2º) Erros, desvios e heresias em
relação ao culto e à adoração:
a) Na época dos reformadores:
Umas das maiores preocupações dos Reformadores, principalmente de
Calvino, era a de purificar as corrupções que tinham se infiltrado no culto e
na adoração da igreja de Cristo.
Nessa época muita atenção
passou a ser dada à criatura, no culto, ao invés de ser dada unicamente ao
criador. Então
estátuas de pessoas passaram a ser prestigiadas no culto e ainda que a Igreja
Católica dissesse e ainda diz que não adora a estátua, nem às pessoas ali
representadas, ainda que pessoas se ajoelhem diante delas e lhes acendam velas
e lhes prestem honra, uma coisa é líquida, certa e clara: a glória de Deus agora estava dividia no culto
com suas próprias criaturas. Deus não admite isso. Leia comigo Isaías 42:8.
Além dessa absurda glória dada ao homem dentro do ambiente de culto a
Deus, a Igreja Católica passou a inserir no culto uma série de elementos estranhos à bíblia,
como por exemplo, o uso de velas, de paramentos sacerdotais, etc.
Existe duas formas de entender a teologia do culto: a) Princípio Normativo
do culto: o que a bíblia não proíbe, posso ter no culto e na
adoração a Deus. Esse princípio é o defendido pela Igreja Católica. A idéia é a
seguinte: a bíblia proíbe velas no culto? Não, então posso ter. A vela não é um
simples fator circunstancial, ela é um elemento litúrgico e existe um fator
doutrinário e teológico no seu uso; b) Princípio Regulador
do Culto: só posso ter no culto e na adoração à Deus aquilo que a
bíblia manda explicitamente ter. Esse princípio era defendido pelos
Reformadores e visava
a purificação da liturgia, do culto e da adoração de acréscimos sem embasamento
das Escrituras sagradas.
Calvino colocou essa
purificação do culto como algo central em sua vida e em sua teologia.
O Rev.Paulo Anglada, em seu
excelente livro “Princípio
Regulador do culto” confirma isso, ao afirmar que “O foco principal
dos Reformadores, tais como Zwinglio [...], Farel e Calvino foi a purificação
do culto das superstições e idolatria medievais” (ANGLADA. Paulo. Princípio
Regulador do Culto. PES, 1997, p.6).
Essa preocupação dos Reformadores e especialmente de Calvino com o Culto
e à Adoração a Deus se dá pela gravidade do assunto. Há quem pense que Deus aceita qualquer tipo de
adoração. Isso não é verdade.
Lembremo-nos de Caim. Deus não recebeu a adoração dele.
Desde o tempo de Jesus havia a preocupação com o que podemos chamar de Adoração Aceitável
a Deus, exatamente porque sempre houve e ainda há a possibilidade de Deus não
aceitar nosso culto e nossa adoração. Veja essa preocupação em João 4:20.
Em João 4:24, o próprio Jesus
ensina como deve ser o culto, a adoração para que seja aceitável por Deus: a) Em Espírito,
que denota sinceridade de coração e b) Em Verdade (João 17:17), que denota
conformidade com a Palavra de Deus, onde expressa como Ele quer ser Adorado.
b)
Em nossa época:
Bem, penso que em nossa época ainda convivemos com a mesma ofuscação da glória
de Deus da época dos Reformadores, em relação ao culto e à adoração
a Deus.
Nesse sentido, podemos ver claramente e mais uma vez a glória de Deus sendo dividida com a glória de
homens, só que dessa vez, em nossa época, são eles “pregadores
famosos”, cantores gospels e um elemento novo, que não existia no tempo dos
Reformadores: o
pecador. Sim, o culto hoje em dia é feito para agradar ao pecador e não para
glorificar a Deus.
Os cultos, as igrejas, a adoração pouco a pouco foi sendo transformada em
shows.
Hoje em dia temos pregadores e cantores com Fãs clubes, mais se parecem
com pop stars . E, assim, a glória do culto e da adoração que deveria ser dada
a Deus somente, Soli Deo Glória, é repartida com esses “profissionais da
adoração”.
Mas há um aspecto do culto prestado a Deus hoje que também existia no
tempo dos reformadores, mas que está cada vez mais evidente: a inclusão de
práticas e elementos cúlticos sem a necessária base bíblica. Tudo isso para agradar o
pecador ou ainda para satisfazer o desejo pessoal de pastores e líderes,
especialmente de louvor.
Os crentes hoje seguem o
mesmo princípio normativo do culto, defendido pela Igreja Católica e desprezam
o Principio Regulador do culto, defendido pelos Reformadores.
A Confissão de Fé de Westminster, formulada no século XVII, no capítulo
XXI.I, faz a seguinte afirmação sobre o Culto e a adoração a Deus: “o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é
instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve
ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens ou sugestões de
Satanás nem sob qualquer representação visível ou de qualquer outro modo não
prescrito nas Santas Escrituras”.
Antes de continuarmos nossa abordagem sobre Erros, desvios e heresias em relação ao culto e à adoração, em
nossa época, preciso mais uma vez recorrer à Declaração de Cambridge, sobre o
Soli Deo Glória:
“Negamos que possamos apropriadamente glorificar
a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em
nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a
auto-realização se
tornem opções alternativas ao evangelho”.
John.
F. MacArthur, citando Charles Spurgeon, num brilhante artigo intitulado “Eu
quero uma religião show”, escreveu: “O
fato é que muitos gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças (comentar a
vontade pq tem IPB que também faz, apesar da direção da igreja já ter proibido) e ordenanças. Se nos encontramos incapazes de frear essa enxurrada,
podemos, ao menos, prevenir os homens quanto à sua existência e
suplicar que fujam dela.
Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é
surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na
falta de pão, se alimentam com cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem
avidamente pelo caminho da tolice”.
A
igreja do Senhor precisa voltar a fazer a pergunta esquecida, quando algo novo
vai ser incluído em seu culto, em sua adoração: Existe base bíblica para isso?[1] Isso
é muito grave.
Ainda no livro “Princípio Regulador do culto”, já citado, é perguntado: Por que Deus não se
agradou da oferta de Caim? Porque Nadabe e Abiú foram mortos por colocarem fogo
estranho no oferecimento de incenso (Lv 4:17-20)? Por que Uzá foi morto ao
segurar a arca da aliança quando os bois tropeçaram em Quidom? Resposta
reformado-puritana: porque todos eles contrariam a lei do culto, o princípio
bíblico regulador do culto, que atribui a Deus o direito de prescrever a
maneira pela qual ele deseja ser adorado (ANGLADA, p.28).
[1]
Evidentemente que essa exigência se dá, tão somente, para elementos litúrgicos
e cúlticos, como por exemplo: orações, cânticos (tipo e instrumentos),
pregação, sacramentos, mas não para elementos circunstanciais, como por
exemplo, bancos, som, microfones, etc. Esses últimos não fazem parte do culto.
Mas atenção: alguns elementos inseridos na adoração, ainda que não biblicamente
comprovados, num ambiente de culto, passam a ser parte integrante desse culto,
dessa adoração. Aqui, sim, cabe a pergunta antes de inserir esses elementos:
“existe base bíblica para inserir essas práticas no culto, na adoração ao
senhor? Ele pediu pra ser adorado com essas práticas? Veja a diferença entre
Elementos e circunstanciais do culto, mais detalhadamente: “Elementos e Circunstâncias de Culto.
A Igreja Presbiteriana faz diferença entre elementos e circunstâncias de culto.
Elementos de culto são os atos que têm significado religioso, prescritos
na Palavra de Deus como formas aceitáveis de culto. Na nova dispensação, apenas
a leitura bíblica, a pregação, a oração, a ministração dos sacramentos do
batismo e da ceia do Senhor, e o cântico de louvores a Deus são elementos
regulares de culto (juramentos religiosos, votos, jejuns solenes e ações de
graças em ocasiões especiais são, por sua própria natureza, elementos
ocasionais de culto). Circunstâncias de culto são todas as demais
coisas, de caráter não religioso, mas necessárias à realização do culto. Estas
coisas não são fixas, não fazem parte do culto em si, não sendo, portanto,
especificamente prescritas nas Escrituras. Mas devem ser ordenadas à luz da
revelação geral, do bom senso cristão, de conformidade com os princípios gerais
das Escrituras. Como exemplo de circunstâncias de culto na dispensação do
Evangelho, estão: o local de culto, horário, duração e ordem do culto, móveis,
iluminação, aquecimento ou ventilação, som, microfones, etc. Nenhuma dessas
coisas deve adquirir conotação religiosa”. Conforme: http://www.ipcpa.org.br/culto.php.