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sábado, 31 de outubro de 2015

REFORMA X AVIVAMENTO: A MODA VOLTOU!



O clamor por avivamento voltou, assim como moda que vem e vai. Só em 2015 já tivemos vários eventos  com o tema Avivamento.  Por exemplo, o tema da importante e reconhecida conferência Fiel deste ano foi “Vivifica-nos! e invocaremos teu nome”, além de vários Simpósios em igrejas locais com o mesmo viés. O importante teólogo reformado Rev. Franklin Ferreira, em meio a essa “nova” atmosfera avivalista, acaba de lançar seu mais novo livro, que não por coincidência, tem como título “Avivamento para a Igreja”, onde “oferece uma seleção para análise junto com o leitor, de alguns avivamentos encontrados nas páginas do texto sagrado, no transcurso da história da igreja e também em experiências individuais”[1], segundo a apresentação da obra pelo Dr. Russell Shedd, que ainda afirma, agora sobre o pensamento do autor acerca do tema avivamento:

“Franklin tem a convicção de que, mesmo que o Deus soberano ainda não nos tenha concedido o privilégio de experimentar movimentos como esses em nosso país, podemos e devemos ter a esperança de que isso venha a acontecer. Se Deus derramar de seu Espírito sobre nós hoje, provaremos de sua graça e misericórdia como nenhuma geração provou nos quase 160 anos da presença do povo evangélico no Brasil”[2].

Sim, parece que existe um desejo comum em todos os eventos, livros e pregações cujo tema principal é a “moda avivalista”: um novo “derramar de seu Espírito sobre nós hoje”.

Não, não estamos falando do apelo pentecostal à experiência mística, acho. Estamos falando de igrejas, pastores e teólogos de tradição Reformada. O binômio Reforma Protestante e Avivamento é a tônica do momento. Aliás, esse não é um tema estranho aos Reformadores. De fato, vários momentos importantes da história do Cristianismo protestante foram reconhecidos como “verdadeiros avivamentos”. Vejamos:

a) Reavivamento trazido pela Reforma Protestante
b) Reavivamento Morávio;
c) Reavimanento do Século XVIII (João Wesley e Jorge Whitefild)
d)Reavivamentos das colônia americanas entre 1725 e 1760 (Jonatas Edwards/Puritanos).

Claro que existiram outros momentos que são considerados “tempos de avivamento”, mas os Reformados gostam de citar, principalmente, esses. Rua Azuza, nem pensar.

Por uma questão de honestidade com os irmãos que entendem a Reforma Protestante como um desses “momentos de avivamento”, devemos dizer que sempre definem, sinteticamente, o momento de avivamento como “um retorno às escrituras sagradas” ou ainda “o transbordar natural de uma vida de acordo com as escrituras[3]”.  Porém, esse retorno, segundo eles, em última análise,  se dá por conta de uma espécie de “visitação especial, de derramamento do Espírito Santo sobre a igreja”. Veja, por exemplo, a definição do Rev.Franklin Ferreira:

“Avivamento é um poderoso e soberano derramamento do Espírito Santo [...]. Avivamento  é a obra do Espírito Santo Soberana  que atinge, alcança uma igreja local ou alcança um grupo de igrejas de determinada localidade [...]. Avivamento é o Espírito Santo vindo com poder sobre irmãos e irmãs[4]”.

É exatamente esse o ponto que entendemos como problemático.  Em que parte da bíblia encontramos esse ensinamento?

Existe uma promessa de “derramamento ou visitação do Espírito Santo” nas Escrituras Sagradas e está registrada em Joel 2:28 “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões”. Será que estão se referindo a ela, quando pensam nessa “nova visitação” de Deus? Mas, a teologia Ortodoxa, Reformada não entende que essa promessa foi cumprida em Atos 2? Aliás, o próprio texto afirma isso. Vejamos: “Estes homens não estão embriagados, como pensais. Até porque são apenas nove horas da manhã. Muito diferente disto. O que está ocorrendo foi predito pelo profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre todos os povos, os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos” (Atos 2:15-17).

Que Pentecostais esperem uma “novo visitar”  do Espírito Santo em suas vidas, além da Regeneração, é compreensivo. Reformados esperando o mesmo, confesso, considero algo estranhíssimo.

A palavra de Deus está cheia de textos que nos chamam a uma vida reta e CONSTANTE, a uma vida de SANTIDADE. Deus já disse como Quer que vivamos e o que Dele se deve crer, JÁ nos HABILITOU para isto com a VIDA (avivamento entendido como Regeneração). Por que haveria Ele de nos “visitar” novamente? Para dizer como deve ser nossa vida? Isso já fez. Para nos habilitar a segui-lo? Isso também já fez (ou será que ainda não?). Nós que já passamos pelo Novo Nascimento (Avivamento), temos condições de, NATURALMENTE, buscar as coisas celestiais (II Ped 1:4, I Ped 1:23 e Jo 3:6).

O que dizer então dos “avivamentos” registrados pela história, como a Reforma Protestante, por exemplo?

Em nossa opinião  não houve Avivamento coisa nenhuma (pelo menos no sentido em que é empregado -  por Reformados e Pentecostais -,  como uma nova visitação de Deus). O que houve simplesmente foi que algumas pessoas, devido a nova semente existente nelas e de forma NATURAL, e por “vontade viva e própria” (gerada pela natureza da nova semente), passaram a aplicar os princípios escriturísticos em suas vidas, em obediência aos constantes apelos das Escrituras Sagradas, para buscarmos a santificação.

O que tem de extraordinário nisso? Nada mais ordinário que isso. Não é o que Deus nos manda fazer? Lutero, Calvino e tantos outros simplesmente leram as escrituras e aplicaram às suas vidas. Só isso. Não receberam nenhuma visitação especial de Deus, além do milagre da Regeneração e da condução ordinária da Providência de Deus.
  
“Os Puritanos não usavam o termo técnico reavivamento para expressar aquilo que procuravam, mas expressavam seus objetivos totalmente no vocábulo REFORMA[5]”.

As pessoas hoje se admiram das mudanças provocadas naquelas épocas e atribuem isso a uma nova visitação de Deus. Segundo elas, a equação seria assim:  Ele “visita” e as pessoas passam a obedecer a bíblia e as mudanças acontecem. Essa ordem está errada. O correto e como de fato aconteceu e acontecerá é:  Eles OBEDECERAM a bíblia (porque estavam vivos, regenerados, portanto, habilitados para isso) e suas vidas modificaram, aliás, como deve ser, NATURALMENTE.

Antes de encerrarmos devemos lembrar que uma das característica peculiares e presentes em quase todos “momentos de avivamento” são as distorções, invencionices e afastamento de princípios básicos como o Sola Scripture.

Isso é dito com clareza pelo historiador Welliston Walker:

“No clima emocional do início do século XIX, insuflados por despertamentos religiosos, também surgiram vários movimentos que representam significativos afastamentos ou distorções do modelo evangélico protestante[6]”.
 
Hoje esses grupos que surgiram nesses “momentos de avivamento” representam um iminente perigo para a verdadeira fé evangélica. Entre eles, as conhecidas seitas Testemunha de Jeová e Mórmons. Estranho não?!

Vejamos algumas dessas invencionices e manifestações “espetaculares” desses “momentos de avivamento”:

O Rev.Franklin Ferreira, na mesma palestra,  já citada acima, faz a seguinte afirmação:

“Muitas vezes avivamento é acompanhado por sinais extraordinários e sinais miraculosos [...].  Pra ilustrar uma história que vem de Jonathas Edwards [...] quando voltava pra casa e indo até ao quarto de oração pra tirar o seu casaco ele encontra a mulher dele levitando a 30 cm do solo”.

Sinceramente? Reformado acreditar nisso é algo inacreditável.

Não é curioso que você não tenha um único exemplo bíblico que pelo menos se pareça com o que é descrito aqui como avivamento? Falar em avivamento é falar inevitavelmente nesses exemplos “maravilhosos” que aconteceram nesses que são acolhidos e reconhecidos como “momentos de avivamento”, ao melhor estilo Pentecostal.

Observe este relato de uma dos “momentos de Avivamento” registrado, pasmem, nas páginas do Jornal Os Puritanos Nº 05 de 1993: 

“Observou-se um menino profundamente impactado. O professor que era cristão [...] mandou o pequeno garoto ir para casa e buscar ao Senhor em particular [...] no caminho viram uma casa vazia e entraram para orar juntos [...] sentiu sua alma ser abençoada com uma paz sagrada [...] regozijando-se nesta NOVA e ESTRANHA BENÇÃO

A citação acima  faz uma estranha aproximação do pensamento “Reformado” com o pensamento Pentecostal, no que diz respeito a possibilidade e necessidade de uma “nova visitação” do Espírito Santo, comumente chamado de “avivamento”.

Por fim, se começarmos a viver de acordo com os princípios bíblicos (e já os conhecemos), se dedicarmos maior atenção a eles, se deixarmos a mentira, a avareza, a prostituição e todas as demais obras da carne, que tão bem conhecemos, e as substituirmos pelos Frutos do Espírito (e já somos HABILITADOS para isso), como a BÍBLIA nos exorta exaustivamente e pararmos de ficar olhando para as nuvens esperando uma “nova visita”  “extraordinária” de Deus (e isto não ocorrerá, a não ser na 2º vinda de Cristo), nossas vidas, nossas igrejas, nossos bairros, nossas cidades e nosso país, certamente serão “visivelmente” melhores e provavelmente também faremos parte dos escritos desses “homens de Deus” que escrevem sobre estes "supostos" avivamentos.




[1] https://vidanova.com.br/editora/lancamento/franklin-ferreira-lanca-obra-avivamento-para-a-igreja
[2] https://vidanova.com.br/editora/lancamento/franklin-ferreira-lanca-obra-avivamento-para-a-igreja
[3] STEGEN.  Avivamento na África do Sul. Editora clássicos evangélicos, 1991). 
[4] Palestra: Avivamento para a Igreja através da oração e da busca pelo Espírito Santo, que pode ser conferida em: https://www.youtube.com/watch?v=G8qOriFay2M .
[5] PACKER. Entre os Gigantes de Deus, p.36.
[6] História da Igreja Cristã Vol.2 p.279.

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