O Padre José de Anchieta (1534-1597), com atuação no Brasil a partir de 1553, foi canonizado por decreto papal do Papa Francisco, nesta quinta-feira, 03/04/2014, depois de ter sido beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1980. Veja um pouco de sua história:
Mas, por que só agora Vaticano? Por que tanta demora em canonizar o Padre José de Anchieta?
O padre Simão de Vasconcelos (1597-1671), autor de A vida do venerável do padre José de Anchieta, levou a Roma um pedido de beatificação do biografado, mas só seria atendido séculos depois, em 1980, pelo papa João Paulo II. Contra a canonização de Anchieta pesaria a acusação de ter participado do extermínio de um “herege francês” na costa da Guanabara. Conforme:http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/enfim-santoAs informações abaixo podem explicar o motivo da demora:
Na chamada invasão Francesa (1555), Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571), fingindo-se de Calvinista, alcançou a amizade do vice-almirante Gaspard de Coligny, um dos principais conselheiros do reino, que nutria fortes simpatias pela Reforma, conseguindo, assim, o apoio do rei Henrique II (1547-1559), para fundar aqui no Brasil a França Antártica, que serviria de refugio aos protestantes perseguidos e escorraçados na Europa.
Viagem autorizada, depois de reunir um
bom número de homens, chegaram ao Rio em 10 de novembro de 1555. Villegaignon impôs
trabalhos forçados aos colonos. Isso fez com que sua estadia no Brasil não fosse
tranquila.
Segundo o historiador Auderi de Souza Matos:
Diante das dificuldades surgidas, Villegaignon decidiu escrever à Igreja Reformada de Genebra, solicitando o envio de pastores e outras pessoas que ajudassem a elevar o nível religioso e moral da colônia e evangelizassem os indígenas. Por sua vez, Calvino e seus colegas escolheram alegremente para acompanhar o grupo os pastores Pierre Richier (50 anos) e Guillaume Chartier (30 anos). Conforme: http://www.mackenzie.com.br/6996.html .
Depois outros huguenotes (calvinistas
franceses) também vieram ao Brasil.
Um desses Huguenotes foi Jacques Le Balleur. É aqui que entra o Padre
José de Anchieta. Existe um fato registrado na história, pelo menos a partir de
uma vertente de interpretação, que o Padre José de Anchieta teria participado
do assassinato de Jacques Le Balleur. Ou melhor: ele mesmo teria estrangulado Le Balleur.
Após a expulsão dos franceses da Guanabara, Anchieta e Manuel da Nóbrega teriam instigado o Governador-Geral Mem de Sá a prender em 1559 um refugiado huguenote, o alfaiate Jacques Le Balleur, e a condená-lo à morte por professar "heresias protestantes". Em 1567, Jacques Le Balleur foi preso, e conduzido ao Rio de Janeiro para ser executado, mas o carrasco teria recusado a executá-lo. Diante disso, Anchieta o teria estrangulado com suas próprias mãos. O episódio é contestado como apócrifo pelo maior biógrafo de Anchieta, o padre jesuíta Hélio Abranches Viotti, com base em documentos que, segundo o autor, contradizem a versão, conforme: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Anchieta.
Por que será que só agora o Padre José
de Anchieta foi Canonizado? No século XVIII, houve grande investigação em Roma, e, até então, por conta dessa sua suposta participação
nesse crime, a canonização havia sido comprometida. Será que pelos padrões e
conceito de “santidade” que tem a Igreja Romana, ele deveria mesmo ter sido
canonizado?
Fica o registro dessa passagem
nebulosa da vida do Padre José de Anchieta. Teria ele participado desse
assassinato, como afirmam alguns historiadores ou, ao contrário, ele é
totalmente inocente, como afirmam outros tantos?
Para saber mais sobre esse assunto
recomendamos a leitura do Livro do Ex-Padre Anísio Pereira Reis, “O Santo que
Anchieta Matou”, que pode ser baixado no seguinte endereço: https://pt.slideshare.net/slideshow/anibal-pereira-dos-reis-o-santo-que-anchieta-matou/33465828
Trechos do livro do livro de Anísio
Pereira Reis, um ex-padre convertido ao protestantismo “O santo que Anchieta matou”:
A participação assassina de Anchieta: EMBORA TEIMASSEM os sacerdotes em demova-lo de suas “heresias”, Bollés, na Bahia, permaneceu inflexível nas suas convicções e em anunciar, com ousadia o Evangelho aos circunstantes. Em chegando ao Rio de Janeiro incumbiram Anchieta, há pouco ordenado sacerdote e como neo-sacerdote com todo o fogo inquisitorial, de dissuadir o Pastor de suas idéias religiosas.Se nas masmorras baianas, sofrendo atentados, sua fé permaneceu inabalável perante os assédios da apostasia, não seria o “pe.” José capaz de remover-lhe da consciência a decisão de fidelidade à Palavra de Deus. Naqueles tempos de espesso obscurantismo religioso, a lei fazia um sacerdote acompanhar o réu ao cadafalso. No caso de Bollés, Anchieta foi quem o seguiu. As últimas instâncias para abjurar o Calvinismo e refugiar-se no romanismo, como todas as vestidas anteriores, caíram no vazio. A vítima do ódio clerical, impertérrita, permaneceu em sua lealdade a Jesus Cristo! João Francisco de Lisboa reconhece: “com ânimo firme e resoluto, perseverou na sua fé, e afrontou a morte”. Retardou o algoz o desfecho fatal. Dizem que por imperícia, mas na verdade por compaixão do inocente que tendo sido por ele já instruído a cerca do Evangelho. O fato que Anchieta, de espírito odiento, antecipou-se ao carrasco e enforcou Bollés, um dos mártires evangélicos do Brasil.“E porque o carrasco, talvez condoído, sem coragem de apressar a morte da vitima inocente - ele mesmo, o santo José de Anchieta”, no dizer do católico Arthur Heulhard, ”acaba de matá-lo, dizendo, ufano, ao carrasco acovardado: Eis a como se mata um homem! VOl LA COMM IL FAUT FAIRE (ROY DEL’AMERIQUE, pgs. 170-171, obra essa publicada em 1897 por ocasião das festas do tricentenário de Anchieta, em cujas páginas também classifica Villegaignon de “O Caim da América”). E Anchieta se tornou além de responsável por tantos crimes perpetrados sobre tudo contra indígenas indefesos, culpado também da torpíssima ação de ser algoz de um SANTO. Baixar de: https://pt.slideshare.net/slideshow/anibal-pereira-dos-reis-o-santo-que-anchieta-matou/33465828