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quarta-feira, 18 de março de 2009

OS EFEITOS PSICOLÓGICOS DO CALVINISMO NA VIDA DOS ELEITOS:

OS EFEITOS PSICOLÓGICOS DO CALVINISMO NA VIDA DOS ELEITOS:
Ética e Capitalismo: a possibilidade de uma existência simultânea na visão de Max Weber.
Fábio José Barbosa Correia
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, Licenciado em Educação Religiosa pelo Seminário Presbiteriano do Norte - SPN. Atualmente é professor de Ética profissional, Introdução a Filosofia, Fundamentos Filosóficos e Filosofia da Educação da Faculdade Decisão – FADE. E-mail: fabiobcorreia@hotmail.com

INTRODUÇÃO

Na contramão do Marxismo, que julgava que as mudanças da economia possuíam como causas apenas fatores econômicos, Max Weber[1] faz brotar uma nova interpretação para a antiga questão. Utilizando a metodologia comparativa entre diversas economias, chega à conclusão que as mais desenvolvidas possuíam um traço em comum: a predominância protestante calvinista nos cargos importantes. Partindo dessa observação investiga até que ponto isso poderia ter influenciado o desenvolvimento do que chama de “espírito do capitalismo”. Não podemos negar, entretanto, a existência de outras tentativas de vincular questões religiosas a fatores econômicos, como no caso dos judeus, realizada por Werner Sombart, conforme observa Biéler, mas nenhuma se compara ao trabalho de Weber.

No começo de nosso século, outros autores procuraram estudar a ordem inversa dessas relações, com examinarem a influência das religiões sobre a vida econômica. Em 1911, Werner Sombart afirmava que os judeus tinham exercido decisiva influência sobre a evolução econômica em razão de suas aptidões étnicas, bem como de sua formação intelectual e religiosa (BIÉLER, 1990. p.621).

Procuraremos demonstrar suas idéias, além de nos “infiltrarmos” no calvinismo para entendermos com maior clareza o que sua sistematização doutrinária provoca na mente protestante calvinista, habilitando-a a criar um ambiente propício ao aparecimento desse “espírito”.
Historiadores diversos têm ensaiado determinar a influência de Calvino e do Calvinismo na implantação do sistema econômico moderno [...].Teses opostas se têm defendido alternadamente, uns fazendo de Calvino o pai espiritual, outros negando que uma influência moral ou espiritual possa ter qualquer efeito sobre o jogo das forças econômicas (BIÉLER, 1990. p.621).


ELUCIDANDO CONCEITOS

Antes da análise das investigações de Weber, é elucidatório termos em mente algumas asseverações que poderão facilitar nossa compreensão:

a) De “Protestantismo” devemos entender como sendo o fruto imediato da reforma protestante, ou seja, as igrejas reformadas e mais especificamente as igrejas que adotam uma linha de sistematização teológica calvinista. E nunca visualizar o retrato, fruto da mídia eletrônica, do que se denomina “igreja protestante” ou “evangélica” hoje em dia, sob pena de estarmos fora de sintonia com Weber. Esse alerta também é feito pelo professor Antonio Flávio Pierucci, da USP, em entrevista concedida à revista IHU online, por ocasião do centenário da obra “Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”. Pergunta a revista IHU online: “Pode-se dizer que, de maneira geral as manifestações evangélicas correspondem modernamente ao “espírito” mencionado por Weber?”. “Não”, responde de forma enfática o professor da USP, e continua:

Weber quando fala “ética protestante”, na verdade desconstrói a idéia de que o protestantismo é um bloco único, igual [...]. Nós estamos vendo que algumas vertentes desse nosso protestantismo [...] Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Renascer [...] elas têm um apego aos objetos sagrados, a determinados gestos sagrados como se eles tivessem força salvífica. Na teoria Calvinista, isto vai ser jogado no lixo como sendo idolatria, como sendo divinização das criaturas” (IHU ONLINE, 2004, 101.p.11).

b) De “Capitalismo” não devemos entender como sendo uma busca frenética pelo lucro, sem nenhum freio ético, imagem forjada de imediato, quando pensamos no assunto, talvez pela leitura marxista impregnada e já irreversível. Jorge Amado, escritor brasileiro, traduz o entendimento do senso comum, em relação ao capitalismo: “O capitalismo conserva-se o mesmo sistema frágil e injusto, produtor de guerras, de miséria, baseado no lucro, na ânsia do dinheiro[2]”. Weber, entretanto, faz questão de desfazer esse grande equívoco:

O impulso pelo ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro, não tem, em si mesmo, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiram entre garçons, médicos, cocheiros, artistas, prostitutas [...]. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte de condições humanas em todos os tempos e em todos os países da terra [...]. A ganância ilimitada de ganho não se identifica nem de longe com o capitalismo, e menos ainda com o seu “espírito”(WEBER, 2002. p.26).


Ao que concorda Biéler: “Não se trata mais, de modo algum, da paixão pelo ganho que caracterizava outrora alguns comerciantes à vida de riquezas” (BIÉLER, 1999. p.624). E ainda:
Calvino, sabe-se, é o primeiro dos teólogos cristãos a exonerar o empréstimo a juros do opróbrio moral e teológico que a igreja havia feito sobre ele, até então; não é justo, entretanto, atribuir-lhe a justificação integral do capitalismo liberal (BIÉLER, 1999. p.205).


Isso é ainda reconhecido, na entrevista já mencionada acima. Perguntado se seria correto dizer que estamos lidando com dois tipos de capitalismos: um que busca uma distribuição justa de renda e igualdade de oportunidades para todos e outro capitalismo financeiro predatório, o professor responde com um enfático “sim” e continua: “o capitalismo financeiro é um capitalismo que, na realidade, não cria nenhum capitalismo auto-sustentável” (IHU ONLINE, 2004, 101. p.10). Correremos o mesmo risco, portanto, de não sintonia, se não atentarmos para o fato de que não existe apenas um modelo de capitalismo. Essa verdade tem sido ocultada, em nossa visão, basicamente por dois motivos: primeiramente, como herança dos nossos colonizadores por questões religiosas. O modelo de capitalismo analisado por Weber é um modelo, como veremos, intrinsecamente ligado à cultura dos países onde há predominância protestante. Como o Brasil sempre foi um país “católico”, e ainda o é[3], mesmo que sua constituição pregue o laicato, nunca foi “boa política” apresentar tal modelo de capitalismo como algo positivo. Todo esforço então acabou sendo canalizado ou para uma “caricaturização” desse capitalismo ou mesmo para abertura ao outro modelo – o chamado “capitalismo predatório”. O outro motivo foi a vocação à simpatia pelas idéias marxistas da América Latina. Neto traz uma abordagem interessantíssima sobre essa questão:

Joãozinho, meu filho, está na faculdade. Um dia desses, um professor falou-lhe maravilhas sobre o comunismo e ele veio me questionar: - Pai, se o comunismo é tão bom, por que é que o capitalismo venceu em todo o mundo? Eu poderia indicar-lhe uma centena de livros, mas preferi me propor um desafio: como explicar a um jovem, de maneira sucinta e acessível, as inúmeras contradições entre os dois sistemas? Eis em resumo, o que lhe falei: - João, o comunismo seria um sistema perfeito se ele não exigisse, como pré-condição, um ser humano perfeito para nele viver [...]. O capitalismo não é uma ideologia pré-elaborada. Ele nasceu espontaneamente, como conseqüência natural do progresso econômico da humanidade. Não tem criadores, tem no máximo intérpretes. O primeiro deles foi Adam Smith, um filósofo moral que, na década de 1770, afirmou que todos nós, humanos, temos o desejo inato de melhorar as nossas próprias condições [...]. Sua mais famosa constatação foi a de que “não é pela benevolência do açougueiro ou do padeiro que contamos com o nosso jantar, mas sim pelo próprio interesse deles em ganhar dinheiro”. Sua conclusão foi a de que “se cada um cuidar de promover seus próprios interesses, o resultado será a prosperidade da sociedade como um todo” [...]. O estado não deve interferir no mercado ou tentar fixar “preços justos”, mas sim deixar que a economia, regida pela “mão invisível”, que nada mais é que a interação permanente entre todos os indivíduos, caminhe por si só. – Mas pai, observa Joãozinho – na prática as coisas não se dão bem assim [...]. Como é que os pobres vão competir? – No capitalismo maduro, é aí que entra o estado. Quais são as funções do Estado? Promover a segurança e justiça, proibir os monopólios, garantir a livre concorrência [...]. Além disso ele tem um papel importantíssimo, que é o de promover iguais oportunidades para todos. – Mas não é assim no Brasil, não é verdade? – Essa é a regra nos países capitalistas avançados. No Brasil, o verdadeiro capitalismo nunca existiu (MELÃO, 2005. p.29,30,31).



PONTO DE PARTIDA PARA A INVESTIGAÇÃO DE WEBER

Outros pesquisadores já haviam estudado a importância das idéias e das convicções éticas com relação ao surgimento do capitalismo e chegaram à conclusão que o moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma mudança espiritual básica. Contudo, somente o trabalho de Max Weber foi capaz de formular uma teoria geral verdadeira, capaz de, inclusive, confrontar-se com Karl Max, que acreditava que os “fatos econômicos não podiam ter senão causas econômicas”. Weber entendia que para conhecer a causa do surgimento do capitalismo era necessário fazer um estudo comparativo entre as sociedades.


Um simples olhar às estatísticas ocupacionais de qualquer país de composição mista mostrará, com notável freqüência, uma situação que muitas vezes provocou discussões na imprensa e literatura católicas.O fato de que os homens de negócios e donos do capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente das modernas empresas é predominantemente protestante (WEBER, 2002. p.37).

Max Weber usa como ponto de partida para sua investigação as seguintes premissas, utilizando como pressuposto a Europa moderna:

a) Homens de negócios e grandes capitalistas;
b) Operários qualificados de alto nível e pessoal especializado (tecnologicamente e comercialmente);
c) Premissas 1 e 2 têm em comum o fato de conter majoritariamente protestantes.



SISTEMATIZAÇÃO DOUTRINÁRIA CALVINISTA


Weber chega à conclusão que há algo no estilo de vida dos protestantes, em sua ética, que favorece o que ele chama de “espírito do capitalismo”. Todo seu esforço investigativo é canalizado para identificar possíveis causas que acabou produzindo esse tipo de ética e estilo de vida que cria uma atmosfera propícia para o capitalismo. De forma bastante clara, Weber atribui ao Calvinismo[4] a produção dessa ética particular, principalmente aos efeitos psicológicos causados pela doutrina da eleição ou da predestinação. Para melhor compreensão de como ocorre esse processo na mente protestante/calvinista e seu reflexo na vida cotidiana, expomos abaixo, de forma bastante reduzida, o arcabouço doutrinário dessa doutrina basilar das Escrituras, reveladas com muito fulgor nos escritos paulinos e, posteriormente, sistematizadas principalmente e de forma mais completa e contundente por Calvino. Basicamente a doutrina Calvinista pode ser dividida em cinco pontos: a) Depravação Total do Homem; b) Eleição incondicional; c) Expiação Limitada; d) Graça Irresistível; e) Perseverança dos Santos. Evidentemente, por delimitação do nossa tema, não iremos abordar ponto a ponto, mas apenas as idéias gerais.
A antropologia bíblica enxergada por Calvino e tantos outros expoentes, como Agostinho de Hipona, que tira do homem o tão requerido e postulado “livre arbítrio”, é peça fundamental no entendimento da doutrina da predestinação ou eleição. Para demonstrá-la, nos serviremos de algumas confissões de fé, reconhecidamente calvinistas:

Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade natural, que ela nem é forçada para o bem nem para o mal, nem a isso é determinada por qualquer necessidade absoluta de sua natureza: Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7. (WESTMINSTER, 1999. IX.I).

Sua vontade e seu coração eram retos, todos os seus afetos, eram puros; portanto era o homem completamente santo (DORT, 1999. III.II).

O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso: Rom. 5:6 e 8:7-8; João 15:5; Rom. 3:9-10, 12, 23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; ICor. 2:14; Tito 3:3-5. (WESTMINSTER, 1999. IX).

Depois da queda, o homem corrompido gerou filhos corrompidos. Então a corrupção, de acordo com o justo julgamento de Deus, passou de Adão até todos os seus descendentes [...]. Não passou por imitação, como os antigos pelagianos afirmavam, mas por procriação da natureza corrompida (DORTE, 1999, III.II).

Para um homem nesse estado de morte espiritual e de “nulidade” total e absoluta, um verdadeiro agente passivo da condição espiritual, pós-pecado, quando há a perda do livre-arbítrio, pois que vontade (espiritual) pode ter um morto? Para esse homem só existe uma possibilidade de salvação. Assim como o remédio certo só pode ser receitado após o diagnóstico adequado, a doutrina da eleição (que é uma ação externa e vivificadora de Deus no “inerte” cadáver espiritual que é o homem) é, segundo a sistematização calvinista, o “único” remédio a ser receitado, remédio este que o homem (morto espiritualmente pelo pecado, como ratifica a afirmação paulina “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), não pode sequer adquiri-lo, por razões obvias, espera então, passivamente, o remédio da “graça” ser derramado, por Deus, em sua vida. Utilizaremos-nos mais uma vez das confissões de fé calvinistas para demonstrar a doutrina da eleição ou predestinação:

Todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido chamar eficazmente pela sua Palavra e pelo seu Espírito, no tempo por ele determinado e aceito, tirando-os daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza para a graça e salvação, em Jesus Cristo. Isto Ele o faz, iluminando os seus entendimentos, espiritual e salvificamente, a fim de compreenderem as coisas de Deus, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando-lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as, pela sua onipotência, para aquilo que é bom, e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela graça: II TS 2:13-14, II TM 1:9,10, JO 6:44-45, JO 6:37. (WESTMINSTER, 1999, X.I).

Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada: II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Eze. 36:27 (WESTMINSTER, 1999, X.II).

Os não eleitos, posto que sejam chamados pelo ministério da palavra e tenham algumas das operações comuns do Espírito, contudo não se chegam nunca a Cristo e, portanto não podem ser salvos; muito menos poderão ser salvos por qualquer outro meio os que não professam a religião cristã, por mais diligentes que sejam em conformar as suas vidas com a luz da natureza e com a lei da religião que professam; o asseverar e manter que podem é muito pernicioso e detestável: Mat. l3:14-15; At. 28:24; Mat. 22:14; Mat. 13:20-21, e 7:22; Heb. 6:4-5; João 6:64-66, e 8:24; At. 4:12; João 14:6 e 17:3; Ef. 2:12-13; II João 10: l 1; Gal. 1:8; I Cor. 16:22 (WESTMINSTER, 1999, X.IV).



O IMENSO SENTIMENTO DE GRATIDÃO QUE CRIA UM AMBIENTE PROPÍCIO AO APARECEIMENTO DO “ESPÍRITO DO CAPITALISMO”.


A crença nessa sistematização doutrinária calvinista leva o “eleito” a um imenso sentimento de gratidão a Deus, uma vez que, mesmo sem merecer, recebe esta graça extraordinária.
Dessa forma, coube aos puritanos, que se consideravam eleitos, viver a santificação da vida cotidiana. Pois o caráter sectário – a consciência de ser minoria e a motivação de ser eleito de Deus – fazia de cada membro dessas comunidades não mero adepto do rebanho mas, mas um vocacionado que se dedicava simultaneamente ao aprimoramento ético, intelectual e profissional (WEBER, 2002. p.21).


Como conseqüência e em gratidão, passa a viver e a dedicar todos os seus momentos, inclusive atividades seculares, para a “glória de Deus”. Weber considera a doutrina da eleição ou predestinação como ponto central na produção dessa ética Calvinista: “Consideramos apenas o Calvinismo e adotamos a doutrina da predestinação como arcabouço dogmático da moralidade puritana, no sentido de racionalização metódica da conduta ética” (WEBER, 2002, p.91). Packer, importante teólogo, ao tratar dessa mesma questão, ao analisar a vida dos Puritanos, que eram essencialmente Calvinistas, também chama a atenção para a vida diferenciada que a doutrina da eleição acaba desenvolvendo nos que crêem assim. Diz ele “A atenção que os puritanos davam à boa consciência emprestava grande força ética ao seu ensino [...] os puritanos foram os maiores pregadores da retidão pessoal” (PACKER, 1999. p.11).
O conhecimento e aceitação dessa verdade escriturística compreende, necessariamente, uma mudança nas próprias práticas, isto é, o conhecimento não pode ser apenas intelectual, antes, precisa descer ao coração e traduzir-se em ações. “O propósito da verdade de Deus colocada nas mentes do seu povo é que, ao compreendê-las, eles venham a conhecer o seu efeito na sua experiência pessoal (MARTINS, 2001. p.9).
O importante Catecismo calvinista, também produzido em Westminster, dá o tom dos objetivos dessa nova vida outorgada pela graça, já na pergunta inicial: “Qual é o Fim supremo e principal do homem? O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus” (CATECISMO MAIOR, 2007. p.31). Martins, sobre isso faz uma pertinente colocação: “quando Deus torna uma pessoa Calvinista [...] esse encontro traz um conhecimento íntimo da voz de Deus, uma total resignação à vontade e aos caminhos de Deus” (MARTINS, 2001. p.19).
Esta nova atitude traz profundas implicações éticas e morais, criando no “eleito”, naturalmente, uma espécie de doutrina da “prova” de sua eleição, isto é, o eleito deveria viver de tal forma que sua pregação fosse completamente ajustada e alinhada à sua práxis, bem como deveria fazer girar todos os seus outros objetivos em órbita daquele que é a razão da sua própria vida nova: a glória de Deus; eliminando também, com isso, por completo, qualquer possibilidade alienante de “salvação por obras ou por sacramentos mágicos”.
Além disso, a antiga dicotomia romana entre Sagrado e Profano cai por terra. Para Calvino e seus seguidores não apenas as atividades relacionadas à religião e a fé deveriam glorificar a Deus, antes, pelo contrário, absolutamente tudo, inclusive atividades consideradas “seculares”, como a comercial, por exemplo, deveriam ser direcionadas aos céus; não havendo nem mesmo um só instante que ficasse de fora, todos eles deveriam trazer em si a preocupação de glorificar a Deus, sob pena de não serem realizados. Weber parece ter percebido isso com muita clareza quando afirma que “o Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado (WEBER, 2002. p.91).
Kuyper, um renomado calvinista, numa das mais importantes obras publicados sobre a influência do Calvinismo no mundo, intitulada “Calvinismo”, também compartilha com essa idéia de “sistema unificado de vida”, denotando a abrangência do “supremo objetivo do homem” – a glória de Deus - na visão calvinista, nas mais variadas áreas de atividades. Afirma ele:
O Calvinismo realmente nos prevê uma unidade de sistema de vida [...] devemos perguntar quais são as condições requeridas para sistemas gerais de vida, tais como o Paganismo, o Islamismo, o Romanismo e o Modernismo, e então mostrar que o Calvinismo realmente preenche essas condições [...]. Portanto, como fenômeno central no desenvolvimento da humanidade, o Calvinismo não está apenas habilitado a uma posição de honra ao lado das formas paganista, islâmica e romanista, visto que como estes ele representa um princípio peculiar dominando o todo da vida, mas também satisfaz cada condição requerida para o avanço do desenvolvimento humano a um estágio superior. E isto permaneceria ainda uma simples possibilidade sem qualquer realidade correspondente, se a história não testificasse que o Calvinismo tem realmente induzido o rio da vida humana a fluir em outro canal e tem enobrecido a vida social das nações (KUYPER, 2002. p.28,47).


Lembo, escrevendo sobre isto ainda observa:

O Calvinismo não é somente um sistema teológico completo [....], mas também é uma completa biocosmovisão que determina para o calvinista o ponto de partida para toda a sua reflexão e sua vida prática; que determina enfim diretrizes pressuposicionais de qualquer área da vida e do pensamento (LEMBO, 2000. p.120).


Como já vimos o Calvinismo não é apenas uma questão de fé nem tão pouco um complicado conglomerado metafísico que não reflete nas atitudes do cotidiano das pessoas, antes, pelo contrário, o Calvinismo invade todas as áreas do ser, inclusive à que o catolicismo considera “secular”, como observa Weber “O efeito da Reforma foi o de aumentar em si mesmo, se comparado à atitude católica, e aumentar de forma poderosamente a ênfase moral e a sanção religiosa em relação ao trabalho secular organizado no âmbito da vocação” (WEBER, 2002. p.128). É uma verdadeira avalanche mista de conhecimento profundo e prática anexada: “O teólogo norte-americano BB.Warfied descreve o Calvinismo como sendo a visão da majestade de Deus que permeia a vida e a experiência como um todo” (MARTINS, 2001, p.9). Seguindo a orientação Apostólica de Paulo, os Calvinistas procuram “fazer todas as coisas como se estivessem fazendo para Deus” (RM 14:23, FP 2:3-15). Weber confirma isso ao afirmar que “no curso de seu desenvolvimento, o calvinismo acrescentou algo de positivo a isso tudo, ou seja, a idéia de comprovar a fé do indivíduo pelas atitudes seculares” (WEBER, 2002. p.120).

Este dogma da predestinação engendrou o individualismo. Apesar de sua patética desumanidade, este dogma teve principal efeito engendrar, entre aqueles que aceitavam as suas grandiosas conseqüências, indefectível sentimento de comunhão individual com Deus, comunhão que nada no mundo poderia alterar [...]. É esta inabalável e exclusiva confiança na só decisão de Deus sobre a sorte de cada um que e causa do tão acusado individualismo que caracteriza todas as populações influenciadas pelo Puritanismo [...] eis aí um dos caracteres que o calvinismo comunicará a toda organização social que criará e que, ainda hoje, permanece vivo, na condição de um sentimento profano, nas populações protestantes secularizadas [...].Este individualismo imprime igualmente sua marca na concepção peculiar do Calvinismo do amor ao próximo. Não é o próximo considerado em si mesmo, que é gerador deste amor; é-o a ordem e o mandamento de Deus que quer que todo o universo se conforme a Seu propósito, para Sua só glória. É assim que o exercício de um trabalho e de uma profissão é uma atividade divina ordenada para o serviço do próximo [...] o autêntico serviço do próximo é a busca da glória de Deus e não da glória da criatura. Tudo quanto o homem empreende, para seu Deus ou para seu próximo tem, pois, certo caráter utilitário: deve ser útil à glória de Deus. E é este fim último comum a todos os atos e a todas as atividades da vida que dá à existência inteira, segundo a moral calvinista, um caráter ascético (BIÉLER, 1999. p.630,631).



OS EQUÍVOCOS DE INTERPRETAÇÃO DA OBRA DE WEBER



Após essa breve exposição, abordaremos agora três equívocos de interpretação da obra de Weber:

a) Para abordar o primeiro equívoco, nos utilizaremos de uma citação da revista IHU online: “Os protestante têm de trabalhar constantemente e de forma consistente para assegurar um lugar ao céu”(IHU ONLINE, 2004, 101. p.24). O equívoco se dá porque a doutrina calvinista, como exposta acima, não deixa margem para o mérito do homem, já que tudo depende de Deus e de sua graça, que por definição é favor não merecido. Esquecer que a antropologia calvinista entende o homem como um agente passivo na “conquista de um lugar ao céu” e que está “morto espiritualmente”, portanto, incapacitado de trabalhar “muito ou pouco” para alcançar qualquer bem espiritual, é uma grave falha de alguém que, talvez, se aventura a falar de algo sobre o qual nunca leu.
b) Para abordar o segundo equívoco, utilizaremos o comentário da contracapa do livro “Ética protestante e o Espírito do capitalismo”, da coleção Obra Prima de cada Autor, da editora Martin Claret: “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, que vincula o nascimento do capitalismo à doutrina calvinista da predestinação e à conseqüente interpretação do êxito material como garantia da graça divina”. Nosso interesse e primeira leitura da obra de Weber veio depois de um comentário de um professor, doutor, que tinha o mesmo conteúdo da contracapa citada acima. Afirmava ele: “o capitalismo (tom negativo e de repulsa) que literalmente faz com que as pessoas morram de fome, sem se importar com elas, mas apenas com o lucro, é culpa do calvinismo, de Calvino. Este tipo de afirmação leva os leitores desavisados, que ainda não tiveram contato com os textos da doutrina calvinista, a um estranho entendimento de que a prova da predestinação de uma pessoa é a sua riqueza. Em contrapartida, de imediato, se deduz que o pobre não é predestinado ou agraciado ou ainda, em última análise, salvo por Deus. Isto posto, sem considerar que a doutrina “calvinista” da predestinação está tão somente ligada à salvação da alma, como remédio para um homem morto espiritualmente. Para desconstruir este comentário da contracapa da Martin Claret nos valeremos de duas citações do pensamento de Calvino, sobre a divisão de renda e sobre o pobre no reino de Deus, conforme Biéler:

Se, então, de pleno grado, as criaturas de Deus seguissem à risca as leis de seu criador haveria espontânea e natural repartição destes bens entre todos os homens. Exata correspondência haveria entre as riquezas deste mundo e as graças divinas que elas representam; todos lhes seriam igualmente beneficiários (BIÉLER, 1990. p.426).

Calvino mostra, com clareza, que o fim supremo dos bens que Deus concede a alguém é a ajuda do pobre e Sua (de Deus) própria glória. E para Calvino, se é verdade que na dialética estabelecida entre o homem e a providência - o rico sendo rico por Deus e o pobre sendo pobre por Deus -, não é lícito fazer desse ato de fé uma teoria estática da sociedade, justificando a pobreza momentânea de uns e a riqueza momentânea de outros. Na doutrina reformada e bíblica é exatamente o contrário que é verdadeiro. Biéler deixa isso muito claro ao citar as palavras de Calvino:


Os pobres aí estão como testemunhas do ministério de Jesus Cristo, destinados a serem reconhecidos como tais pelas pessoas de fé [...] e os ricos são ricos senão para exercer o ministério do rico, segundo Deus, que consiste em reconhecer que a parte suplementar que recebeu é precisamente destinada aos pobres (BIÉLER, 1990. p.643).

E ainda:

O homem é apenas o fiduciário dos bens que lhes foram entregues pela graça de Deus. Ele deve, como o servo da parábola, prestar contas até o último centavo do que lhe foi confiado, e seria no mínimo perigoso gastar qualquer deles apenas para seu prazer, em detrimento da glória de Deus. (BIÉLER, 1990. p.127).


Como estadista genebrino, Calvino deveria preocupar-se não só com questões de fé, mas também com o desenvolvimento holístico do Estado. Mesmo com tamanha responsabilidade, nota-se uma grande preocupação na proteção dos menos favorecidos, argumento que anula, por completo, qualquer pretensão de atribuir ao Calvinismo o beneficiamento das classes ricas, quer em assuntos espirituais quer em assuntos do Estado:

Destarte, ciosa da prosperidade da cidade, é a reforma calvinista favorável à atitude financeira, mas, preocupada com a sorte das camadas modestas da população, levanta-se contra toda prática ou atividade que ameaça prejudicar a parcela mais pobre do povo (BIÉLER, 1990. p.205).



c) O terceiro e pior equívoco é atribuir ao calvinismo a “doutrina da prosperidade”. Esta doutrina é uma distorção da doutrina bíblia, data dos anos 80 e 90, tendo como um dos seus principais articuladores Kenneth Hagin, que afirma que “os filhos do Rei” são “príncipes” e que por isso devem ser prósperos. Calvino jamais concordaria com tamanho absurdo. Este movimento faz nascer, como conseqüência de seu pensamento, uma espécie de “Super-Crente” que praticamente tem o dever de ser próspero, além de possuir uma espécie de “imunidade espiritual” contra as doenças, ou seja, uma espécie de “semideus”, como bem relata o teólogo calvinista, professor de teologia sistemática do Seminário Presbiteriano do Norte, Jorge Noda, citando algumas frases de “teólogos” da prosperidade, como Casey Treat e Kenneth Hagin:

Você não tem um deus no seu interior, você é um Deus...Uma réplica perfeita de Deus! Diga isso em alto e bom som, “eu sou uma réplica perfeita de Deus”! (A congregação repete um tanto insegura e sem jeito)...vamos digam isto! (Ele conduz a congregação em uníssono). Digam de novo! “Eu sou uma réplica de Deus!” - A congregação começa a se animar e o entusiasmo e o barulho aumentam cada vez que eles repetem a frase (NODA, 1997. p.23).


Nessa obra, que consideramos importante citar por ter sido escrito por um teólogo calvinista, o que acaba sendo um referencial para desmistificar o equívoco de julgar ter o calvinismo algo haver com a “teologia da prosperidade”, o autor relata fatos absurdos provocados por essa “nova” maneira de pensar. Fatos que vão desde a morte de um filho de um casal que “decretava” sua cura e, posteriormente, até mesmo sua “ressurreição” até a compra de um carro com cheques sem fundos, por acreditar que o dinheiro seria depositado na conta, de forma miraculosa. Não nos prolongaremos mais nestes detalhes, por razões obvias. É o bastante ficar entendido o grande abismo que há entre Calvinismo e Teologia da Prosperidade, sob pena de estarmos mais uma vez fora de sintonia com Weber.


CONCLUSÃO

Algo digno de registro nestas palavras finais é o fato de ser a abra de Weber sempre lida com lentes de observadores nem sempre conhecedores de pontos basilares da doutrina calvinista. Isto em nossa opinião é crucial para alcançarmos sua idéia. Muitos, porém fazem essa leitura pelas lentes “calvinistas” puritanas, contudo, sem filtrar informação, julgam estar lendo pelas lentes do próprio Calvino. Apesar de serem os puritanos reconhecidamente calvinistas, cometeram alguns exageros que poderiam comprometer as idéias calvinistas. Em síntese, o asceticismo moral dos protestantes e sua “nova” idéia de vocação, leva-os a uma conduta ética otimizada e desprendida de quaisquer recursos dogmáticos não explícitos nas sagradas escrituras, como a exigibilidade da pobreza, por exemplo, formaram o que Weber chama de “espírito do capitalismo”.


BIBLIOGRAFIA

BIÉLER. André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: CEP, 1990. p

DORT. Os Cânones de Dort. Rio de Janeiro: Cultura Cristã, 1999. Capítulo III, artigo

LEMBO. Cláudio. O Pensamento de João Calvino. São Paulo: Makenzie, 2000. 117.p

MARTINS. A.N. As inplicações Práticas do Calvinismo. São Paulo: Ed.Os Puritanos, 2001. p

MELLÃO NETO, João. O que enriquece e o que empobrece uma nação. 2.ed. São Paulo: A Girafa, 2005. p

NODA. Issao. Somos Deuses? São Paulo: Ed.Facioli, 1977. 45p

PACKER.J.I. Entre os Gigantes de Deus. São Paulo: Ed.Os Puritanos. 1991. p

Revista IHU ON LINE, edição 101 de 17 de maio de 2004.

WEBER.Max. Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2002.224 p.

WESTMINSTER. Confissão de Fé de Westminster. Rio de Janeiro: Cultura Cristã, 1999. p.

[1] Maximillion Weber nasceu em Erfurt, em 21 de abril de 1864. Pelo pai, que foi deputado do Partido Nacional Liberal, Weber teve oportunidade de entrar bem cedo em contato com ilustres historiadores, filósofos e juristas da época. Estudou história, economia e direito nas universidades de Heidelberg e Berlim. Laureou-se em Göttingen, em 1889, com uma tese de história econômica sobre a História das sociedades comerciais na Idade Média. Em 1892, conseguiu a livre docência com A história agrária romana em seu significado para o direito público e privado. Em 1894, tornou-se professor de economia política na Universidade de Freiburg. Em 1896, passou a ensinar em Heidelberg. Era o mais velho dos 7 filhos de Max Weber e sua mulher Helene. Ele foi, juntamente com Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim um dos modernos fundadores da sociologia. É conhecido sobretudo pelo seu trabalho sobre a sociologia da religião. De 1897 a 1903, sua atividade científica e didática ficou bloqueada por causa de grave doença nervosa. Nesse meio tempo, em 1902, juntamente com Werner Sombart, tornara-se co-diretor da prestigiosa revista Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik. Em 1904, realizou viagens aos Estados Unidos. Durante a Primeira Guerra Mundial, defendeu as "razões ideais" da "guerra alemã" e prestou serviço como diretor de hospital militar. Seguiu, com angustiada preocupação, a ruína moral e cultural da Alemanha, jogada pelo Imperador e por seus ministros no beco sem saída da pura política de poder. Depois da guerra, participou da redação da Constituição da República de Weimar. Morreu em 14 de junho de 1920, em Munique, para onde fora chamado, a fim de ensinar economia política. Conforme www.antroposmoderno.com/biografias/Weber.html,http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber, em 17/10/07.

[2] Entrevista concedida ao jornal O Globo, logo após a queda do muro de Berlim, em 23/06/1991.
[3] Apesar de ser, legalmente, um país que não possui uma religião oficial, por força de lei, e do crescimento geométrico das igrejas “protestantes”, isso se evidencia no claro beneficiamento, nas mais variadas esferas do poder público, ao catolicismo romano. Basta tão somente citarmos alguns exemplos, a título de ilustração: o calendário, que é recheado de feriados oficiais, eminentemente católicos; muitas igrejas católicas são pintadas ou reformadas com verba pública, advindas, inclusive, de impostos pagos por “protestantes”; até mesmo um dos mais importantes projetos nacionais – a transposição das águas do rio São Francisco – teve que ser adiado por conta do capricho de um bispo católico romano, não-brasileiro, mesmo depois de anos de pesquisas e de finalmente ter sido aprovado. Para saber mais sobre esse assunto acessar a página a seguir para ler artigo do mesmo autor: http://www.ipb.org.br/versao_pdf/bp_junho2006.pdf.
[4] João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever os "Institutos da religião Cristã" em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma colecção massiva de comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo. Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, "o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que não raramente é levada ao extremo da teimosia". O Calvinista é pois no extremo um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O Calvinismo é também o resultado de uma evolução independente das idéias protestantes no espaço europeu de língua francesa, surgindo sob a influência do exemplo que na Alemanha a figura de Martinho Lutero tinha exercido. A expressão "Calvinismo" foi aparentemente usada pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo. O Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a confissão luterana de Augsburg de 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na reforma Suíça, que não foi Luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direcção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais João Calvino era o mais eminente, tendo por isso esta doutrina tomado o nome de Calvinismo, conforme: http://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinismo, acessado em 19/10/2007.

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