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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A CATÁSTROFE DO HAITI: ONDE DEUS ESTAVA?

Mais uma “catástrofe” natural abalou o mundo. Todos nós estamos comovidos e perplexos com a dor e o desespero que se abateu sobre o povo haitiano. O mais forte terremoto dos últimos duzentos anos. De magnitude 7, o tremor destruiu o país na tarde de terça-feira (12/01/10) às 16:53hs, 19:53hs, horário de Brasília. Cenas de horror e destruição. O mundo parou, calou-se, chorou. Os vídeos abaixo tentam traduzir a calamidade. Não conseguiremos, entretanto, dimensionar o aterramento de quem viveu tudo de perto, de quem foi ator nessa cena quase apocalíptica:



Talvez não seja o momento adequado para fazer a abordagem que faremos a seguir. Talvez o que diremos não tenha, de fato, nenhuma ligação com o terrível desastre do Haiti. Contudo, é uma análise que precisa ser feita. O mundo está perguntando: “Onde estava Deus?”. Será que Ele não poderia ter evitado a morte de tantas crianças? Se podia, porque não o fez? Afinal, quem está governando o mundo hoje? Deus? O homem? O diabo? Diante das imagens chocantes, você ousaria dizer que Deus está no controle de tudo? Ou, ao contrário, estaria certo o poeta ao afirmar “o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído?”. Estamos entregues ao acaso? Teria Deus criado todas as coisas e depois as entregou ao homem, para delas cuidar, não tendo mais nada a ver com isso? Se estive ao seu alcance evitar essa tragédia, você evitaria? Por que Deus não quis evitar?

Todos esses questionamentos vêem à tona quando estamos diante de fatos e imagens tão assustadoras e arrebatadoras. Mas, o que dizem as Escrituras Sagradas sobre isso?

Afirmam, repetidas vezes, que Deus está no trono do universo (Sl 105:7; 99:1; 103:19; 96:10 24:1), que o cetro está na suas mãos, que Ele dirige todas as coisas segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1:1). Afirmam não somente que Deus criou todas as coisas, mas também que o Senhor domina e Reina sobe todas as obras de suas mãos (Sl 96:10, 24:1; II Cr 20:6). Afirmam que Deus é Onipotente (Jó 42:2; Is 43:13; Mt 19:26; Lc 1:37; Ap 19:6), que Sua vontade é irreversível (Ml 3:6), que Ele é Soberano e Absoluto em cada recanto do seu vasto domínio. Afirmam que Deus regula e domina sobre as forças da natureza (Mat 8:23-27; Êxodo 14:26). Nada há no universo, entre as galáxias que Deus não possa por o dedo e dizer: “é meu”, “eu governo”, “eu domino”. Existem vastíssimas provas bíblicas que ratificam esse ensinamento.

Diante de tudo isso, as atuais condições requerem, urgentemente, novas análises. E se, ao contrário do que imaginamos, Deus seja o próprio autor dessas tragédias?

Normalmente as pessoas associam imagens e fatos chocantes, como esses do terremoto do Haiti, como sendo obra do diabo, da natureza e até do acaso. Ignoram, entretanto, o fato de que a Bíblia apresenta muitas catástrofes dessa natureza, enviadas, como castigo, pelo próprio Deus, numa clara intervenção Dele para frear os desvios e impulsos pecaminosos dos homens:

1- DILÚVIO: Foi algo terrível, basta pensar em termos práticos, nas vidas tragadas pelas águas. Nenhuma vida escapou, exceto as que Deus decidiu preservar, na arca. Mulheres, crianças, velhos; todos mortos. Tudo isso vindo das mãos do próprio Deus. Não foi a natureza sozinha, não foi o diabo, não foi provocado pelo homem, foi o próprio Deus. Não está acreditando? É só conferir. Está tudo registrado. Leia Gêneses 6:11-22 e 7:17-24;

2- AS DEZ PRAGAS DO EGITO: Normalmente ouvimos falar nesse episódio e não pensamos, em termos práticos, nas pessoas que sofreram todas essas pestes e manifestações terríveis da natureza, como por exemplo, tumores malignos, a morte dos primogênitos, etc. Nada disso foi fruto do acaso. O próprio Deus providenciou. Todas registradas no livro de Êxodo, dos capítulos de 7 a 11.

3- DESTRUIÇÃO DE SODOMA E GOMORRA: Choveu Fogo e Enxofre dos céus exterminando completamente essas duas cidades. Visualize em sua mente essa grande “catástrofe natural”: pessoas sendo, literalmente, queimadas vivas.Crianças recém-nascidas totalmente carbonizadas. Deus, o próprio Deus foi o autor desse desastre fulminante, devido aos terríveis pecados daquelas pessoas. Não deixe de ler: Gêneses 18:20-21; 19:1-29;

4- ANJOS ENVIADOS PARA DESTRUIR: Em Apocalipse 8:7-11, João relata sobre anjos com poder para matar criaturas, queimar parte das plantas, secar rios e transformar parte da água tão amarga, a ponto dos consumidores das mesmas falecerem (Apocalipse 8:7-11);

5- ENGOLIDOS PELA TERRA: Mais uma “catástrofe natural” registrada nas escrituras. A terra se abriu em uma profunda fenda e engoliu toda uma família, homens, mulheres e crianças, por se rebelarem contra o Senhor. Isso está registrado em Números cap.16.

6- ATAQUE FULMINANTE: Deus fulminou Ananias e Safira porque mentiram ao Espírito Santo (At 5:1-11);

7- Em fim, são inúmeros os relatos de Deus ordenando as forças da natureza para trazer juízo sobre as nações. Veja o que diz em Isaías 29:6 “Do SENHOR dos Exércitos vem o castigo com trovões, com terremotos, grande estrondo, tufão de vento, tempestade e chamas devoradoras”.

Talvez você não esteja acostumado a ler e a ouvir falar de Deus dessa maneira. Pois esse também é o Deus da Bíblia. Ele é amor, mas porque também É Santo, sua ira arde contra o pecado.

É exatamente porque Deus é Deus, que estamos vendo na terra o inicio da execução de seus juízos. Devido Sua imaculada santidade, só poderíamos esperar que isso se descortinasse diante de nossos olhos estarrecidos.

O Consul-geral do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, no dia 14/01/10, fez uma afirmação surpreendente sobre os possíveis motivos de seu país ter sido acometido de tal tragédia. Ele atribui o terremoto a fatores espirituais e não naturais. Isso é no mínimo curioso e não comum. Sinceramente não sabemos se a relação é correta e nem mesmo se pode ser feita mas, não podemos negar, existe a possibilidade. Veja seu comentário:

"A desgraça de lá está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido. Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá f...".

Fonte:

Ainda sobre essa relação da catástrofe com causas espirituais, fomos buscar mais um depoimento de "fora" do círculo religioso protestante. O famoso filósofo brasileiro, Olavo de Carvalho, em seu semanal programa "True Outspeak", fala um pouco de sua visão sobre a relação de catástrofes naturais e a macumbaria entre aquele povo que fora atingido. Programa do dia 18/01/2010.


E o julgamento é este: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3:19).

VOCÊ NÃO ACHA QUE DEVERIA
LEVAR ESSE DEUS MAIS A SÉRIO?

O que fará agora? Rebelar-se e revoltar-se contra Deus? Como já vimos, isso não seria nenhum pouco inteligente. Antes, devemos agradecê-lo porque, mesmo merecendo todos os flagelos, pela escolha que, em Adão, fizemos, Ele tem sido longânimo para conosco e tem preservado nossas vidas. Deus poupou uma nação inteira da destruição - os Ninivitas -, porque se arrependeu dos seus pecados. Essa é, sem dúvida alguma, a melhor atitude a tomar. Diz a bíblia: "Se confessarmos os nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I Jo 1:9).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AVIVAMENTO OU REAVIVAMENTO? O QUE PRECISAMOS, DE FATO?

1- Dados Históricos de Relevante Proximidade: Muito se tem falado sobre REAVIVAMENTO. Congressos e encontros são realizados em diversas partes do país e do mundo, muito dinheiro tem sido investido para alertar aos crentes e às igrejas da “imensa” necessidade de que haja esse tão almejado AVIVAMENTO. Igrejas têm sido formadas depois de uma “visita” especial de Deus em seu seio. Mas, temos que concordar que alguns anos atrás esse apelo era muito mais intenso, principalmente entre as igrejas presbiterianas. Só para termos uma idéia, existia uma comissão especial, criada pelo Supremo Concílio da IPB, da qual fazia parte o Rev. Josafá Vasconcelos, hoje um dos mais atuantes membros do projeto Os Puritanos, para levar a mensagem AVIVALISTA às igrejas Presbiterianas por todo o Brasil.

2- Definição e outras informações preliminares: Antes de abordarmos tema tão controverso, vamos colher algumas definições acerca do que realmente vem a ser REAVIVAMENTO ou AVIVAMENTO:

2.1- A Revista Ultimato em sua edição de número 266, traz a seguinte definição: “REAVIVAMENTO é aquele CURTO período de tempo em que o Espírito Santo de Deus atua maciçamente no meio de um grupo de crentes de um determinado lugar, levando-o a buscar a Deus de forma intensa, deixando de lado a rotina, a frieza e a inércia. O AVIVAMENTO em si pode durar pouco tempo, mas os efeitos que ele produz podem durar muito tempo”.

2.2- Uma outra definição interessante iremos encontrar no livro de J.J PACKER, Entre os Gigantes de Deus (pg.34): Defino, diz ele, “REAVIVAMENTO como uma obra de Deus, por meio do seu Espírito, através de sua palavra, que traz os espiritualmente mortos a uma fé viva em Cristo renovando a vida interior dos crentes negligentes e apáticos. Em um REAVIVAMENTO Deus renova coisas antigas, conferindo um poder novo à lei e ao evangelho, bem como um renovado despertamento espiritual àqueles cujos corações e consciências tenham estado cegos, endurecidos e frios. Isso posto um REAVIVAMENTO ANIMA ou REANIMA as igrejas cristãs”

2.3- Temos ainda uma terceira definição, desta feita de Stegen, autor do famoso livro AVIVAMENTO na África do Sul (Editora clássicos evangélicos, 1991) diz ele: “...AVIVAMENTO é o transbordar natural de uma vida de acordo com as escrituras”. Isto depois de fazer a seguinte afirmação: “Estou convencido de que é desnecessário orar por AVIVAMENTO”. O REAVIVAMENTO acontece na vida do crente ou da igreja geralmente depois de um período de esfriamento espiritual, o que leva geralmente à decadência moral, a perigosas concessões, ao liberalismo teológico, à destronização de Cristo dos púlpitos, a uma liturgia fria e automatizada e, finalmente, como se não bastasse, a perda total do primeiro amor. Assim tem constatado os estudiosos do assunto.

3- Principais fatos convencionados como Reavivamento:

3.1- Reavivamento trazido pela Reforma Protestante
3.2- Reavivamento Morávio;
3.3- Reavimanento do Século XVIII (João Wesley e Jorge Whitefild)
3.4- Reavivamentos das colônia americanas entre 1725 e 1760 (Jonatas Edwards/Puritanos)
3.5- Reavivamento do século XIX (Charles Finney)
3.6- Reavivamento da Rua Azuzza, em 1906 (berço do pentecostalismo)

4- Principais características encontradas naquilo que tem sido comumente aceito como Reavivamento: Um fato digno de nota é que, segundo os estudiosos do tema, depois de comparar os vários períodos de AVIVAMENTO, existem algumas características que estiveram presentes em todos eles, que são por sua vez listadas quase que unanimemente:

4.1- Profunda Consciência de pecado. Conta-se que o período denominado por alguns como “avivamento puritano”, depois da famosa pregação de Jônatas Edwards, “pecadores nas mãos de um Deus irado”, as pessoas agarravam-se às colunas do templo, tal era a consciência do pecado;

4.2- A recuperação das Escrituras como única regra de fé e prática e de sua autoridade;

4.3- Volta-se a acreditar na salvação única e exclusivamente pela graça de Deus;

4.4- Existe uma espécie de recondução de Cristo ao trono dos corações dos crentes e aos púlpitos das igrejas;

4.5- Os crentes se animam e pregam com intrepidez a palavra;

4.6- A igreja cresce em quantidade e qualidade. Outro fato de consenso entre os estudiosos, e que não podemos deixar de destacar é que “...Nenhum homem pode programar um REAVIAMENTO, por que só Deus é DOADOR DA VIDA” (F.Carton Booth, em dicionário de Teologia, pg.76).


5- Repensando a necessidade de Reavivamento, ou será Avivamento? 

Depois de termos uma visão geral do que se tem ensinado sobre o que é um REAVIVAMENTO, os momentos que o antecedem, quais suas conseqüências e com quem aconteceu, creio que é hora de pararmos para pensar sobre esta “eminente necessidade sugerida pelo senso comum evangélico” de ter as igrejas e os crentes individualmente de passar por um AVIVAMENTO.

A propósito, nos vem uma pergunta que não quer calar: Eu como crente e minha igreja, precisamos passar por um REAVIVAMENTO ou por um AVIVAMENTO? É interessante notar que essas duas palavras, apesar de significarem coisas distintas (caso contrário não existiriam duas e sim uma palavra, além de outras implicações linguísticas) têm sido usadas como sinônimas, para designar o mesmo fato, vejamos alguns exemplos:

 Observe a definição de REAVIVAMENTO da Revista Ultimato (Edição Nº 266), transcrita literalmente no item 2.1: Começa falando de REAVIVAMENTO e termina falando de AVIVAMENTO.

 Algo semelhante acontece também na definição de J.J.Packer, transcrita literalmente no item 2.2: Ao definir REAVIVAMENTO ele afirma que é provocada uma ANIMAÇÃO ( melhor aplicada à palavra AVIVAMENTO) ou uma REANIMAÇÃO (neste caso a palavra está coerentemente aplicada).

 Observe agora a definição do autor do livro AVIVAMENTO na África do Sul (como é mesmo o nome do livro?), transcrita literalmente no item 2.3: A palavra usada é AVIVAMENTO, e em nenhum momento REAVIVAMENTO. Estaria ele falando de um assunto diferente do que trata as definições da revista Ultimato e a do próprio Packer? Claro que não, todos têm a mesma intenção.

 Também fiz questão de usar o mesmo tipo de expediente no item 1. Ora usando o termo REAVIVAMENTO ora AVIVAMENTO, exatamente para provocar nossas mentes.

Afinal de contas, o que quer dizer os termos REAVIVAMENTO e AVIVAMENTO? Qual a ideia que expressam? Antes porém, vamos colocá-los na seqüência correta: AVIVAMENTO E REAVIVAMENTO:

5.1- AVIVAMENTO

É o ato de tornar vivo. A ideia deste termo é muito usada na Bíblia, para designar a mudança de estado espiritual do homem, conforme podemos ver claramente em Efésios 2:1 “Ele vos deu VIDA estando vós MORTOS em vossos delitos e pecados”. Esta mesma ideia está presente em muitos outros textos (Ef 2:2-4; II Tm 2:26; Tt 3:4-7; Col 2:13; Col 1:13; Rm 6:18-22; I Cor 2:14-15; Jô 3:1-15). Esta palavra pode ser aplicada de forma coerente e correta ao homem que outrora estava morto e agora vive, que era natural e agora é espiritual, que era insensato e agora é sensato, e, tudo isto, por meio de uma obra miraculosa de Deus, que através do seu Espírito dá-lhe o poder da vida e com ela todas as suas bênçãos, habilitando-o à santificação e a buscar as coisas do alto, como podemos perceber nesta coletânea de textos sagrados (II Tes 2:13; Rm 6:6-14; Gl 5:24; II Pd 3:13-14; I Jo 5:4-5; II Cor 3:18; Rm 8:33-39; Jo 6:56-57; Ap 22:11; I Ped 1:23-24; II Cor 5:17; Ef 1:5-6). 

5.2- REAVIVAMENTO

É o ato de tornar vivo de novo. O que pressupõe que depois do AVIVAMENTO (no sentido em que foi abordado no item 5.1) dado pelo próprio Deus “Ele vos deu vida” (Ef 2:1), vem a morte novamente e daí a necessidade de um RE-AVIVAMENTO (um Avivamento outra vez), ou seja, uma NOVA ação de Deus para, mais uma vez, dar vida ao homem (talvez a porção de vida dada anteriormente não tenha sido suficiente). 

Observe este relato de REAVIVAMENTO registrado, pasmem, nas páginas do Jornal Os Puritanos Nº 05 de 1993: “Observou-se um menino profundamente impactado. O professor que era cristão...mandou o pequeno garoto ir para casa e buscar ao Senhor em particular...no caminho viram uma casa vazia e entraram para orar juntos...sentiu sua alma ser abençoada com uma paz sagrada... regozijando-se nesta NOVA e ESTRANHA BENÇÃO”

Se é este REAVIVAMENTO que buscamos, e parece que é, até porque todos os registros de REAVIVAMENTO, trazem relatos dessa natureza, então estamos fazendo coro com a doutrina Pentecostal da segunda benção, ou seja, a pessoa aceita a cristo (primeira benção) e depois recebe o batismo com o Espírito Santo (segunda benção). 

Alguns textos têm sido usados também para embasar o apelo reavivalista: Um deles é João 5:21 que trata de Avivamento, no sentido do novo nascimento, torna-se sem sentido empregar como uma nova visita de Deus. Outro texto muito utilizado é Zc 12:10 aponta para a 2ª vinda de Cristo (ver comentário da bíblia vida nova), utilizá-lo no sentido de um reavivamento para nossos dias incorre no perigo de forçar o texto. Sl 85:6 indica vigor físico, além disso onde diz que Deus visitará de forma especial? E, finalmente, Hb 3:2 que aponta para a igreja no NT (ver comentário vida nova). 

Portanto, podemos chegar a conclusão que, com o sentido em usam a palavra REAVIVAMENTO, como uma “visitação” do Espírito Santo, como afirma Packer na sua obra Entre os Gigantes de Deus, pg .35, não encontramos na Bíblia, com exceção dos primeiros capítulos de Atos. De fato, ali, as pessoas já haviam se convertido, já seguiam a Jesus e, agora, recebiam o Espírito Santo. Aqui sim, podemos até usar a palavra REAVIVAMENTO coerentemente, como uma visitação especial de Deus, aqui e tão somente aqui, se realmente fazemos questão de utilizá-la a qualquer custo. 

A grande parte dos teólogos reformados são unânimes em afirmar que o Batismo da Igreja foi um fato único e de uma vez para sempre, notem: “batismo sobre a representação da igreja, não sobre indivíduos, de forma particular”. 

No NT, a partir de Atos, o Espírito vem sobre a vida das pessoas no exato momento (ou processo) de sua conversão (Ef 1:13-14; Jo 16:8). Agora uma questão para pensar e responder: No NT (não quero saber de experiências pessoais), em que outra passagem, além de Atos, vemos alguma manifestação, ao menos similar, espetacular do Espírito de Deus como a acontecida no dia de pentecostes? Com muita boa vontade, o único correlato que encontramos para a “idéia” da palavra REAVIVAMETO na bíblia é a palavra RESSURREIÇÃO, que assim como aquela, traz a idéia de fazer viver de novo, embora a aplicação esteja distante de ser a mesma.

6- Fechando a questão:

Chegou o momento de nossa reflexão que temos que optar. Daqui não poderemos passar sem descer do muro e escolher o que a igreja e os crentes precisam, ou o que todos dizem que todos precisam. Temos duas opções:


a) Precisamos de AVIVAMENTO;
b) Precisamos de REAVIVAMENTO;

Devemos contudo alertar para o fato de que ao fazermos nossa opção, estamos assumindo também todos as suas implicações, ônus e Bônus. a) Se respondemos que precisamos de AVIVAMENTO, então temos que admitir que ainda estamos “mortos em nossos delitos e pecados” e que Jesus ainda não nos deu vida, pois AVIVAR é fazer viver, ou seja, ainda não nascemos de novo e, conseqüentemente, não somos salvos. b) Se por outro lado, respondemos que precisamos de um REAVIVAMENTO (novo avivamento) teremos que admitir que a vida outorgada a nós por Jesus, no ato de sua morte, não foi suficiente, e que seu brado “está consumado”(Jo 19:30) foi um mero grito de desespero e ainda nos falta algo.

E o que diríamos então da afirmação de Jesus em Jo 10:10? E ainda do profeta Isaías em Is 53:11 (que satisfação haveria?). Talvez o sacrifício de Cristo não tenha sido tão suficiente assim como afirmam as escrituras! Ou, quem sabe, a sua obra vicária tenha sido somente para disponibilizar a salvação e suas bênçãos decorrentes (como a vida em abundância por exemplo) para quem quiser usufruir (mas só para quem quiser), ou ainda para aqueles que estão buscando um REAVIVAMENTO. Esta ideia RE-A-VIVAMENTO é definitivamente tão estranha às escrituras quanto pode ser.

7- O que precisamos então?

“Não precisamos de REAVIVAMENTO”. Exatamente porque o AVIVAMENTO que foi operado em nós foi SUFICIENTE e PERFEITO. “Se precisamos de REAVIVAMENTO para termos uma profunda consciência do pecado, para crer nas Escrituras como única e suficiente regra de fé e prática, para acreditar que a salvação é só pela graça e fé em Jesus, para abdicar das paixões mundanas, para pregar o evangelho e para obedecer aos princípios morais das escrituras, isto pode ser um grave sintoma de que o que na verdade precisamos é do AVIVAMENTO, do NOVO NASCIMENTO, DE CONVERSÃO.

Deus só “visitou” os homens de forma “espetacular” (no emprego teológico da palavra) por três vezes: No Éden (Gêneses 3:8-19); na 1ª vinda do Messias (Lc 2:6-11), com o Batismo da Igreja (Atos 2) e se manifestará a quarta vez na 2ª vinda gloriosa de Cristo (Mt 24:27).

Observemos agora o texto de Lucas 16:19-31. O que o rico do texto pede acaso não é o que todos pedem hoje, uma “visitação particular” e espetacular de Deus? A resposta negativa ao seu pedido responderá exatamente nossa pergunta inicial (o que precisamos então?) ”Eles têm a Lei e os Profetas ouçam-no”.

É exatamente isso que precisamos. A palavra de Deus está cheia de textos que nos chamam a uma vida reta e CONSTANTE, a uma vida de santidade. Deus já disse como Quer que vivamos e o que Dele se deve crer, JÁ nos HABILITOU para isto com a VIDA (avivamento), por que haveria Ele de nos “visitar” novamente? Para dizer como deve ser nossa vida? Isso já fez. Para nos habilitar a segui-lo? Isso também já fez (ou será que ainda não?). Nós que já passamos pelo Novo Nascimento (Avivamento), como diz Paulo em I Coríntios 5:17 “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”, temos condições de, NATURALMENTE, buscar as coisas celestiais (II Ped 1:4, I Ped 1:23 e Jo 3:6). É o que o Apóstolo quer dizer.

8- Qual é o problema então?

Algo errado no ar! Por que tantas pessoas dentro de nossas igrejas vivem uma vida medíocre e longe das escrituras, enquanto suplicam e esperam por um REAVIVAMENTO para consagrá-las? Para mim a resposta é muito clara e objetiva. Se não conseguem seguir a bíblia, entendê-la e nem viver de acordo com os princípios de Deus (não estou aqui falando de uma vida perfeita) é porque ainda não foram AVIVADAS, não passaram pelo Novo Nascimento, pela Conversão, pela Regeneração, e, conseqüentemente, não possuem a vida em abundância, que é a própria vida outorgada no sacrifício de Cristo. Quem, ao contrário, consegue tudo isto, o faz de forma NATURAL, devido à “nova semente de que foi gerado” como uma criança que vai crescendo e aprendendo as coisas, assim se dá também na esfera espiritual. O grande problema é que não queremos enxergar que a maioria dos “pseudos pietistas” precisam é da “PRIMEIRA E ÚNICA BENÇÃO”, a Salvação!

9- O que pensar agora?

O que dizer então dos REAVIVAMENTOS registrados pela história? Invencionices? Antes de responder esta pergunta precisamos saber de um fato muito interessante e que quase nunca é divulgado pelos avivalistas:

O historiador Welliston Walker lembra: “no clima emocional do início do século XIX, insuflados por despertamentos religiosos, também surgiram vários movimentos que representam significativos afastamentos ou distorções do modelo evangélico protestante” (História da Igreja Cristã Vol.2 p.279).

Hoje esses grupos que surgiram de movimentos RE-A-VIVALISTAS, representam um iminente perigo para a verdadeira fé evangélica. Entre eles, as conhecidas seitas: Testemunha de Jeová e Mórmons. Estranho não?!

Agora vamos responder a pergunta inicial: “Eu diria que invencionices não, o que não houve foi REAVIVAMENTO coisa nenhuma (não no sentido empregado, como uma nova visitação de Deus). O que houve simplesmente foi que algumas pessoas (somente aquelas que sinceramente se aproximaram mais das Escrituras Sagradas e nunca aquelas que apresentam sintomas “externos” de uma pseudo-santidade – quanto mais pior), devido a nova semente existente nelas e de forma NATURAL, e por vontade própria (gerada pela natureza da nova semente), passaram a aplicar os princípios escriturísticos em suas vidas.

O que tem de extraordinário nisso? Não é o que Deus nos manda fazer? Lutero, Calvino e tantos outros (canais do “Reavivamento” da Reforma protestante), simplesmente leram as escrituras e aplicaram às suas vidas. Só isso. Não receberam nenhuma visitação especial de Deus. Os puritanos, não buscavam também, como lhes é atribuído, o REAVIVAMENTO, como admite o próprio Packer em sua obra: Entre os Gigantes de Deus pg.36 “[...]os Puritanos não usavam o termo técnico REAVIVAMENTO para expressar aquilo que procuravam, mas expressavam seus objetivos totalmente no vocábulo REFORMA”. Não usavam porque não buscavam o que querem, hoje, que tenham buscado. O que buscavam era tão somente obedecer a bíblia.

As pessoas hoje se admiram das mudanças provocadas naquelas épocas e atribuem isso a uma visitação de Deus, ou seja, Ele “visita” e as pessoas passam a obedecer a bíblia e as mudanças acontecem. Esta ordem está errada. O correto e como de fato aconteceu e os historiadores não gostam muito de contar é: Eles OBEDECERAM a bíblia e suas vidas modificaram, aliás, como deve ser, NATURALMENTE.

Por fim, se começarmos a viver de acordo com os princípios bíblicos (e já os conhecemos), se dedicarmos maior atenção a eles, se deixarmos a mentira, a avareza, a prostituição e todas as demais obras da carne, que tão bem conhecemos, e as substituirmos pelos Frutos do Espírito (e já somos HABILITADOS para isso), como a BÍBLIA nos exorta exaustivamente e pararmos de ficar olhando para as nuvens esperando uma visita “extraordinária” de Deus (e isto não ocorrerá! A não ser na 2º vinda de Cristo), nossas vidas, nossas igrejas, nossos Bairros, nossas cidades e nosso País, certamente serão “visivelmente” melhores e provavelmente também faremos parte dos escritos desses “homens de Deus” que escrevem sobre estes "supostos" RE-A-VIVAMENTOS.

Obs: Esse artigo foi publicado originalmente no site da IPB, em 04/04/05. Lembrei dele e resolvi publicar aqui no blog também. Ainda não fiz nenhuma revisão, nem de conteúdo nem de possíveis erros ortográficos e gramaticais.

sábado, 9 de janeiro de 2010

ARCA DE NOÉ, DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM, A SOBERANIA E A GRAÇA DE DEUS

É comum ouvir-se dizer: "no Velho Testamento era o tempo da Lei, hoje vivemos no tempo da graça". Bem, essa é apenas uma parte da verdade, mas não ela toda. Essa expressão denota, equivocadamente, que a graça de Deus começou a atuar apenas no Novo Testamento. Pressupõe até mesmo que a salvação no VT ocorria pelo cumprimento ou não da Lei. O epsódio do dilúvio depõe contra esse pensamento. Nessa cena, algo que chama bastante atenção é a Depravação Total do homem, fruto da perda do "livre arbítrio" pela escolha que, em Adão, fez. Observe bem os textos: "Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração [...]. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra" (Gêneses 6:5, 12). Assim somos, naturalmente, ainda hoje, Totalmente Depravados, no sentido se sermos rebeldes contra o Criador. Naturalmente tendemos a afastar-nos de Deus em direção ao mal e já assim nascemos. Quer uma prova disso? Você precisa ensinar algo errado para seu filho? Claro que não! Ele já sabe, por menor que seja; está em suas entranhas e ao entrar em contato com o mal, ele identifica-se; há perfeita sintonia. Ele é "nascido escravo" e só o sangue do Cordeiro de Deus pode modificar essa situação. Assim era no tempo de Noé, assim é no nosso tempo. Mas, ao lado da situação do homem, refém de sua própria "escolha livre", está a Soberania de Deus. Soberania esta presente na própria concessão desse "livre direito de escolha" do homem. Deus quis que fosse assim; Ele quis que o homem fosse totalmente livre, "não pendendo nem para o bem nem para o mal" (para saber mais sobre esse assunto recomendo a leitura de nosso artigo "Soberania de Deus e Liberdade Humana", no seguinte endereço:
http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com/2008/09/soberania-de-deus-e-liberdade-humana-na.html). A soberania de Deus revela-se também pelo direito que só ele tem de dispor de quantas vidas julgar necessário ou mesmo que não julgue "necessário". Afinal, quem criou o homem? Deus, exercendo seu livre e soberano direito de criar. Não precisava, mas quis criar. E criou dessa maneira e não de outra. Ora, podendo criar livremente, pode também matar livremente, não precisando, para isto, dar satisfação a ninguém, assim como não precisou ao criá-lo. Veja o que diz o texto: "Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito [...]. Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá [...]. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra (Gêneses 6:7,13,17) ". Assim quis, assim fez. É assim que age um Ser Soberano, veja: "Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem [...]. Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. [...]. Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca" (Gêneses 7:21-23). Como todos sabem, após cento e cinquenta dias (Gêneses 7:24), as águas do dilúvio baixaram e a terra ficou seca novamente, com direito a juramento daquele que faz o que quer. Que mata (todos os seres vivos) e que deixa viver (os que entraram na arca). Veja: "Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra" (Gêneses 9:11). A questão agora é: O que levou Deus a fazer esse juramento? O fato do homem ter aprendido a lição? O holocáusto de Moisés? Certamente que não. Nada mudou no homem, pois o dilúvio não foi capaz de mortificar a semente pecaminosa instalada no coração do homem. Ela estava lá, o tempo todo dentro da arca, caso contrário a nova geração não mais viveria em rebelião contra o Criador de tudo e de todos. O interessante é que Deus sempre soube disso. Veja o que Ele diz logo depois que Noé e os outros saíram da arca: "Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz" (Gêneses 8:21). Isso certamente incluía Noé, que só não pereceu também porque "achou graça diante do SENHOR" (Gêneses 6:8). O que levou, então, Deus a prometer solenemente que não mais destruiria a "carne" por dilúvio? Sua Graça, respondemos. Somente sua Graça. Ora, o homem ainda continuava sendo merecedor da destruição, nada mudou. Deus, de forma graciosa, resolveu poupá-lo de outra catástrofe semelhante. A própria arca, tipo de Cristo, é sinal de sua Graça bendita. É graça no começo, é graça no meio e é graça no fim. Graça: único remédio possível para o homem, que é o mesmo, antes do dilúvio e depois dele.

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