Como já dissemos, o Dia de Descanso é, antes
de qualquer coisa, um grande benefício para o homem. Quando acordamos no
DOMINGO – nosso dia de DESCANSO, pela manhã, devemos orar agradecidos a Deus:
“Senhor, obrigado porque não estou obrigado aos meus afazeres cotidianos neste
dia. Não vou pegar ônibus lotado, metrô lotado, não vou me cansar com meus
trabalhos exaustivos, enfrentar trânsito e todas as dificuldades que são
próprias dos outros dias da semana.
Mas, dissemos DOMINGO? Se o mandamento manda
guardar o SÁBADO, porque, então, guardamos o DOMINGO?
Antes, precisamos entender algo sobre estes
dois termos: PRINCÍPIO
e NORMA.
Tanto o termo “Princípio” como o termo “Regra
ou Norma” foram emprestados do vocabulário jurídico. O princípio é mais geral e
abrangente; sua atuação é mais ampla e geralmente não pode ser modificado, por
ser um elemento fundante e regulador. A norma é mais específica, restrita e
pode sofrer variação.
No caso da guarda do dia de descanso também existe
um PRINCÍPIO e uma REGRA.
O
PRINCÍPIO é: “Trabalhar seis dias e descansar um”. Assim como
ocorre em todo princípio regulador, não há negociação. Ou seja, não tem como
modificar esse princípio para, por exemplo, “trabalhar cinco dias e descansar
dois” ou mesmo “trabalhar os sete dias e não descansar nenhum”. É função do
Princípio estabelecer que um dia em cada sete deve ser reservado para o descanso, mas
não é o princípio que estabelece qual será este dia, a NORMA o fará. O
Princípio é maior que a NORMA e a REGULA.
A
NORMA é responsável por estabelecer qual será este dia de
descanso, ordenado pelo PRINCÍPIO. No Velho Testamento a NORMA estabeleceu que
“o dia de descanso seria o sétimo, o sábado.
Perceba que é o PRINCÍPIO que regula a NORMA e não o contrário. Ou seja, não é possível mudar o que estabelece o PRINCÍPIO, isto é, “trabalhar seis dias e descansar um”. Já a NORMA, como toda norma, pode sofrer modificação, bastando para isso mudar a situação ou a percepção do legislador.
Perceba que é o PRINCÍPIO que regula a NORMA e não o contrário. Ou seja, não é possível mudar o que estabelece o PRINCÍPIO, isto é, “trabalhar seis dias e descansar um”. Já a NORMA, como toda norma, pode sofrer modificação, bastando para isso mudar a situação ou a percepção do legislador.
A essa altura você já deve ter percebido que
o que estamos dizendo é que o DIA DE DESCANSO, em si, pode ser mudando pelo legislador competente; só não
pode ser mudado o PRINCÍPIO que estabelece a necessidade do descanso. Ou seja, não é possível afirmar a não necessidade do "dia de descanso".
Os reformadores do século XVI, ao que parece,
não entendiam assim, em relação ao 4º mandamento. Eles:
Tinham seguido Agostinho e, em geral, o ensino medieval, negando que o
domingo fosse, em qualquer sentido, um dia de descanso. Eles afiançavam que o
sábado, prescrito pelo quarto mandamento, era um mandamento tipicamente judaico,
prefigurando o “descanso” proveniente do relacionamento com Cristo (PACKER,
1996, p.257).
Packer chega a dizer que os Reformadores
chegavam a ser incoerentes, pois seguiam Agostinho, que negava o Domingo como
dia de descanso, e, ao mesmo tempo:
Defendiam a autoridade divina e a obrigação de observar o quarto
mandamento, requerendo que um dia em cada sete fosse empregado na adoração e
serviço de Deus (e não guardavam o sétimo, como previa o mandamento – grifo
nosso), admitindo somente as obras de necessidade e de misericórdia (PACKER,
1996, p.259).
Fechando a questão sobre esse assunto, diz
Packer:
Nesse ponto, os
Puritanos foram à frente dos reformadores [...]. Eles, contudo, corrigiram essa
incoerência. De forma virtualmente unânimes, insistiram que [...], havia um princípio de um dia de
descanso [...] após cada seis dias de trabalho (PACKER, 1996, p.258).
A Confissão de Fé de Westminster é clara em
entender a existência do PRINCÍPIO e da NORMA no quarto mandamento. Vejamos:
Deus designou
particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por
Ele (aqui temos o princípio – grifo nosso); desde o princípio do mundo, até a
ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana (aqui temos a norma que estabelece o dia – grifo nosso); e desde a ressurreição
de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é
chamado Domingo, ou dia do Senhor (aqui também temos
a norma que modifica o dia – grifo nosso), e que há de continuar até ao fim do mundo como o
sábado cristão (WESTMINSTER, XXI, VII).
Vejamos os textos que demonstram o dia em que Cristo ressuscitou, bem como qual era o dia que a igreja
primitiva e, posteriormente, a igreja apostólica usavam para suas reuniões, depois da ressurreição de Cristo. É
fora de qualquer dúvida e é absolutamente claro que os cristãos primitivos não continuaram
guardando o sábado:
“No primeiro
dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada,
sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida” (Jo 20:1);
“Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os
discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco" (Jo 20:19);
“Passados
oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e
Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e
disse-lhes: Paz seja convosco” (Jo 20:26);
No primeiro
dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o
pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o
discurso até à meia-noite (Atos 20:7);
Quanto à coleta para os santos, fazei vós também
como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro
dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas
quando eu for (I Cor 16:1-2).
"Achei-me em espírito, no Dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como
de trombeta" (Apoc 1:10).
Historicamente a expressão "Dia do Senhor" tem sido interpretada, especialmente por teólogos ortodoxos como um sinônimo para o "Domingo", por conta da Ressurreição de Cristo.
Em Sermão pregado na manhã de Domingo de 13 de Abril de 1873, sobre o dia do Senhor, Spurgeon disse:
Historicamente a expressão "Dia do Senhor" tem sido interpretada, especialmente por teólogos ortodoxos como um sinônimo para o "Domingo", por conta da Ressurreição de Cristo.
Em Sermão pregado na manhã de Domingo de 13 de Abril de 1873, sobre o dia do Senhor, Spurgeon disse:
"O primeiro dia da semana comemora a ressurreição de Cristo, e, seguindo o exemplo apostólico, temos constituído o primeiro dia da semana como nosso dia de repouso. Isso não nos sugere que o repouso de nossas almas deve ser achado na ressurreição de nosso Salvador? Não é certo que uma clara compreensão da ressurreição de nosso Senhor é, através do Espírito Santo, o meio mais seguro de trazer paz as nossas mentes? Ser participante da ressurreição de Cristo é desfrutar desse dia de repouso que resta para o povo de Deus. Nós que temos crido no Senhor ressuscitado entramos no repouso, assim como Ele mesmo repousa a destra de Deus. Nele descansamos porque Sua obra foi consumada e Sua ressurreição é a garantia de que aperfeiçoou todo o necessário para a salvação de Seu povo, e nós estamos completos Nele".
É justo dizer que algumas interpretações entendem o "Dia do Senhor" ou o "Dia de Descanso", o Domingo, apenas como uma figura do descanso eterno. Porém, Certamente, encontramos na Ressurreição de Cristo, igualmente, os dois grandes motivos que serviram de base para o estabelecimento do Dia de Descanso, no VT (veja a postagem 1/3 dessa série sobre o Dia do Senhor), visto que a Ressurreição de Cristo é a causa fundante de toda a realidade espiritual. Afinal de contas, "se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé" (I Cor 15:14). São eles:
a) A CRIAÇÃO - à semelhança de Êxodo 20:2-11 (ver 2/3):
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura;
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (II Coríntios 5:17).
Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a
incircuncisão, mas o ser nova criatura (Gálatas
6:15).
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras (Apocalipse 21:1-5).
b) A LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO - à semelhança de Deuteronômio 5:14-15 (ver 2/3):
Em verdade, em verdade vos asseguro: todo aquele
que pratica o pecado é escravo do pecado (João 8:34).
Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus (Romanos 6:5-11).
Por fim, algumas questões bem práticas:
Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus (Romanos 6:5-11).
Por fim, algumas questões bem práticas:
a) As pessoas
no VT conseguiam guardar o mandamento porque se preparavam para isso: “de que,
trazendo os povos da terra no dia de sábado qualquer mercadoria e qualquer
cereal para venderem, nada comprariam deles no sábado, nem no dia santificado;
e de que, no ano sétimo, abririam mão da colheita e de toda e qualquer cobrança
(Neemias 10:31) e “Naqueles dias, vi em Judá os que pisavam lagares ao sábado e
traziam trigo que carregavam sobre jumentos; como também vinho, uvas e figos e
toda sorte de cargas, que traziam a Jerusalém no dia de sábado; e protestei
contra eles por venderem mantimentos neste dia (Neemias 13:15). Devemos
fazer o mesmo;
b) Veja
o que ensina o Catecismo Maior de Westminster: 118. Por que é o mandamento
de guardar o sábado (=Dia do Senhor ou Domingo) mais especialmente dirigido aos
chefes de família e a outros superiores? O mandamento de guardar o
sábado (=Dia do Senhor ou Domingo) é mais especialmente dirigido aos chefes de
família e a outros superiores, porque estes são obrigados não somente a
guardá-lo por si mesmos, mas também fazer que seja ele observado por todos os que
estão sob o seu cuidado; e porque são, às vezes, propensos a embaraçá-los por
meio de seus próprios trabalhos
(Ex 23:12).
c) Assim
como cabia à liderança do povo no VT cuidar para que o DIA DO SENHOR fosse
observado, cabe à liderança da Igreja hoje fazer o mesmo: “Conselhos e pastores
devem mostrar-se ATENTOS e ZELAR cuidadosamente para que o dia do Senhor seja
santificado pelo indivíduo, pela família e pela comunidade” (PRINCÍPIO DE
LITURGIA DA IPB. Capítulo I, Artigo 4);
d)
Se não conseguir guardar o dia inteiro, como prevê
o mandamento, comece aos poucos: vá à igreja pela manha e à noite, pelo menos; descanse
um pouco e assim você já terá dado um importante passo para a guarda desse mandamento
bendito, estabelecido para nosso próprio bem.
e) Apesar da existência de um "Princípio", que estabelece, claramente, que devemos "descansar um dia a cada seis trabalhados", esse princípio não nos autoriza a definirmos qual será o dia de descanso, como adequação às nossas necessidades e agendas. A norma do VT, atendendo a esse princípio eterno, estabeleceu o sétimo dia para ser o dia de descanso e a do NT mudou para o primeiro dia da semana, por conta da Ressurreição de Cristo. Não podemos definir, por nós mesmos, o dia a ser escolhido para ser o "dia descanso". Apenas alguém com autoridade inspirativa pode mudar a norma. Isto é, ninguém pode dizer que seu "dia de descanso" é a segunda-feira, por exemplo. Apenas a bíblia pode mudar a norma e só a vemos definindo o sétimo dia (no VT) e, depois, mudando para o primeiro dia (no NT, porque Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana; dia em que os apóstolos, com autoridade inspirativa, passaram a se reunir com a igreja de Cristo).
e) Apesar da existência de um "Princípio", que estabelece, claramente, que devemos "descansar um dia a cada seis trabalhados", esse princípio não nos autoriza a definirmos qual será o dia de descanso, como adequação às nossas necessidades e agendas. A norma do VT, atendendo a esse princípio eterno, estabeleceu o sétimo dia para ser o dia de descanso e a do NT mudou para o primeiro dia da semana, por conta da Ressurreição de Cristo. Não podemos definir, por nós mesmos, o dia a ser escolhido para ser o "dia descanso". Apenas alguém com autoridade inspirativa pode mudar a norma. Isto é, ninguém pode dizer que seu "dia de descanso" é a segunda-feira, por exemplo. Apenas a bíblia pode mudar a norma e só a vemos definindo o sétimo dia (no VT) e, depois, mudando para o primeiro dia (no NT, porque Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana; dia em que os apóstolos, com autoridade inspirativa, passaram a se reunir com a igreja de Cristo).