TEMA: O Ser de
Deus
ARGUMENTAÇÃO:
1º) Em primeiro
lugar, precisamos saber que uma das dificuldade para entender acerca do SER de
Deus é que a bíblia não está muito preocupada em afirmar a existência de Deus,
em provar a existência de Deus.
Se fosse essa a
preocupação das Escrituras deveríamos ter um sofisticado sistema de provas
sobre a existência de Deus. Mas, ao contrário, logo em Gêneses, o que temos? “No princípio criou Deus os céus
e a terra” (Gêneses 1:1). Nada sobre quem
Deus ou mesmo sobre o que é SER Deus.
Por conta disso,
uma série de argumentos filosóficos precisam ser postos, sobre a existência de
Deus. Quais sejam:
a) Argumento cosmológico
Defende que tudo que existe, existe de forma causal, isto é, foi causado
por algo ou alguém.
Aristóteles defendia também que “tudo que se move neste mundo tem que
ser movido por algo que não seja ele próprio”. Ele entende também que existe um
“motor que move todas as coisas”. Ele não chama esse motor de Deus, mas ele
reconhece a necessidade da existência desse motor.
Já Tomás de Aquino vai dizer que esse motor de Aristóteles é
precisamente Deus. Para ele: “Deus é a causa não causada que causou todas as
causas” (Tomás de Aquino).
b)
Argumento Teleológico
(telos=propósito)
Defende que tudo tem um propósito e,
assim sendo, também é necessário a existência de alguém que indique esse
propósito e que seja autor do projeto que terá um propósito.
Por exemplo, um relógio não veio de uma
explosão, de forma que tenha sido criado ao acaso e sem propósito. Alguém fez
não somente o projeto desse objetivo, mas também pensou acerca do propósito da
existência dele.
c) Argumento antropológico (antros=homem)
Homem não é apenas um ser físico, tem
senso moral, diferente de outros seres, intelecto, emoções e volição/vontade.
Essa distinção que lhe é característica só pode ter sido fruto de uma
comunicação de outro Ser que possui essas características.
d) Argumento Ontológico – Anselmo 1033
Parte da afirmação que a crença em Deus é universal. Todo homem
projeta a ideia de perfeição, de infinito. Ora, como um ser finito para
conceber algo infinito? Descartes vai dizer que isso é a assinatura do Criador
no homem.
2º) Em segundo
lugar, precisamos entender a diferença entre Ontologia e Teontologia. Essa
simples distinção falará sobre as propriedades do SER de Deus.
Ontologia
significa “estudo do ser” e consiste em uma parte da filosofia que estuda
a natureza do ser, a existência
e a realidade. É o estudo daquilo que se “É” e não das qualificações
que se possui.
Então, a
ontologia pode ser utilizada também para o estudo do SER de Deus?
Conceitualmente, não.
ONTOLOGIA
é o Ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada
um dos seres.
Ou
seja, a Ontologia estuda o que é inerente ao homem. Podemos pegar Adão como
modelo, para efeito didático. Adão tem senso moral, diferente de outros seres,
intelecto, emoções e volição/vontade. Isso é Adão, isso faz parte inerente do seu Ser.
Adão é um homem e não um vegetal; Adão é um homem e não um cachorro; por conta
dessas características. Mas não existe só Adão de homem, correto? Existem
outros homens e pra que seja considerado homem é preciso ter essas mesmas
características que foram identificadas em Adão, num ser em particular.
Adão e os homens
possuem essência e qualidades em distinção. Já Deus é tanto essência quanto seus
Atributos ou qualidades, não há distinção entre essência e qualidades.
Por isso não
podemos usar a Ontologia para estudarmos o SER de Deus, visto que ele é ÚNICO e
que não há ninguém como o Senhor. Ele possui algumas características inerentes
somente a ele, que nenhum outro ser possui.
Sproul chega a afirmar
corretamente que “apenas Deus “É” que apenas Deus tem SER, nós somos efêmeros, passageiros,
uma espécie de subproduto daquele que “É”.
Por isso, o
estudo acerca do SER de Deus é TEONTOLOGIA e não ONTOLOGIA.