Hoje, 17/04/2016, é um dia especialmente difícil pra nossa Presidente Dilma. Oremos por ela. Sim
ou não?
É certo que muitos pastores e líderes religiosos - militantes de oposição - dirão que não. Na verdade, talvez não digam com palavras; mas, quando participam de manifestações com intenção clara de retirá-la do poder, estão dizendo, sem dizer, que não estão orando por ela, pra que vá bem em seu governo. Talvez, contra ela sim. Fala-se até em oração imprecatória, isto é, oração de maldição contra a presidente Dilma, com o fim de que seja banida definitivamente.
Particularmente entendo que os políticos que estão tratando desse assunto no dia de hoje possuem total legitimidade legal para fazê-lo. É função deles, alguns até pastores que, abdicando de seus ministérios em igrejas, labutam por aquilo que acreditam na câmara e no senado. Não estarei me referindo a esses. Estão fazendo seu papel de político, sem entrar no mérito da questão do julgamento de valor.
A questão é: qual deve ser o papel da igreja? Qual deve ser o papel dos líderes religiosos e dos membros das igrejas?
Sem prejuízo das obrigações trazidas pela cidadania, entendo que, como igreja, apenas temos o papel de orar pela presidente. Orar por ela e não contra ela.
Existe vasta prova bíblica que nos leva a fazer isso e nenhuma que nos autorize a assumir, como igreja, uma postura de rebeldia, zombaria e desonra contra as autoridades constituídas pelo próprio Deus, a exemplo de:
"Exorto, pois antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda piedade e honestidade" (I Tm 2:1-2).
E se o "Rei" for corrupto? O papel da igreja não mudará, por isso.
Mas, entendam: não estou dizendo que um religioso não possa definitivamente assumir uma postura contundente contra um governante. Se entendermos que esse religioso também é um cidadão sujeito às mais variadas influências ideológicas, e, sendo assim, tem e assume posição política bem definida, isso lhe dará uma brecha para fazê-lo, se assim desejar. Contudo, deve fazer isso desprovido de suas prerrogativas religiosas, se é que isso é possível. Esqueçam que são pastores e líderes religiosos. Façam-no como cidadãos - apenas; se é que isso é possível. Mais ainda: não levem suas igrejas a desandarem a boca contra a presidente, como muitos estão fazendo, chamando-a de corrupta, antes mesmo de justo julgamento e sentença proferida por quem tem essa competência. Levem suas igrejas a orarem pela presidente e pela situação do país. Parece que esqueceram que Deus está no controle de tudo não é? Querem dar uma ajudinha para que Deus resolva essas questões?
Quando lemos os documentos Reformados sobre essa relação com nossos governantes, o que lemos? Vejamos o que lemos, mas já adianto: nenhuma palavra que dê base para que aja insurreição da igreja contra a presidente Dilma.
O Catecismo Maior de Westmister, ao interpretar o 5º mandamento, à pergunta 127: Qual é a honra que os inferiores devem aos superiores? Responde da seguinte forma:
"A
honra que os inferiores devem ao superiores é toda a devida reverência sincera,
em palavras e em procedimento; a oração e ações de graças por eles [...], a
manutenção de suas pessoas e autoridade".
O
mesmo documento Reformado à pergunta 128: Quais são os pecados dos inferiores
contra os seus superiores? Reponde:
"Os
pecados dos inferiores contra os seus superiores são: [...] o desprezo e a
rebelião contra suas pessoas e posições [...], a zombaria e todo comportamento
rebelde e escandaloso, que vem a ser uma vergonha e desonra para eles e para o
seu governo".
É certo que as perguntas 129 e 130 vão tratar dos deveres e pecados dos superiores contra os inferiores. Mas, nem a falta do cumprimento de seus deveres, nem seus pecados que atingem os inferiores são, em hipótese alguma, autorização para que esses não cumpram seus deveres para com os superiores ou mesmo para pecarem contra eles.
A presidente continuar no governo será bom para o Brasil? Penso até que não. Acho que o Temer assumindo a tendência é que as coisas melhorem e a crise, que é mais política que qualquer coisa. abrande. Porém, não me acho no direito de lutar pela sua saída. Que nossos legítimos representantes façam isso.
O impeachment não é golpe. Antes, pelo contrário, é um recurso constitucional e natural de democracias consolidadas. Isso não deveria nem mesmo gerar grandes celeumas à nação. Se há materialidade de crime para o prosseguimento do processo e, parece, O STF já disse que há, fim de papo.
Daí a dizer que a vontade da maioria esmagadora da população brasileira é a favor do impedimento da presidente, acho um julgamento temerário. Que base temos para tal afirmação? Os 06 milhões de manifestantes em todo o Brasil? E os outros 48 milhões que votaram em Dilma? Isso considerando que os 06 milhões é composto, também, por eleitores arrependidos de Dilma.
Na minha opinião. não há legitimidade para fazer tal afirmação. Teríamos essa confirmação em 2018. Mas, parece, não querem esperar. Medo de perder novamente? Medo de não ver a afirmação se confirmar?
Por fim, oremos pela Presidente neste dia particularmente difícil. Se ela não sair, o que é pouco provável, que venha 2018. Se ela sair, que venha 2018, onde realmente o povo poderá se manifestar democraticamente.
Quanto a mim, já vou avisando: não votarei em candidatos do PT em 2018. Provavelmente, por conta de alinhar ao lado da direita e dos pressupostos liberais, votarei em algum candidato com esse perfil. Mas isso é apenas a opinião de um cidadão, que tem esse direito. Mas não me copiem. Cada um com sua convicção.