Antes de tudo...
É
preciso entender que “Presbiteriano” não é o nome de uma igreja e, sim, o nome
de um regime de governo, onde alguns governam todos. Portanto, toda igreja que
é governada por presbíteros pode ser chamada de presbiteriana;
É
preciso entender também que a “Igreja Presbiteriana” não tem um governo
mundial, como a igreja católica, por exemplo. Portanto, não há nenhuma ligação governamental entre os presbiterianos existentes nos mais variados países e até mesmo há "presbiterianos" e "presbiterianos" numa mesma localidade, sem, contudo, terem nenhum tipo de relação eclesiástica, necessariamente.
É
preciso entender que existem várias “Igrejas Presbiterianas”; uma independente da outra. Por exemplo: Igreja Presbiteriana Conservadora, Igreja Presbiteriana Independente e muitas outras que têm se mantido fieis ao princípio de ter na bíblia sua única regra de fé e de prática. Outras, porém, tendo abraçado o liberalismo teológico, que relega as opiniões bíblicas a um plano quase que inexpressível, têm se desviado dos preceitos mais basilares da Reforma Protestante e da ortodoxia Cristã, a exemplo da Igreja Presbiteriana Unida e da PCUSA, ambas com um olhar inclusivo em relação à homossexualidade, permitindo até mesmo a ordenação de homossexuais ao ofício de ministros.
É
preciso entender, por fim, que o olhar que apresentaremos é o olhar da IPB – IGREJA
PRESBITERIANA DO BRASIL frente à difícil questão da homossexualidade.
Esse
OLHAR DOS “PRESBITERIANOS DO BRASIL” será dividido da seguinte forma:
a)
Do ponto de vista da definição da homossexualidade;
b)
Do ponto de vista bíblico;
c)
Do ponto de vista confessional;
d)
Do ponto de vista de seus documentos mais recentes.
Passemos
a analisar, portanto, cada um desses pontos de vista:
a) Do ponto de vista da
definição da homossexualidade:
TEORIAS
sobre as possíveis causas da homossexualidade:
a1) DETERMINISMO BIOLÓGICO: afirma
que os homossexuais simplesmente nasceram assim e que isso não pode ser mudado.
O principal ícone dessa teoria é Alfred Kinsey. Outro pesquisador, Simon Levay,
importante defensor dessa teoria, chega a afirmar que a causa da
homossexualidade é uma alteração nos
neurônios. O grande problema dessa
teoria é que Faltam evidências
empíricas comprobatórias;
a2) DISTÚRBIO MENTAL: afirma
que a homossexualidade é causada por distúrbios mentais. Em 1973 a Associação
Psiquiátrica Americana retirou a homossexualidade da relação de doenças mentais;
a3) FATORES PSICOSSOCIAIS: A
maneira como a criança é criada vai determinar sua sexualidade. A teoria Queer
parece seguir esse modelo teórico, levando-o ao extremo, afirmando que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o
resultado de um “constructo social”. Muitos desavisados e outros tantos por pura má-fé, têm
ensinado os conceitos da teoria Queer como uma verdade absoluta, como se fora
algo naturalmente dado e inquestionável. Mas ela é apenas uma teoria, carente,
inclusive, de provas factuais e inequívocas.
Um
fato digno de nota é que a maioria esmagadora das teorias anula o aspecto
volitivo do indivíduo homossexual.
a4)
Diante da falta de evidências inequívocas, as igrejas cristãs tradicionais, entre
as quais a IPB, entendem que é mais correto pensar na homossexualidade como uma
PREFERÊNCIA ADQUIRIDA. É
evidente que as influências psicossociais têm seu grau de comprometimento na
apresentação, influência e encantamento do indivíduo quanto à homossexualidade. Contudo, o fator
preponderante para causar a homossexualidade não é outro senão a decisão individual de adotar tal comportamento.
b) Do ponto de vista bíblico:
A
IPB é uma igreja Reformada que tem a bíblia como sua ÚNICA regra de fé e de
prática. Portanto, seu olhar sobre a homossexualidade,
antes de qualquer coisa, é o olhar da
bíblia sobre a homossexualidade, à luz da interpretação da Teologia
Reformada e da ortodoxia cristã.
Portanto,
nesse sentido, a IPB entende que a prática homossexual, juntamente com outras
práticas sexuais, como o adultério, a fornicação, prostituição e a bestialidade
(necrofilia, zoofilia, etc), são práticas pecaminosas;
pecado.
Por
que pecado? Porque são práticas CONTRÁRIAS ao que Deus determinou como práticas
naturais e adequadas, em sua palavra. Pecado é tudo que vá de encontro aos preceitos,
ordenanças e mandamentos de Deus.
Nesse
sentido, alguns ativistas homossexuais têm perguntado: O que fazer com o desejo
homossexual?
A
IPB, à luz das escrituras, entende que a tentação, em si, não constituí pecado.
Só há pecado quando o indivíduo cede à essa tentação. Logo, a resposta é a
mesma que seria dada para um homem
casado que se sente tentado por outra mulher ou para um jovem que quer transar
com sua namorada antes do casamento: A bíblia ensina que todas essas práticas são pecaminosas e praticá-las se
constitui desobediência à Deus, que claramente proibiu tais práticas em sua
palavra. Portanto, todos devem lutar para não cair nesses pecados.
Vejamos
alguns textos bíblicos que tratam da questão da homossexualidade:
ALGUNS
TEXTOS DO VELHO TESTAMENTO:
GN
1:26-27: Deus, portanto, criou os seres humanos à sua imagem, à imagem
de Deus os criou: macho e fêmea os criou. Deus os abençoou e lhes ordenou:
“Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e sujeitai toda a terra; dominai sobre
os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal que rasteja sobre a
terra;
Lv
18:22 Não te deitarás com varão, como se fosse
mulher; é abominação.
Dt
23:18 não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do
sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra
coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus.
1Re
15:12 Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos
os ídolos que seus pais tinham feito.
ALGUNS
TEXTOS DO NOVO TESTAMENTO:
Mateus
19:4-6 Não tendes lido que, no princípio, o Criador
os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só
carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem;
1Co
6:9 Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?
Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas;
1Tm
1:10 para
os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros,
e para tudo que for contrário à sã doutrina;
Rm
1:26-27 Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque
até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza;
semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se
inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão,
cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro;
C) Do ponto de vista confessional
A IPB, por ser uma igreja confessional, tem registrado,
de forma clara, tudo aquilo que confessa crer, através da Confissão de Fé de
Westminster e dos Catecismos Maior e Breve de Westminster. Vejamos:
CATECISMO MAIOR:
24.
Que é pecado? Pecado é qualquer
falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por
Ele dada como regra, à criatura raciona. Rom. 3:23; 1 João 3:4; Gal. 3:10-12.
138. Quais são os deveres
exigidos no sétimo mandamento?
Os deveres exigidos no sétimo mandamento são: castidade no corpo, mente, afeições, palavras e comportamento; e a preservação dela em nós mesmos e nos outros; a vigilância sobre os olhos e todos os sentidos; a temperança, a conservação da sociedade de pessoas castas, a modéstia no vestuário, o casamento daqueles que não têm o dom da continência, o amor conjugal e a coabitação; o trabalho diligente em nossas vocações; o evitar todas as ocasiões de impurezas e resistir às suas tentações.Jr 5:7; Pv 2:16,20;5:8,18,19;23:31,33;31:27; Mt 5:28; I Ts 4:4,5; Ef 4:29; Cl 4:6; I Pe 3:2,7; I Co 5:9;7:2,5,9; I Tm 2:9;5:13,14; Tt 2:4,5;
139.
Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento?
Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: adultério, fornicação, rapto, incesto, sodomia e todas as concupiscências desnaturais; todas as imaginações, pensamentos, propósitos e afetos impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas os olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imoderado; a proibição de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos [.. ] e todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós mesmos, quer nos outros.Lv 18:1-21;19:29;20:15,16; Jr 5:7; Pv 4:23,27;5:7,8; II Sm 13:14; II Rs 23:7; Ml 2:16; Ez 16:49; Gl 5:19; Ef 5:5,11; Mt 5:32;19:5,10-12;Mc 6:18,22; I Co 5:1,13;7:2,12,13; Rm 1:26,27;13:13,14;I Tm 4:3;5:14,15; I Pe 4:3; II Pe 2:17,18; Hb 13:4.
CONFISSÃO DE FÉ, CAPÍTULO XXIV - DO
MATRIMÔNIO E DO DIVÓRCIO
I. O casamento deve ser entre um homem e uma
mulher; ao homem não é licito ter mais de urna mulher nem à mulher mais de
um marido, ao mesmo tempo.Gen. 2:24; Mat. 19:4-6; Rom. 7:3. II. O matrimônio
foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação
da raça humana por uma sucessão legítima e da Igreja por uma semente santa, e
para impedir a impureza. Gen. 2:18, e 9:1; Mal.2:15; I Cor. 7:2,9.
C) Do ponto de vista de seus
documentos mais recentes
Manifesto Presbiteriano sobre a
PL-122:
II – Quanto à chamada LEI DA
HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao
homossexualidade é homofóbica, e caracteriza como crime essas manifestações, a
Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino
bíblico sobre o homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que
repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de
Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. Visto que: (1) a
promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias
individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que
surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união
estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de
benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos
sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria
vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a
exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a
interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na
própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão,
como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a
liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações
cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as
Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas
crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação
sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que
envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo
ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus
os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam
quea prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de
Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11). Ante ao exposto, por sua doutrina,
regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a
aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra
a prática do homossexualidade não é homofobia, por entender que uma lei dessa
natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo
em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados
principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos
Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na
missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre
a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais. Portanto,
a Igreja Presbiteriana do Brasil não pode abrir mão do seu legítimo direito de
expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento
humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a
todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo.Patrocínio, Minas Gerais, abril
de 2007 AD.Rev. Roberto Brasileiro Presidente do Supremo Concílio da Igreja
Presbiteriana do Brasil.
Nota: Palestra proferida no Fórum Interreligioso Petrôno Portela, em Jaboatão dos Guararapes:
Nota: Palestra proferida no Fórum Interreligioso Petrôno Portela, em Jaboatão dos Guararapes: