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sábado, 25 de novembro de 2023

O PERIGO DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA - 2/8

 

Antes de falarmos sobre os PERIGOS DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA, julgamos ser importante pensar um pouco sobre:

AS ESTRATÉGIAS DE SATANÁS PARA DESTRUIR O POVO DE DEUS:

a)  PERSEGUIÇÃO:

Desde muito cedo, Satanás intentou destruir esse povo de Deus. Uma de suas principais estratégias foi empreender sobre ele VIOLENTAS PERSEGUIÇÕES.

Em Apocalipse capítulo 12, por exemplo, temos um relato absolutamente chocante do nível dessa PERSEGUIÇÃO. Vejamos: Apocalipse 12:1-4,13. Sem querer entrar em polêmicas exegéticas, lembramos que muitos pesquisadores e estudiosos da literatura apocalíptica asseveram que essa “mulher” representa a “igreja”, o "povo de Deus". O Rev. Leandro Lima, em sua tese de Doutorado em Letras, pelo Mackenzie, afirma: "alguns, talvez, pensassem em Maria, a mãe de Jesus; outros provavelmente a identificassem com a Igreja. Já argumentamos que a interpretação mais provável da Mulher seja como uma referência ao povo de Deus do Antigo Testamento" (p.193). Ele chega a dizer, em uma de suas palestras, que "o povo de Deus no VT estava "grávido" da igreja do NT".

Nós conhecemos a história das perseguições violentas ao povo de Deus no VT e também no NT. Já no início da “igreja”, em Abel, as perseguições se fizeram presente. O povo de Deus no VT esteve sob o domínio violento dos Egípcios, dos Assírios e da Babilônia.

Já no NT, em Atos 8:1, é dito que “levantou-se grande perseguição sobre a igreja de Jerusalém”. A igreja padeceu sob o domínio do Império Romano.

Tácito (56 d.C. – 117 d.C.), historiador romano, que acompanhou de perto toda essa armação contra “aqueles que sofreriam calados”, citado pelo historiador do cristianismo Justo Gonzáles, relata os momentos de horror:

Além de matá-los (aos cristãos) fê-los servir de diversão para o público. Vestiu-os em peles de animais para que os cachorros os matassem a dentadas. Outros foram crucificados. E a outros acendeu-lhes fogo ao cair da noite, para que a iluminassem (TÁCITO. ANAIS 15:44, apud GONZALES, 2002, p.56).
Segundo o XIV relatório da Fundação pontifícia "Ajuda à Igreja que Sofre", apresentado em 2018, em 38 países do mundo cristãos são discriminados ou PERSEGUIDOS. Ainda segundo o relatório um cristão a cada sete, vive em um país onde a PERSEGUIÇÃO é uma realidade dramática, para um total de mais de 300 milhões de fiéis que sofrem discriminação e PERSEGUIÇÃO. O cristianismo é a religião mais perseguida do mundo, em todos os tempos.

Alguém tem alguma dúvida de que toda essa PERSEGUIÇÃO empreendida contra o povo de Deus, contra a igreja de Cristo, para destruí-la, tem uma forte influência e indução satânica?

O próprio Cristo, em Mateus 16:18, tratando da “edificação da igreja”, afirma que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, dando a entender que a IGREJA vive sob INTENSO BOMBARDEIO do inimigo e sua intenção é realmente “DEVORÁ-LA”, destruí-la, acabar com ela.

E a pergunta é: essa ESTRATÉGIA do diabo, de satanás, que é a antiga serpente, de PERSEGUIR A IGREJA de Deus, seu povo, TEM DADO CERTO?

O historiador Justo Gonzales, em sua obra clássica “A ERA DOS MÁRTIRES”, responde, lembrando o primeiro cristão a produzir uma obra literária em Latim, que viveu entre 160 e 240 d.C”:

Tertuliano havia dito que o sangue dos mártires era semente, pois quanto mais se derramava, mais cristãos havia. As mortes exemplares dos mártires dos primeiros anos não podiam senão comover aos que as presenciavam e, portanto, com o tempo favoreciam a disseminação do cristianismo (2002, p.140).

O PERIGO DA SECULARIZAÇÃO DA IGREJA - 1/8

 

A partir da Doutrina dos Pactos, tratada também na Confissão de Fé de Westminster, no Capítulo VII.V, PODEMOS CONCLUIR: existe APENAS UM POVO de Deus. Poderíamos dizer: uma “igreja de Deus”. Ou seja, não são dois povos distintos de Deus - um no VT e um no NT, a igreja. Ambos formam um único povo sob duas dispensações, sob um mesmo PACTO DA GRAÇA, salvos pela graça e pela fé em Cristo. Ora salvos pela fé nas “sombras” do Sacrifício de Cristo, ora pela fé no Sacrifício já consumado.

Este pacto, no tempo da lei, não foi distintamente administrado como no tempo do evangelho. Sob a lei, ele foi administrado por meio de promessas, profecias, sacrifícios, circuncisão, o cordeiro pascoal e outros tipos de ordenanças entregues ao povo judeu, tudo prefigurando Cristo que havia de vir, o qual foi naquele tempo suficiente e eficaz, através da operação do Espírito, para instruir e edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por meio de quem receberam perfeita remissão dos pecados e salvação eterna; e o qual se chama Velho Testamento (HODGE, 1999, p.179).     

Uma característica presente na história do POVO DE DEUS, tanto do VT quando do NT e ainda hoje, é a convivência com inimigos que, agindo sob influência satânica, QUEREM DESTRUÍ-LO.

domingo, 5 de novembro de 2023

OS LEGADOS DA REFORMA PROTESTANTE PARA A POLÍTICA - 6/6

 

 

Não é nenhum exagero afirmar que as contribuições da REFORMA PROTESTANTE, em seus mais variados momentos à POLÍTICA foram contribuições ESTRUTURANTES e mudaram para sempre o OCIDENTE. Algumas das principais, são

a) Bases para a separação jurídica entre Igreja e Estado, com Lutero e Calvino; 

 b) Teoria do direito a Resistência e Desobediência Civil, com Lutero, Knox e Calvino; 

c) Bases para o aparecimento do Estado Moderno, com os Puritanos do século XVII,  principalmente;

d) Implantação da meritocracia no exército, com Oliver Cromwell;

e) Implementação de um novo tipo de democracia: A DEMOCRACIA MODERNA OU REPRESENTATIVA, com os puritanos do século XVII, que tem por principais características: LIBERDADE DE IMPRENSA, LIBERDADE RELIGIOSA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

f) Fundação dos EUA;

Todos esses homens que figuraram como protagonistas das REFORMAS PROTESTANTE possuem duas características em comum: A bíblia como única regra de fé e de prática e coragem. Dizem que a igreja passa por uma crise de identidade. Isso, de alguma forma, não é verdade. As bases doutrinárias e teológicas da igreja continuam intactas, desde o século XVII. A crise é de homens de coragem na defesa da fé e da igreja de Cristo. Que os Reformadores do século XVI e os puritanos do século XVII possam servir como modelo de nosso desapertamento. Que Deus levante, entre seu povo, VOCACIONADOS para a política.

sábado, 4 de novembro de 2023

A REFORMA PROTESTANTE NA INGLATERRA E A POLÍTICA - 5/6

  

Por fim, a REFORMA PROTESTANTE que gerou legados mais estruturantes para a POLÍTICA e para o mundo Ocidental: a INGLESA.

Diferentemente do que aconteceu na Alemanha, na Inglaterra, talvez, a REFORMA não tenha ocorrido pelos mesmos motivos nobres de Lutero, Calvino e outros Reformadores, que almejavam trazer a igreja de volta às Escrituras.

Basta dizer que quem empreendeu a REFORMA na Inglaterra foi o próprio Rei Henrique VIII. Portanto, ELEMENTO POLÍTICO presente em intensidade máxima. Ele era católico e assim continuou, pelo menos em suas crenças, até o final de sua vida, conforme muitos acreditam. Então, porque gestou a REFORMA na Inglaterra? Basicamente por dois motivos:

a) Ele soube que, como consequência natural, os príncipes da Alemanha que apoiaram Lutero acabaram ficando com os bens da igreja. “Henry se encontrava cada vez mais desprovido de recursos financeiros, e as propriedades da igreja pareciam uma presa convidativa” (CHURCHILL, 2009, p.159);

b)    O segundo motivo: ele era casado com a princesa Catarina de Aragão, uma de suas seis esposas. Conheceu Anne Boleyn e queria casar-se com ela. Então, “juntos, Henry e Anne trataram de enviar um embaixador real especial à presença do Papa Clemente VII [...], a fim de obter não somente a anulação do casamento do Rei, mas a autorização para ele se casar de novo” (Ibid., p.152). Mas, “a recusa seguiu-se” (Ibid.). Henrique VIII foi, finalmente, “excomungado e, teoricamente, destituído do trono pelo Papa” (Ibid., p.155). Pronto! “A ruptura entre a Inglaterra e Roma estava completa” (Ibid., p.154), em 1534, portanto, ainda século XVI. A partir daqui a igreja oficial da Inglaterra passa a ser a IGREJA ANGLICANA, tendo preservado muita coisa do catolicismo romano.

Martin LLoy-Jones chega a dizer que a Reforma da Inglaterra parou entre “Roma e Genebra” (LLOYD-JONES, 2016, p.181). Isso gerou DESCONFORTO em muitos líderes religiosos ligados à nova igreja da Inglaterra. Posteriormente eles foram chamados de PURITANOS: buscavam UMA REFORMA COMPLETA na igreja da Inglaterra.

Já no tempo de Henrique VIII um Puritano lhe deu muito trabalho: o REFORMADOR William Tyndalle (1484-1536), contemporâneo de Lutero, considerado o PAI DA LÍNGUA INGLESA MODERNA. Assim como Lutero, ele enfrentou o clero Anglicano e traduziu a bíblia para o Inglês.

Por muitos anos, pastores e líderes anglicanos-puritanos tentaram COMPLETAR a Reforma na igreja da Inglaterra. Sempre FRACASSARAM porque era uma IGREJA ESTATAL e quem mandava era o rei. Somente DERRUBANDO o Rei e a própria monarquia seria possível implementar a REFORMA NA IGREJA.

Mas, como se insurgir contra o rei sem QUEBRAR O QUINTO MANDAMENTO?

Lutero e Knox já haviam elaborado, de alguma forma, esboços de uma Teria da Resistência. A ideia de "sacerdócio universal dos crente", trazida por Lutero, de alguma forma, acabou por ser aplicada, sem as devidas adaptações, à política, por Thomas Muntzer e acabou por gerar a revolução dos camponeses. Lutero, por óbvio, não aprovou tal revolução, embora, indiretamente, de alguma forma, tenha contribuído com ela. Já Knox ensinava que qualquer crente poderia se rebelar contra o Magistrado Civil que tivesse se transformado em um déspota. 

Mas, foi Calvino quem elaborou uma verdadeira e completa TEORIA DA RESISTÊNCIA, baseado em Atos 5:29 e outros textos, segunda a qual SOMENTE UM MAGISTRADO CIVIL poderia se insurgir contra outro MAGISTRADO CIVIL. Essa parece ter sido a medida mais adequada para uma Teoria da Resistência equilibrada.

Os puritanos entenderam, então, que a única forma de efetivamente REFORMAR a igreja era entrar para a POLÍTICA. O PARLAMENTO INGLÊS, então foi INUNDADO de Puritanos. Eles, então, começaram sua luta em duas frentes: CONTRA A MONARQUIA e CONTRA O CLERO ANGLICANO, pois ambos agiam como verdadeiros déspotas.

Criaram um EXÉRCITO para o PARLAMENTO, cujo líder era o PURITANO OLIVER CROMWELL, tendo o puritano Baxter como capelão. Guerrearam contra o Rei (REVOLUÇÃO PURITANA DE 1640), já século XVII, julgaram e prenderam seus principais ministros e sacerdotes, prenderam o Rei e por fim o DECAPITARAM, EM 1649. Quem presidiu o julgamento do principal ministro do Rei, inclusive, o arcebispo LAUD, foi John Pym, um convicto presbiteriano e um dos mais importantes líderes do Parlamento Inglês, tendo também papel importante no julgamento do Rei.  

A Inglaterra, então, foi governada por cerca de 10 anos (1649-1660), pelos Puritanos, No ÚNICO PERÍODO EM QUE A INGLATERRA FOI UMA REPÚBLICA. Nesse período FORMULARAM A CONFISSÃO DE FÉ E OS CATECISMOS DE WESTMINSTER, ALÉM DE UM DIRETÓRIO DE CULTO E UMA MANUAL DE GOVERNO.

Implantaram um novíssimo REGIME DE GOVERNO CIVIL, nunca visto antes, baseado no SISTEMA DE GOVERNO ECLESIÁSTICO PRESBITERIANO. Ou seja, transformaram a igreja da Inglaterra em Presbiteriana e ainda por cima MIGRARAM O REGIME DE GOVERNO DA IGREJA para a sociedade civil e assim nasceu A DEMOCRACIA MODERNA OU REPRESENTATIVA.

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

A REFORMA PROTESTANTE EM OUTROS LOCAIS E A POLÍTICA - 4/6

 

a)   Na França, quando “os livros de Lutero começaram a circular [...] a perseguição caiu sobre toda e qualquer manifestação desses pontos de vista. [...] o rei Francisco I, em 1538, decidiu mover forte e incessante campanha contra o ensino reformado” (NICHOLS, 2000, p.178). Aqui mais uma vez aparece o ELEMENTO POLÍTICO. “por esse mesmo tempo Calvino tomou-se o chefe do movimento protestante no seu país” (Ibid., p.178). Em 1562, houve uma guerra religiosa. De um lado os huguenotes, calvinistas franceses que lutaram contra “a rainha regente Catarian de Medici” (Ibid.p.179), em busca de liberdade religiosa. Mais uma vez o ELEMENTO POLÍTICO.

b)    Nos Países Baixos, Holanda, “quando as ideias luteranas começaram a se difundir, Carlos V estabeleceu a inquisição” (Ibid.p.179). Vemos mais uma vez a presença do ELEMENTO POLÍTICO.

c)    Na Escócia, o principal nome da REFORMA PROTESTANTE foi John Knox: “de sua ousadia em pregar o Cristianismo Reformado resultou, em 1546, ser preso por uma força francesa que fora enviada para auxiliar o governo escocês” (Ibid., p.182). E ainda: “ao irromper a perseguição no reinado da rainha Maria, fugiu para o continente. Passou algum tempo em Genebra, onde se ligou intimamente a Calvino” (Ibid.). Claramente, mais uma vez, presente o ELEMENTO POLÍTICO.

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