste na necessidade de formar líderes religiosos para uma população que crescia sem parar. Nesse texto, de 1752, o autor argumenta que ‘a religião deve ser a meta de toda a instrução e dar a esta o último grau de perfeição’ (KARNAL, p. 49). 

Esse Samuel Davies (1723-1761) foi um ministro presbiteriano, portanto, muito influenciado pelas ideias dos puritanos. Foi o quarto presidente da Universidade de Princeton, quarta universidade mais antiga dos EUA. 

Dentro desse contexto, talvez, a maior contribuição dos puritanos para a educação superior, tenha sido o lançamento da “pedra fundamental” da Universidade de Harvard, o Harvard College, (1636), considerada pelo Academic Rankings of World Universities como a melhor universidade do mundo. 

A importância de Harvard pode ser traduzida em números: são 150 prêmios Nobel, o que a torna, também a universidade número um nesse quesito. Além disso, 48 Pulitzer, que é uma premiação específica para destaques nas áreas de jornalismo e literatura, 14 Turing, considerado Nobel da computação e 18 vencedores da Medalha Fields, maior premiação na área de matemática. 

Outra importante Universidade criada sob a influência direta dos puritanos é a Universidade de Yale, fundada em 1701, sob o nome Collegiate School, sendo a terceira mais antiga universidade dos EUA. Yale está localizada em New Haven, Connecticut, colônia fundada pelo ministro puritano Rev.John Davenport, em 1637. 

A importância dessa universidade pode ser traduzida pela formação de vários ganhadores do prêmio Nobel, além de, pelo menos, cinco presidentes dos EUA, dentre eles Bill Clinton e George Bush. 

Detalhes dos estatutos da Universidade Yale, datados de 1745, deixam claro a forte ligação do projeto educacional inicial dos colonos puritanos, que foi colocado em prática, com a religiosidade:

Para ser admitido na universidade era necessário ter a capacidade de ler e interpretar [...] trechos em grego da Bíblia, escrever em latim, saber aritmética [...]. O candidato [...] deveria ser piedoso e seguir “as regras do Verbo de Deus, lendo assiduamente as Sagradas Escrituras, a fonte da luz e da verdade, e atendendo constantemente a todos os deveres da religião” [...]. O presidente deveria rezar no auditório da universidade toda manhã e toda tarde, lendo trechos da Sagrada Escritura [...]. Blasfêmias, opiniões errôneas sobre a Bíblia [...] poderiam resultar em advertência, multa ou expulsão, conforme a gravidade do ato (KARNAL, 2007, p. 48-49).  

 

6 A IPB E A EDUCAÇÃO 

O Mackenzie é uma instituição educacional, social e assistencial de saúde privada, confessional e sem fins lucrativos, com mais de 150 anos de história. Desde sua fundação, a Instituição é agente de uma série de inovações pedagógicas e acompanha e influencia o cenário da educação no país. Um de seus principais objetivos é formar cidadãos com capacidade de discernimento, com critérios e condições para fazer a leitura do mundo em que vivem, a partir de valores e princípios eternos, e que sejam aptos a intervir na sociedade.

CONCLUSÃO 

Diante de toda essa importância DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, entendida aqui como fonte de mudança cultural, PERGUNTAMOS: o que seria do mundo se não fosse a influência do Cristianismo, da Educação cristã?

sábado, 5 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 2/3

 

1 A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ NA TRANSFORMAÇÃO DA CULTURA OCIDENTAL

Sobre a importância do cristianismo para a formação da cultura ocidental (ANTIBARBÁRIE), Christopher Henry Dawson (1889-1970), considerado o maior historiador de língua inglesa do século XX, em sua obra “Criação do Ocidente”, afirma:

O início da cultura ocidental pode ser detectado nessa nova comunidade espiritual que surgiu das ruínas do Império Romano, em razão da conversão dos bárbaros do Norte à fé cristã [...]. Ambrósio, Agostinho, Leão e Gregório - foram, concretamente, os pais fundadores da cultura do Ocidente [...]. Foi somente por meio do cristianismo e dos elementos que vieram de uma cultura superior, transmitidos pela ação da Igreja, que a Europa ocidental adquiriu sua unidade e forma” (2016, p.50-51).

A análise da pesquisa de Weber tem demonstrado que ele entendia que a “modernização” do Ocidente se dá PELA INFLUÊNCIA DOS PURITANOS DO SÉCULO XVII

O tempo da Reforma ou, mais precisamente, o período que se seguiu à Reforma, sobretudo o século XVII, é importante [...] pois efetua uma transformação – a partir de dentro. Essa transformação adiciona uma nova linha ao padrão ocidental de desenvolvimento. Ao fazer isso, tal transformação cria uma das precondições históricas do desenvolvimento cultural moderno [...]. Essa é a razão pela qual o protestantismo tem importância histórica (PIERUCCI, 2013, p. 256). 

2 A IMPORTANCIA LUTERO E CALVINO E OUTROS REFORMADORES PARA A EDUCAÇÃO 

O protestantismo já nasce com uma necessidade de propagar a educação e o ensino. Afinal, de nada adiantaria traduzir a bíblia para a linguagem do povo se ele não soubesse ler. 

Sem educação e ensino, certamente, o esforço heroico de homens como Lutero, que traduziu a bíblia para o alemão, e de Willian Tyndale (1494-1536), que traduziu a bíblia para o inglês, não teria tido a dimensão que teve. 

A própria Reforma Protestante foi gestada dentro das salas de aula da universidade de Wittenberg, na Alemanha, através dos muitos debates de Lutero com seus alunos e colegas professores. Vale ressaltar que Lutero era um homem da academia, tendo obtido o grau de doutor em 1512. 

Em 1536, CALVINO elaborou um plano que previa a criação de escolas para todas as crianças da cidade. A escola seria para meninos e meninas e as crianças pobres teriam ensino gratuito. Ali nasceria a primeira escola primária obrigatória da Europa. 

Em 1559 Calvino criou a Academia de Genebra. A intenção era criar uma grande universidade, mas, por conta do pouco recurso financeiro que a cidade dispunha, não foi possível. No currículo da Academia de Genebra constava o ensino de leitura, escrita, retórica, música e lógica. 

Outra importante contribuição do protestantismo, para a educação, foi a famosa obra “Didática Magna” de João Amós Comênio 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 1/3

 


TEXTO BÁSICO: 4:12-17

INTRODUÇÃO:

O texto inicia com a notícia da prisão de João Batista. Tudo indica que foi preso porque arrastava atrás de si uma multidão de discípulos e os líderes religiosos não estavam gostando nada disso. Isso, provavelmente levou Jesus a mudar de cidade, pois já arrastava uma multidão maior ainda.

William Hendriksen, comentando esse texto, dá uma informação muito interessante, no volume I do comentário de Matheus, acerca da nova cidade de Jesus. Diz ele:

Durante séculos, os que viviam nesse extenso território estiveram expostos à agressão política e militar do norte (Síria, Assíria, etc) e à corrosiva influência moral e religiosa de um ambiente pagão (p.339).

A Assíria conhecemos bem. Nínive era a capital da Assíria. Era um povo conhecido por sua maldade, desde os tempos de Jonas (LER Jonas 1:2) . 

O povo de Nínive torturava os profetas, era conhecido como ladrão (invadia e despojava outras regiões), era sanguinário (cortava pés e mãos, cortava orelhas e narizes e vasava os olhos dos cativos , fazia pirâmide com as cabeças  dos prisioneiros, serrava as pessoas ao meio, fazia escalpo, jogava óleo fervendo (quando não arrancava a pele da pessoa viva. Era um poco terrível (blog geração eleita). 

 Barbárie! Essa era a regra no oriente médio, nos países baixos, com os Vikings, na Europa com os povos germânicos e os Bretões, na Inglaterra. Na Roma dos tempos dos Apóstolos a barbárie também era um traço cultural: quantos Cristãos dilacerados, jogados aos leões, queimados vivos. Na China. Durante a Olimpíada de Pequin, em 2008, o repórter Roberto Cabrine fez uma matéria mostrando a quantidade de fetos jogados pela rua. No Brasil ainda existe cerca de 200 etnias que praticam o infanticídio.

UMA CULTURA NÃO CATEQUISADA PELO CRISTIANISMO É UMA CULTURA QUE TENDE, NECESSARIAMENTE, PARA A BARBÁRIE.

ESSE ERA O TRAÇO CULTURAL COMUM VIGENTE em todas as partes do mundo, ANTES DO CRISTIANISMO E TAMBÉM EM CAFARNAUM.

Por isso que o texto diz que o povo de CAFARNAUM, ONDE Jesus foi morar, onde passou um bom tempo de sua vida, a ponto de Mateus chamar essa cidade de “cidade de Cristo” (Mateus 9:1). Esse povo “Jazia em trevas”. TREVAS ESPIRITUAIS, MAS TAMBÉM TREVAS CULTURAIS.

Evidentemente que o texto pontua a ideia de TREVAS ESPIRITUAIS, AS TREVAS SUBJETIVAS DO CORAÇÃO DO HOMEM, o que está relacionado com a salvação individual, mas não só. O TEXTO também ESTÁ CARREGADO DE ELEMENTOS QUE APONTAM PARA TREVAS CULTURAIS TAMBÉM, que provocam essa série de barbaridades que a história tem registrado.

 O fato de os moradores dessa região “permanecerem impenitentes”, no dizer de Hendrikssen, reforça a ideia de que a “GRANDE LUZ” que esse povo viu, tenha sido uma MUDANÇA CULTURAL promovida por Cristo, pelo Evangelho (LER  Mateus 11:23-24).

 QUANDO O EVANGELHO CHEGA, AS TREVAS CULTURAIS SE DISSIPAM, porque essa CULTURA de morte, de barbaridade, necessariamente ACABA, ainda que não haja eleitos naquele lugar, porque trata-se de uma INFLUÊNCIA CULTURAL, VIA EDUCAÇÃO CRISTÃ, na cultura do local.

E aqui definimos EDUCAÇÃO CRISTÃ como sendo a INFLUÊNCIA DO EVANGELHO NO NÍVEL CULTURAL.

AGOSTINHO DE HIPONA, costumava definir EDUCAÇÃO COMO SENDO O EXERCÍCIO DE TIRAR COISAS RUINS DO CORAÇÃO E COLOCAR COISAS BOAS NO LUGAR.

ESSE É PRECISAMENTE O PAPEL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ.

William Hendriksen, mais uma vez comentando esse texto, em vários momentos, aponta para essa AÇÃO CULTURAL que o próprio Cristo e o evangelho FIZERAM NESSE POVO, QUE ATÉ ENTÃO SÓ CONHECIA A BARBÁRIE.

Hendriksen diz que Cristo realizou no meio desse povo que “JAZIE EM TREVAS” muitas “obras de Misericórdias e poder” (p.337), bem com muitas “missões de misericórdia, repartindo conforto e cura” (p.338), e que com “suas belas palavras de vida, de admoestação e consolo foram espalhadas profundamente e transmitidas de pais a filhos (p.338, 339).

Essa atuação promoveu UMA VERDADEIRA MUDANÇA CULTURAL. UM POVO QUE SÓ CONHECIA A BARBÁRIE AGORA CONHECIA TAMBÉM A MISERICÓRDIA E A CHAMADA “ETICA CRISTÔ.  ISSO É EVANGELHO, É EDUCAÇÃO CRISTÃ, na medida em que PROVOCA MUDANÇA DE ATITUDE COLETIVA, DE MENTALDADE CULTURAL

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

SEM PURITANOS, SEM DEMOCRACIA: INVESTIGAÇÃO SOBRE A ORIGEM DA DEMOCRACIA MODERNA

 


A democracia não é um regime naturalmente dado: é o desejo pela liberdade que impulsiona um povo a conquistá-la. O que pouco se sabe e se discute nos debates políticos – seja na academia ou nas conversas do dia a dia – é que a democracia representativa como conhecemos hoje, exercida por meio de representantes eleitos, surgiu a partir do envolvimento político dos puritanos, na Inglaterra do século XVII.

Já no século XVI, a Reforma Protestante havia regado a semente desse tipo de governo, adormecida desde a República Hebraica, quando cristãos passaram a eleger os líderes de suas igrejas.

Com argumentos sólidos e bem fundamentados, o livro "Sem puritanos, Sem democracia" narra os eventos históricos que culminaram na expansão desse novo regime, do ambiente eclesiástico para as esferas governamentais da sociedade.

A obra não se propõe, no entanto, a ser apenas uma revisão histórica. De modo perspicaz e envolvente, o autor mostra como os princípios e valores defendidos pelos puritanos influenciaram na estruturação da democracia que temos hoje.

Uma leitura acessível e agradável que revela uma perspectiva pouco vista e, até mesmo, negligenciada desses notáveis e valiosos eventos históricos.

PARA COMPRAR O LIVRO, CLIQUE NO LINK ABAIXO:

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

DESPROTESTANTISMO

A Igreja Protestante se confunde com o significado dessa designação. Ou seja, PROTESTANTE, em última análise, é aquele que PROTESTA. Por óbvio que esse termo não tem aplicação exclusivamente religiosa. Porém, é quase certa a convenção de que ele esteja quase sempre ligado ao movimento religioso do século XVI. Lutero PROTESTOU contra o clero romano e os Puritanos PROTESTARAM contra o clero Anglicano e contra o próprio Rei, por exemplo. O PROTESTO faz parte da natureza da igreja PROTESTANTE. Lutero, quando instado a se retratar por conta de suas críticas à Igreja Romana, de seu constante PROTESTO conta a Sé de Roma, disse:

É impossível retratar-me, a não ser que me provem que estou laborando um erro, pelo testemunho das Escrituras ou por uma razão evidente; não posso confiar nas decisões dos concílios e dos papas, pois é evidente que eles não somente têm errado, mas se têm contradito uns aos outros. Minha consciência está alicerçada na Palavra de Deus, e não é seguro nem honesto agir-se contra a consciência de alguém. Assim Deus me ajude. Amém (NICHOLS, 2000, p.162).

Todos os reformadores PROTESTARAM quando a doutrina do SOLA SCRIPTURA esteve, de alguma forma, ameaçada, independentemente de possíveis boas intenções. Esse é um ponto INEGOCIÁVEL. Lutero deveria ser convencido de seu erro por argumentos não suportados nas Escrituras Sagrada, o que lhe traria, certamente, benefícios. Isso deve ser considerado não uma proposta conciliadora, mas um acinte ao cristão PROTESTANTE. Foi exatamente essa a percepção de Lutero. Ele não aceitava ser culpabilizado por um erro a não ser que a própria Escritura o convencesse que sua conduta era errada ou pecaminosa. Ele PROTESTOU contra acusações desprovidas de mandamentos objetivamente proibitivos.

Significa dizer que todas as vezes que CONCEITOS HUMANOS, INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS,  TRADIÇÃO, CULTURA GERAL ou CULTURA RELIGIOSA ditar algum tipo de REGRA de FÉ ou de PRÁTICA, seja de OBRIGAÇÃO ou de PROIBIÇÃO, os PROTESTANTES, individualmente, devem se levantar e PROTESTAR, independentemente se o elaborador de tal REGRA APÓCRIFA é uma AUTORIDADE ECLESIÁSTICA ou CIVIL. 

Esse é um princípio que a igreja outrora PUJANTEMENTE PROTESTANTE tem esquecido. Evidentemente que essa crítica se aplica tão somente a igrejas que possuem fortes laços com a Reforma Protestante e que se autointitulam PROTESTANTES. Mais ainda: aos crentes PROTESTANTES dessas igrejas.

A igreja parece estar em um acelerado processo de DESPROTESTANTIZAÇÃO. 

Ninguém PROTESTA, ninguém questiona, ninguém denuncia quando a CULTURA GERAL E/OU RELIGIOSA e até a sociedade ímpia, como um verdadeiro "árbitro de protestante," DITA REGRAS de OBRIGAÇÃO ou de PROIBIÇÃO no lugar das Escrituras Sagradas, ao melhor estilo "não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro" (Colossenses 2:21). 

A mente do CRISTÃO PROTESTANTE deve estar cativa somente à Escritura Sagrada e a mais ninguém e a mais nada, como ensinavam Lutero e os outros Reformadores. Afinal "para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gálatas5:1).