Deus, às vezes, nos ensina que nas contradições estão presentes os preceitos mais importantes da vida: quem quiser ser o maior, que seja o menor; quem quiser ser exaltado, será humilhado. Os últimos serão os primeiros, etc. Isso é um violento golpe contra nossa lógica da auto-suficiência.
Também neste período chamado natalino outra contradição, talvez a mais importante delas, nos surpreende: enquanto todos comemoram o Nascimento de Cristo, Ele nos manda olhar para cruz; para sua morte:
“E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós (Lucas 22:19-20)”.
É de lá, da Cruz, e somente de lá, que vem a salvação; não da manjedoura, não de nenhum outro lugar:
“Por suas chagas, fostes sarados” (I Pedro 2:24).
“Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.5).
Castigo que traz paz; pisaduras que saram; benditas contradições!
A Manjedoura tão somente aponta para a CRUZ de Cristo, para sua morte e ressurreição.
Cristo nada teria feito se tivesse apenas nascido “para viver como um de nós”. Ou seja, diferentemente dos outros homens que nascem com o objetivo de viver e lutam até as ultimas forças para não morrer, Ele já nasceu para morrer. Sendo assim, seu nascimento não tem importância primária, é apenas um detalhe para lhe conferir humanidade. Ele tornou-se “um de nós” com o objetivo único de experimentar a morte por nós. Sendo assim, a manjedoura é apenas uma pregação profética da Morte e Ressurreição de Cristo.
Mas, se é assim mesmo, por que então o natal é comemorado por Cristãos no mundo inteiro?
Existe um movimento muito grande no meio protestante reformado, e também da IPB, contra a celebração do natal. Um rápida pesquisa na internet vai demonstrar como esse assunto tem sido debatido.
Esses irmãos que são contra o natal argumentam que o natal surgiu a partir de uma antiga festa pagã do Egito, onde no dia 25 de dezembro o deus Sol era adorado. Na idade média o Catolicismo Romano trouxe essa festa pagã para dentro do Cristianismo e adaptou-a, substituindo o deus Sol por Cristo, dizem eles. Além disso, continuam, não existe nenhuma ordem nas Escrituras para comemorar o nascimento de Cristo e o próprio Jesus,todos sabem disso, não nasceu realmente no dia 25/12. Outro fato relevante é que os apóstolos jamais comemoraram ou mandaram comemorar o nascimento de Cristo.
Diante disso perguntamos: ESTÁ CORRETO o cristão protestante comemorar o nascimento de Cristo? Qual a posição da IPB sobre essa questão? Os símbolos de fé da IPB falam alguma coisa sobre isso? Vamos fazer uma rápida reflexão sobre esse assunto:
O catecismo maior de Westminster (entre as perguntas 46 a 54) tratando respectivamente sobre o ESTADO DE HUMILHAÇÃO e de EXALTAÇÃO de Cristo, nos dá uma possibilidade de caminho a seguir. Vejamos: pergunta 46: "Qual foi o estado de humilhação de Cristo? Resposta: Foi aquela baixa condição, na qual, [...] Ele tomou a forma de servo em sua CONCEPÇÃO E NASCIMENTO [...]".
Notem: o nascimento de Cristo representa a HUMILHAÇÃO DE DEUS. Sim, Deus foi, verdadeiramente, HUMILHADO. Isso é para ser comemorado mesmo? Ao comemorarmos isso não estaríamos, antes, zombando de Deus? Expondo-o ao ridículo? Escarnecendo de um Ser que, naquele momento, nasce, inclusive, em situação de extrema calamidade, junto de animais? Obviamente que esse quadro só ocorreu por decisão Soberana Dele, mas isso não diminui sua "vergonha". Exaltar o nascimento de Cristo, não seria querer diminuir e “esvaziar” a glória de Deus, novamente? Perpetuar um momento que "é" para ser esquecido - o momento da HUMILHAÇÃO DE DEUS? Ora, Humilhação é contra a própria natureza de Deus, que tem, infinitamente, mais a ver com EXALTAÇÃO.
Veja agora o que diz a pergunta e resposta de nº 47: "Como se HUMILHOU Cristo na sua concepção e nascimento? Resposta: Cristo humilhou-se na sua CONCEPÇÃO E NASCIMENTO (dá pra acreditar que festejamos esse momento?) em ser, desde toda a eternidade, o Filho de Deus no seio do Pai, quem aprouve, no seu tempo, tornar-se Filho do homem, nascendo de uma mulher de humilde posição com diversas circunstâncias de HUMILHAÇÃO FORA DO COMUM". Comemorar o Natal não seria, em última análise, uma tentativa de HUMILHAR (contrário de exaltar) a Deus, novamente?
Ao lado disso, se não devemos comemorar o Natal (sendo essa a conclusão correta), o que comemorar então? A resposta seria bem simples: O mesmo que comemoramos na CELEBRAÇÃO DA CEIA, isto é, o estado de EXALTAÇÃO de Deus.
Veja o que diz a pergunta de nº 51: Qual é o estado de EXALTAÇÃO de Cristo? Resposta: O estado de exaltação de Cristo compreende a sua RESSURREIÇÃO, ascensão e o estar assentado à destra do pai e a sua segunda vinda para julgar o mundo".
Notem: A aproximação de Deus com o homem (no sentido de tornar-se um de nós) é um estado de HUMILHAÇÃO. A aproximação de Cristo com Seu próprio Trono de Glória, perfazendo o caminho contrário ao de Filipenses 2:6-8, é um estado de EXALTAÇÃO.
Não seria mais prudente EXALTAR o que é para ser EXALTADO - A ressurreição de Cristo, sua ascensão, o fato de estar Ele à destra de Deus e sua volta com PODER e MUITA GLÓRIA?
Em contrapartida, não deveríamos esquecer o dia da HUMILHAÇÃO de Deus (tudo indica que essa tenha sido a postura adotada pelos Apóstolos, que não comemoraram, em nenhum momento, o nascimento de Cristo), sob pena de estarmos RIDICULARIZANDO o ser que deve ser EXALTADO, mas que decidiu, uma única vez, querer experimentar, por nós, a HUMILHAÇÃO?
Esse é um lado da moeda. Mas, AFINAL, COMEMORAR OU NÃO COMEMORAR O NATAL?
Tudo isso que acabamos de argumentar acima, deve nos impulsionar a proibir a celebração do natal em nossas igrejas, sobretudo Igrejas Presbiterianas que adotam os símbolos de fé de Westminster?
Vamos pensar de forma prática neste assunto. Vejamos algumas considerações importantes. Vejamos o outro lada dessa mesma moeda:
1ª) Em 2009 a IPB se pronunciou, oficialmente, CONTRA esses irmãos que querem proibir a celebração do natal. Então, qualquer tentativa de proibir essa celebração, na IPB, sem ser pelos meios legais, pelos concílios da igreja, será sempre arbitrária e sem legitimidade constitucional. Essa decisão pode mudar? Claro que sim. Contudo, lembramos que a IPB é uma igreja conciliar e ninguém tem o direito de querer mudar as coisas somente porque discorda delas, tendo já sido matéria de discussão e decisão nos concílios competentes. Quer mudar? Tem todo direito, mas deve fazer isso emitindo documento ao conselho da igreja que o remeterá às instâncias imediatamente superiores, sempre acompanhando as razões que o levaram a pleitear a mudança.
2ª) HOUVE ALEGRIA E COMEMORAÇÃO NO NASCIMENTO DE CRISTO:
Os evangelhos, no relato da cena do nascimento de Jesus, nos mostram que houve alegria, comemoração, louvor e adoração na cena do nascimento de Cristo. Isso é indiscutível:
“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2:10).
“E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (Lc 2:13,14).
“Voltaram, então, os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado” (LC 2:20).
“Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus” (Lc 2:28).
“Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11).
Evidentemente que a alegria é pela vinda do “salvador” e isso aponta, inegavelmente, para a cruz. Contudo, por outro lado, não dá para desprezar o fato de que todos esses textos citados acima relatam momentos de euforia pelo nascimento do messias. Não vemos tristeza, silêncio ou mesmo a indiferença que muitos advogam hoje, em relação ao natal. Foi, de fato, um dia extremamente feliz, de "grande alegria". E por qual motivo? Pelo nascimento do menino-Deus.
Se não houve comemoração pelo nascimento de Jesus, como relatam os evangelhos, não sei mais o que é uma comemoração!
Logo, isso pode ser um indício de que pode NÃO SER errado alegrar-se com o nascimento de Jesus, bem como relembrá-lo ou comemorá-lo. Podemos, inclusive, aproveitar a oportunidade para, via manjedoura, anunciar a cruz de Cristo. Será que realmente devemos perder tamanha oportunidade?
Se formos lembrar, comemorar, louvar e adoração a Deus com cânticos pelo nascimento de Jesus, se formos comemorar o que convencionou-se chamar de natal, devemos URGENTEMENTE nos afastar de tudo que ofusca e desvie a atenção da manjedoura, do próprio Cristo e da sua cruz. ENSINE PARA AS PESSOAS O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL, que aponta para a cruz de Cristo. Fica algumas dicas:
a) Não promova, não incentive, não iluda seus filhos e demais crianças com a história de papai Noel. Pelo contrário, ensine às crianças, desde cedo, que ele não existe ou mesmo ensine a macabra história de sua origem como pedófilo, conforme registrado na enciclopédia Britânica. Contribua para apagar completamente a figura do nada bom velhinho.
b) Não tenha, não compre, não enfeite, não ajude ninguém a ter árvore de Natal, guirlanda ou qualquer
outro símbolo supostamente atribuído ao nascimento de Jesus, não tendo, obviamente, nenhuma relação
com esse bendito acontecimento.
c) Foque na mensagem de esperança de salvação que o nascimento de Jesus proporcionou às pessoas de
sua época e ainda proporciona hoje.