
domingo, 1 de novembro de 2009
EM BUSCA DO ELO PERDIDO. A DOUTRINA QUE LIVROU A REFORMA PROTESTANTE DE TORNAR-SE UM ABORTO HISTÓRICO

O REFORMADOR AGOSTINHO DE HIPONA E SEUS DISCÍPULOS DO SÉCULO XVI
Concordamos plenamente. Se pudéssemos embarcar numa espécie de máquina do tempo e levássemos conosco a imprensa para fazer a cobertura da Reforma Protestante e também convidássemos a todos os pré-reformadores para se fazerem presentes e também a Agostinho, reunindo todos no século XVI, no dia 01/11/1517 – um dia depois da Reforma – para quem a totalidade dos microfones estariam direcionados? Para Lutero, claro. Depois da coletiva de Lutero, a Rede Globo, certamente, faria uma entrevista exclusiva com Calvino, a Band e SBT entrevistariam Wycliff e a Rede TV Huss, ressaltando suas respectivas contribuições para a Reforma. Agostinho, coitado, talvez fosse, rapidamente, entrevistado pelo canal 22, por um repórter de terceira categoria e que o entrevistaria de olho na “máquina do tempo”, para não perder o vôo de volta ao século XXI. A prova disso é que, apesar de ter o devido reconhecimento pelo conjunto de sua obra, não é nada comum o nome de Agostinho figurar em uma série de Palestras sobre a Reforma Protestante.
Isso, de certa forma, pode ser justificado pelo fato de Agostinho estar separado da chamada “Reforma Protestante do Século XVI” por, nada mais nada menos, que 12 séculos. Se Wycliff e Huss, que viveram nos séculos XIV E XV, respectivamente, recebem, em relação à Reforma, apenas uma leve referência como “pré-reformadores”, quanto mais Agostinho que viveu no século IV?
Penso que não devemos entender a “Reforma da Igreja” como sendo um evento pontual do século XVI. “Ecclesia Reformata Et Semper Reformanda Est”! Significa que todas as vezes que a Igreja do Senhor começa a se desviar das Escrituras e alguém luta contra isso; esse, certamente, é um “Reformador”. Nesse sentido, Moisés foi um “Reformador”, Josué foi um “Reformador”, o Rei Josias foi um “Reformador”, Apóstolo Paulo foi um “Reformador”, Agostinho foi um “Reformador”, “Wycliff e Huss” foram “Reformadores” e não pré-reformadores. Lutero talvez tenha sido o menor de todos.
Nosso objetivo nesse breve artigo é muito simples: Demonstrar que sem Agostinho não teria havido a Reforma Protestante do século XVI.
Aurelius Augustinus, mais conhecido como Santo Agostinho, nasceu em Tagaste, província da Numída, atual Argélia, em 13 de novembro de 354. Seu pai era um pagão, de nome Patrício e sua mãe, Mônica, era uma mulher extremamente piedosa que orava constantemente pela conversão do seu filho, o que só ocorreu aos 32 anos de idade, portanto, em 386, após uma vida completamente desregrada e uma longa passagem por uma seita chamada maniqueísmo. Agostinho relatou, em suas confissões, o último diálogo que teve com sua mãe, após uma longa viagem: “o mundo, com todos os seus prazeres, perdia para nós todo valor e minha mãe me disse: “Meu filho, nada mais me atrai nesta vida [...] Deus me satisfez amplamente, porque te vejo desprezar a felicidade terrena para servi-lo”. Foi batizado por Ambrósio em 387; em 391 (A igreja dessa época já havia começado seu processo de centralização do poder dos bispos, mas ainda não era uma igreja com as configurações “Católicas Romanas”, o que só vai ocorrer no século V, com a chamada pretensão petrina) ordenado sacerdote em Hipona (África do Norte) e em 396 tornou-se bispo dessa mesma cidade. Suas principais obras são: Confissões (400), A graça – dois volumes – uma refutação contra os Pelagianos (412-430), e um tratado contra os pagãos – A cidade de Deus (413-426), morreu em 430.
INFLUÊNCIA DE AGOSTINHO SOBRE OS DOIS MAIORES ÍCONES DA REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI
A influência de Agostinho e seu legado sobre os reformadores é algo inegável e exaustivamente já explorado. Como sabemos, muitos fatores contribuíram para a Reforma Protestante – como o Renascimento, por exemplo - mas, nenhum deles foi tão decisivo quanto o contato que tiveram com a obra de Agostinho, o que nos permite afirmar que Agostinho foi responsável direto pelo que aconteceu no século XVI.
A influência de Agostinho sobre Lutero
O fato de ser Lutero um monge da ordem Agostiniana já dispensaria, por si só, a necessidade de tecer outros maiores comentários. Sobre essa influência, Sprool chega a fazer a seguinte afirmação: “A influência de Agostinho sobre Lutero é um assunto digno de registro. No relato de Lutero de sua famosa “experiência da torre”, quando despertou para o evangelho da justificação somente pela fé, ele disse que essa experiência teve como gatilho a leitura de um comentário escrito por Agostinho, séculos antes em relação à justiça de Deus em Romanos 1 [...] Agostinho é considerado como o maior teólogo do primeiro século da história, se não de todos os tempos” (ao dizer isso, Sprool reconhece a superioridade de Agostinho em relação a Lutero e outros reformadores).
Uma das mais conhecidas obras de Lutero, Nascido Escravo, tem traços agostinianos tão marcantes, quanto ao estilo e conteúdo, que dificilmente o leitor que já leu o mínimo de Agostinho não o perceberia nas entrelinhas.
Warfield, chega a dizer que “A grande contribuição que Agostinho deu ao pensamento do mundo (E em especial a Lutero) é personificada na teologia da graça [...]. Essa doutrina da graça veio das mãos de Agostinho com seu esboço positivo completamente formulado”.
A influência de Agostinho sobre Calvino
Assim como em Lutero, a influência exercida por Agostinho em Calvino é algo notório e inquestionável. Sprool chega a dizer que “A pessoa que João Calvino citou mais vezes do que qualquer outro escritor extra-bíblico foi Agostinho”.
Passaremos a verificar agora uma série de citações, retiradas do site http://www.arminianos.com/, que falam sobre a influência de Agostinho em Calvino. Obviamente que, ao fazer isso, esse site tenta diminuir a importância de Calvino, reduzindo-o a um simples plagiador de Agostinho. Agradecemos a contribuição dos irmãos arminianos. Claro que Calvino desenvolve seu próprio ministério e também deixou um maravilhoso legado para o mundo. Mas, qual o problema se ele tivesse apenas dito o que Agostinho disse? Ora, o que Agostinho disse foi o que Paulo disse, logo, todos fazem côro com as Escrituras Sagradas:
Agostinho foi tão vigorosamente calvinista, que João Calvino se referia a si mesmo como um teólogo agostiniano.
Por toda as Institutas a dívida auto-confessada de Calvino a Agostinho é constantemente aparente.
Ele empresta de Agostinho pontos de doutrina com ambas as mãos.
Ele fez de Santo Agostinho sua leitura constante, e se sente em iguais condições com ele, cita-o em toda oportunidade, apropria de suas expressões e considera-o como um dos mais valorosos dos aliados em suas controvérsias.
Seja como for, para provar conclusivamente que Calvino era um discípulo de Agostinho, não precisamos olhar além do próprio Calvino. Ninguém consegue ler cinco páginas nas Institutas de Calvino sem ver o nome de Agostinho. Calvino cita Agostinho mais de quatrocentas vezes nas Institutas apenas.
Ele chamou Agostinho por títulos como “homem santo” e “pai santo.” O próprio Calvino até declarou: “Agostinho está tão inteiramente comigo, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia fazer com toda integridade e satisfação a mim mesmo de seus escritos. De fato, Calvino encerra sua introdução para a última edição de suas Institutas com uma citação de Agostinho.
A SISTEMATIZAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS REFORMADORES COMO PLÁGIO DA OBRA DE AGOSTINHO:
Constantemente os reformadores são acusados de plágio da obra de Agostinho. Spurgeon, não via nenhum problema nisso e ainda por cima assumia tal posição. Diz ele: “A velha verdade que Calvino pregava, que Agostinho pregava, que Paulo pregava, é a verdade que eu tenho que pregar hoje [...]. O evangelho de Jonh Knox é o meu evangelho.
Para finalizar, veremos uma série de citações de Agostinho, sobretudo, sobre sua Antropologia e teologia da graça, com a intenção maior de compararmos e tentarmos fazer um paralelo com os principais documentos reformados, pegando como exemplo, por razões obvias, os símbolos de Westmister.
Agostinho disse:
Agora veja o que diz a Confissão de Fé de Westminster:
Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza. O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu pr6prio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder (WESTMINSTER, 1996, p.11).
Lutero disse:
Agora compare com o que diz a Confissão de Fé de Westminster:
Dá-me a graça [Ó Senhor] para fazer o que ordenas, e ordena-me a fazer o que tu queres! ò Santo Deus [...] quando teus mandamentos são obedecidos, é do Senhor que recebemos o poder de obedecê-los (Confissões).
sábado, 31 de outubro de 2009
O LADO NEGATIVO DA REFORMA PROTESTANTE

II REIS 23:1-14 e 22:8-10.
O texto citado acima “pinta” um quadro surpreendente de como um “povo autêntico” de Deus pode desviar-se de suas veredas. Já aqui temos uma lição importante: Isso pode acontecer conosco também; com nossas igrejas; com nossas vidas. Já aconteceu no passado; o que nos garante que não voltará a acontecer? O livro de II Reis, nos capítulos 22 e 23, nos mostra algo notável e que é “fato-presente” na história de todos os grandes desvios do “povo autêntico de Deus”. De forma sintetizada, a situação era a seguinte:
a) O povo de Deus (permita-me dizer uma igreja), completamente desviada dos seus caminhos: corrompida, misturada, devassa; envolta com toda prática de prostituição e misticismo desenfreado; b) Palavra de Deus esquecida, mais que isso: perdida, abandonada. Ninguém sequer a consultava mais; c) Um homem (Josias) tem a oportunidade de ler essa palavra; cai em si; percebe que não somente ele, mas também todo o “povo de Deus” estava à beira do paganismo, precisamente por ter negligenciado e abandonado as Sagradas Escrituras; d) Esse homem não fica com a palavra de Deus só pra ele, antes, apresenta-a ao povo; e) O povo volta-se para Deus, arrependido. Esse quadro lembra algo? Exatamente o mesmo quadro encontrado no século XVI, por Lutero.
É o mesmo quadro encontrado todas as vezes que o “povo de Deus” deixa de ter a Bíblia como sua ÚNICA regra de Fé e Prática. Infelizmente esse modelo cíclico está acontecendo novamente. Josias, o “Lutero de Israel”, promoveu uma verdadeira REFORMA na “igreja” de Deus. Estamos falando do ano 642 a.C; ou seja, cerca de 2.160 anos antes do movimento que ficou conhecido como a REFORMA PROTESTANTE. Mas, será que poderíamos, à semelhança da metáfora acima, chamar Lutero de “O Josias Protestante”? Lutero, de fato, conseguiu atingir seus objetivos? Lutero conseguiu REFORMAR a igreja que fazia parte? O Rei Josias, diferentemente de Lutero, promoveu a REFORMA da “igreja” que fazia parte. Lutero, em nossa opinião, não teve o mesmo êxito (talvez porque, realmente, não era possível reformar uma igreja tão desviada das escrituras, como se tornou a romana; talvez o estrago já estava muito grande - havendo “perda total” -; ou ainda por algum tipo de inabilidade política, ou, quem sabe, até precipitação).
O fato é que Não houve REFORMA (na igreja do ocidente = Católica apostólica Romana). O que houve na verdade foi uma RUPTURA. Robert Nicolls, em sua História da Igreja Cristã, confirma esse nosso argumento:
"Num debate, no qual fora desafiado por um defensor da igreja, ele declarou, como resultado dos estudos que fizera, que o papa não tinha autoridade divina e que os concílios eclesiásticos não eram infalíveis. Essas afirmações significaram seu ROMPIMENTO DEFINITIVO E IRREVOGÁVEL com a igreja papal" (NICOLLS, 2002, p.159).
Isso nos faz refletir: O que seria melhor? Se a Igreja Romana passasse, de fato, por uma REFORMA (como intentava, a princípio, Lutero) e voltasse às Escrituras ou o ROMPIMENTO (que de fato houve?). Penso que essa RUPTURA abriu caminho para uma série de outras rupturas futuras.
Estima-se que, só em São Paulo, a cada dois dias, é aberta uma nova igreja (regularizada). Igreja para góticos, para metaleiros, para surfistas, e até, pasmem, para gays. A revista Eclésia, em sua edição de Nº 91, publicou uma reportagem sob o título “Igrejas para todos os gostos”, onde lista mais de 70 estranhas igrejas. Confira acessando: http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=366.
O “protestantismo” é hoje uma imensa “cocha de retalhos” (alguém pode negar?). E a cada nova RUPTURA a nova igreja resultante se aproxima cada vez mais do ROMANISMO, comprovando a velha tese de repetição cíclica da história. Uma das mais graves RUPTURAS, em nossa opinião, foi a que ocorreu em 1906, em Los Angeles, na famosa rua Azuza, onde teve origem o PENTECOSTALISMO, e, com ele, todas as ramificações neo-pentecostais e neo-renovadas (uma verdadeira RUPTURA com o PROTESTANTISMO HISTÓRICO, tornando-se outra coisa, de fato).
Ao nosso ver, este é o mais grave passo de RETORNO AO ROMANISMO. Aparentemente o pentecostalismo é algo muito distinto do ROMANISMO, mas não é. Basta um rápido olhar para percebermos o gritante retorno:
a) Para os irmãos pentecostais, assim como para os católicos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os Católicos têm nas bulas papais e na tradição o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os irmãos pentecostais, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES; b) O catolicismo ensina um SEMI-PELAGIANISMO, isto é, o homem coopera com Deus na salvação. Os irmãos pentecostais pensam do mesmo jeito, quando não superam esse erro, tornando-se, verdadeiramente, PELAGIANOS; c) O catolicismo ensina Salvação pelas obras. E os irmãos Pentecostais? Exatamente igual: É Cristo e mais cabelo, roupas, calos nos joelhos, etc. d) O que não dizer também do conceito de santidade? É exatamente o mesmo. Há alguma diferença nas vestes dos irmãos pentecostais para as dos SANTOS CATÓLICOS?
Esse é, certamente, o lado negativo da RUPTURA PROTESTANTE. E isso é um grande problema para a igreja de Deus.
Para quem acha que estou exagerando, o cantor João Alexandre, em sua extraordinária música "É proibido pensar", ilustrada de forma feliz no vídeo abaixo, aborda sobre o atual e lastimável estado daquilo que se denomina "igreja evangélica". Não deixe de assistir, vale muito à pena. É uma das melhores músicas dos últimos tempos:
Ainda sobre o lado negativo da Reforma Protestante, aproveite e veja também como estamos (e não tem como negar, os Reformados são considados, nesse sentido, "farinha do mesmo saco", portanto, não adianta fingir que não temos nada a ver com isso. Se realmente não temos, então vamos deixar isso muito claro para todos) sendo ridicularizados, aliás, com toda razão. Esse pessoal do CQC sabe mesmo utilizar a "Maiêutica Socrática", isto é, sabe fazer com que os "crentes" cheguem, eles mesmos, à verdade: são massa de monobra de alguns lobos espertalhões travestidos de ovelhas. Mas, o pior de tudo é que, apesar de saberem disso, eles mesmos pedem: me enganem, por favor! Isso é incrível! Vejam o brilhante CQC "nos" ridicularizando na marcha pra Jesus (pra Jesus?).
Apesar de tudo, no sentido principal, o de trazer a igreja INVISÍVEL de Deus de volta às ESCRITURAS SAGRADAS, podemos afirmar ser LUTERO o “JOSIAS PROTESTANTE”, título que deverá ser repartido com os demais “reformadores”.
FELIZ 31 OUTUBRO, COM MAIS HUSS E MENOS LUTERO
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
ÉTICA X MORAL: conceitos e confusões
Começaremos conhecendo algumas práticas culturais ao redor do mundo, pois isso será fundamental para um entendimento mais eficaz do assunto. Além de outras fontes, o famoso livro “Culturas e Costumes: uma introdução à antropologia missionária”, nos fornece uma série de fatos que, vistos a partir de nossas lentes culturais, tornam-se ora curiosos e esquisitos ora insuportáveis e impactantes. Passaremos a relatar alguns:
a) Na Tailândia, as mulheres não podem ocupar quartos do primeiro andar do hospital e os homens do térreo. Isso significaria que as mulheres são superiores aos homens – coisa inaceitável naquela cultura. Também naquele país não se pode mostrar a planta dos pés para alguém; isso seria um grande insulto.
b) Na África do Sul uma brasileira poderia levar um susto quando, ao cumprimentar outra mulher, fosse beijada nos lábios. Na Rússia os homens é que se cumprimentam beijando uns aos outros na boca!
c) Para algumas tribos da África é perfeitamente natural o pai ter muitas esposas para poderem ajudar no trabalho, para protegerem o lar contra inimigos e para ajudarem nos projetos da família
d) Esquimós acham muito “natural” emprestar sua esposa para os homens que visitam seus lares. E quem rejeitar tal oferta estará sendo muito mal educado!
e) Em muitas culturas indígenas, o pai de um nenê recém-nascido é que fica de “resguardo”, e não a mãe. Logo que a criança nasce, o pai vai para a rede por três dias, enquanto a mãe continua trabalhando na roça!
f) Os velhos Esquimós são obrigados a se suicidarem ou a pedirem que alguém os mate.
g) Quando alguém assassina um membro da família de um Esquimó, em lugar do morto, a família aceita o próprio assassino como substituto daquele membro morte;
h) Em algumas aldeias dos Leles, na África, há uma mulher para cada dez homens. Ela pode ter relações sexuais com qualquer homem da aldeia, desde que não seja do seu próprio clã.
i) Na África é comum o acusado de crimes passar por testes físicos a fim de provar sua inocência. Muitos são convidados a tomar veneno ou mesmo pegar pedrinhas no fundo de uma panela com olho fervendo. Caso não sofram nenhum dano, é porque eram, de fato, inocentes. Lá também é comum o criminoso ser surrado e é lei, entre os muçulmanos, que o braço direito dos ladrões seja cortado. A forma como isso é feito pode variar de acordo com a localidade, podendo acometer inclusive crianças. Veja algumas imagens sobre isso:
Este vídeo contém cenas fortes. Não recomendado
j) Há um povo na Birmânia que não aceita o nascimento de Gêmeos. Quando isso ocorre, eles matam as crianças, expulsa, os pais da aldeia e queimam suas casas e plantações;
l) Em algumas comunidades da África e do oriente médio existe a tradição de se retirar partes dos órgãos sexuais femininos como parte do ritual de passagem da infância para a idade adulta. A extensão do procedimento varia entre diferentes tribos, indo de retirada do clitóris até remoção completa das genitália feminina. A prática é milenar, antecede o islã e o cristianismo. Sua origem é cultural e não medicinal, diferentemente da prática judaica, que tem conotação medicinal também. Os riscos aumentam porque a prática é feita na clandestinidade. Lâmina de barbear, tesoura, faca de cozinha e até pedaços de vidro servem de instrumento de trabalho de parteiras ilegais. Veja um vídeo sobre isso:
Este vídeo contém cenas fortes. Não recomendado
para crianças ou pessoas sensíveis.
m) Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a Funai nada faz para impedir. O infanticídio é praticado por, no mínimo, treze etnias nacionais. Um dos poucos levantamentos realizados sobre o assunto é da Fundação Nacional de Saúde. Ele contabilizou as crianças mortas entre 2004 e 2006 apenas pelos ianomâmis: foram 201. Mesmo índios mais próximos dos brancos ainda praticam o infanticídio. Os camaiurás, por exemplo, que vivem em Mato Grosso, enterram vivos crianças que nascem com algum tipo de patologia. Essa prática, como já dissemos, é bem mais comum do que imaginamos. Veja um impactante vídeo sobre isso.
Este vídeo contém cenas EXTREMAMENTE fortes.
O que pensar sobre todas essas práticas culturais apresentadas? Certamente algumas delas reputamos como ignominiosas, repugnantes e asquerosas. Mas a questão é: até que ponto temos o direito de julgar as práticas culturais alheias? Que direito temos de considerá-las inferiores às nossas? Devemos lembrar que só são assim – esquisitas – porque as observamos com nossas próprias lentes culturais.
Nós também possuímos algumas práticas que causam náuseas em alguns observadores. O que diria um indiano ao conhecer um mercado público brasileiro? Ao ver como as carnes que comemos (e isso em seu país é gravíssimo) são expostas, dependuradas? Ficaria, certamente, aterrado. Um iraniano radical, por exemplo, que visitasse uma praia brasileira morreria do coração, pois em seu país só o fato de a mulher deixar-se mostrar o tornozelo em público está cometendo algo gravíssimo, passivo de sérias punições. Certamente ele pediria a “Alá” para fulminar a todos com fogo e enxofre.
Seria, então, verdadeiro o ditado “quem com ferro fere, será ferido”? Se julgamos algumas práticas de outras culturas, também as nossas são julgadas e consideradas como abomináveis.
Não seria mais coerente calarmos?
Por que é tão difícil aceitar o diferente? Só está correto se for semelhante ao que pensamos e ao que consideramos coerente? Isso não é uma postura preconceituosa e com grave tendência racista?
Uma pesquisa recente, realizada com alunos da graduação, pediu para que classificassem essas e outras práticas aqui apresentadas como “Aceitáveis” (ainda que com ressalvas) e “Não-Aceitáveis”. Algo que chama a atenção é que não houve muita dificuldade nessa classificação. Eis o resultado, resumidamente:
Aceitáveis:
Comprimento com beijo na boca entre pessoas do mesmo sexo; o resguardo dos pais de algumas tribos indígenas; substituição do membro da família morto pelo próprio assassino; comer insetos como baratas, como ocorre na china; várias mulheres para um marido ou vice-versa, como ocorre em algumas tribos africanas;
Não Aceitáveis:
Matança dos Gêmeos; infanticídio das tribos brasileiras; tortura como arrancar o braço, como ocorre em alguns países de origem mulçumana; mutilação feminina.
O que há em comum em todas essas práticas classificadas como “não aceitáveis”? Parece claro que elas atentam, diferentemente das outras (aceitáveis), contra o que há de essencial no ser humano. Atenta contra aqueles direitos que são basilares e inerentes ao SER HUMANO. Isto é, são direitos que independem e transcendem às culturas e suas práticas. Direitos como a inviolabilidade da vida, sobrevivência, integridade física e psíquica. São direitos inerentes ao homem em qualquer parte do planeta. A ética trabalha nessa perspectiva e com esses valores basilares.
Antes, porém, de adentramos na conceituação de ética e moral, vamos abordar um outro conceito que dificulta bastante o entendimento da atuação universal da ética. É o conceito de Relativismo Cultural. Vamos ver um pouco sobre isso.
• O relativismo cultural defende que o bem e o mal, o certo e o errado, e outras categorias de valores são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura.
• Relativismo cultural é o princípio que prega que uma crença e/ou atividade humana individual deva ser interpretada em termos de sua própria cultura.
• Esse princípio foi estabelecido na pesquisa antropológica de FRANZ BOAS nas primeiras décadas do século XX e, mais tarde, popularizado pelos seus alunos.
• A idéia foi articulada por Boas em 1887: "...civilização não é algo absoluto, mas (...) é relativo, e, nossas idéias e concepções são verdadeiras apenas na medida de nossa civilização“.
• O próprio Boas não usou tal termo, que acabou ficando comum entre os antropólogos depois da sua morte em 1942.
• O termo foi usado pela primeira vez em 1948, após sua morte, na revista American Anthropologist. O termo em si representa como os alunos de Boas resumiram suas próprias sínteses dos vários princípios ensinados por Boas
• É exatamente baseado nessa fundamentação do Relativismo Cultural que a FUNAI proíbe qualquer tipo de intervenção em culturas indígenas basileiras.
• Mesmo diante do infanticídio, como já relatamos e demonstramos em um de nossas vídeos assim. Mas, a questão é: não estaria a FUNAI com a razão? Até que ponto teríamos o direito de apontarmos nosso “dedo sujo” para as culturas alheias e classificá-las como não aceitáveis? Vejamos o argumento da FANAI sobre essa questão. Acompanhe o vídeo abaixo:
• Há algum tempo, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) apresentou um projeto de lei que prevê pena de um ano e seis meses para o "homem branco" que não intervier para salvar crianças indígenas condenadas à morte.
• O projeto classifica a tolerância ao infanticídio como omissão de socorro e afirma que o argumento de "relativismo cultural" fere o direito à vida, garantido pela Constituição. Para saber mais acesso o blog do referido deputado federal:
• http://www.henriqueafonso.blogspot.com/
• Em 2007 a Revista Veja publicou uma série de reportagens sobre o infanticídio nas tribos brasileiras. Acesse as informações no link abaixo:
• Revista VEJA Edição 2021 15 de agosto de 2007. DISPONÍVEL EM: http://veja.abril.com.br/150807/p_104.shtml
Veja abaixo o documentário produzido por uma das únicas índias jornalistas do Brasil:
• SERIA ÉTICO INTERVIR EM ALGUMAS AÇÕES CULTURAIS? TENTAR ILUMINAR-LHES OS OLHOS, AJUDANDO-OS A PENSAR SOBRE OS FUNDAMENTOS DE SUAS PRÁTICAS?
• CADA POVO TEM SUA PRÓPRIA ÉTICA?
Partiremos agora para a definição de Ética e Moral, esperando contribuir para dirimir, pelos menos alguns, se não todos, equívocos sobre esse assunto, tentando responder a essas e outras indagações:
A ÉTICA VARIA DE POVO PARA POVO? OU SERÁ QUE É A MORAL QUE É VARIANTE?
ÉTICA X MORAL VAMOS PENSAR UM POUCO...ACOMPANHE O RACIOCÍNIO
ESTÁ CORRETO ROUBAR?
E SE O PRODUTO DO ROUBO FOR UM REMÉDIO?
ESTÁ CERTO ROUBAR?
E SE ESSE REMÉDIO TIVER UM PREÇO INACESSÍVEL? JUSTIFICA O ROUBO?
E SE O ROUBO OCORRER PARA SALVAR A VIDA DE ALGUÉM QUE ESTÁ À BEIRA DA MORTE, TENDO COMO ÚNICA E CERTA ALTERNATIVA DE SALVAÇÃO O DITO REMÉDIO?
DEVEMOS PRIVILEGIAR O VALOR “VIDA” (SALVAR ALGUÉM DA MORTE) OU O VALOR “PROPRIEDADE PRIVADA”? (NO SENTIDO DE NÃO ROUBAR?)
É CORRETO ROUBAR?
EVIDENTEMENTE ESSA É UMA SITUAÇÃO EXTREMA, MAIS EXISTEM DIVERSAS OUTRAS SITUAÇÕES ROTINEIRAS, NO DIA-A-DIA, E QUE, IGUALMENTE, REQUEREM UMA DECISÃO, UMA RESPOSTA.
• DIANTE DESSES CONFLITOS, DAS QUESTÕES COMPLEXAS, PERCEBEMOS OS LIMITES DAS RESPOSTAS OFERECIDAS PELA “MORAL” E A NECESSIDADE DE “PROBLEMATIZAR” ESSAS RESPOSTAS (?) OFERECIDAS PELA “MORAL”;
• PERCEBEMOS A NECESSIDADE DE “VERIFICAR” A CONSISTÊNCIA DESSAS RESPOSTAS.
É AÍ QUE ENTRA A ÉTICA!
DEFININDO...FINALMENTE.....ÉTICA E MORAL
ÉTICA
• Do grego Éthos significa, originalmente, morada, habitat dos seres vivos, lugar onde ele se sente acolhido e abrigado.
• A morada vista metaforicamente indica justamente que, a partir do Éthos, o espaço do mundo torna-se “habitável” para o homem, denotando ao atendimento das NECESSIDADES ELEMENTARES do homem; aquilo que faz com que sejam da mesma classe biológica.
MORAL
• palavra grega Éthos, (pronunciada com um som de “Ê” fechado e curto), pode ser traduzida por costume. serviu de base para a tradução latina DE “morales” = Moral.
• A primeira palavra grega Éthos, (pronunciada com um som de “É” aberto e mais longo), significa também propriedade do caráter, essência de um ser, habitat - ÉTICA.
• A segunda também se escreve Éthos (pronunciada com um som de “Ê” fechado e curto), pode ser traduzida por costume - MORAL.
A Moral é normativa
A Ética é especulativa
A Moral, referindo-se aos costumes dos povos, conjunto de hábitos, de regras, normas, leis que regulam a conduta de um povo, nas diversas épocas, é mais abrangente e divergente e variante de cultura para cultura.
• Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica, avalia a fundamentação de cada costume ou de cada prática cultural.
• Ética e Moral distinguem-se, essencialmente, pela especulação da Lei;
• É moral cumprir a “lei”,
• É ético questioná-la e não cumprir se seu fundamento não for justo.
• A Ética refere-se aos princípios invariantes;
• A Moral, aos variante,
• Ou seja, a preocupação da Ética está baseada em alguns pressupostos que não podem variar de acordo com a cultura, como: liberdade, tortura, sobrevivência, racismo etc.
•Todos eles estão intimamente ligados às necessidades mais elementares dos seres humanos, em qualquer parte do planeta.
•Isso ou aquilo está certo ou errado em qualquer parte do universo? Essa pergunta é norteadora para as questões éticas.
• A Ética procura analisar o que há de essencial no ser humano, de forma que seja uma verdade independente de sua cultura ou práticas e tem caráter UNIVERSAL, tendo como característica principal a reflexão crítica.
• EXATAMENTE PELO SEU CARÁTER CRÍTICO-REFLEXIVO É QUE A ÉTICA É OBJETO DE ESTUDO DA FILOSOFIA E NÃO DA ANTROPOLOGIA, PSICOLOGIA OU DE QUALQUER OUTRA ÁREA DO CONHECIMENTO.
• MAS...O QUE HÁ DE ESSENCIAL EM TODO E QUALQUER HUMANO?
• EXISTEM NECESSIDADES BASILARES, UNIVERSAIS, COMUNS A TODO GÊNERO HUMANO, INDEPENDENTE DE SUA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA OU CONDIÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL?
• ALGO QUE SEJA VERDADEIRO AQUI NO BRASIL, NA MALÁZIA, NA ETIÓPIA, NO BUTÃO OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR HABITADO DO MUNDO?
Maslow e a Teoria das Necessidades Humanas
• Segundo ele, o homem é motivado por necessidades organizadas numa hierarquia de relativa prepotência;
• Isto quer significar que uma necessidade de ordem superior surge somente quando a de ordem inferior foi relativamente satisfeita. Veja a sua pirâmide de necessidades. Observem que algumas delas são iguais em qualquer parte do planeta para a espécie biológica chamada homem.
• As necessidades do homem estão organizadas numa série de níveis, ou numa hierarquia de valor. No nível mais baixo, mas de grande importância quando não satisfeitas, estão as necessidades fisiológicas.
• Se observamos bem, entre as necessidades fisiológicas Maslow coloca a HOMEOSTASE. Esse conceito é importante para entendermos o que queremos dizer com “necessidades basilares” do ser humano. Isso será importante como o entendimento melhor da ética.
Homeostase e ÉTHOS
• Homeostase é o processo através do qual um organismo mantém as condições internas constantes necessárias para a vida. Relacionado às condições essenciais de sobrevivência;
• O corpo humano é composto de vários sistemas e órgãos, cada um consistindo de milhões de células.
• Estas células necessitam de condições relativamente estáveis para funcionar efetivamente e contribuir para a sobrevivência do corpo como um todo. A manutenção de condições estáveis para suas células é uma função essencial do corpo humano;
• O ÉTHOS está ligado a essas condições essenciais que TODO ser humano possui
• O economista e filósofo chileno Manfred Max Neef tem argumentado que as necessidades humanas fundamentais são não-hierárquicas.
• Essas necessidades são ontologicamente universais e invariáveis em sua natureza – parte da condição de ser humano.
• A moral, geralmente, visa mais as circunstâncias e as necessidades imediatas, por isso, pode e sempre varia, de cultura para cultura e dentro da mesma cultura;
• Por exemplo: há apenas algumas décadas atrás não era permitido à mulher votar, nem usar determinados tipos de roupas, mostrando o tornozelo, hoje isso já sofreu uma grande variação, ou seja, o que era considerado “imoral”, hoje é completamente aceito pela sociedade e, mais que isso, passou a fazer parte da moral atual.
• Sócrates foi obrigado a beber Cicuta (um veneno obtido a partir da maceração de uma planta) porque questionava e refletia criticamente a validade das leis de sua polis (cidade).
• Em certo sentido, podemos afirmar que ele não agia de forma “moral” (porque questionava os padrões geralmente aceitos pela sua sociedade).
• podemos afirmar também que ele agia de forma ética, identificando a coerência ou não da fundamentação das leis morais estabelecidas.
• A ética não estabelece normas, ela já se depara com toda uma historia de um povo com todos os seus costumes (Moral).
• A ética procura estudar a origem; como tudo começou, quais os objetivos da moral, fazendo uma reflexão crítica do comportamento moral dos homens enquanto seres sociais;
• Isso com o objetivo de identificar comportamentos que são nocivos a uma boa convivência em no habitat (Éthos=habitat) e à pessoa, enquanto indivíduo que precisa e quer sobreviver.
• A ética fundamenta-se na teoria, ou seja, ela se preocupa em esclarecer, explicar, procurar respostas e demonstrar as falhas na fundamentação das práticas culturais; Assim sendo ela não visa interesses individuais, e sim valores com validade universal, visando sempre o bem comum.
• O dicionário Houaiss, assim define Ética: parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, Refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.
ASSISTA TAMBÉM PARTE DO DOCUMENTÁRIO QUEBRANDO O SILÊNCIO, ONDE ÍNDIOS
REFLETEM CRITICAMENTE SOBRE A PRÁTICA DO INFANTICÍDIO:
• Podemos pensar numa questão prática que nos revelará a importância de estudarmos esse assunto. Na Moral (lei) brasileira, atualmente. Existem dois casos de Abortos que são “moralmente” aceitos: Em caso de estupro e outro caso quando a mãe corre claro e eminente risco de morte, caso dê à luz. Perguntamos. Esse casos, muito embora tenham sustentação legal e moral, possuem algum tipo de abono da ética? São eticamente justificáveis? Ambos? Ou apenas um deles?
• Apenas no caso em que a mãe corre eminente risco de morrer tem justificação ética. Nesse caso, o médico pode, sem nenhum problema de consciência, optar pela vida da mãe. Observe: não se trata da escolha de um valou menor pelo maior ou vice-versa. O mesmo valor está em questão. É vida contra vida. Qualquer que seja a decisão do médico, estará agindo eticamente, pois está trabalhando em função da vida. Só e somente só nesse caso o aborto é eticamente justificável.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
PESQUISA DE SATISFAÇÃO DO CULTO CRISTÃO: Do culto antropocêntrico à utilização errada do “Princípio Regulador do Culto” pelos Neo-Puritanos

Esses dias tive a oportunidade de ver e ouvir uma “Pesquisa de Satisfação do Culto Cristão - PSCC”.
Pelo que pude entender, a história era mais ou menos assim:
Um pastor pentecostal havia convidado um grupo de irmãos, também pentecostais, a assistirem um culto em sua igreja. Após o culto, esse grupo e o pastor, conversavam alegre e triunfantemente, enquanto seguiam viajem. Mas, o que me chamou a atenção foi a preocupação daquele pastor com a satisfação daqueles clientes, ou melhor, daqueles irmãos. Vou tentar reproduzir o diálogo com fidelidade, omitindo, obviamente, os nomes:
- Irmão fulano, o irmão ficou satisfeito com o culto? E o senhor irmão cicrano? O culto foi de seu agrado? Indagava insistentemente o preocupado pastor.
- Sim claro, não tenho do que reclamar; ninguém tem do que reclamar, reforçou um deles.
- Eu também fiquei satisfeitíssimo, por mim não acabava nunca! Completou o outro.
O fato é: os clientes/irmãos ficaram satisfeitos; logo, está tudo bem e nenhuma mudança precisa ser feita. A igreja estava até lotada, “tinha umas 150 pessoas”, disse um deles. Uma postura assumidamente pragmática.
Seria engraçado se não fosse trágico. Afinal, quem é que deve estar satisfeito ou não satisfeito com o culto? Os adoradores ou Aquele a quem é dirigida a adoração? Essa é a realidade do culto hoje em dia. Um culto antropocêntrico, voltado para a satisfação do homem e de seus caprichos. Quem já nao ouviu expressões do tipo: “O culto hoje foi morgado”, “o culto hoje foi muito bom”, “o culto hoje só teve hino feio”, “o culto hoje foi uma “bença”. Expressões como essas indicam para quem está sendo realizado os cultos na maioria das igrejas evangélicas: para o ego do homem. Para satisfazer o adorador e não o adorado; afinal, o adorador é quem dá o dízimo!
Mas, como toda moeda tem dois lados, o que acabamos de dizer acima é apenas um dos lados de um mesmo problema. O outro, diz respeito à idéia “equivocada” que alguns “Neo-Puritanos” têm do chamado “Princípio Regulador do Culto”.
Esses acabam se enredando numa simples questão de interpretação (de língua portuguesa; não chega nem a ser de teologia). Por conta disso, querem transformar algo que é "apenas um princípio" em normas, em leis, em códigos e manuais.
Estarei, muito em breve, apresentando algumas linhas sobre esse assunto, com o objetivo de demonstrar que esse “princípio regulador do culto, que particularmente defendo e subscrevo, não serve e nunca servirá para as pretensas “puritonadas” desses "protótipos dos puritanos", tais como: a proibição das mulheres orarem no culto publico, salmodia exclusiva, proibição de instrumentos no culto, proibição de corais, solos, etc, etc. Aguardem!
sábado, 1 de agosto de 2009
A FILOSOFIA DO TEMPO E OS 150 ANOS DA IPB
A igreja presbiteriana do Brasil comemorou, no último dia 12/08/09, 150 anos de existência em solo nacional. Seria uma data qualquer, caso sua história não provocasse admiração e respeito dos mais diversos seguimentos da sociedade. A comemoração dessa data, como foi feita, marca um “divisor de águas”, em meio à turbulenta e turvada história do evangelicalismo brasileiro contemporâneo, responsável direto pela onda de desconfiança instaurada no inconsciente coletivo; uma “crise da religiosidade evangélica”, de fato. Foram inúmeros os discursos de reconhecimento da seriedade da IPB, durante a comemoração, que se estendeu por todo o país. O presidente Lula, que participou de um ato cívico religioso, na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, fez a seguinte afirmação: “A determinação e a fé de vocês e de todos os seus antecessores transformaram a igreja Presbiteriana em uma das igrejas mais importantes do Brasil. A semente lançada pelo missionário Simonton germinou em nossa terra. Por isso quero dar os parabéns à Igreja Presbiteriana pelos seus 150 anos”, conforme: http://www.igeva.com.br/. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que também esteve presente ao ato, fez questão de ressaltar a seriedade da IPB. Disse ele: “Se há algo que marca a Igreja Presbiteriana é a reputação de seus líderes, é a seriedade com que eles conduzem a palavra da fé sem o usufruto dessa palavra para diminuir o ser humano”, conforme: http://www.imprensa.rj.gov.br/. O jornal Nacional, da Rede Globo, também noticiou a presença do Presidente Lula e outras autoridades nos 150 anos da IPB:
Esses testemunhos, externos à IPB, são importantíssimos e demonstram, de forma inequívoca, que nem todas as igrejas, pastores e líderes religiosos são, como se diz no adágio popular, “farinha do mesmo saco”. O que chama a atenção, em todos esses discursos, é o reconhecimento que essa visível seriedade da IPB, não é algo apenas “de momento”; antes, é algo que faz parte de sua própria constituição, desde sua fundação até aos dias de hoje. Isso, certamente, ocorre por seu apego às Sagradas Escrituras, interpretando-a por meio de seu arcabouço doutrinário, costumeiramente apelidado de Calvinismo, o que a distancia, cada vez mais, do misticismo infrutífero que acomete muitas denominações evangélicas do Brasil. Isso também explica porque Max Weber, em sua famosa obra (considerada a obra de não ficção mais importante do século XX) “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, pôde fazer a seguinte constatação: “O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado” (WEBER, 2002. p.91). Chegar aos 150 anos dessa forma – “contando com a simpatia de todo o povo” (Atos 2:47) – é algo realmente digno de ser pontuado. Aproveite e conheça um pouco mais sobre a IPB, num vídeo produzido pelo Observatório das Religiões, da Universidade Católica de Pernambuco:
Cabe aqui, inclusive, uma breve reflexão filosófica acerca do tempo, uma vez que é dele que estamos tratando, em última análise. Qual a leitura que podemos fazer da IPB, em relação a todo esse tempo de existência? Porque a IPB é o que é hoje e não outra coisa? O que é, afinal, o tempo? O que significa ter completado 150 anos? Que poder tem ele de transformar ou, antes, de conservar uma instituição? O filósofo medieval Agostinho de Hipona, uma das maiores autoridades do assunto, reconhece a dificuldade envolta a esse difícil enigma da humanidade: “Que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam”[1]. Entretanto, Agostinho reconhece também que essa facilidade é apenas aparente e afirma: “Se ninguém me perguntar, eu sei; porém se quiser explicar a quem me perguntou, já não sei”[2]. Apesar da dificuldade em entender o tempo e, exatamente por “reconhecer que nada sabe”, o filósofo vai em busca das respostas às suas próprias indagações e diz: “Pai, eu busco, não afirmo. Ó Deus, vigia os meus passos e guia-me. Quem se atreveria a dizer-me que não há três tempos – conforme aprendemos na infância e ensinamos às crianças, isto é, o passado, o presente e o futuro? [3]. Seria o tempo realmente um amontoado de instantes justapostos, homogêneos entre si e que não causam nenhum enriquecimento ou empobrecimento ao instante imediatamente posterior, como quer a ciência, no seu tempo “medido” pelo relógio? Seria o tempo momentos completamente distintos entre si, dividido entre passado, presente e futuro? O tempo, segundo o filósofo francês Henri Bergson, não está ligado à quantidade e sim à qualidade. A IPB não se tornou o que é hoje – uma instituição respeitada, para a glória de Deus – “de uma hora para outra”, antes, ao contrário, é hoje a soma de tudo que viveu ao longo dos seus 150 anos de história. Cada momento, cada instante foi sendo acrescido em sua construção – “Edifício de Deus sois vós” (I Cor 3:9), já lembrava o apóstolo -; nenhum deles se perdeu, “nenhum deles acaba ou começa, mas todos se prolongam uns nos outros. É, se quiser, o desenrolar de um novelo. Mas é, da mesma maneira, um enrolar-se contínuo, como o de um fio numa bola, pois nosso passado nos segue, cresce sem cessar a cada presente que incorpora em seu caminho [...] pois o momento seguinte contém sempre, além do precedente, a lembrança que este lhe deixou[4]. Momentos bons e momentos maus, de união e também de separação; todos eles contribuíram para a formatação da IPB que conhecemos hoje. Mas, há, entretanto, uma espécie de “élan vital” - algo que é responsável por promover as mudanças – necessárias, naturais e inevitáveis -, ao longo da história e, ao mesmo tempo, preservar o que há de essencial - para que não haja uma descaracterização dos princípios basilares, a ponto de tornar-se outra instituição. Essa espécie de fio condutor, que preserva o que é essencial em meio às mudanças, que são próprias do tempo, são os seus símbolos de fé: Confissão de Fé de Westminster, Catecimos Maior e Breve Catecismo de Westminter, que nada mais são que “a fiel exposição e interpretação das Sagradas Escrituras". Há aqueles, porém, dentro da IPB, que insistem em negar-lhes o valor, afirmando ingenuamente: “não quero saber desses livros e sim da bíblia”. Afirmação – apenas - travestida de espiritualidade, mas completamente isenta da lógica mais elementar. Abrem a boca, esses mesmos, entretanto, para opinar sobre as escrituras, para pregar sobre as escrituras. Ora, o que é isso senão uma “livre interpretação”? Qual das interpretações tem mais possibilidade de êxito? Essas ou as produzidas por cerca de 121 dos melhores teólogos que a história já conheceu, por longos e calorosos sete meses? Esse é um assunto fundamental e que dirá o que será a IPB nos próximos 150 anos. Pensemos um pouco sobre o futuro, cuja previsão é uma impossibilidade filosófica. Ele – o futuro – não está esperando, em algum lugar, para revelar-se no seu momento oportuno. Antes, ele nada será além da nossa construção, durante o tempo da nossa “duração”. Em 2.159 (caso não venha o Senhor, nesse interregno – Maranatha) o que será a IPB? Ou seria mais ideal perguntar-nos: ainda será a IPB? Ou, ao contrário, ter-se-á transformado em outra instituição? Somente a confessionalidade garantirá a existência de uma verdadeira Igreja Presbiteriana do Brasil, no futuro, como tem sido até aqui, mesmo em meio às dificuldades inerentes e impostas por um país continental, cuja diversidade cultural impressiona o mundo. Ensinemos pois, às futuras gerações, o que é ser presbiteriano, para que o esforço de muitos presbiterianos, do passado, desde Simonton, perpassando por nossa geração, não tenha sido em vão.
[1] AGOSTINHO. Confissões. 9. ed. Trad. de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. Petrópolis: Vozes, 1988, XI 14,17.
[2] Ibid., XI 14,17
[3] AGOSTINHO. Confissões. 9. ed. Trad. de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. Petrópolis: Vozes, 1988, XI.21, 17.
[4] BERGSON, Henri. Introdução à metafísica. Trad. De Franklin Leopoldo. São Paulo: Abril cultural, 1979, p. 16.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
PROGRAMA CONSENSUS - CANAL 14
sexta-feira, 19 de junho de 2009
AS TRÊS IGREJAS SEM NOME

A revista Eclésia, em sua edição Nº 91, publicou uma reportagem sob o título “Igrejas para todos os gostos” onde lista mais de 70 nomes estranhos de igrejas. Dentre os citados nessa matéria destacamos alguns:
“Congregação Anti-Blasfêmia”, “Igreja Chave do Édem”, “Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo”, “Igreja da Pomba Branca”, “Igreja ‘A’ de Amor”, “Igreja E.T.Q.B (eu também quero benção)”, “Igreja Pentecostal do Pastor Sassá” e por aí vai. A lista completa pode ser conferida no seguinte endereço:
O termo (igreja) “Presbiteriana” faz referência a uma das formas existentes de “governo eclesiástico” e não ao nome (propriamente dito) de uma igreja. O dicionário Houaiss dá a seguinte definição desse termo: “sistema eclesiástico preconizado por Calvino, que dá o governo da igreja a um corpo misto (de pastores e leigos)”. Essa definição está em harmonia com a CI-IPB artigo 8: “O governo e a administração de uma igreja local competem ao Conselho, que se compõe de pastor ou pastores e dos presbíteros”. Em síntese, de “Presbiteriana” entende-se por aquela igreja que adota o sistema de governo eclesiástico “Presbiterial”, também conhecido como “Representativo” ou “Parlamentarista”, onde “alguns” são eleitos por “todos” para governar e administrar a igreja local. Esse sistema de governo, “originalmente apenas eclesiástico”, é utilizado também pelos governos seculares, em países democráticos, e aceito como a forma de governo mais justa, até agora conhecida.
As outras duas igrejas sem “nome” são: Igreja Episcopal, que também faz referência a um tipo de regime de governo onde “um” governa “todos” e Igreja Congregacional, que igualmente refere-se a uma forma de governo, onde “todos” governam.
Infelizmente a falta de conhecimento dos padrões de governo e fé da IPB têm levado muitos pastores e conselhos a erros primários. Não é muito raro sabermos de histórias de pastores que agem como verdadeiros “epíscopos”, passando por cima dos conselhos e dos presbíteros, cometendo torpezas que vão desde ordens descabidas à disciplinas inconstitucionais (e que muitas vezes são acatadas por todos pela simples falta de conhecimento).
Por outro lado, muitos conselhos acabam transmutando a IPB em verdadeiras igrejas “congregacionais”, no que diz respeito ao seu “governo”. Há conselhos que não tomam uma decisão importante sequer sem antes consultar a igreja, num flagrante de descaracterização do ofício para o qual a própria igreja já o elegeu: governá-la e administrá-la. Somos “Presbiterianos” (os que adotam a forma de governo “Presbiterial” ou “Representativa”) não por uma opção ao acaso, mas porque entendemos que é a forma de governo eclesiástico que as escrituras ensinam: “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi” (Tito 1:5 além de muitas outras referências). Esperamos colaborar cada vez mais para a criação de uma “cidadania presbiteriana”, com todos – Pastores, Presbíteros, Diáconos e demais membros – conscientes de seus “direitos” e “deveres” enquanto membros da IPB, a fim de construirmos uma igreja cada vez mais justa, propósito principal da nossa forma de governo.
sábado, 13 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
IDEOLOGIA, CULTURA DE MASSA E INDÚSTRIA CULTURAL
Ideologia é um Fenômeno complexo que privilegia a aparência das coisas. Ela encobre ou dificulta o conhecimento da realidade social, não nos deixando vê-la como é.
Segundo André Pessoa, “As ideologias não buscam a verdade, e sim o poder. Extraem da realidade somente aquilo que lhes é útil, para compor sua argumentação baseada em meias-verdades ou verdades distorcidas, com vistas a alcançar, a médio ou longo prazo, seus interesses” (http://www.portaldafamilia.or/).
Ideologia é o grande sofisma social a transformar as chagas em flores, e as justiças em rituais rotineiros (LEITE, 2007).
A ideologia emerge das instituições em geral (escola, família, Estado, religião, Empresas, Associações) que estabelecem normas para as relações sociais, por meio de agentes definidos: políticos, pastores, padres, patrões, pais etc). Mas, ao mesmo tempo que emerge dessas instituições, ela também imerge, no sentido de fazer com que elas se mantenham exatamente como estão, sem modificações profundas, o que garantirá a perpetuação dos indivíduos ou grupos que já estão n poder.
Marilena Chauí, analisando a questão da Ideologia afirma que “A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da idéia de “humanidade”, ou da idéia de “nação’ e “pátria”, ou da idéia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor”.
Argumenta ainda que “ A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as idéias”.
A idéia de Pátria, constantemente esconde e ao mesmo tempo demonstra a existência de ideologias. “Essa concepção é marcada por “apropriações” (alguns se acham donas da pátria); “manipulações” (as ações são conduzidas pelos interesses dominantes); por “Interpretações” (explicam-na de acordo com suas convêniências)”, conforme (CORDI, 2007).
Karl Marx, costumava dizer que a Ideologia era um “instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade”.
Em sua teoria, Marx “concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da divisão do trabalho manual e intelectual. Nessa divisão, surgem os ideólogos ou intelectuais que passam através de idéias impostas a dominar através das relações de produção e das classes que esses criam na sociedade” (FEUERBACH, 2002).
“Os homens fazem a História, mas o fazem em condições determinadas”, isto é, que não foram escolhidas por eles. Os homens fazem a História, mas não sabem que a fazem” (Karl Marx).
Cordi, também abordando esse assunto, afirma que “Semelhantemente a uma máscara, a ideologia encobre o conhecimento, retardando-o. Não nos deixa ver a realidade como é de fato. Vivemos mergulhados em ideologia e não nos damos conta disso. A partir dela pensamos, embora nem sempre pensamos sobre ela” (CORDI, 2007).
Um exemplo de “descoberta de ideologia do Estado” que tem sido sempre citada é o caso dos “caras pintadas”, no impeachtment de Collor. Eles “denunciaram” a idéia marqueteira de pátria e patriotismo que emanava do circuito do poder.
Mas, será que de fato foi isso que ocorreu? Será que os “Caras pintadas” não estavam sendo, na verdade, manipulados, ideologicamente, por grupos poderosos - econômicos e políticos -, que tinham interesses que foram atrapalhados por Collor?
Em última análise, a Ideologia pode ser comparada à uma “Teoria da Conspiração”.
1.1 ESCOLA DE FRANKFURT
A Escola de Frankfurt é nome dado a um grupo de filósofos e cientistas sociais de tendências marxistas que se encontram no final dos anos 1920. A Escola de Frankfurt se associa diretamente à chamada Teoria Crítica da Sociedade. Deve-se à Escola de Frankfurt a criação de conceitos como "indústria cultural" e "cultura de massa".
1.1.1 CULTURA DE MASSA
Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para as massas — a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa.
Como conseqüência das tecnologias de comunicação aparecidas no século XX, e das circunstâncias geopolíticas configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela.
Antes de haver a linguagem do cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes aristocráticas; em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura clássica, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações.
A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as demais “culturas” a um projeto comum e homogêneo — ou pelo menos pretende essa submissão. Por ser produto de uma indústria de porte internacional (e, mais tarde, global), a cultura elaborada pelos vários veículos então surgentes esteve sempre ligada intrinsecamente ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A massificação cultural, para melhor servir esse capital, requereu a repressão às demais formas de cultura — de forma que os valores apreciados passassem a ser apenas os compartilhados pela massa.
1.1.2 INDÚSTRIA CULTURAL
Termo cunhado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros da Escola de Frankfurt. O termo aparece na obra Dialética do Esclarecimento), de 1947.
Neste capítulo os autores analisam a produção e a função da cultura no capitalismo. Os autores criaram o conceito de Indústria Cultural para definir a conversão da cultura em mercadoria. O conceito não se refere aos veículos (televisão, jornais, rádio...), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante. A produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadológico.
O vídeo a seguir trata da ideologia sendo repassada por meio de mensagens subliminares. As crianças são as maiores vítimas desse tipo de "imposição doutrinária". Os meios de comunicação também utilizam - explicita ou sorrateiramente - esse tipo de metodologia de "formação de identidade". Poderíamos classificar como "covardia" esse método, porque é algo que não possibilita a negação ou a rejeição; simplesmente nosso sub-consciente capta as informações, quer queiramos ou não. A Rede Globo, por exemplo, está totalmente empenhada na divulgação da "normalidade" da homoxessualidade e do espiritismo. Não se trata, neste momento, de juízo de valores (certo ou errado), mas de ser justo ou não um veículo tão poderoso empenhar-se, na maioria de seus programas e novelas, na divulgação "subliminar" desses ideais. Tudo isso explica adolescentes (homem com homem e mulher com mulher) se permitirem beijar, uns aos outros, em plena parada de ônibus repleta de pessoas. Mas, o que evidencia mais ainda essa "cultura da normalidade" é que as pessoas já não estão mais olhando com um olhar diferenciado ou até de reprovação. Tudo passa a ser ideologicamente normal.
sábado, 6 de junho de 2009
NOÇÕES DE HISTÓRIA DA FILOSOFIA
“Thor cruzava os céus num carro puxado por dois bodes. Quando navegava agitando o seu martelo, provocava raios e trovões. A palavra «trovão» – Thor-don em norueguês - significa o rugido de Thor. Desse modo a mitologia de Thor explicava o relâmpago, o trovão e a chuva. Os homens ficavam mais tranqüilos porque estavam «entendendo» alguma coisa do seu dia e vida e do mundo. Trovão, relâmpago e chuva no agito do martelo do deus faziam os campos crescerem. Ele era considerado o deus da fertilidade! Assim, como conseqüência do seu imenso martelo as sementes germinavam. Ninguém sabia como germinavam, mas a chuva era fundamental. O Thor mais ainda. Estavam unidos. Um deus popular e importante no tempo dos vikings”. Para saber mais sobre Thor, acesse: http://www.jornaldapaulista.com.br/site/page.php?key=849).
Veja também o vídeo que demonstra de forma bem interessante como se dá o processo de aceitação da verdade mitológica. Demonstra as pessoas formatando suas atitudes, medos, crenças e abrandamento das causas de seus medos, com base no que foi relatado por seus antecessores. Geralmente, essas crenças estão associadas a fenômenos da natureza, como relâmpagos, trovões, chuvas ou ainda a sacrifícios requeridos por certas "divindades". Observe a atitude da tribo e suas cerimônias:
PERÍODO PRÉ-FILOSÓFICO
1.1 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA
1.1.1 PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICOS
1.1.2 PERÍODO SOCRÁTICO OU CLÁSSICO
1.1.3 PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO
Para entendemos melhor o processo de produção dos filósofos ao longo dos momentos históricos observemos o seguinte: Qual o critério que utilizaríamos para escolher um assunto para uma abordagem e reflexão filosófica hoje, considerando nossas preocupações? Certamente escolheríamos assunto da violência porque todos concordam que esse é um assunto que mais preocupa a sociedade, no momento. Assim também ocorreu com os filósofos. Pensaram sobre os assuntos específicos do seu contexto social e histórico. Luckesi confirma o que acabamos de expor acima. Diz ele:
Os pensadores trabalhavam filosoficamente sobre as emergências do seu lugar e do seu tempo [...] chegaram a determinadas soluções respondendo às necessidades emergentes de sua circunstância histórica” (LUCKESI, 2004, p.114).
Abordaremos agora, de forma mais detalhada, cada período da história da filosofia:
Muito embora alguns historiadores utilizem o termo “filosofia oriental”, para o tipo de construção metafísica do oriente, não há base técnica para reconhecer esse pensamento como filosofia, uma vez que possui uma aproximação extremamente grande com as questões religiosas e, consequentemente, com respostas pré-fabricadas advindas de muitos líderes religiosos “iluminados”, o que é totalmente contrário ao espírito filosófico. Vejamos a opinião de dois ícones da filosofia sobre a impossibilidade de ser o pensamento oriental considerado como filosofia:
“Seja como termo, seja como conceito, a filosofia é considerada pela quase totalidade dos estudiosos como criação própria do gênio dos gregos. Efetivamente, enquanto todos os outros componentes da civilização grega encontram correspondência aos demais povos do oriente (crenças e cultos religiosos, manifestações artísticas....), no que se refere à filosofia nos encontramos diante de um fenômeno tão novo que não somente não encontramos uma correspondência precisa junto a esses povos, mas não há tampouco nada que lhe seja estreita e especificamente análogo. Sendo assim [...] a filosofia constitui novidade que, em certo sentido, é absoluta. Quem não tomar isso em conta não poderá compreender porque, sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma direção completamente diferente da oriental. Em particular não poderá compreender por que motivo os orientais, quando quiseram se beneficiar da ciência ocidental e de seus resultados, tiveram que adotar também algumas categorias da lógica ocidental. Com efeito, não é em qualquer cultura que a ciência é possível [...] em função de suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o nascimento da ciência, e, em certo sentido, a gerou [...]. Está demonstrado historicamente que os povos orientais com os quais os gregos tinham contato possuíam verdadeiramente uma forma de “sabedoria”, feita de convicções religiosas, mitos teológicos e “cosmológicos”, mas não uma ciência filosófica baseada na razão pura. Ou seja, possuíam um tipo de sabedoria análoga à que os próprios gregos possuíam antes de criar a filosofia (REALE, ANTISERI, 1990. p.13).
Ainda sobre essa impossibilidade da existência de uma filosofia eminentemente oriental, Marilena Chauí afirma o seguinte:
“Dizer que a filosofia é tipicamente grega [...] não significa, evidentemente, que outros povos tão antigos ou mais antigos como os chineses, japoneses, árabes, hebreus, não possuíam uma sabedoria [...]. quando se diz que a filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possui certas características, apresenta certa forma de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que seja a realidade, a razão, a linguagem, a ação, as técnicas, completamente diferentes das de outros povos e outras culturas” (CHAUÍ, 2006. pg.26).
A História da Filosofia Antiga, por sua vez, pode ser subdividida em três períodos menores:
Tales de Mileto (624-548 a.C.)
Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.)
Parmênides de Eléia
Heráclito
Empédocles
Demócrito e a Teoria Atômica
Xenófanes de Colofon
Pitágoras de Samos
Escola Eleática
Empédocles de Agrigento
Leucipo
Anaxágoras de Clazômena
Destacaremos três desses filósofos para conhecermos um pouco mais de suas interessantes teorias:
Tales de Mileto (624-548 a.C.): Tales foi um dos filósofos que acreditava que as coisas têm por trás de si um princípio físico, material, chamado arqué. Para Tales, o arqué seria a água. Tales observou que o calor necessita de água, que o morto resseca, que a natureza é úmida, que os germens são úmidos, que os alimentos contêm seiva, e concluiu que o princípio de tudo era a água. Com essa afirmação deduz-se que a existência singular não possui autonomia alguma, apenas algo acidental, uma modificação. A existência singular é passageira, modifica-se. A água é um momento no todo em geral, um elemento. Tales com essa afirmação queria descobrir um elemento físico que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o princípio unificador de todos os seres.
Heráclito (c. 540-480 a.C.): Heráclito propunha que a matéria básica do Universo seria o fogo. Pensava também que a mudança constante, ou o fluxo, seria a característica mais elementar da Natureza. Podemos talvez dizer que Heráclito acreditava mais do que Parmênides naquilo que percebia. Tudo flui, disse Heráclito. Tudo está em fluxo e movimento constante, nada permanece. Por conseguinte, “não entramos duas vezes no mesmo rio”. Quando entro no rio pela segunda vez, nem eu nem o rio somos os mesmos.
Demócrito (460 a.C): Demócrito foi o primeiro a formular uma Teoria Atômica. Para ele, as transformações que se pode observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de "pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível". A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis.
A importância desses filósofos foi tão grande, como pioneiros, que não deve haver a preocupação se eles estavam certos ou errados em suas teorias. Precisamos entender que estamos diante do “nascedouro” da filosofia, diante de um modelo ainda embrionário. O que realmente importa nesse período é o fato que esses filósofos não aceitavam mais as respostas prontas fornecidas pelos mitos.
Para saber mais sobre os pré-socráticos acesse:
É interessante notarmos como a filosofia, diferentemente do que muitos pensam, acaba influenciando, na prática, a vida das pessoas. Destacamos nesse período:
ESTOICISMO: O fundador da escola estóica foi Zenão da ilha de Chipre (334 a. C.). A filosofia é cultivada unicamente em vista da moral, para dar ao homem a virtude e a felicidade. O fim supremo é a virtude. A verdadeira virtude estóica é a indiferença e a renúncia a todos os bens do mundo, os quais não dependem de nós, porquanto nos podem ser tirados, e por conseguinte nos amargurar. Todo o nosso conhecimento deriva dos sentidos. Os estóicos como, por exemplo, Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço.
EPICUREUS: Fundada por Epicuro que nasceu em Atenas (341 a. C.). Os seguidores dessa corrente afirmam que o fim único da existência é o prazer. Prega o Ateísmo, o universalismo (o ideal do homem sem pátria) o individualismo, mas de uma maneira ainda mais explícita do que os céticos. Não há deuses nem Verdades pelas quais se deva viver ou morrer. O ateísmo e a descrença é, para ele, condição de felicidade humana. O que deve fazer o Homem, segundo Epicuro? Fugir de todo sofrimento, paixão e perturbação (páthos). O homem deve viver para buscar o Prazer (conforme http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_greco-romana). Há, contudo, uma acusação de que os historiadores cristãos da filosofia tenham transmutado o “prazer” de epiruco em “devassidão”, nos moldes do entendimento cristão de pecado. Mas, o que deve ficar claro é que ainda que essa teoria seja verdade, uma coisa não se pode negar: no mínimo a sociedade da época, principalmente os grandes imperadores romanos e líderes políticos, entenderam o prazer como uma forma de liberação dos “impulsos carnais ligados à toda liberalidade e ao sexo”. Isso se confirma pela grande concentração de pessoas, que tinham acesso a tal literatura, que viviam de forma desregrada e sem nenhum freio “ético ou moral”, buscando todo tipo de prazer; sexual, inclusive, a exemplo de Calígula.
CETICISMO : de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura.
Um fato digno de registro demonstra bem esse choque ocorrido entre os filósofos Epicureus e Estóicos e o Cristianismo: é o fervoroso debate ocorrido entre o Apóstolo Paulo e esses filósofos. Um texto histórico riquíssimo, relatado nas Escrituras no livro de Atos dos Apóstolos 17:1-34, apresenta-nos esse debate filosófico (Paulo tem status de filósofo até mesmo para a academia):
“Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. Alguns deles foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas, bem como numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres. Os judeus, porém, movidos de inveja, trazendo consigo alguns homens maus dentre a malandragem, ajuntando a turba, alvoroçaram a cidade e, assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para o meio do povo. Porém, não os encontrando, arrastaram Jasom e alguns irmãos perante as autoridades, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, os quais Jasom hospedou. Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei. Tanto a multidão como as autoridades ficaram agitadas ao ouvirem estas palavras; contudo, soltaram Jasom e os mais, após terem recebido deles a fiança estipulada. E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Com isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens. Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que a palavra de Deus era anunciada por Paulo também em Beréia, foram lá excitar e perturbar o povo. Então, os irmãos promoveram, sem detença, a partida de Paulo para os lados do mar. Porém Silas e Timóteo continuaram ali. Os responsáveis por Paulo levaram-no até Atenas e regressaram trazendo ordem a Silas e Timóteo para que, o mais depressa possível, fossem ter com ele. Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade. Por isso, dissertava na sinagoga entre os judeus e os gentios piedosos; também na praça, todos os dias, entre os que se encontravam ali. E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso. Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos. Quando ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te ouviremos noutra ocasião. A essa altura, Paulo se retirou do meio deles. Houve, porém, alguns homens que se agregaram a ele e creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e, com eles, outros mais”.
Para saber mais sobre esse debate, acesse:
http://www.monergismo.com/textos/apologetica/Alan_Myatt_Apologetica5.pdf
1.2 HISTÓRIA DA FILOSOFIA MEDIEVAL
Chamamos a atenção para a ausência de ruptura com o período imediatamente anterior (Filosofia Antiga). Os filósofos dessa época aceitavam, como grande contribuição, os escritos dos filósofos da antiguidade, tanto é assim que a ênfase desse período é justamente a tentativa de conciliar Fé e Razão, ou seja, os escritos filosóficos produzidos na antiguidade com as Escrituras Sagradas.
Esse período também pode ser subdividido da seguinte forma:
1.2.1 Patrística:
Período dos primeiros líderes do cristianismo pós era apostólica, chamados de “pais da igreja”, de onde vem a palavra Patrística. Destaca-se nesse período o grande filósofo Agostinho de Hipona, que viveu em meados do século IV d.C. Nesse momento ainda não temos a Igreja Católica Apostólica Romana com a configuração que temos hoje. Podendo ainda ser considerado como cristianismo primitivo. Essa configuração só acontece no século V d.C, com a chamada “pretensão Petrina” (ver nota 1).
1.2.2 Escolástica
Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o universo ganham novos rumos.
O Humanismo pode, com razão, definir-se pela palavra: o homem potencializado, celebrado, exalado até à divindade, livre de si mesmo, dominador da natureza, senhor do mundo. E, logo, um paganismo ainda mais radical que o antigo, portanto espiritual e interior [...]. Essa é a alma, o significado, não o valor, do Humanismo e da Renascença: uma alma pagã (PADOVANE, 1990, p.261,262).
3º EMPIRISMO:
Os empiristas utilizam como argumento as tradições/costumes que surgem baseados nas relações de experiências sensoriais anteriores. Na filosofia, é a ciência que enfatiza evidências - principalmente pelo fato de se basear em experiências.
É considerada uma parte fundamental do método científico porque considera que todas as hipóteses e teorias devem ser testadas em oposição às observações do mundo atual. Apesar de sensorial, o empirismo atua além do raciocínio à priori, da intuição ou da revelação.
4º ILUMINISMO:
Como já dissemos, alguns historiadores costumam estender a Modernidade até o século XIX e parece ser lá, ainda por conta da última parte da História da Filosofia Moderna - o Iluminismo, que, direta ou indiretamente, acabou por servir de "maternidade", aonde realmente nasce ou cresce um definitivo “novo homem”, depois de uma longa gestação: um homem autônomo, órfão e ao mesmo tempo assassino de Deus. É um “super-homem” que resolve agora, sozinho, todos os seus problemas.

Apesar de ter sido um período extremamente fecundo e com grandes nomes da filosofia, destacamos o filósofo Friedrich Nietzsche, pai do humanismo moderno (figura acima).
Ele, em nossa leitura da história, é o filósofo responsável pela “cara da modernidade”. É ele quem estabelece ou quem melhor finca as bases do pensamento “livre-de-Deus”, que é uma característica bem peculiar da modernidade. Vejamos um pouco mais sobre ele:
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu a 15 de outubro de 1844 (SÉCULO IX). Heidegger disse ter sido Nietzsche o primeiro a conceber metafisicamente o momento em que "o Homem se apressa a assumir o poder na terra na sua totalidade".
Evidentemente que essa ruptura abrupta com o medievo era necessária. Claro que, Em CERTO SENTIDO, Nietzche quando anuncia a “morte de Deus” e Marx quando afirma que a “Religião é o ópio do povo” tinham suas razões.
Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646 – 1716). Idealista e absolutista alemão cujo otimismo foi ridicularizado por “Voltaire” em “Cândido”. Afirmava que a realidade consiste em unidades de força chamadas “mônadas”.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_moderna
Não foi sem propósito que abordamos esse momento da história da filosofia juntamente com a filosofia moderna. Em nossa opinião, nada houve de extremamente grave e importante que justificasse uma mudança de “era” (DE MODERNA PARA CONTEMPORÂNEA).
Prof.MSc.Fábio Correia
[1] COMO A IGREJA SE TORNOU CATÓLICA: Até aproximadamente o ano 400 d.C, todas as Igrejas existentes se reuniam em concílios para tomar alguma decisão de caráter doutrinário. Isto fica evidente em Atos 15. Foi exatamente isso que promoveu a ligação da igreja nos mais variados pontos, passando a ser Católica (que quer dizer Universal), formando assim uma espécie de governo geral para todas as Igrejas, pois aceitavam a autoridade das decisões desses concílios. A partir daí vemos na Igreja Católica (universal), um processo de centralização de autoridade, com o aparecimento do Bispo com caráter monárquico, isto é, o Bispo que a principio é somente o dirigente de sua igreja local, surge como dirigente de várias igrejas. A idéia de Diocese (conjunto de igrejas) se fortalecia cada vez, tornando cada vez maior o poder dos Bispos. Num passo mais adiante no processo de centralização, os Bispos das províncias romanas tornaram-se, naturalmente, mais importante que os demais e foram chamados Bispos de suas dioceses. Continuando o processo de centralização, Cinco Bispos se destacaram e foram considerados Patriarcas, por serem Bispos de cidades importantes e influentes tanto na política como na economia do império. Foram eles: Bispo de Roma; Bispo de Constantinopla; Bispo de Alexandria; Bispo de Antioquia; Bispo de Jerusalém. COMO A IGREJA SE TORNOU ROMANA: Das cinco cidades patriarcais, duas eram as mais importantes: Roma e Constantinopla, pois eram capitais do Império Romano, do ocidente e do oriente, respectivamente. No V século, com a chamada pretensão petrina (que o apóstolo Pedro teria sido o primeiro Bispo de Roma, muito embora não haja nenhuma sustentação histórica desse fato. Sequer a provas concretas que Pedro tenha pisado em solo Romano), o Bispo de Roma fortaleceu-se e passou a ser a última palavra do Cristianismo, dominando e liderando as demais Igrejas e patriarcados, exceto o de Constantinopla que não se encurvou ao poderio do Bispo de Roma. Este patriarcado deu origem a Igreja católica Ortodoxa Grega, até hoje existente. Isto, na verdade, traz luz à pretensão católica romana que afirma ter sido a primeira e única igreja cristã, fundada por Cristo e por seus apóstolos. Como vimos, a igreja Ortodoxa Grega e outras são da mesma época de fundação da igreja romana.Também nesse período houve um grupo que se separou do patriarcado de Constantinopla e fundou outra Igreja independente, a Nestoriana (498 dC.).