Participação do Editor do Blog Filosofiacalvinista no Programa Consensus, na Rádio Maranata, apresentado por Roberval Gois, sobre "O Cristão e os Símbolos Natalinos". Participou também como debatedor o Presb.Zé Carlos, da IPB/Areias.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
O CRISTÃO E OS SÍMBOLOS DO NATAL - PARTE 1/2
O Cristão pode ter uma árvore de natal, guirlanda, papai noel e outros símbolos natalinos em suas casas e ao mesmo tempo ser coerente com aquilo que diz crer?
Não se trata de ser ou não pecado possuir esses "símbolos do natal" e, sim, de ser ou não coerente.
Antes de responder a primeira pergunta, responda esta: é coerente o cristão usar o coelho da páscoa para lembrar e ensinar acerca da páscoa bíblica, sacramento do VT que foi substituído pela Ceia do Senhor? Obviamente que não. O símbolo "da páscoa" chamado de "coelho da páscoa" desvia completamente o olhar do verdadeiro sentido da páscoa. A falta de coerência na utilização desse símbolo reside, principalmente, no fato de que os símbolos ou elementos, tanto do sacramento do VT - a páscoa - quanto do sacramento do NT, que substituiu aquele - a ceia - já foram previamente definidos na Escritura Sagrada: cordeiro, ervas amargas, pão sem fermento e pão e vinho, respectivamente. Cada um desses símbolos carregados de significados, em plena harmonia com o que representam.
Precisamos estar atentos em relação aos símbolos que usamos. Os símbolos nada são, em si. Eles apenas apontam para uma realidade. Por exemplo: o pão e o vinho, quando separados do uso comum, num cenário de Ceia, apontam para o corpo e o sangue de Cristo. A conexão entre os símbolos e a realidade que representam precisa ser harmônica. Se substituirmos o pão e o vinho por suco de maracujá e empada, por exemplo, esses "novos elementos da ceia" não poderão apontar para e simbolizar o corpo e o sangue de Cristo. A harmonia entre o símbolo e aquilo que simbolizam terá sido perdida flagrantemente.
A questão dos símbolos natalinos trazem consigo uma dificuldade a mais: a bíblia não define qual ou quais são os símbolos relativos ao nascimento de Cristo, como o faz em relação a Páscoa e à Ceia. Claro que aqui caberia até voltar ao debate se o cristão deve ou não comemorar o Natal. Contudo, não é essa nossa intenção, tendo em vista que já fizemos essa abordagem em outra postagem Se tiver interesse acesse: http://filosofiacalvinista.blogspot.com.br/2011/12/natal-os-dois-lados-da-moeda-uma.html.
Queremos, aqui, fornecer ao cristão o mínimo de coerência prática na escolha do símbolo de natal que usará, já que insiste em usá-lo.
Queremos, aqui, fornecer ao cristão o mínimo de coerência prática na escolha do símbolo de natal que usará, já que insiste em usá-lo.
Por que precisamos refletir sobre isso? Porque alguns símbolos podem estar sendo usados para desviar a atenção do verdadeiro sentido do que supostamente estão simbolizando.
Em algumas comunidades não cristianizadas é completamente possível a comemoração do Natal sem que sequer se saiba do nascimento e até da existência de Jesus. Ou seja, um natal sem Jesus. O natal, para outros, é apenas uma festa consumista onde se dá e se recebe presentes, com o estímulo da figura de um bom velhinho chamado papai noel, que comanda um grupo de duendes, que vive numa terra coberta de neve, onde tem renas e os famosos pinheiros, de onde vem a ideia da árvore de natal, bem como outros símbolos usados. E Jesus? Jesus? Bem, Jesus é uma figura dispensável no seu próprio natal. Essa não é uma realidade distante de nós: onde está Jesus na decoração de natal dos shopping centers? Ninguém percebe Sua ausência.
O que árvore de natal, guirlanda, papai noel, duendes, renas, neve e a maioria dos símbolos natalinos têm a ver com o nascimento de Jesus? Eles, de fato, apontam para o nascimento de Jesus, como deve fazer um símbolo que aponta para uma realidade?
Se você é alguém que conhece o mínimo da narrativa do nascimento de Jesus certamente dirá: "absolutamente nada". Neve? Jesus nasceu numa região desértica, lembra?
A essa altura já deve ter ficado claro pra você que alguns símbolos servem para desvirtuar o verdadeiro significado do natal ou ainda servem para apontar para uma direção completamente aposta a da manjedoura e, consequentemente, da cruz. Servem, na verdade, para levar a pessoa para bem longe de Cristo.
Parece que a intenção é bastante clara: fazer com que as pessoas esqueçam completamente que o natal é o próprio nascimento de Jesus. É aí onde você entra. Quando você utiliza símbolos como papai noel, árvore de natal, guirlanda e tantos outros símbolos natalinos, que nada têm a ver com o nascimento de Jesus, você está contribuindo para que as pessoas se afastem cada vez mais do verdadeiro sentido do natal. Que contradição, não?
Logo você que se diz servo de Cristo contribuindo e investindo até dinheiro na divulgação de símbolos natalinos que têm um o objetivo de tirar Jesus do natal; fazer com que as pessoas esqueçam completamente que natal tem a ver com Seu nascimento. Ou seja, você está literalmente, ainda que indiretamente através desses "símbolos natalinos", fazendo uma contra-pregação da obra de Cristo. Isso não parece ser uma bem sucedida estratégia maligna? Em última análise você está contribuindo com isso e nem se dá conta.
Então, o cristão não deve utilizar nenhum símbolo natalino? A princípio não precisa. A própria bíblia não estabelece nenhum símbolo para que lembremos do nascimento de Jesus, assim como o faz para que lembremos de sua morte e ressurreição, como ocorre no sacramento da Ceia.
Contudo, há um símbolo natalino que, de fato, aponta para Jesus. Se você faz questão de usar algum, então, que seja este: o famoso pisca-pisca. Ele é uma referência clara à estrela de belém, também chamada de estrela natalina. Todos os outros símbolos do natal afastam o olhar para longe da manjedoura, para longe do nascimento de Jesus. Esse símbolo natalino, porém, de alguma forma, aproxima, aponta e lembra o nascimento e a obra redentora de Cristo Jesus, visto que ele também é apresentado nas Escrituras como "a luz do mundo", conforme Isaías 9:2; João 1:4-5; João 9:5 e João 8:12, quando Ele mesmo afirma acerca de si: "Eu sou a luz do mundo. quem segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida".
«Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera; e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra» (Mateus 2:7-10).
Portanto, não contribua para promover o esquecimento do verdadeiro sentido do natal - que é o nascimento de Jesus -, utilizando "símbolos supostamente natalinos" que só servem para desviar a atenção, repetimos insistentemente, da manjedoura e, consequentemente, da cruz. Pense nisso.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
BREVES REFLEXÕES SOBRE SOBERANIA DE DEUS E RESPONSABILIDADE DO HOMEM
O Decreto eterno de Deus tem como certo TODAS AS COISAS que Deus DECRETOU. Elas não acontecem porque Ele as anteviu por sua presciência,
mas porque decidiu que fossem assim. A PROVIDÊNCIA de Deus cuida para que
Seus DECRETOS ocorram no tempo.
O Decreto de Deus contempla também a liberdade do
homem, que decide CONTINGENCIALMENTE de acordo com suas próprias
inclinações. Deus, através de sua Providência, EM ALGUNS CASOS,
não age positivamente para modificar a VONTADE e decisão do homem para
fazer cumprir o seu decreto, posto que a escolha CONTINGENCIAL que o
homem fez livremente (o que significa que podia ter decidido de outra forma) já
CONTEMPLA o que fora decretado na eternidade, como o que ocorreu com
Judas. Havia um decreto que Cristo morreria na cruz. As escolhas LIVRES e RESPONSÁVEIS de Judas, motivadas simplesmente por sua ganância e
avareza, sem nenhuma intervenção propositiva da providência e sem que
houvesse nenhuma inclinação sobrenatural do seu coração, mas apenas por
sua livre vontade de obter lucro, se encarregaram de conduzir o processo
COMO ESTAVA DECRETADO ANTECIPADAMENTE.
Em OUTROS CASOS, porém, quando a
escolha CONTINGENCIAL do homem vai de encontro ao que foi decretado por
Deus, Sua providência age positivamente para corrigir os rumos da
história e assegurar o cumprimento do decreto de Deus. Nesse caso, temos
uma ação divina que contraria e intervém na VONTADE EXTERNA do homem,
assim como um pai que proíbe um filho de executar seu querer, sem,
contudo, mover seu coração para deixar de querer o que queria antes.
Um
exemplo desse segundo caso é o que aconteceu com Jonas. Havia um
decreto que os moradores de Nínive se converteriam a Deus. Jonas, porém,
agiu de forma contrária ao que estava decretado. Se não houvesse a
intervenção da providência, de forma assertiva e até contrária à vontade
de Jonas, esse decreto não poderia ter sido executado como previsto
para aquele momento histórico. Porém, como não há possibilidade de não
ocorrer o que foi decretado, a providência de Deus utilizou-se até mesmo
de meios não convencionais, fazendo até um grande peixe cuspir gente,
para assegurar que seu decreto eterno fosse finalmente executado no
tempo e na história.
Resumindo: Deus é soberano e o homem é responsável. Deus decreta absolutamente tudo que acontece, mas isso não exime o homem da culpa que lhe cabe.
Resumindo: Deus é soberano e o homem é responsável. Deus decreta absolutamente tudo que acontece, mas isso não exime o homem da culpa que lhe cabe.
BREVE REFLEXÃO SOBRE O CRISTÃO E A LINGUÁGEM TORPE
"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for
boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça
aos que ouvem" (Ef 4:29).
Um cristão não deve e não pode desandar sua boca em palavrões; assim como, naturalmente, mesmo não sendo cristã, uma pessoa decente e educada tb não o faz. Cabe a cada um o dever de refrear sua própria língua, sob pena de uma desnecessária exposição do sobrenome de cristão, da igreja, do princípio escriturístico acima e do próprio Cristo.
Um cristão não deve e não pode desandar sua boca em palavrões; assim como, naturalmente, mesmo não sendo cristã, uma pessoa decente e educada tb não o faz. Cabe a cada um o dever de refrear sua própria língua, sob pena de uma desnecessária exposição do sobrenome de cristão, da igreja, do princípio escriturístico acima e do próprio Cristo.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
ELEIÇÃO INCONDICIONAL E A GRATIDÃO - PARTE 2/3
O QUE DIZEM OS
DOCUMENTOS REFORMADOS, AGOSTINHO E OUTROS TEÓLOGOS SOBRE A DOUTRINA DA ELEIÇÃO?
No sínodo
de Dort, foi elaborada a seguinte contra-argumentação, relativamente ao
condicionamento ou não da eleição do homem, por Deus, a algum movimento ativo
desse homem:
Esta
eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do
mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por
graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua
vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua
integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou
mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São
escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e
Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação (DORT, 1996, p.34).
Agostinho
também subscrevia uma eleição incondicional, como afirma:
Procuremos
entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram,
mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência
desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu
que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam
escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta
interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes (AGOSTINHO,
1999, p.194).
Como bem
afirma Spencer, em seu famoso livro TULIP:
Se a eleição dependesse do homem, ele nunca creria,
porque o homem é totalmente depravado e incapaz de fazer aquilo que é bom aos
olhos de Deus. Deixando a si mesmo para decidir-se por cristo, sem que antes a
fé lhe seja outorgada por um ato de Deus, o homem nunca irá a Cristo”.
(SPENCER, 1992. p.39).
Já a Confissão de Fé de Westminster, afirma:
Ainda que
Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias
imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou
como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições Ref. At. 15:18;
Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18.
E ainda:
Segundo o
seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua
vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória
eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua
gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por
previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra
coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. Ref. Ef.
1:4, 9, 11; Rom. 8:30; II Tim. 1:9; I Tess, 5:9-10; Rom. 9:11-16; Ef. 1: 19: e
2:8-9. (WESTMINSTER, 1999. p.13)
ANÁLISE DE TEXTOS:
Analisemos
o texto Escriturístico:
Ai de ti,
Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado
os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido,
assentadas em pano de saco e cinza (Lucas 10:13).
Nesse
texto, fica muito evidente que o decreto de Deus sobrepõe-se à sua presciência.
Deus conhece todas as possibilidades, evidentemente, mas permite acontecer tão
somente o que já de antemão decretou.
A
confissão de Westminster, em seu capítulo sobre os “Eternos decretos de Deus”,
faz as seguintes afirmações:
Ainda que
Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias
imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou
como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições Ref. At. 15:18;
Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18.
E ainda:
Segundo o seu eterno e imutável
propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes
que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que
são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os
escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas
obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o
movesse, como condição ou causa. Ref. Ef. 1:4, 9, 11; Rom.
8:30; II Tim. 1:9; I Tess, 5:9-10; Rom. 9:11-16; Ef. 2:8-9. (WESTMINSTER, 1999.
p.13)
Sobre
Romanos 9, Sproul,
em um de seus vídeos, afirma:
Vejo
dois grupos de homens. A um grupo ele permite que pereça. Acaso há injustiça
aqui? Claro que não. Um grupo recebe graça e o outro grupo recebe justiça.
Porém, nenhum dos grupos recebe injustiça.
CONCLUSÃO: uma vida
agradecida
Concluímos
com o Salmos 73:24-26. O salmista Asafe se viu numa situação de profunda depressão
ao olhar para os outros e perceber que eram sadios e que viviam regaladamente, no
que diz respeito às finanças. “Faltou pouco para que seus pés desviassem”, como
ele mesmo afirma. “Até que entrou no santuário de Deus”, isto é, até que começou
a ver as coisas a partir do ponto de vista de Deus. Ele acaba reconhecendo que nada
mais importa nessa vida; que Deus já o havia coberto de todas as bênçãos espirituais,
além da mais importante de todas: a salvação. Nada mais importava. O eleito de Deus
deve ter essa profunda convicção. Ainda que Deus não o abençoe com absolutamente
mais nada, ainda assim terá razão de sobra para adorar a Deus e bendizer seu Santo
nome.
domingo, 13 de novembro de 2016
ELEIÇÃO INCONDICIONAL E A GRATIDÃO - PARTE 1/3
INTRODUÇÃO:
Você
sabia que o Arminianismo também crê na doutrina da Eleição? Embora essa seja
uma doutrina que tem caracterizado o Calvinismo, os Arminianos também acreditam
nela. Na verdade, não daria para negá-la diante de tantos textos e tantas
evidências escriturísticas.
Mas,
obviamente que a INTERPRETAÇÃO ARMINIANA da doutrina da Eleição difere da
INTERPRETAÇÃO CALVINISTA, da INTERPRETAÇÃO REFORMADA.
Antes
de abordar a diferença entre essas duas formas de interpretar a mesma doutrina,
vamos conhecer o contexto histórico desse embate teológico, que já perdura por
séculos:
CONTEXTO HISTÓRICO:
Podemos
pensar na doutrina da ELEIÇÃO como sendo parte de uma corrente. Então temos uma
corrente ARMINIANA e uma corrente CALVINISTA, cada uma com CINCO ELOS. A
doutrina da ELEIÇÃO é um desses elos.
A
corrente ARMINIANA ficou conhecida como OS CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO e a corrente CALVINISTA como OS CINCO PONTOS
DO CALVINISMO.
Os Cinco
Pontos do Calvinismo foram formulados em resposta a um “documento” que ficou conhecido na história como “Remonstrance” ou “Protesto”, que fora
apresentado ao Estado da Holanda pelos “discípulos”
do professor de um seminário holandês chamado Jacob arminius (1560-1600), com o
objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda
(Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo-os pelos ensinos do
seu mestre.
Mesmo
estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de
Pelágio e Erasmo, no que se
refere à livre vontade do homem.
Desta
forma, a única razão pela qual “Os Cinco Pontos do Calvinismo” foram elaborados
era a de responder ao documento
apresentado pelos discípulos de Arminius. Perceba que quem começou a
provocação foram os Arminianos.
Em
1618, um Sínodo Nacional da Igreja reuniu-se em Dort para examinar os ensinos de
Arminius à luz das Escrituras. Depois de 154 calorosas sessões, que consumiram
sete meses, Os Cinco Pontos do Arminianismo foram considerados contrários ao
ensino das Escrituras e declarados heréticos.
DEFININDO OS TERMOS:
DEFININDO OS TERMOS:
Qual
a diferença então entre a interpretação Arminiana e Calvinista da doutrina da
Eleição?
A
diferença está BASICAMENTE na adjetivação que se dá à doutrina da ELEIÇÃO.
a) Os ARMINIANOS dizem que a ELEIÇÃO é CONDICIONAL
b) Os CALVINISTAS dizem que a ELEIÇÃO é INCONDICIONAL
Vamos definir os termos, então:
a) Os ARMINIANOS dizem que a ELEIÇÃO é CONDICIONAL
b) Os CALVINISTAS dizem que a ELEIÇÃO é INCONDICIONAL
Vamos definir os termos, então:
a)
ELEIÇÃO é CONDICIONAL:
Deus olha para o futuro e
ver as pessoas que irão crer nele e as que não irão crer. Com base nessa
presciência, nessa antevisão, nessa visão antecipada do futuro, nesse atributo
incomunicável da PRESCIÊNCIA e só por isso, DEUS resolve eleger, salvar ou
melhor, REGISTRAR a eleição do homem, por conta de sua boa atitude de CRER EM
DEUS.
b) ELEIÇÃO
INCONDICIONAL:
O segundo ponto do Calvinismo,
Eleição Incondicional, tem por objetivo combater o também segundo ponto do
arminianismo – Eleição Condicional -. Armínius e seus seguidores acreditavam
que Deus havia elegido os homens que elegeu baseado em seu pré-conhecimento ou
presciência. Ou seja, Deus anteviu aquele que iria, por seu próprio mérito,
(não podemos esquecer que o homem arminiano é um homem que ainda está
habilitado, mesmo depois da queda, a buscar a Deus mesmo sem que,
necessariamente, haja alguma intervenção divina para isto) crer Nele, e, por conta
disso, o elegeu. Isso faz de Deus um mero jornalista que apenas registra os
“atos soberanos” do homem.
Na visão
calvinista, diferentemente da arminiana, nada havia no homem, que fosse
condição, a seu favor, para que justificasse um merecimento, por menor que
seja, muito menos ainda um merecimento do tamanho da salvação eterna.
A eleição
de Deus baseou-se exclusivamente por sua graça (que por definição já denota um
favor não merecido) e imensa bondade. Isso faz de Deus o autor da salvação e
não apenas um coadjuvante dos direcionamentos humanos.
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
QUEREM DINIMUIR AINDA MAIS O TRABALHO DOS PASTORES
Tenho
postado e chamado a atenção dos pastores, no bom sentido e de forma geral, não
pensando, obviamente, em nenhum especificamente, de que eles precisam TRABALHAR
MAIS e se DEDICAR MAIS às igrejas locais, onde pastoreiam.
Em 2011
publiquei a polêmica postagem "Fórmula pra saber se seu pastor ganha
bem", que pode ser lida clicando no link: http://filosofiacalvinista.blogspot.com.br/2011/07/formula-pra-saber-se-seu-pastor-ganha.html.
Quando
trato desse assunto meu objetivo é um só: que a igreja local seja mais
beneficiada com o importante trabalho do seu pastor.
Na
contramão da maioria dos membros das igrejas locais, que entendem, percebem e
precisam que seus pastores se DEDIQUEM MAIS ao seu ministério local,
recentemente tive o desprazer de ler um texto no facebook, cuja a tônica era
"15 motivos pelos quais seu pastor não deve
visitar muito". Pior: esse texto foi compartilhado e até
ovacionado por muitos pastores. Imagino que muitos devem ter marcado os membros
de suas igrejas, para que pudessem ler o infame texto. Lamentável!
O infeliz
texto, em nossa opinião, traduzido para o português, é de autoria de Tom
Rainer. Alguém conhece? Vou transcrever cada um dos 15 motivos pelos
quais o pastor não deve visitar muito e tentar comentar um a um (os comentários
estarão em vermelho). Segundo o autor, PASTOR
VISITAR MUITO:
1- Não
é bíblico. Efésios 4.12 diz que pastores devem treinar os santos ou
crentes para fazerem a obra do ministério. Isso significa que os pastores não
devem fazer toda a obra. Usar esse texto de
Efésios para defender tal ideia chega a ser desonesto. Por esta mesma forma
tacanha de interpretação cabe até dizer também: "pastores não devem pregar
muito; devem treinar os santos ou crentes para fazerem a obre do ministério".
2- Priva os membros de
seus papéis e oportunidades. A segunda parte de Efésios 4.12
claramente nos informa que o ministério é para toda a igreja. Quando o pastor
faz tudo ou a maior parte do ministério, os membros são privados de uma oportunidade
dada por Deus. Que ministérios? Da muita
visitação? Tá de brincadeira?
3- Fomenta uma mentalidade
de clube de campo. “Nós pagamos o salário do pastor. Ele trabalha para nós,
para fazer a obra e nos servir”. Dízimos e ofertas tornam-se mensalidades de
clube de campo a serem usufruídas. Repito:
pela mesmíssima argumentação furada se poderia dizer o mesmo em relação à
pregação, por exemplo. Pastores: não caiam nessa; isso vai ser um tiro no pé.
Daqui a pouco os senhores não farão mais nada e a igreja vai acabar percebendo.
4- Desvia
uma igreja interiormente. Os membros ficam perguntando o que o pastor
está fazendo por eles, em vez de perguntarem-se como eles podem servir outros
através da igreja. Ou seja, pague a côngrua pastoral
em dias, 13º, férias, etc, mas não cobre nunca dele dedicação e cuidado com o
rebanho.
5- Diminui
a preparação do sermão. Esses mesmos membros que se queixam que o pastor
não dedicou tempo suficiente no sermão são os mesmos que esperam que o ele os
visite. Esse ponto chega a ser patético. Até parece
que quando o pastor não está visitando está “preparando o sermão”. E o tempo
que ele gasta: a) levando o filho na escola, b) malhando na academia, b)
almoçando com outros amigos pastores, c) jogando futebol, d) indo ver o jogo do
seu time, e) viajando, f) cuidando de outra atividade profissional, g) fazendo
Faculdade ou outro curso qualquer para crescimento pessoal e etc, não conta?
Detalhe: a maioria dos pastores são de “tempo integral”. Pra quem?
6- Tira
o foco externo do pastor. Se os pastores passam todo ou maior parte do
seu tempo visitando, como se pode esperar que eles entrem na comunidade e
compartilhem o evangelho? Ai, aí, releia a parte em
vermelho do ponto 5.
7- Subtrai
a liderança essencial do pastor. Como podemos esperar que os pastores
liderem se não lhes damos tempo para tal, uma vez que estão ocupados com a
visitação de membros? Tá bom! Quando não está
visitando ele está liderando? Ok!
8- Fomenta
comparações perniciosas entre os membros. “O pastor visitou os Silvas duas
vezes este mês, mas me visitou apenas uma”. O que
dirão aqueles (a grande maioria) que nunca receberam uma visita do pastor?
9- Nunca
é o suficiente. Quando as igrejas esperam que seus pastores façam a maior
parte das visitas, elas possuem uma mentalidade de concessão de direitos. Tal
mentalidade nunca pode ser satisfeita. Vamos mandar
todos os membros aos seminários para saberem o que vão dizer nas visitas. As
pessoas querem e precisam uma visita de alguém preparado para lhe dar com seus
conflitos: o pastor;
10- Conduz
ao esgotamento pastoral. Aos pastores, é impossível manter o ritmo que
se espera de todos os membros cumulativamente, especialmente na área da
visitação. Pois é! Academia, envolvimento com outras
atividades profissionais e/ou acadêmicas para fins de crescimento pessoal,
familiares, etc, não né?
11- Conduz
a uma alta rotatividade pastoral. O esgotamento conduz à rotatividade
pastoral. Ministérios de curta duração não fazem bem às igrejas. Reler a parte em vermelho do ponto 10.
12- Restringe
o crescimento da Grande Comissão da igreja. Um dos grandes obstáculos
para o crescimento de igrejas é a expectativa de que uma pessoa faça a maior
parte do ministério, especialmente a visitação. Esse tipo de dependência
resulta numa restrição ao crescimento. Sério? A
grande comissão era pra os membros das igrejas visitarem-se uns aos outro?
Sabia não!
13- Leva
os pastores a obterem seus reconhecimentos da fonte errada. Eles se tornam
agradadores de pessoas, em vez de agradadores de Deus. Confesso que esse eu não entendi. Devo tá pensando errado.
Acho que o autor não escreveria uma besteira tão grande!
14- Faz
com que membros de igrejas bíblicas deixem-nas. Muitos dos melhores
membros de igrejas as deixarão porque sabem que a igreja não foi feita para
funcionar dessa maneira. A igreja, assim, fica mais fraca. Tá apelando?
15-
É um sinal de que a igreja está morrendo. Os dois comentários mais
comuns de uma igreja que está morrendo são: “Nunca fizemos isso desse jeito
antes”, e “Por que o pastor não me visitou?”. Se o
pastor visitar muitos membros é sinal que a igreja está morrendo? Tô preocupado
para que os pastores não morram de estafa.
É mais que evidente que ninguém normal quer que o pastor passe todos os dias e todas as horas disponíveis em visitação. Só alguém muito retardado pra pensar que se pensa assim. Você pode dizer também que a presente análise não é séria e está cheia de "gracejos". Bem, é possível. Peço desculpas: é que esse tipo de assunto irrita de forma particular.
É mais que evidente que ninguém normal quer que o pastor passe todos os dias e todas as horas disponíveis em visitação. Só alguém muito retardado pra pensar que se pensa assim. Você pode dizer também que a presente análise não é séria e está cheia de "gracejos". Bem, é possível. Peço desculpas: é que esse tipo de assunto irrita de forma particular.
O Pastor
Thabiti Anyabwile, em seu livro "Encontrando Presbíteros e Diáconos
fiés", publicado pela editora Fiel, faz uma afirmação bem interessante e
que nos leva a refletir sobre o trabalho que o pastor deve executar em sua
igreja local. Diz ele:
Um pastor vigia sua vida
quanto ao descanso e a recreação necessários. Deve haver descanso adequado e
recreação apropriada na agenda de um pastor. Para estar certo de que tem o
descanso devido, o pastor deve receber com agrado comentários sobre sua agenda
de atividades e de seus hábitos de trabalho" (ANYABWILE, 2015, p.214).
Mas, será
mesmo que a maioria de nossos pastores ouviriam, sobre sua agenda de trabalho:
"o senhor precisa descansar, está trabalhando muito, estudando muito,
visitando muito"?
Abordando
especificamente sobre a questão da visita, o Pastor Franklin Ferreira, sobre o
ministério do Puritano Richard Baxter, autor de “O pastor Aprovado”, afirma:
Sua prática consistia
em visitar
sistematicamente as famílias, com o propósito de tratar espiritualmente
com cada uma delas. Baxter visitava sete ou oito famílias por dia, duas vezes por
semana, a fim de visitar todas as oitocentas famílias de sua congregação a cada
ano. “Primeiramente eu as ouvia recitar as palavras do catecismo ele
usava o Breve Catecismo de Westminster,18 e então examinava as respostas
quanto ao seu sentido, e, finalmente, exortava as famílias, com toda a
capacidade de raciocínio e veemência, a fim de que tais estudos resultassem em
sentimento e prática. Eu passava cerca de uma hora com cada família”.Conforme: http://www.monergismo.com/textos/pastores/servo_baxter.pdf
Joseph A. Pipa Jr, em
brilhante artigo sobre “A tarefa esquecida da visita pastoral”, afirma:
Minha primeira visita pastoral foi a primeira
que fiz quando era um jovem pastor. Naquele tempo, eu já estava na igreja há onze anos.
Meu caso não era
único na época e nem o é hoje. Estou certo de que muitos de vocês
irão se identificar com a minha experiência. De fato, muitos leitores não
reconhecerão que estavam sendo privados de algo que era uma parte essencial da
experiência da igreja. Em nossos dias, o trabalho pastoral é absurdamente
negligenciado. Muitos pretensos pastores enchem suas vidas de assuntos
administrativos ou acadêmicos de forma que eles possuem pouco tempo para as pessoas do rebanho.
Outros têm igrejas tão grandes que não conseguem sequer começar a
pastorar os membros de suas congregações. Cada vez mais, esses homens
abordam a supervisão congregacional como se fossem o Chefe do Poder Executivo. Mas, mesmo em
nossas pequenas igrejas reformadas, o ministro frequentemente negligencia o
importante trabalho de pastorear. Muitos membros de igreja
somente recebem visita quando estão doentes (e olhe lá). Não podemos saber a condição de nosso rebanho
ou ministrar efetivamente a ele sem fazer cuidadosamente o trabalho de
visitação às famílias. Além disso, esse trabalho é necessário para a
cimentação da verdade e de seus resultados na vida das pessoas.
Ele ainda afirma:
Historicamente,
a visitação pastoral era parte do trabalho esperado de um pastor reformado. Nossos pais na fé
levaram essa parte do trabalho ministerial muito a sério. Calvino, os
Puritanos, os Ministros Escoceses e os Presbiterianos e Batistas Americanos era
comprometidos com o trabalho da visitação pastoral. A respeito dos puritanos,
Parcker escreveu: Baxter separava dois dias por semana, terças e quartas, para
realizar esse trabalho. Cópias do Breve Catecismo de Westminster
foram distribuídas para todas as famílias da paróquia (cerca de 800). A reunião
do conselho acontecia uma semana antes de famílias a serem visitadas serem
contatadas já com o tempo e o lugar das visita. Dessa forma, Baxter visitava por
volta de 15 famílias por semana.
Pipa finaliza:
Uma
palavra aos ministros. Nós ouvimos muito, e ainda bem que sim, sobre igrejas
comprometidas com os meios de graça. Pois eu digo que se em seu ministério não há espaço para uma
sistemática visitação pastoral, então você está negligenciando um importante
meio de graça. Eu desafio você a repensar sua filosofia
ministerial. Se
você não tem feito regulares visitas pastorais, eu encorajo você a
se arrepender e a buscar pela graça de Deus para começar imediatamente. Conforme:
http://reforma21.org/artigos/a-tarefa-esquecida-da-visita-pastoral.html
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
A CONTRIBUIÇÃO DO CALVINISMO NA CRIAÇÃO DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL À ÉTICA E À MORAL, A PARTIR DA ATITUDE INDIVIDUAL - Parte 3/3
Essa nova atitude
traz profundas implicações éticas e morais, criando no “eleito”, naturalmente,
uma espécie de doutrina da “prova” de sua eleição, isto é, o eleito deveria
viver de tal forma que sua pregação fosse completamente ajustada e alinhada à
sua práxis, bem como deveria fazer
girar todos os seus outros objetivos em órbita daquele que é a razão da sua
própria vida nova: a glória de Deus; eliminando também, com isso, por completo,
qualquer possibilidade alienante de “salvação por obras ou por sacramentos
mágicos”.
Além disso, a antiga
dicotomia romana entre Sagrado e Profano cai por terra. Para Calvino e seus
seguidores não apenas as atividades relacionadas à religião e a fé deveriam
glorificar a Deus, antes, pelo contrário, absolutamente tudo, inclusive
atividades consideradas “seculares”, como a comercial, por exemplo, deveriam
ser direcionadas aos céus, sob pena de não serem realizadas, não havendo nem
mesmo um só instante que ficasse de fora, todos eles deveriam trazer em si a
preocupação de glorificar a Deus.
Weber parece ter
percebido isso com muita clareza quando afirma: “O Deus de Calvino exigia de seus crentes não
boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema
unificado” (WEBER, 2002. p.91).
Como já vimos o
Calvinismo não é apenas uma questão de fé nem tão pouco um complicado
conglomerado metafísico que não reflete nas atitudes do cotidiano das pessoas,
antes, pelo contrário, o Calvinismo invade todas as áreas do ser, inclusive a
que o catolicismo considera “secular”, como observa Weber:
O
efeito da Reforma foi o de aumentar em si mesmo, se comparado à atitude
católica, e aumentar de forma poderosamente a ênfase moral e a sanção religiosa
em relação ao trabalho secular organizado no âmbito da vocação” (WEBER, 2002.
p.128).
É uma verdadeira
avalanche mista de conhecimento profundo e prática anexada: “O teólogo
norte-americano BB.Warfied descreve o Calvinismo como sendo a visão da
majestade de Deus que permeia a vida e a experiência como um todo” (MARTINS,
2001, p.9).
Seguindo a orientação
Paulina, os Calvinistas procuram “fazer todas as coisas como se estivessem
fazendo para Deus” (RM 14:23, FP 2:3-15).
Weber confirma isso
ao afirmar que: “No curso de seu desenvolvimento, o calvinismo acrescentou algo
de positivo a isso tudo, ou seja, a ideia de comprovar a fé do indivíduo pelas
atitudes seculares” (WEBER, 2002. p.120).
Finalmente, concluímos
com as palavras sintetizadoras de Bieller:
Este
dogma da predestinação engendrou o individualismo [...], este dogma teve
principal efeito engendrar, entre aqueles que aceitavam as suas grandiosas consequências,
indefectível sentimento de comunhão individual com Deus, comunhão que nada no
mundo poderia alterar [...]. É esta inabalável e exclusiva confiança na só
decisão de Deus sobre a sorte de cada um que e causa do tão acusado
individualismo que caracteriza todas as populações influenciadas pelo
Puritanismo [...]; eis aí um dos caracteres que o calvinismo comunicará a toda
organização social que criará e que, ainda hoje, permanece vivo, na condição de
um sentimento profano, nas populações protestantes secularizadas [...]. Este
individualismo imprime igualmente sua marca na concepção peculiar do Calvinismo
do amor ao próximo. Não é o próximo considerado em si mesmo, que é gerador
deste amor; é-o a ordem e o mandamento de Deus que quer que todo o universo se
conforme a Seu propósito, para Sua só glória. É assim que o exercício de um
trabalho e de uma profissão é uma atividade divina ordenada para o serviço do
próximo [...]. O autêntico serviço do próximo é a busca da glória de Deus e não
da glória da criatura. Tudo quanto o homem empreende, para seu Deus ou para seu
próximo tem, pois, certo caráter utilitário: deve ser útil à glória de Deus. E
é este fim último comum a todos os atos e a todas as atividades da vida que dá
à existência inteira, segundo a moral calvinista, um caráter ascético[1]
(BIÉLER, 1999. p.630,631).
REFERÊNCIAS
BIÉLER.
André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. São Paulo: CEP, 1990. p
LEITE. Cardoso.
Cosmovisão Cristã e Transformação: espiritualidade, razão e ordem social.
Ultimato: Viçosa-MG, 2006. pg.57
LEMBO. Cláudio. O
Pensamento de João Calvino. São Paulo: Makenzie, 2000. 117.p
MARTINS. A.N. As
inplicações Práticas do Calvinismo. São Paulo: Ed.Os Puritanos, 2001. p
NICODEMUS. Augustos.
FIDES REFORMATA. V.1, n.1. São Paulo: Editora Makenzie, 1996, p.
PACKER.J.I. Entre os
Gigantes de Deus. São Paulo: Ed.Os Puritanos. 1991. p
PORTELA. Solano.
FIDES REFORMATA. V.1, n.1. São Paulo: Editora Makenzie, 1996, p.
RYKEN.Leland.Santos
no Mundo. São José dos Campos-SP: Editora Fiel. 2013.p
WEBER.Max. Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2002.224 p.
WESTMINSTER. Confissão
de Fé de Westminster. Rio de Janeiro: Cultura Cristã, 1999. p.
WESTMINSTER. Catecismo
Maior. Rio de Janeiro: Cultura Cristã, 1999. p.
[1] O ascetismo ou asceticismo é uma
filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem
a austeridade. Aquelas que praticam um estilo de vida
austero definem suas práticas como virtuosa e perseguem o objetivo de adquirir uma grande espiritualidade.
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