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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A (CONTRA) COMEMORAÇÃO DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE: estaria correto o pressuposto da ICAR em ter sido ela a única e verdadeira igreja de Cristo, fundada pro ele mesmo? - Parte 2/4


Temos registrado no livro de Atos dos Apóstolos, em seus primeiros capítulos, e particularmente nos capítulos 1 e 2, que tratam respectivamente da ascensão de Jesus e da descida do Espírito Santo, o marco Zero do Cristianismo, dando início assim a sua grande carreira missionária.


A INFLUENCIA DO IMPÉRIO ROMANO

Já em meados do ano 100 dC existiam Igrejas em inúmeras cidades da Ásia Menor e muitos lugares da Palestina, Síria, Macedônia, Grécia, Roma, Alexandria e provavelmente na Espanha. Este progresso assustador, em tão pouco tempo, deve-se, em certo sentido, pelo domínio que o Império Romano exerceu em todo mundo, alcançando seu apogeu exatamente no desabrochar da igreja de Cristo.

As condições facilitadoras e necessárias, criadas e/ou desenvolvidas para atender à expansão do Império Romano, acabaram contribuindo para o avanço do Cristianismo. Vejamos algumas das mais importantes:

Um mercado interlocal ativo;
A unidade cultual;
Língua comum;
Os meios de transporte terrestres e marítimos.

Ao estudarmos este assunto é  impossível não notar a clara intervenção de Deus na História, moldando os mapas geopolíticos, os tempos, os povos, os corações dos governantes, os poderes políticos e tudo o mais que se fizesse necessário para que seu Filho viesse tão somente na “Plenitude dos Tempos“, isto é, quando todas as condições estivessem favoráveis para possibilitar o alastramento de sua pregação, como registra o apóstolo Paulo em sua epístola: “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei” (Gal. 4:4).


AS PERSEGUIÇÕES

Por mais que pareça paradoxal, um outro fator que possibilitou o alastramento do Cristianismo foi a perseguição. Em  Atos 8:1-4, temos os primeiros registros dessas perseguições, que se estenderam até o século IV, com momentos de abrandamento e picos de crueldade.

Dentre os mais  impiedosos perseguidores da Igreja destacamos o imperador Nero, que governou de 54 a 68 dC. A História registra fatos de extrema impiedade, como, por exemplo, o de se divertir com os cristãos, que eram atirados para os leões ou feitos tochas humanas para iluminar a noite.

Entre o ano 100 dC e o reinado de Constantino  em 306 dC, apesar das perseguições, o Cristianismo alcançou um maravilhoso progresso, passando inclusive de Igreja perseguida para religião oficial do império Romano em 313. O edito do imperador Constantino não só proibia a perseguição aos cristãos como impunha a seus súditos que se tornassem cristãos. Isto trouxe duas consequências para a história do Cristianismo, com tentáculos que perduram até aos dias atuais:

A primeira foi positiva: Sendo o imperador Constantino favorável ao cristianismo, possibilitou e facilitou seu progresso físico.

A segunda foi negativa: Obrigados ou ainda constrangidos a se tornarem cristãos (não era uma boa política fazer parte de uma religião diferente da religião do imperador), os súditos do império  ingressavam no cristianismo sem a devida e necessária conversão, levando assim para a Igreja suas muitas práticas antigas, na maioria das vezes, oriundas de religiões pagãs, como culto ao Imperador (de onde se origina as indumentárias do papa), adoração de outras divindades  e  muitas outras heresias comuns à cultura greco-romana, que foram posteriormente adaptadas e incorporadas até aos dias de hoje.

COMO A IGREJA SE TORNOU CATÓLICA

Até aproximadamente o ano 400 dC, todas as Igrejas existentes se reuniam em concílios para tomar alguma decisão de caráter doutrinário. Isto fica evidente em Atos 15. Foi exatamente isso que promoveu a ligação da igreja nos mais variados pontos, passando a ser Católica (que quer dizer Universal), formando assim uma espécie de  governo geral para todas as Igrejas, pois aceitavam a autoridade das decisões desses concílios. Os principais concílios foram:

Data dC
Nome do concílio
Motivo

50
Jerusalém
Leis judaicas e os Cristãos – Atos 15
325
Nicéia
Contra o arianismo – Credo (Maria mãe de Deus)
381
Constantinopla 1º
Finalização do Credo
432
Éfeso
Contra o nestorianismo
451
Calcedônia
Contra o monofisitismo
553
Constantinopla 2º
Contra o nestorianismo
681
Constantinopla 3º
Contra monotelitismo
869
Constantinopla 4º
A paz entre o Leste e Oeste
1123
Latrão 1º
Disciplina. Contra os Valdenses (Inquisição)
1545
Trento
Contra-Reforma (Igreja Católica Romana)
1870
Vaticano 1º
Infabilidade do Papa

A partir daí vemos na Igreja Católica (universal), um processo de centralização de autoridade, com o aparecimento do Bispo com caráter monárquico, isto é, o Bispo que a principio é somente o dirigente de sua igreja local, surge como dirigente de várias igrejas.

A ideia de Diocese (conjunto de igrejas) se fortalecia cada vez, tornando cada vez maior o poder dos Bispos.

Num passo mais adiante no processo de centralização, os Bispos das  províncias romanas tornaram-se, naturalmente, mais importante que os demais e foram chamados Bispos de suas dioceses.

Continuando o  processo de centralização, Cinco Bispos se destacaram e foram considerados Patriarcas, por serem Bispos de cidades importantes e influentes tanto na política como na economia do império. A existência dessas "cinco maiores igrejas" (porque, na verdade, haviam muitas outras, faz cair por terra o argumento católico Romano de ser ela a única e verdadeira igreja, fundada por Cristo. Foram eles:

Bispo de Roma;
Bispo de Constantinopla
Bispo de Alexandria
Bispo de Antioquia
Bispo de Jerusalém


COMO A IGREJA SE TORNOU ROMANA

Das cinco cidades patriarcais, duas eram as mais importantes: Roma e Constantinopla, pois eram capitais do Império Romano, do ocidente e do oriente, respectivamente.

No V século, com a chamada pretensão petrina (que o apóstolo Pedro teria sido o primeiro Bispo de Roma), o Bispo de Roma fortaleceu-se e passou a ser a última palavra do Cristianismo, dominando e liderando as demais Igrejas e patriarcados, exceto o de Constantinopla que não se encurvou ao poderio do Bispo de Roma. Este patriarcado deu origem a Igreja católica Ortodoxa Grega, até hoje existente. Isto, na verdade, traz luz à pretensão católica romana que afirma ter sido a primeira e única igreja cristã, fundada por Cristo e por seus apóstolos. Como vimos, a igreja Ortodoxa Grega e outras são da mesma época de fundação da igreja romana.


Também nesse período houve um grupo que se separou do patriarcado de Constantinopla e fundou outra Igreja independente, a Nestoriana (498 dC.).

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