Tenho
postado e chamado a atenção dos pastores, no bom sentido e de forma geral, não
pensando, obviamente, em nenhum especificamente, de que eles precisam TRABALHAR
MAIS e se DEDICAR MAIS às igrejas locais, onde pastoreiam.
Em 2011
publiquei a polêmica postagem "Fórmula pra saber se seu pastor ganha
bem", que pode ser lida clicando no link: http://filosofiacalvinista.blogspot.com.br/2011/07/formula-pra-saber-se-seu-pastor-ganha.html.
Quando
trato desse assunto meu objetivo é um só: que a igreja local seja mais
beneficiada com o importante trabalho do seu pastor.
Na
contramão da maioria dos membros das igrejas locais, que entendem, percebem e
precisam que seus pastores se DEDIQUEM MAIS ao seu ministério local,
recentemente tive o desprazer de ler um texto no facebook, cuja a tônica era
"15 motivos pelos quais seu pastor não deve
visitar muito". Pior: esse texto foi compartilhado e até
ovacionado por muitos pastores. Imagino que muitos devem ter marcado os membros
de suas igrejas, para que pudessem ler o infame texto. Lamentável!
O infeliz
texto, em nossa opinião, traduzido para o português, é de autoria de Tom
Rainer. Alguém conhece? Vou transcrever cada um dos 15 motivos pelos
quais o pastor não deve visitar muito e tentar comentar um a um (os comentários
estarão em vermelho). Segundo o autor, PASTOR
VISITAR MUITO:
1- Não
é bíblico. Efésios 4.12 diz que pastores devem treinar os santos ou
crentes para fazerem a obra do ministério. Isso significa que os pastores não
devem fazer toda a obra. Usar esse texto de
Efésios para defender tal ideia chega a ser desonesto. Por esta mesma forma
tacanha de interpretação cabe até dizer também: "pastores não devem pregar
muito; devem treinar os santos ou crentes para fazerem a obre do ministério".
2- Priva os membros de
seus papéis e oportunidades. A segunda parte de Efésios 4.12
claramente nos informa que o ministério é para toda a igreja. Quando o pastor
faz tudo ou a maior parte do ministério, os membros são privados de uma oportunidade
dada por Deus. Que ministérios? Da muita
visitação? Tá de brincadeira?
3- Fomenta uma mentalidade
de clube de campo. “Nós pagamos o salário do pastor. Ele trabalha para nós,
para fazer a obra e nos servir”. Dízimos e ofertas tornam-se mensalidades de
clube de campo a serem usufruídas. Repito:
pela mesmíssima argumentação furada se poderia dizer o mesmo em relação à
pregação, por exemplo. Pastores: não caiam nessa; isso vai ser um tiro no pé.
Daqui a pouco os senhores não farão mais nada e a igreja vai acabar percebendo.
4- Desvia
uma igreja interiormente. Os membros ficam perguntando o que o pastor
está fazendo por eles, em vez de perguntarem-se como eles podem servir outros
através da igreja. Ou seja, pague a côngrua pastoral
em dias, 13º, férias, etc, mas não cobre nunca dele dedicação e cuidado com o
rebanho.
5- Diminui
a preparação do sermão. Esses mesmos membros que se queixam que o pastor
não dedicou tempo suficiente no sermão são os mesmos que esperam que o ele os
visite. Esse ponto chega a ser patético. Até parece
que quando o pastor não está visitando está “preparando o sermão”. E o tempo
que ele gasta: a) levando o filho na escola, b) malhando na academia, b)
almoçando com outros amigos pastores, c) jogando futebol, d) indo ver o jogo do
seu time, e) viajando, f) cuidando de outra atividade profissional, g) fazendo
Faculdade ou outro curso qualquer para crescimento pessoal e etc, não conta?
Detalhe: a maioria dos pastores são de “tempo integral”. Pra quem?
6- Tira
o foco externo do pastor. Se os pastores passam todo ou maior parte do
seu tempo visitando, como se pode esperar que eles entrem na comunidade e
compartilhem o evangelho? Ai, aí, releia a parte em
vermelho do ponto 5.
7- Subtrai
a liderança essencial do pastor. Como podemos esperar que os pastores
liderem se não lhes damos tempo para tal, uma vez que estão ocupados com a
visitação de membros? Tá bom! Quando não está
visitando ele está liderando? Ok!
8- Fomenta
comparações perniciosas entre os membros. “O pastor visitou os Silvas duas
vezes este mês, mas me visitou apenas uma”. O que
dirão aqueles (a grande maioria) que nunca receberam uma visita do pastor?
9- Nunca
é o suficiente. Quando as igrejas esperam que seus pastores façam a maior
parte das visitas, elas possuem uma mentalidade de concessão de direitos. Tal
mentalidade nunca pode ser satisfeita. Vamos mandar
todos os membros aos seminários para saberem o que vão dizer nas visitas. As
pessoas querem e precisam uma visita de alguém preparado para lhe dar com seus
conflitos: o pastor;
10- Conduz
ao esgotamento pastoral. Aos pastores, é impossível manter o ritmo que
se espera de todos os membros cumulativamente, especialmente na área da
visitação. Pois é! Academia, envolvimento com outras
atividades profissionais e/ou acadêmicas para fins de crescimento pessoal,
familiares, etc, não né?
11- Conduz
a uma alta rotatividade pastoral. O esgotamento conduz à rotatividade
pastoral. Ministérios de curta duração não fazem bem às igrejas. Reler a parte em vermelho do ponto 10.
12- Restringe
o crescimento da Grande Comissão da igreja. Um dos grandes obstáculos
para o crescimento de igrejas é a expectativa de que uma pessoa faça a maior
parte do ministério, especialmente a visitação. Esse tipo de dependência
resulta numa restrição ao crescimento. Sério? A
grande comissão era pra os membros das igrejas visitarem-se uns aos outro?
Sabia não!
13- Leva
os pastores a obterem seus reconhecimentos da fonte errada. Eles se tornam
agradadores de pessoas, em vez de agradadores de Deus. Confesso que esse eu não entendi. Devo tá pensando errado.
Acho que o autor não escreveria uma besteira tão grande!
14- Faz
com que membros de igrejas bíblicas deixem-nas. Muitos dos melhores
membros de igrejas as deixarão porque sabem que a igreja não foi feita para
funcionar dessa maneira. A igreja, assim, fica mais fraca. Tá apelando?
15-
É um sinal de que a igreja está morrendo. Os dois comentários mais
comuns de uma igreja que está morrendo são: “Nunca fizemos isso desse jeito
antes”, e “Por que o pastor não me visitou?”. Se o
pastor visitar muitos membros é sinal que a igreja está morrendo? Tô preocupado
para que os pastores não morram de estafa.
É mais que evidente que ninguém normal quer que o pastor passe todos os dias e todas as horas disponíveis em visitação. Só alguém muito retardado pra pensar que se pensa assim. Você pode dizer também que a presente análise não é séria e está cheia de "gracejos". Bem, é possível. Peço desculpas: é que esse tipo de assunto irrita de forma particular.
É mais que evidente que ninguém normal quer que o pastor passe todos os dias e todas as horas disponíveis em visitação. Só alguém muito retardado pra pensar que se pensa assim. Você pode dizer também que a presente análise não é séria e está cheia de "gracejos". Bem, é possível. Peço desculpas: é que esse tipo de assunto irrita de forma particular.
O Pastor
Thabiti Anyabwile, em seu livro "Encontrando Presbíteros e Diáconos
fiés", publicado pela editora Fiel, faz uma afirmação bem interessante e
que nos leva a refletir sobre o trabalho que o pastor deve executar em sua
igreja local. Diz ele:
Um pastor vigia sua vida
quanto ao descanso e a recreação necessários. Deve haver descanso adequado e
recreação apropriada na agenda de um pastor. Para estar certo de que tem o
descanso devido, o pastor deve receber com agrado comentários sobre sua agenda
de atividades e de seus hábitos de trabalho" (ANYABWILE, 2015, p.214).
Mas, será
mesmo que a maioria de nossos pastores ouviriam, sobre sua agenda de trabalho:
"o senhor precisa descansar, está trabalhando muito, estudando muito,
visitando muito"?
Abordando
especificamente sobre a questão da visita, o Pastor Franklin Ferreira, sobre o
ministério do Puritano Richard Baxter, autor de “O pastor Aprovado”, afirma:
Sua prática consistia
em visitar
sistematicamente as famílias, com o propósito de tratar espiritualmente
com cada uma delas. Baxter visitava sete ou oito famílias por dia, duas vezes por
semana, a fim de visitar todas as oitocentas famílias de sua congregação a cada
ano. “Primeiramente eu as ouvia recitar as palavras do catecismo ele
usava o Breve Catecismo de Westminster,18 e então examinava as respostas
quanto ao seu sentido, e, finalmente, exortava as famílias, com toda a
capacidade de raciocínio e veemência, a fim de que tais estudos resultassem em
sentimento e prática. Eu passava cerca de uma hora com cada família”.Conforme: http://www.monergismo.com/textos/pastores/servo_baxter.pdf
Joseph A. Pipa Jr, em
brilhante artigo sobre “A tarefa esquecida da visita pastoral”, afirma:
Minha primeira visita pastoral foi a primeira
que fiz quando era um jovem pastor. Naquele tempo, eu já estava na igreja há onze anos.
Meu caso não era
único na época e nem o é hoje. Estou certo de que muitos de vocês
irão se identificar com a minha experiência. De fato, muitos leitores não
reconhecerão que estavam sendo privados de algo que era uma parte essencial da
experiência da igreja. Em nossos dias, o trabalho pastoral é absurdamente
negligenciado. Muitos pretensos pastores enchem suas vidas de assuntos
administrativos ou acadêmicos de forma que eles possuem pouco tempo para as pessoas do rebanho.
Outros têm igrejas tão grandes que não conseguem sequer começar a
pastorar os membros de suas congregações. Cada vez mais, esses homens
abordam a supervisão congregacional como se fossem o Chefe do Poder Executivo. Mas, mesmo em
nossas pequenas igrejas reformadas, o ministro frequentemente negligencia o
importante trabalho de pastorear. Muitos membros de igreja
somente recebem visita quando estão doentes (e olhe lá). Não podemos saber a condição de nosso rebanho
ou ministrar efetivamente a ele sem fazer cuidadosamente o trabalho de
visitação às famílias. Além disso, esse trabalho é necessário para a
cimentação da verdade e de seus resultados na vida das pessoas.
Ele ainda afirma:
Historicamente,
a visitação pastoral era parte do trabalho esperado de um pastor reformado. Nossos pais na fé
levaram essa parte do trabalho ministerial muito a sério. Calvino, os
Puritanos, os Ministros Escoceses e os Presbiterianos e Batistas Americanos era
comprometidos com o trabalho da visitação pastoral. A respeito dos puritanos,
Parcker escreveu: Baxter separava dois dias por semana, terças e quartas, para
realizar esse trabalho. Cópias do Breve Catecismo de Westminster
foram distribuídas para todas as famílias da paróquia (cerca de 800). A reunião
do conselho acontecia uma semana antes de famílias a serem visitadas serem
contatadas já com o tempo e o lugar das visita. Dessa forma, Baxter visitava por
volta de 15 famílias por semana.
Pipa finaliza:
Uma
palavra aos ministros. Nós ouvimos muito, e ainda bem que sim, sobre igrejas
comprometidas com os meios de graça. Pois eu digo que se em seu ministério não há espaço para uma
sistemática visitação pastoral, então você está negligenciando um importante
meio de graça. Eu desafio você a repensar sua filosofia
ministerial. Se
você não tem feito regulares visitas pastorais, eu encorajo você a
se arrepender e a buscar pela graça de Deus para começar imediatamente. Conforme:
http://reforma21.org/artigos/a-tarefa-esquecida-da-visita-pastoral.html
Graça e paz Fábio.
ResponderExcluirNesses quase vinte anos de ministério pastoral eu tenho visto que quanto mais um pastor faz isso pouco importa para muitas pessoas. O pastor tem que saber administrar bem o seu tempo, pois ele terá que visitar - e eu só visito quem precisa de visita, fora isso eu não fico a casa das pessoas. Terá que preparar estudos bíblicos, sermões; isso quando não é convidado a pregar em outras igrejas...
Eu, por exemplo, segunda e terça eu tenho que preparar aula pois dou aula em um seminário (quatro matérias); quarta estudo bíblico na igreja; quinta e sexta para para preparar o sermão de domingo, na sexta à noite culto de oração. Isso sem contar evangelismo, culto nos lares... visita em hospital.
Depois dizem que pastor não trabalha.
Pelo menos não é o meu caso de de muitos pastores que conheço. E há outro detalhe, até pouco tempo atrás eu e minha esposa tínhamos um programa de TV.
A questão toda é saber administrar bem o tempo e não se deixar levar pelo que os outros falam.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira - Dei uma paradinha na preparação do sermão para ler seu artigo rs.
Pr.Silas:
ResponderExcluirObrigado pela contribuição. Que bom que o senhor é um pastor que trabalha muito. Mesmo assim, esse breve post serve para que os pastores avaliem se não estão dedicando muito tempo a outras atividades e deixando de "pastorear" as pessoas de sua igreja local. Fica o convite à reflexão, especialmente nas palavras de PiPa. Forte abraço!
Eu entendi Fábio rs.
ExcluirMas acontece que há um outro lado da moeda, daqueles que não trabalham e muitas vezes atrapalham.
O importante é sermos como os apóstolos falaram que iriam se dedicar a oração e a Palavra. Essa é a base de qualquer ministério sério.
Que o Senhor continue lhe abençoando com postagens edificantes como esta.
Fique na Paz!
Pr. Silas Figueira
Eita nós, para quê pastor precisa de seus conselhos Fábio....rs
ResponderExcluirDepois da animação “Meu Malvado Favorito”, bem que eu poderia produzir um filme chamado “Meu protestante favorito”. Afinal,eu admiro vc meu caro amigo Fábio, (ainda que veja as graves lacunas de sua crença).
ResponderExcluirFala Petrus!!!
ResponderExcluirTá sumido rapá?..rs?