Páginas

sexta-feira, 6 de maio de 2011

E O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ESTAVA CERTO: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO EVANGELICALISMO BRASILEIRO E SUAS RELAÇÕES COM O ESTADO E COM OS DIREITOS DAS MINORIAS, REPRESENTADA PELOS HOMOSSEXUAIS.



Supremo Tribunal Federal- STF, em decisão histórica, reconhece definitivamente o que está sendo convencionalmente  chamado de “União Homoafetiva”. Na prática, isso nada mais é que o reconhecimento oficial do Estado de algo que sempre existiu. É o reconhecimento de mais um “modelo de família ou entidade familiar”, que apenas não era reconhecido de direito, apesar de existir de fato. Esse “modelo de família ou de entidade familiar” (antigo e não novo) agora figurará ao lado dos outros modelos já oficialmente reconhecidos pela constituição brasileira:  “a família convencional formada com o casamento, a família decorrente da união estável e a família formada, por exemplo, pela mãe solteira e seus filhos” (http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=28634053).

Essa decisão do STF  não foi motivada pela alardeada PL 122 e sim pela “Ação Direta de Inconstitucionalidade”  (ADI) 4277 e pela  “Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental” (ADPF) 132 e 178.  E pensar que todo mundo só se preocupava com a tal da PL.

“A ação buscou a declaração de reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Pediu, também, que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis fossem estendidos aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo”.

“Pela decisão do Supremo, os homossexuais passam a ter reconhecido o direito de receber pensão alimentícia, ter acesso à herança de seu companheiro em caso de morte, podem ser incluídos como dependentes nos planos de saúde, poderão adotar filhos e registrá-los em seus nomes, dentre outros direitos ( http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=28634053).


E agora igreja? Qual a postura da igreja de Cristo diante dessa  nova e histórica decisão do STF?

Vejo muitos cristãos e muitos blogs cristãos agindo como se essa decisão do STF  fosse algo terrível, trágico e que põe em xeque o cristianismo e a influência que exerce no estabelecimento dos padrões morais da nação. Parece até que o Estado brasileiro tornou-se mais incrédulo  com essa decisão; parece até que essa decisão tem o poder de afastar mais o Brasil de Deus.

Toda essa choradeira da “crentaiada” é produzida pelo mais puro fermento dos fariseus.

A maioria dos Cristãos fecham os olhos e fingem que esse tipo de união já não existia, mesmo sabendo que sempre existiu. Algo do tipo “o que os olhos não vêem o coração não sente”. Jesus costumava pegar pesado com esse tipo de atitude leviana.


Não vejo ninguém lamentando profundamente a existência de milhares de “casais” homossexuais vivendo há 1, 2 , 10, 20 anos, em uma relação prá lá de afetiva. Ou seja, os crentes sabem que existe,  conhecem pessoas que vivem assim, convivem pacificamente com esse tipo de “prática pecaminosa” e só abrem a boca pra “berrar” quando o Estado resolve fazer o seu papel e reconhecer oficialmente algo que já existe?

Ora senhores, não foi o STF que inventou esse modelo de “entidade familiar”, ele sempre existiu. O STF apenas resolveu acabar com algumas injustiças sofridas por esse grupo de brasileiros que possuem os mesmos deveres,  mas não possuíam os mesmos direitos dos outros brasileiros.

Devemos buscar a justiça em toda e qualquer ocasião. O que tem de injusto ou errado com o que os gay’s passarão a ter direito com essa decisão do STF?

A decisão do STF está errada? Penso que não. A prática do homossexualismo é pecaminosa, a decisão do Supremo Tribunal Federal não.  Não deveriam eles ter direito a pensão alimentícia mesmo tendo se dedicado como uma “Amélia” ao companheiro que lhe trocou por um “boyzinho” mais novo? Não deveriam eles ter direito à herança de seus companheiros com quem lutou e viveu durante anos? Deveria essa herança ir para muitos familiares que sempre o repudiaram e sequer lhes dirigiam a palavra só porque  são heterossexuais? Deveriam eles sucumbir nas trágicas filas dos hospitais públicos quando seus companheiros querem pagar e lhes prestar uma assistência melhor?

Quero deixar claro que, como protestante Reformado, repito, considero a prática do homossexualismo um pecado, porque a bíblia assim considera. Contudo, não posso negar que esses direitos lhes são legítimos, excetuando-se, apenas, na nossa opinião, a questão da adoção de filhos, pois entendemos que essa é uma relação que abdica desse direito, por razões obvias.

Não estaria o STF compactuando então com o pecado? O grande problema é esse. Queremos que o STF julgue como se fosse um tribunal eclesiástico. Queremos que nossos legisladores façam leis para coibir o pecado, mas isso não é função deles. Queremos que o presidente ou a presidenta da República governe a nação como se estivesse governando uma igreja. O Brasil é um país laico. Os Três Poderes da União devem governar, proteger e promover a justiça igualmente para crentes e gay's. Larguem mão de querer implantar aqui uma teocracia. Os grandes Reformadores sempre pregaram uma clara distinção entre Estado e Igreja.

Fazer o que deveria fazer muito “crente” não quer, não é verdade? Ou seja, participar ativamente da vida política brasileira (aqueles que têm condições vocacionais, obviamente). Os poucos que se auto-intitulam habilitados para isso o fazem por motivos espúrios e entram na política para enriquecer, para ajudar a pintar igreja, a fazer seus muros de arrimos, alugar carro de som para eventos evangélicos e outras coisas que, definitivamente, não são função de um político sério. A bancada evangélica brasileira é uma vergonha, com raríssimas exceções. Mas isso é reflexo do evangelicalismo norteador de 90% das igrejas evangélicas brasileiras. São safados na igreja e com a igreja.  Como poderíamos esperar que fossem diferentes na política? Não se parecem nem de longe com os Puritanos Calvinistas do século XVII, que colocaram suas mentes brilhantes, temor a Deus  e vida pautada na ética, na moral e no respeito aos homens à disposição para a construção de uma nação próspera e com auto nível de justiça social, como ocorreu na Inglaterra, por exemplo.

O Estado tem mais é que reconhecer os direitos de todos os brasileiros, inclusive dos brasileiros gay’s.

Sabe qual é o real problema aqui? As igrejas deixaram de pregar sobre pecado. Não que a pregação do genuíno evangelho fosse evitar, necessariamente, que muitos optassem pelo caminho da homossexualidade, mas, certamente,  não o fariam com essa louca sensação de normalidade que fazem. Optariam, ainda, é verdade, pelo homossexualismo, dando vazão "à sua disposição mental reprovável",  mesmo tendo a consciência de seu pecado, porém a Igreja não levaria sobre si a culpa da omissão e já aí teria cumprido seu papel de profeta de Deus.  Dos púlpitos emergem, a cada dia, novas heresias. Até mesmo as heresias de hoje são piores que as heresias de antigamente. Antes viam à tona por erros doutrinários, por interpretações equivocadas, por falta de conhecimento dos intérpretes, hoje elas surgem por esperteza;  são pensadas, milimetricamente calculadas para enriquecer os milhares de “lobos roubadores” que ministram nas inúmeras igrejas cuja existência se justifica apenas como forma de enriquecer incompetentes e preguiçosos que, como verdadeiros travestis, vestem as “roupas” das ovelhas que, definitivamente, não lhes ficam bem.

Muitas igrejas e muitos pastores não fazem o seu papel de pregar o genuíno evangelho e agora querem que o STF converta os homossexuais? Não pensem vocês que é por amor às suas almas, e, sim,  para roubar-lhes o dinheiro. Afinal, dinheiro de gay e dinheiro de hetero é tudo a mesma coisa; compram os mesmos jatinhos e os mesmos helicópteros.

Observação: Quem prega o genuíno evangelho de Cristo e não esse evangelho mequetrefe e água com açúcar da semeadura de prosperidade pregado hoje em dia, em muitas igrejas e na  mídia, sinta-se isento dessa crítica.

10 comentários:

  1. Plenamente de acordo que casais homossexuais estavam sendo passivos de injustiça.

    ResponderExcluir
  2. Filósofo "Fábio" Calvinista,

    Posso até concordar com seu texto, mas isso pode trazer conseqüências sérias para a sociedade, e para a igreja.

    No meu blog, uma leitora comentou da seguinte forma: "Correção! Não é correto afirmar:"[...]os gays podem se casar com um união estável reconhecida pela justiça[...]"
    Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Casamento não é a mesma coisa que União Estável. Com a decisão do STF, agora, pessoas do mesmo sexo podem constituir família através da União Estável (e não do casamento civil)."


    Já o meu comentário foi assim: "O que nós cristãos estamos sendo contra é o fato de pessoas do mesmo sexo poder constituir família, independente se é através da união estável ou do casamento civil. Não importa como os juristas chamem isso. O que importa é que não se pode constituir família com dois homens ou duas mulheres.

    Agora, venhamos e convenhamos, a decisão do STF abre uma grande possibilidade, futuramente, dos gays constituirem família através do casamento civil.

    Eu sei que a prática já era antiga. Mas o simples reconhecimento do Estado abre "portas" para outras exigências dos gays.

    ResponderExcluir
  3. Heitor:

    Qual é mais grave: o reconhecimento do STF ou a existência real dessas "entidades familiares?". A desgraceira já está feita há muito tempo. O que o STF fez apenas corrigir algumas injustiças que eram praticadas a esse grupo de brasileiros. Os cristãos estão jogando pedra na vidraça errada. Tenho absoluta certeza que se a igreja evangélica brasileira começar a pregar o genuíno evangelho, a pregar sobre o pecado essa situação vai ser bem mais confortável para a igreja. MAs não espere isso de um apís onde 90% das igrejas são neopentecostais.

    Neste caso, sou radicamente contra apenas com relação a ADOÇÃO DE FILHOS, pois entendo que é uma relação que já nasce com a abdicação desse dieito implícita.

    ResponderExcluir
  4. Filósofo "Fábio" Calvinista,

    Claro que o mais grave é a existência real dessas "entidades familiares.

    Realmente não podemos esperar muita ajuda dos 90% de igrejas neopentecostais!

    Mas você reconhece que esse foi um "grande passo" para futuras autorizações de casamentosa civis e religiosos dos gays?

    ResponderExcluir
  5. Prezados Amigos,
    Estou estarrecido com as mais diversas opiniões. Acredito, que nem Supremo, nem Igreja, nem Sociedade pode mudar o que Deus Criou, onde está Deus nesta questão? Sber que já exite, todos sabem! Mas é por este motivo que iremos tornar legal! Isto é coisa do Mundo e o mundo laz no maligno! Outros graves costumes existem e são graves pecados e todos reprovam e nem pensam em legalizar. O Crak já existe a bastante tempo! Que tal levarmos para o Supremo para legalização? Porque os casais já existiam é por este motivo que nos leva a concordar? Está tudo errado é uma vergonha muito grande até pensar que acnho que pode!Não pode não! Deus está muito triste e o Brasil está com as mãos suja de sangue perante ao Senhor! Existem muitos legalistas "cegos ou tendenciosos" Concluo dizendo para os que torcem verdades! O seguinte: "homem é homem! mulher é bem diferente e foram feitos para viver junto com este homem! Homem com homem é maligno! Perdoem ser bem claro e embasado na Bíblia, e não no Mundo e Sociedade! Respeitemos ao Senhor!
    Diácono Rilvan Stutz
    Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro

    ResponderExcluir
  6. Prezado Diácono Rilvan:

    Concordo com o irmão. Estás certíssimo, contudo não podemos esquecer que todas as instância do governo precisam atuar, governar e legislar para todos os brasileiros e não somente para os crentes e pelo que eles entendem ser o correto. Não podemos esquecer: o STF não é o conselho de nossas igrejas.

    Quanto À questão do crack, já esperave esse tipo de argumentação, deixei essa margem de forma proposital. Veja: quantas vezes vc já ouviu que um homessexual matou ou roubou alguem? E o viciado em crack? Percebe como simplesmente esse parâmetro não pode ser usado neste caso?

    Tudo de bom!

    PS: Estarei no Rio dia 26/05, se Deus permitir, quem sabe não possamos discutir essa questão pessoalmente.

    ResponderExcluir
  7. Da maneira como você colocou, dá a entender que somente religiosos são contrários ao absurdo reconhecimento do Estado de um "casamento" gay.

    Não sou religioso e sou contrário a esta "coisa" que estão tentando chamar de casamento.

    ResponderExcluir
  8. Concordo que devemos respeitar os homossexuais. Mas concordar com o Estado aprovar a prática deliberada do homossexualismo, não. Homossexuais existem a milênios, sabemos disso e devemos respeitar essas pessoas.Porém,documentar essa atitude é um incentivo à pratica pecaminosa e um grande equívoco que, ao meu ver, comprometerá gravemente intituição da família - composta por homem e mulher!!

    ResponderExcluir
  9. Prezado Adriano:

    Obrigado pela sua opinião, porém não vejo problema em "documentar". O grande problema é a prática em si. O Estado não pode pensar assim, pq é laico. Agora, o que é inadmissível é que a igreja aceite o homossexualismo como normal e aceitável. Isso sim, não podemos aceitar. Mas não podemos cobrar isso de um estado laico.

    ResponderExcluir
  10. Nobre Filósofo Calvinista, mantendo-se fiel aos seus valores religiosos, soube separar claramente o papel da igreja e das instituições governamentais. E com isso, soube concretizar as lições de respeito ao próximo do Cristo.

    ResponderExcluir

Divulgue meu Blog no seu Blog