4.3- O QUE O LÍDER
PRECISA SABER?
4.3.1- COMUNICAR-SE BEM
Como já vimos, a liderança começa
com uma visão, que é transformada, a partir do comprometimento de trabalhar em
prol dela em missão, que é cumprida por
sua vez através do estabelecimento de metas. Mas, contudo, o líder não alcança
seus objetivos sozinho, pois liderar pressupõe conduzir e trabalhar com
pessoas. O líder precisa então COMUNICAR suas visões, idéias e objetivos. A
comunicação é ao mesmo tempo a maior arma que o líder dispõe e o maior desafio a dominar. COMUNICAR é
entender e se fazer entendido. Chama-se
RUÍDO tudo aquilo que
atrapalha ou prejudica a comunicação. Na comunicação existe o EMISSOR (quem está falando) e o RECEPTOR
(quem está ouvindo).
Não existe em nossa vida algo que
seja mais corriqueiro do que a COMUNICAÇÃO. Nos comunicamos o tempo todo com as
pessoas, na escola, no trabalho, em casa, na igreja, em fim, desde que nos
entendemos por “gente”, necessitamos e usamos (muito bem por sinal) a
COMUNICAÇÃO.
Se as premissas acima são
verdadeiras (e são) qual a dificuldade então que as pessoas têm, ou acham ter,
para comunicar-se. Primeiro devemos constatar que a dificuldade se dá quando o
FOCO DA COMUNICAÇÃO somos nós. Enquanto estamos interagindo com outras pessoas
numa conversa por exemplo, não existe problema algum mas quando é dito que as atenções estarão
voltadas para o EMISSOR da comunicação e quando este emissor somos nós
“as mãos começam a suar”. Tentaremos identificar esses problemas, que
chamaremos de BARREIRA PARA
COMUNICAÇÃO e também tentar propor algumas soluções para minimiza-las e
ainda dar algumas dicas de como comunicar-se bem.
Antes de qualquer coisa
precisamos saber o seguinte: AS BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO SÃO
IMAGINÁRIAS. É muito interessante
notar que essas barreiras de fato não existem, nós a colocamos lá.
Um caso típico de criação de “Barreiras
Imaginárias” é o de Moisés em Êxodo capítulos 3 e 4. Essas barreiras
criadas por Moisés são, em geral, as mesmas que nós criamos. Vejamos:
1-Falso complexo de
inferioridade (Ex 3:11): Estamos o tempo todo, em nossa vida, na escola, no
trabalho e aonde quer que seja, tentando provar que somos bons, que temos
habilidades, que fazemos melhor que as outras pessoas, mas, quando estamos
diante de uma situação dessas, somos o
“menor de todos”. Simples desculpa provocada pelo medo de nos vermos sendo
analisados.
2- As pessoas não me darão
ouvidos (Ex 3:13 e 4:1): Agora a culpa não é mais meu “falso complexo de
inferioridade”, a culpa agora é das pessoas que me ouvirão. (esta desculpa é
uma velha conhecida nossa);
3-Tenho problemas biológicos,
físicos que não me permitem comunicar (Ex 4:10): No fundo todos sabemos que
as barreiras da comunicação são invisíveis, mas, se por outro lado, alegamos
limitações físicas, ninguém poderá contestar nossa incapacidade para a
comunicação, sobre tudo se problemas de fala. (o grande problema dessa desculpa
é quando não somos “gagos”).
4-Falso desejo de ver a “obra”
ser feita de forma mais competente (Ex 4:13): “Senhor é verdade eu sei
fazer, certamente conseguirei me comunicar, mas se o “irmão fulano” fizer isso
em meu lugar, sairá um trabalho melhor para tua glória!”. Este irmão deveria já
ter sido arrebatado. Se Deus nos chama para determinada tarefa é por que ele
quer que façamos, que desenvolvamos nossas habilidades
5- A última cartada (Ex 4:17):
Moisés já havia argumentado tudo que podia com Deus, Que já havia dado todas as
soluções para as barreiras que levantara, agora dá sua última cartada. Se à
semelhança de Labão (Gn 29), Jetro não o liberasse. Ele ouviu de seu sogro a
última coisa que queria ouvir: “Vai-te em paz”. Qual será sua última cartada
para não encarar o grande desafio de
comunicar-se enquanto líder?
Todas
essas barreiras que criamos, criamos
basicamente por um único motivo, a saber, falta de prática, falta de
cotidianidade, falta de hábito no lhe dar com o publico. É uma questão de
treino. Todos são capazes e mais que isso: TODOS QUEREM E ADMIRAM UMA BOA COMUNICAÇÃO.
É interessante notar que não foram os RECEPTORES de Moisés não impuseram todas essas barreiras e
sim o próprio EMISSOR, no caso, Moisés. Geralmente
o receptor está tão somente esperando para ouvir, e logo percebemos olhos
prontos a nos devorar (olhos que na verdade não existem).
Notem como Moisés venceu essas
barreiras: Acaso Deus operou miraculosamente em sua boca para que ele se
fizesse entender, para que COMUNICASSE bem sua missão? Não absolutamente. Ele
(Moisés) simplesmente encarou seu próprio medo, se superou (Êxodo 5:1-3).
Observe agora: quantas barreiras de comunicação os Israelitas viram na
comunicação de Moisés? (Êxodo 4:28-30) e Faraó viu todas aquelas
barreiras que Moisés erguera? Não, pelo contrário, Deus endureceu seu coração,
não foi por falha na comunicação que não deixou o povo sair (Êxodo 4:21).
“A principal forma de perder o
medo de falar em publico é falando em publico”. E isso é essencial para um
líder. Serei mais claro, se quiser ser um líder tem que perder o medo de falar,
tem que, assim como Moisés, superar seus limites e seus medos. Caso contrário,
desista, a liderança não é para você. Contudo lembre-se: você é capaz, só
precisa treinar.
4.3.1.1 – NÍVEIS DE COMUNICAÇÃO DA LIDERANÇA
Como já vimos, a comunicação é
vital para o desempenho da atividade de um líder. Essa comunicação se dá
basicamente em três níveis:
4.3.1.1.1 – AMIZADE /
ACONSELHAMENTO – NÍVEL INDIVIDUAL:
O líder precisa, antes de mais
nada, manter um bom relacionamento de AMIZADE
com seus liderados. Ninguém consegue liderar inimigos. A comunicação
individual é a base dos outros níveis de
comunicação. Se o líder tem problemas de
relacionamento, não fala com”fulano” não fala com “sicrano” é pouquíssimo
provável que será ouvido em outros níveis de comunicação, como a preleção, por
exemplo. No passo posterior, o ACONSELHAMENTO (só quem cativa a amizade
dos liderados consegue chegar a este passo da comunicação individual), o líder
precisa de algumas ferramentas para desempenhar seu papel de conselheiro: Em primeiro lugar, sempre estar
disposto a escutar. Em segundo lugar, escutar calado até o fim a explanação do problema e
tentar entende-lo. Em terceiro lugar, tentar arrancar o máximo de
informações possíveis (geralmente a pessoa não conta o que realmente está lhe
perturbando), o líder precisa estar atento às entrelinhas. Em quarto lugar,
manter a expressão sempre tranqüila, ainda que seja o pecado “mais cabeludo”
que esteja lhe sendo confidenciado (o líder precisa estar preparado para ouvir
de tudo, sem preconceitos) e sempre olhando para a pessoa, em total atenção. Em
quinto lugar, depois de já ter
formado opinião sobre o assunto, de ter pensado o que a bíblia diz a respeito,
o líder deve emitir sua opinião, sempre verdadeira (com cautela e mansidão)
visando sempre o bem do aconselhando. Em sexto e em último lugar, o
líder deverá AJUDAR o aconselhando a resolver seu problema, nunca tentar
resolver por ele. Expressões do tipo: “você não acha que agir assim resolveria
seu problema” são sempre bem apropriadas nestes casos.
4.3.1.1.2 – REUNIÕES COM OUTRAS LIDERANÇAS – NÍVEL SEMI-COLETIVO
Neste tipo de reunião o líder
precisa ter muito bom senso e esperteza. Ele estará lhe dando com pessoas que
são seus liderados mas ao mesmo tempo também são líderes. Em reuniões desta
natureza o líder precisa demonstrar que sabe o que quer e que caminho seguir
(ainda que peça opiniões, e deve pedir, ele é quem deve dar as cartas, indicar
quem fala, “bater o martelo”). É imprescindível o uso de uma pauta prévia para
não dar a impressão (as vezes verdadeira) que está perdido e sendo levado de
acordo com o pensamento das outras pessoas.
4.3.1.1.3- - PRELEÇÕES,
ENSINO –
NÍVEL COLETIVO:
Este tipo de comunicação é a que
traz um grau maior de dificuldade (pelo
menos no início) para o líder, principalmente pelo fato de não estar acostumado
a falar em publico. Neste tipo de comunicação exige algumas tarefas: Primeira:
saber o que vai falar, sempre ligando à necessidade do grupo. Segundo: Uma
longa reflexão sobre o que vai se falar. Terceiro: Nunca ignorar o
auditório (ler cabisbaixo), mas sempre olhar para ele, em sinal de segurança.
Lembre-se: “As pessoas não conhecem seu interior, não sabem se você irá
ficar nervo”. Quarto: Prepare um
esboço para não se perder. Um esboço para preparar e organizar a preleção
deverá conter os seguintes elementos:
INTRODUÇÃO: Deve ser
sempre interessante e convidativa, a fim de prender a atenção dos ouvintes para
o restante da preleção, tendo sempre conexão com o próximo ponto. Pode ser
usado uma estória, a letra de uma música etc. A ênfase e tonalidade da
introdução devem sempre levar o ouvinte a querer ouvir o resto. Nunca começar
uma preleção depois de avisos etc, isto quebra o brilhantismo da introdução.
CONEXÃO: No texto que lemos também trata sobre
isto....
ELUCIDAÇÃO: Aqui se trabalhará o texto lido em si.
Todas as informações sobre o texto deverão ser ditas aqui. Aqui também se dá
informações novas sobre o texto (geralmente retiradas de comentários bíblicos,
estudos etc). É aonde se dá o aprofundamento do texto. Informações de quando
foi escrito, o momento em que foi escrito, para quem foi escrito, com que
intenção (todo o pano de fundo do texto). Encerrar a Elucidação sempre com uma
deixa para a entrada do tema.
CONEXÃO: É exatamente sobre isto que QUERO falar....
sobre:
TEMA: A escolha do tema é muito importante. Deve ser
sempre um tema que seja de interesse e necessário ao ouvinte, caso contrário,
ele não se interessará a ouvir sua argumentação.
CONEXÃO: Repetir o tema antes de cada argumento...
ARGUMENTAÇÃO: Aqui você
vai fundamentar suas idéias a partir do ponto de vista do tema do seu sermão. É
o momento de convencer seu ouvinte que o que você está falando é verdade. Para
isso pode-se usar outros textos para dar maior veracidade a sua argumentação,
ou ainda citação de autoridades no assunto. O número TRÊS argumentações
é defendido por alguns como um número ideal. Sempre em ordem crescente de grau
de interesse e importância, a fim de despertar no ouvinte um sentimento de que
o próximo argumento será sempre mais forte.
CONCLUSÃO: À semelhança da introdução também dever
ser interessante, podendo ser uma estória, uma letra de música etc, só que
desta feita desfechando tudo aquilo que foi falado, é uma síntese de tudo que
você apresentou.
APLICAÇÃO: Aqui você faz o
ouvinte perceber que tudo que você falou foi com ele e para ele e, diante
disto, precisa se posicionar. Expressões do tipo “qual será sua atitude daqui
para frente, depois de saber disso que ficou sabendo neste dia?” são sempre bem
colocadas aqui. Pode-se usar a música como recurso para chamar o ouvinte à
responsabilidade.