TEXTO BÁSICO: “De sorte que somos embaixadores em
nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo,
pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II COR 5: 20).
Há
um livro cujo título é “O Peregrino”, que é simplesmente o 3º livro mais
publicado no mundo, perdendo apenas para
bíblia e para “O pequeno príncipe”. Escrito pelo pastor batista John
Bunyan e publicado na Inglaterra em 1678, O livro é uma alegoria da vida cristã.
Bunyan relata, no prefácio, que escreveu "O Peregrino" como uma forma de alerta aos perigos e vicissitudes enfrentados na
vida religiosa por aqueles que seguem os ensinamentos bíblicos e quer levar
o leitor a refletir sobre como deve ser vigilante na vida terrena; simbolizada
pela jornada de Cristão.
O livro conta a história de um jovem peregrino, chamado simplesmente de Cristão, que segue sua jornada por
um caminho estreito, indicado por um homem chamado Evangelista, pelo
qual se pode alcançar a Cidade Celestial. Na narrativa, todas as personagens e
lugares que o peregrino se depara levam nomes bem sugestivos, como Hipocrisia,
Boa-Vontade, Sr. Intérprete, gigante Desespero, A Cidade da Destruição, O
Castelo das Dúvidas, etc.
MUITOS DELES TÊM
A MISSÃO DE DESVIAR O PEREGRINO DE SEU CAMINHO.
Essa ideia de que somos PEREGRINO está completamente em harmonia com o
ensinamento das Escrituras. Existe uma quantidade considerável de textos bíblicos que nos lembram
que somos peregrinos, isto é, que NÃO SOMOS CIDADÃOS DESSE MUNDO; QUE ESTAMOS AQUI DE PASSAGEM,
CAMINHANDO À NOSSA PÁTRIA CELESTIAL, que nossa pátria não é aqui e
que, portanto, não devemos nem amar, nem buscar as coisas desse mundo:
Jo 17:13-16; “Sou peregrino na terra;
não escondas de mim os teus mandamentos” (Salmo 119.19); “Todos estes morreram
na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as porém, de longe, e saudando-as, e
confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (Hebreus
11.13 ); “Amados, exorto-vos, como
peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que
fazem guerra contra a alma” (1 Pedro 2.11); “Assim, já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” (Efésios 2.19);
No texto transcrito inicialmente - II Cor
5:20 -, Paulo também fala de um PEREGRINO, isto é, de alguém que ESTÁ EM UM
PAÍS, MAS NÃO É DAQUELE PAÍS.
Em certo sentido, Paulo reveste de
especial responsabilidade esse PEREGRINO.
Essa responsabilidade é TAMBÉM
estendida a todos os Cristãos. Muito embora o texto possa apontar para Ministros do Evangelho, a maioria dos comentaristas está de acordo com essa interpretação.
Paulo diz que esse PEREGRINO é também um
EMBAIXADOR de Cristo.
O que significa isso? O que significa
ser um embaixador?
O PEREGRINO EMBAIXADOR está em um país
estrangeiro, mas é regido pelas LEIS de seu país de origem. A própria embaixada
deve ser regida como se fosse uma extensão do seu país que representa. É um pedaço
de um país dentro de um país estrangeiro e o EMBAIXADOR é seu representante.
Comentando esse texto, Simon Kistemaker
diz que o EMBAIXADOR é uma pessoa que:
“Foi nomeada como porta-voz para
representar um Rei, um governador ou uma comunidade. Um embaixador representa
seu governo ao transmitir ao país que o recebe as palavras do seu presidente”
(SIMON. Comentário II Cor, pg.280. Citação sem rigor metodológico).
É o que somos! Somos PEREGRINOS; mas não
qualquer peregrino. Somos PEREGRINOS EMBAIXADORES DO REINO CELESTIAL. Portanto,
temos que viver aqui neste mundo, mas com os PADRÕES DO MUNDO CELESTIAL. NÃO
podemos viver e transmitir a mensagem desse mundo. Precisamos transmitir a
mensagem da PÁTRIA que estamos representando – a PÁTRIA CELESTIAL.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fil 3:20),
“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas;
vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e
peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria.
Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus
não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma
cidade”. (HB 11:13-16).
Com
essa perspectiva de que somos PEREGRINOS, EMBAIXADORES de Cristo, agora sim,
podemos abordar nosso:
TEMA: A LIBERDADE CRISTÃ
A LIBERDADE CRISTÃ, nada mais é que o NÍVEL de
RELACIONAMENTO que esse PEREGRINO, que esse EMBAIXADOR, pode ter com
esse país, com esse MUNDO, onde está vivendo sem, contudo, ferir aos interesses
da PÁTRIA
CELESTIAL, da qual é REPRESENTANTE.
Enquanto vive nesse país, nesse MUNDO,
DE PASSAGEM e MOMENTANEAMENTE, O que esse PEREGRINO EMBAIXADOR pode utilizar
dele? No que pode se beneficiar dele? De que pode agradar-se dele?
Aqui já podemos notar que o relacionamento desse PEREGRINO, desse
EMBAIXADOR com esse MUNDO, com esse lugar, onde vive momentaneamente, é e deve
ser bem RESTRITO e LIMITADO. Por dois motivos:
a) Primeiro
porque ele está, enquanto PEREGRINO, caminhando rumo à sua PÁTRIA CELESTIAL,
todos os dias, todos os momentos e não pode perder tempo
com as coisas desse mundo; precisa estar o tempo todo focado em buscar os
interesses de sua PÁTRIA (II TIM 2: 3-4).
b) Segundo
porque o LOCAL onde está vivendo como ESTRANGEIRO, PEREGRINO, EMBAIXADOR é
hostil e quer o tempo todo desviá-lo de sua missão, de sua CAMINHADA rumo à
PÁTRIA CELESTIAL à semelhando do que ocorre no livro “O Peregrino” (I JO
2:15-17).
Quando um PEREGRINO, um EMBAIXADOR não
tem isso bem claro em sua mente ele abandona a missão; ele deixa de representar
sua PÁTRIA e passa a viver de conformidade com as LEIS e os COSTUMES do país/MUNDO onde está morando.
Paulo
relata um caso assim: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me
abandonou” (II TM 4:10).
William
Hendriksen, comentando esse texto diz que foi uma separação espiritual, de
fato, que causou muita decepção em Paulo e que não se tem notícia de que ele
tenha se arrependido, como Marcos, o que pode ter ocorrido ou não. Ele perdeu o foco, deixou de ser PEREGRINO, fixou residência nesse MUNDO; deixou de ser EMBAIXADOR. Contudo, o contexto aqui não deve ser entendido como soteriológico.
O
fato, prezados, É QUE MUITOS PEREGRINOS têm AMADO o presente século,
as coisas desse mundo; mais que as de sua PÁTRIA CELESTIAL. Não têm, portanto,
sido bons REPRESENTANTES/EMBAIXADORES DE CRISTO.
Em fim, a questão
da LIBERDADE CRISTÃ diz respeito ao RELACIONAMENTO desse PEREGRINO/EMBAIXADOR
com o MUNDO. O que pode fazer e o que não pode fazer.
Esse RELACIONAMENTO
pode ser dividido em 3 EIXOS. Estaremos abordando cada um deles nas próximas postagens. Não deixe de conferir.