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domingo, 6 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 3/3

 

4 OS CRISTÃOS CATÓLICOS E A EDUCAÇÃO 

A igreja Católica fundou ou contribuiu decisivamente para a fundação de várias escolas e universidades, dentre as quais estão contadas as mais antigas do mundo, como por exemplo a Universidade de Paris, fundada em 1045, Universidade de Bolonha, fundada em 1088, a de Salamanca, fundada em 1134 e a própria Universidade de Cambridge, fundada em 1209 por estudantes católicos dissidentes de Oxford. 

5 OS PURITANOS E A EDUCAÇÃO 

Muitos puritanos Ingleses eram mestres ou doutores, principalmente pelas Universidade de Oxford e Cambridge, considerada um “verdadeiro ninho de puritanos” (BEEKE; PEDERSON, 2010, p. 350), ou um verdadeiro “berçário dos puritanos” (Ibid., p. 393). E ainda: “Cambridge era o principal centro puritano naqueles dias” (p. 575). 

O eminente bispo Anglicano J.C. Ryle (1816-1900), comentando sobre a formação dos puritanos, conforme registram Joel Beeke e Randall Pederson, disse: 

Os puritanos não eram incultos e ignorantes. Em sua grande maioria, formaram-se em Oxford e em Cambridge – muitos deles eram membros do corpo docente de faculdades, e alguns deles foram presidentes ou diretores das melhores faculdades [...]. Em conhecimento de hebraico, grego e latim, em poder como pregadores, expositores, escritores e críticos, os puritanos, em seu tempo, não estavam em segundo lugar em relação a ninguém (BEEKE; PEDERSON, 2010, p. 60 apud MANTON, 1866, 2:xi). 

Setenta e dois por cento DOS PURITANOS INGLESES obtiveram o grau de mestre; geralmente com formação clássica em Artes, base da educação na idade média, além de teologia. Desses puritanos mestres, quarenta e seis por cento foram formados pela Universidade de Cambridge, considerada a terceira Universidade mais importante do mundo e vinte e quatro por cento na Universidade de Oxford, considerada a melhor do mundo dois por cento em outras Universidades. 

Packer chega a afirmar: 

Quase todos eles eram produtos acadêmicos das Universidades de Oxford e Cambridge; muitos deles homens de cultura e muita moderação; e todos os homens de piedade irrepreensível” (PACKER, 2022, p.28). 

Em Massachusetts, em 1647, foi promulgada uma lei PURITANA que tratava da necessidade do estabelecimento da educação básica formal, tão logo o município chegasse a cinquenta famílias.  Segundo os puritanos, a ignorância era o “projeto principal do Velho Satanás” (KARNAL, 2007, p. 48). 

Outro trecho dessa “lei puritana da educação” revelava o que estava por trás de projeto tão ousado: “manter os homens distantes do conhecimento das Escrituras, como em tempos antigos quando as tinham numa língua desconhecida” (KARNAL, 2007, p.48). 

Em contrapartida a esse PLANO DE SATANÁS, os PURITANOS elaboraram o PLANO DE GLORIFICAÇÃO A DEUS QUE CONSISTIA DAS SEGUINTES ETAPAS: 1) Tradução da Bíblia para a língua materna do povo; 2) Educação e Ensino; 3) Ensino das Escrituras. 

James Davidson, em sua obra “Uma breve história dos Estados Unidos”, diz:

Como Lutero, os puritanos queriam que todos fossem capazes de ler a bíblia. Talvez seis em cada dez homens que foram para Massachusetts sabiam ler – o dobro do número usual na Inglaterra” (2017, p. 41). 

Leandro Karnal, na obra “História dos EUA”  ainda abordando acerca dessa motivação religiosa para a criação de instituições de ensino superior nas colônias da Nova Inglaterra, afirma:

Em todos os documentos sobre educação há a mesma preocupação: o conhecimento das coisas relativas à religião. Do ensino primário ao superior, o conhecimento da Bíblia parece ter orientado todo o projeto educacional das colônias inglesas. Quando Samuel Davies escreve sobre as Razões para fundar universidades, insiste na necessidade de formar líderes religiosos para uma população que crescia sem parar. Nesse texto, de 1752, o autor argumenta que ‘a religião deve ser a meta de toda a instrução e dar a esta o último grau de perfeição’ (KARNAL, p. 49). 

Esse Samuel Davies (1723-1761) foi um ministro presbiteriano, portanto, muito influenciado pelas ideias dos puritanos. Foi o quarto presidente da Universidade de Princeton, quarta universidade mais antiga dos EUA. 

Dentro desse contexto, talvez, a maior contribuição dos puritanos para a educação superior, tenha sido o lançamento da “pedra fundamental” da Universidade de Harvard, o Harvard College, (1636), considerada pelo Academic Rankings of World Universities como a melhor universidade do mundo. 

A importância de Harvard pode ser traduzida em números: são 150 prêmios Nobel, o que a torna, também a universidade número um nesse quesito. Além disso, 48 Pulitzer, que é uma premiação específica para destaques nas áreas de jornalismo e literatura, 14 Turing, considerado Nobel da computação e 18 vencedores da Medalha Fields, maior premiação na área de matemática. 

Outra importante Universidade criada sob a influência direta dos puritanos é a Universidade de Yale, fundada em 1701, sob o nome Collegiate School, sendo a terceira mais antiga universidade dos EUA. Yale está localizada em New Haven, Connecticut, colônia fundada pelo ministro puritano Rev.John Davenport, em 1637. 

A importância dessa universidade pode ser traduzida pela formação de vários ganhadores do prêmio Nobel, além de, pelo menos, cinco presidentes dos EUA, dentre eles Bill Clinton e George Bush. 

Detalhes dos estatutos da Universidade Yale, datados de 1745, deixam claro a forte ligação do projeto educacional inicial dos colonos puritanos, que foi colocado em prática, com a religiosidade:

Para ser admitido na universidade era necessário ter a capacidade de ler e interpretar [...] trechos em grego da Bíblia, escrever em latim, saber aritmética [...]. O candidato [...] deveria ser piedoso e seguir “as regras do Verbo de Deus, lendo assiduamente as Sagradas Escrituras, a fonte da luz e da verdade, e atendendo constantemente a todos os deveres da religião” [...]. O presidente deveria rezar no auditório da universidade toda manhã e toda tarde, lendo trechos da Sagrada Escritura [...]. Blasfêmias, opiniões errôneas sobre a Bíblia [...] poderiam resultar em advertência, multa ou expulsão, conforme a gravidade do ato (KARNAL, 2007, p. 48-49).  

 

6 A IPB E A EDUCAÇÃO 

O Mackenzie é uma instituição educacional, social e assistencial de saúde privada, confessional e sem fins lucrativos, com mais de 150 anos de história. Desde sua fundação, a Instituição é agente de uma série de inovações pedagógicas e acompanha e influencia o cenário da educação no país. Um de seus principais objetivos é formar cidadãos com capacidade de discernimento, com critérios e condições para fazer a leitura do mundo em que vivem, a partir de valores e princípios eternos, e que sejam aptos a intervir na sociedade.

CONCLUSÃO 

Diante de toda essa importância DA EDUCAÇÃO CRISTÃ, entendida aqui como fonte de mudança cultural, PERGUNTAMOS: o que seria do mundo se não fosse a influência do Cristianismo, da Educação cristã?

sábado, 5 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 2/3

 

1 A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ NA TRANSFORMAÇÃO DA CULTURA OCIDENTAL

Sobre a importância do cristianismo para a formação da cultura ocidental (ANTIBARBÁRIE), Christopher Henry Dawson (1889-1970), considerado o maior historiador de língua inglesa do século XX, em sua obra “Criação do Ocidente”, afirma:

O início da cultura ocidental pode ser detectado nessa nova comunidade espiritual que surgiu das ruínas do Império Romano, em razão da conversão dos bárbaros do Norte à fé cristã [...]. Ambrósio, Agostinho, Leão e Gregório - foram, concretamente, os pais fundadores da cultura do Ocidente [...]. Foi somente por meio do cristianismo e dos elementos que vieram de uma cultura superior, transmitidos pela ação da Igreja, que a Europa ocidental adquiriu sua unidade e forma” (2016, p.50-51).

A análise da pesquisa de Weber tem demonstrado que ele entendia que a “modernização” do Ocidente se dá PELA INFLUÊNCIA DOS PURITANOS DO SÉCULO XVII

O tempo da Reforma ou, mais precisamente, o período que se seguiu à Reforma, sobretudo o século XVII, é importante [...] pois efetua uma transformação – a partir de dentro. Essa transformação adiciona uma nova linha ao padrão ocidental de desenvolvimento. Ao fazer isso, tal transformação cria uma das precondições históricas do desenvolvimento cultural moderno [...]. Essa é a razão pela qual o protestantismo tem importância histórica (PIERUCCI, 2013, p. 256). 

2 A IMPORTANCIA LUTERO E CALVINO E OUTROS REFORMADORES PARA A EDUCAÇÃO 

O protestantismo já nasce com uma necessidade de propagar a educação e o ensino. Afinal, de nada adiantaria traduzir a bíblia para a linguagem do povo se ele não soubesse ler. 

Sem educação e ensino, certamente, o esforço heroico de homens como Lutero, que traduziu a bíblia para o alemão, e de Willian Tyndale (1494-1536), que traduziu a bíblia para o inglês, não teria tido a dimensão que teve. 

A própria Reforma Protestante foi gestada dentro das salas de aula da universidade de Wittenberg, na Alemanha, através dos muitos debates de Lutero com seus alunos e colegas professores. Vale ressaltar que Lutero era um homem da academia, tendo obtido o grau de doutor em 1512. 

Em 1536, CALVINO elaborou um plano que previa a criação de escolas para todas as crianças da cidade. A escola seria para meninos e meninas e as crianças pobres teriam ensino gratuito. Ali nasceria a primeira escola primária obrigatória da Europa. 

Em 1559 Calvino criou a Academia de Genebra. A intenção era criar uma grande universidade, mas, por conta do pouco recurso financeiro que a cidade dispunha, não foi possível. No currículo da Academia de Genebra constava o ensino de leitura, escrita, retórica, música e lógica. 

Outra importante contribuição do protestantismo, para a educação, foi a famosa obra “Didática Magna” de João Amós Comênio 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

EDUCAÇÃO CRISTÃ COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 1/3

 


TEXTO BÁSICO: 4:12-17

INTRODUÇÃO:

O texto inicia com a notícia da prisão de João Batista. Tudo indica que foi preso porque arrastava atrás de si uma multidão de discípulos e os líderes religiosos não estavam gostando nada disso. Isso, provavelmente levou Jesus a mudar de cidade, pois já arrastava uma multidão maior ainda.

William Hendriksen, comentando esse texto, dá uma informação muito interessante, no volume I do comentário de Matheus, acerca da nova cidade de Jesus. Diz ele:

Durante séculos, os que viviam nesse extenso território estiveram expostos à agressão política e militar do norte (Síria, Assíria, etc) e à corrosiva influência moral e religiosa de um ambiente pagão (p.339).

A Assíria conhecemos bem. Nínive era a capital da Assíria. Era um povo conhecido por sua maldade, desde os tempos de Jonas (LER Jonas 1:2) . 

O povo de Nínive torturava os profetas, era conhecido como ladrão (invadia e despojava outras regiões), era sanguinário (cortava pés e mãos, cortava orelhas e narizes e vasava os olhos dos cativos , fazia pirâmide com as cabeças  dos prisioneiros, serrava as pessoas ao meio, fazia escalpo, jogava óleo fervendo (quando não arrancava a pele da pessoa viva. Era um poco terrível (blog geração eleita). 

 Barbárie! Essa era a regra no oriente médio, nos países baixos, com os Vikings, na Europa com os povos germânicos e os Bretões, na Inglaterra. Na Roma dos tempos dos Apóstolos a barbárie também era um traço cultural: quantos Cristãos dilacerados, jogados aos leões, queimados vivos. Na China. Durante a Olimpíada de Pequin, em 2008, o repórter Roberto Cabrine fez uma matéria mostrando a quantidade de fetos jogados pela rua. No Brasil ainda existe cerca de 200 etnias que praticam o infanticídio.

UMA CULTURA NÃO CATEQUISADA PELO CRISTIANISMO É UMA CULTURA QUE TENDE, NECESSARIAMENTE, PARA A BARBÁRIE.

ESSE ERA O TRAÇO CULTURAL COMUM VIGENTE em todas as partes do mundo, ANTES DO CRISTIANISMO E TAMBÉM EM CAFARNAUM.

Por isso que o texto diz que o povo de CAFARNAUM, ONDE Jesus foi morar, onde passou um bom tempo de sua vida, a ponto de Mateus chamar essa cidade de “cidade de Cristo” (Mateus 9:1). Esse povo “Jazia em trevas”. TREVAS ESPIRITUAIS, MAS TAMBÉM TREVAS CULTURAIS.

Evidentemente que o texto pontua a ideia de TREVAS ESPIRITUAIS, AS TREVAS SUBJETIVAS DO CORAÇÃO DO HOMEM, o que está relacionado com a salvação individual, mas não só. O TEXTO também ESTÁ CARREGADO DE ELEMENTOS QUE APONTAM PARA TREVAS CULTURAIS TAMBÉM, que provocam essa série de barbaridades que a história tem registrado.

 O fato de os moradores dessa região “permanecerem impenitentes”, no dizer de Hendrikssen, reforça a ideia de que a “GRANDE LUZ” que esse povo viu, tenha sido uma MUDANÇA CULTURAL promovida por Cristo, pelo Evangelho (LER  Mateus 11:23-24).

 QUANDO O EVANGELHO CHEGA, AS TREVAS CULTURAIS SE DISSIPAM, porque essa CULTURA de morte, de barbaridade, necessariamente ACABA, ainda que não haja eleitos naquele lugar, porque trata-se de uma INFLUÊNCIA CULTURAL, VIA EDUCAÇÃO CRISTÃ, na cultura do local.

E aqui definimos EDUCAÇÃO CRISTÃ como sendo a INFLUÊNCIA DO EVANGELHO NO NÍVEL CULTURAL.

AGOSTINHO DE HIPONA, costumava definir EDUCAÇÃO COMO SENDO O EXERCÍCIO DE TIRAR COISAS RUINS DO CORAÇÃO E COLOCAR COISAS BOAS NO LUGAR.

ESSE É PRECISAMENTE O PAPEL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ.

William Hendriksen, mais uma vez comentando esse texto, em vários momentos, aponta para essa AÇÃO CULTURAL que o próprio Cristo e o evangelho FIZERAM NESSE POVO, QUE ATÉ ENTÃO SÓ CONHECIA A BARBÁRIE.

Hendriksen diz que Cristo realizou no meio desse povo que “JAZIE EM TREVAS” muitas “obras de Misericórdias e poder” (p.337), bem com muitas “missões de misericórdia, repartindo conforto e cura” (p.338), e que com “suas belas palavras de vida, de admoestação e consolo foram espalhadas profundamente e transmitidas de pais a filhos (p.338, 339).

Essa atuação promoveu UMA VERDADEIRA MUDANÇA CULTURAL. UM POVO QUE SÓ CONHECIA A BARBÁRIE AGORA CONHECIA TAMBÉM A MISERICÓRDIA E A CHAMADA “ETICA CRISTÔ.  ISSO É EVANGELHO, É EDUCAÇÃO CRISTÃ, na medida em que PROVOCA MUDANÇA DE ATITUDE COLETIVA, DE MENTALDADE CULTURAL