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EMBATE ENTRE O SOLA SCRIPTURA E O PENTECOSTALISMO NO SÉCULO XIX E XX
Os REFORMADORES não enfrentaram esse
problema relativo CONTEMPORANEIDADE E ATUALIDADE DE DONS ESPETACULARES COMO
LÍNGUAS, PROFECIAS, NOVAS REVELAÇÃO, SONHOS. Esse é um debate que é travado na
igreja cristã principalmente a partir de 1906 com o advento do Pentecostalismo,
que nasce na Rua Azuza, nos EUA, onde um grupo reunido disse ter recebido
manifestações dos DONS ESPETACULARES QUE CARACTERIZARAM A ERA APOSTÓLICA. O
Brasil foi muito afetado pelo Pentecostalismo porque muito cedo essa movimento
iniciado na Rua Azuza, em 1906 chegou por aqui. Já em 1910 o Pentecostalismo se
estabeleceu no Brasil.
Sola Scriptura, como já vimos,
significa que todas as práticas religiosas, doutrinas e cultos devem emanar
“somente” das Escrituras Sagradas. Pressupõe também que toda e qualquer “nova
revelação” e, portanto, extrabíblica, deve ser REJEITADA, pois a Escritura, o
Canon fechado, os 39 livros do VT e os 27 do NT, são SUFICIENTES PARA A IGREJA
DE CRISTO e inerrantes.
Era assim que pensavam os reformadores. É
assim que pensam os Reformados até hoje. Agora, perguntamos: É assim que
pensam os Pentecostais?
Para os PENTECOSTAIS, assim como para os CATÓLICOS, como já vimos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os CATÓLICOS DÃO À TRADIÇÃO E AS BULAS PAPAIS o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os PENTECOSTAIS, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES, que podem vir por “profecias”, “sonhos”, ou através das “línguas estranhas”.
Quantos casamentos feitos e
desfeitos; quantas “visitas pessoais” do próprio Deus nos arraiais
Pentecostais. Falam como se pela boca do próprio Deus: “eis que sou Deus que te
digo varão”. Quebra flagrante do terceiro mandamento. É mais do que claro que “as novas revelações” possuem, para os
pentecostais, status de regra de fé e de prática, posto que eles obedecem
cegamente a “ordem de Deus”, vinda diretamente de um “VASO”. Bom seria
que obediência se estendesse à voz de Deus publicada na bíblia. Mas não é esse
o caso, infelizmente. Alguém poderia
negar essa realidade?
O pressuposto Pentecostal de “ESCRITURA
TAMBÉM” e não “SOMENTE A ESCRITURA”, como defendiam os REFORMADORES, pode
causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são
diametralmente opostos. “ESCRITURA TAMBÉM” pode ser, e tem sido em muitas
ocasiões, TRAVESTIDO por “Somente Novas
Revelações, nada de bíblia”.
Permita-me ilustrar o que acabamos de
argumentar: há muitos anos atrás, em nossa igreja, uma irmã envolvida com o
Pentecostalismo recebeu a seguinte revelação: “seu atual marido não é o que
Deus escolheu para você”. Essa mesma “profecia” foi levada pela mesma
“profetisa” (pessoa com grande reconhecimento no meio pentecostal, possua cargo
ou não) a um membro da igreja Assembléia de Deus: “vaso, a sua atual esposa não
é a mulher que Deus escolheu pra você”. Resultado: ambos deixaram seus cônjuges
e passaram a viver maritalmente “felizes para sempre”. Detalhe: a tal profetisa
conhecia os dois pombinhos. Lembro que o conselho da igreja listou uma série
incalculável de versículos bíblicos para aquela irmã, na esperança de fazê-la
entender o quanto estava enlameada com o pecado de adultério. Sua resposta a
cada versículo era: “esse eu já sei
decorado, mas nada vai fazer eu mudar de ideia porque eu tenho a confirmação da
revelação de Deus na minha vida”. É ou não é “somente nova revelação e bíblia
nada”? Ela foi disciplinada, saiu da nossa igreja e foi fazer parte de
uma igreja Pentecostal com seu novo parceiro "canela de fogo".
Diante disso,
podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Scriptura”
é: “Escritura também, mas não só Escritura”.
A IPB, como uma igreja
reformada, ENTENDE QUE A BÍBLIA É SUFICIENTE E NÃO ACREDITA NA CONTEMPONEIDADE
DOS DONS ESPETACULARES. A IPB entende que eles CESSARAM COM O FECHAMENTO DO
CANOM BIBLICO.
Aliás, já havia profecia
quando ao encerramento desses dons. Leia I COR 13: 8-11. A TEOLOGIA REFORMADA TEM
ENTENDIDO QUE ESSE “PERFEITO” É A CONCLUSÃO DO CÂNON BÍBLICO, A COMPLETUDE DAS
ESCRITURAS, visto que todo o contexto anterior, como o capítulo 12 e o
posterior, como o 14 estão tratando de formas de Deus se revelar ao seu povo.
Agora leia Hebreus 1:1 –
João 14:6 e João 17:17
Palmer Robertson, escrevendo
sobre o fim, a cessação dos DONS ESPETACULARES, em seu livro "A palavra Final", faz a seguinte afirmação:
"O
término da atividade revelacional concretizado por Deus não deve ser lamentado
como se fosse algo como o expirar de um amigo predileto. Ao contrário, deve ser
visto como uma caixa repleta de joias que expõe à vista o inestimável tesouro
existente em seu interior. Por mais decorada e bela que seja a caixa, a
substância propriamente dita tem de ser encontrada na plena revelação do próprio tesouro que jaz no seu interior" (pg.62).
A Escritura Sagrada é esse tesouro e os dons espetaculares a bela caixa de deu lugar ao tesouro propriamente dito.
A
Confissão de Fé de Westminster, interpretação oficial da IPB sobre esse assunto
de ATUALIDADE OU CESSAÇÃO DOS CHAMADOS DONS ESPETACULARES, faz a seguinte
afirmação:
I. Ainda
que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo
manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam
inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus
e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em
diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela
sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o
mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e
malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda.
Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos
modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.Sal. 19:
1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb.
1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II
Pedro 1: 19. VI. Todo
o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele
e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na
Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se
acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por
tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima
iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus
e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de
ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras
gerais da palavra, que sempre devem ser observadas. II Tim.
3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor.
11:13-14.
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