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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A GUERRA NO RIO E O MAGISTRADO CIVIL: A HISTÓRIA PODERIA TER SIDO DIFERENTE

Desde o dia 25/11/2010 o Rio de Janeiro vive aquela que está sendo considerada "a batalha final". A maior operação policial da história do Estado. Centenas de policiais civis, militares (inclusive do famoso BOPE) e Federais invadiram a Vila Cruzeiro e o complexo do Alemão, dois dos principal redutos do tráfico de drogas. A operação contou ainda com o apoio de blindados da Marinha, fuzileiros navais, homens e viaturas do Exército e helicopteros da aeronáutica.

Essa mega operação produziu cenas, infelizmente reais, que poderiam facilmente dar continuidade à excelente série Tropa de Elite. Uma frase, porém, em meio às imagens quase cinematográficas, resumiu e diagnosticou o verdadeiro problema do Rio de Janeiro:

"A Vila Cruzeiro hoje pertence ao estado". A frase foi dita pelo subchefe operacional da Polícia Civil do Rio, delegado Rodrigo Oliveira, quando descia da favela cerca de uma hora depois que policiais chegaram ao topo do morro, no início da noite desta quinta-feira (25).

Essa frase é emblemática. Um tácito reconhecimento da existência de um "Estado paralelo" no Rio de Janeiro. Foram décadas de descaso e completo abandono por parte daqueles que deveriam promover a justiça, a igualdade e a paz social. Enquanto o Estado era completamente omisso, o povo da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão precisava criar meios, por conta própria, de sobreviver. Enquanto o Estado dava as costas para essas comunidades, suas crianças cresciam, observavam e sentiam o que significa ser órfão de Estado e, consequentemente, de pais (muitos mortos por culpa dessa nefasta omissão). Essas crianças cresceram e encontraram no tráfico de drogas uma maneira de dizer que não aceitavam mais, de forma passiva, a "sociedade anárquica" a que sempre foram submetidas, sem outra alternativa, implantando, assim, suas próprias leis, seu próprio "Estado Paralelo".

O filme Tropa de Elite 2 foi muito feliz ao abordar o tema da violênica no Rio, demonstrando com sobriedade como funciona o esquema de retro-alimentação do crime organizado. Na verdade, os criminosos não são tão "organizados" assim como se pensa. Isso ficou claro na ofensiva das forças policiais do Rio. A pouca organização que dispõem é fornecida pela própria máquina do Estado, que tem muitas engrenagens corrompidas. Veja um trecho do filme em que o protagonista, agora Coronel Nascimento, denuncia a corrupção do Estado como principal causa do caos que se instalou no Rio de Janeiro:

Melhor previnir que remediar, já dizia o ditado. Por não ter feito seu papel de Estado e por ter abandonado essas comunidades, a força bélica empreendida nessa mega operação foi o único recurso cabível na "retomada" desses territórios para o "Estado" e não duvidem: isso ocorreu por motivos espúrios. Não estou dizendo que os policiais não são os heróis e libertadores da população. Lutaram com bravura. Mas, assim como o povo daquela região, também estão sendo usados. Tudo poderia ter sido diferente. Bastava o mínimo: escolas, saúde, saneamento, dignidade, presença do Estado. Aquelas crianças ou pelo menos a maioria delas, certamente, não teriam se tornado, numa desesperada tentativa de sobreviver, nos mais perigosos traficantes do Brasil. O que acabamos de afirmar não é nenhum exagero. A imagem acima, capa da Revista Veja de 1981, testemunha em nosso favor. Trinta anos se passaram e a inércia do Estado permaneceu a mesma. Alguém quer arriscar os motivos que resultaram no fim dessa quietude absurda?

A Confissão de Fé de Westminster, importante documento cristão do século XVII, em seu capítulo "Do Magistrado Civil" ressalta a importância do Estado, que deve agir como ministro de Deus:

"I-Deus, o Senhor e Rei de todo o mundo para a sua própria glória e para o bem do público, constituiu sobre o povo magistrados civis, a Ele sujeitos, e para este fim os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores. III- Os magistrados civis [...], como pais solícitos têm o dever de proteger a pessoa".

O grande reformador João Calvino, falando sobre a grande responsabilidade dos que governam, em suas Institutas Livro IV, capítulo 20 e seção 4, afirma que "Se eles cometem qualquer pecado, isso não é apenas um mal realizado contra pessoas que estão sendo perversamente atormentadas por eles, mas representa, igualmente, um insulto contra o próprio Deus, de quem profanam o sagrado tribunal. Por outro lado, eles possuem uma admirável fonte de conforto quando refletem que não estão meramente envolvidos em ocupações profanas, indignas de um servo de Deus, mas ocupam um ofício por demais sagrado, porque são embaixadores de Deus".

Quando o "Magistrado Civil", representantes legais do Estado, se corrompe, o povo sofre. Roguemos a Deus, conforme nos orienta a CFW, seção IV: "É dever do povo orar pelos magistrados", para que nossos governantes não mais dêem as costas para a população em troca de dinheiro sujo, para que este lamentável filme não se repita.

Por enquanto, não devemos nos iludir com essa mega operação no Rio. Ela não foi deflagrada em defesa daqueles que viviam como reféns do trafico, dos mais carentes, nem mesmo das pessoas que moram na Vila Cruzeiro e no complexo do Alemão, como querem que acreditemos. Tudo isso é por causa dos muitos dólares que serão trazidos pela Copa do Mundo de Futebol e pela Olimpíada. Mais uma vez o Estado está a serviço dos mais abastardos, que por aqui pisarão em 2014 e 2016. Aos pobres, que não terão direito de frequentar esses eventos resta, orgulhosamente, fartar-se com "as migalhas que caem da mesa dos ricos", como sempre foi.

domingo, 14 de novembro de 2010

SOU A FAVOR DA PIRATARIA: uma breve análise dos problemas Éticos e Morais envolvidos


Outro dia um amigo blogueiro publicou um post afirmando que Pirataria é pecado por ser uma flagrante quebra do 8º mandamento (Não roubarás).

Penso que devemos refletir seriamente sobre isso. Se ele estiver certo, muitos cristãos precisarão acrescentar pirataria em sua já extensa lista de pecados. Se ele estiver certo, os líderes cristãos deverão, impreterivelmente, disciplinar todo “crente” que tiver CD ou DVD pirata, sob pena de omissão de dever. Teremos muito trabalho. É uma verdadeira legião de “crentes com perna de pau e olho de vidro”. Quem não tiver um CD gospel ou um filme pirata em casa que atire a primeira pedra!

Antes de entrarmos realmente no assunto, não deixe de assistir o vídeo abaixo:




Já ouvi de um amigo pastor que “um cristão ter CD e DVD pirata é inadmissível”. Eu, por exemplo, dizia ele com ar de piedade: “só compro CD's e DVD's originais”. Fiquei pensando: Será que os membros da igreja dele têm esse mesmo poder de compra? Caso não tenham, devem ficar sem música e sem filme? Será que ele emprestaria seus CD’s e DVD’s, originais, aos membros de sua igreja? Será que a licença do Windows do computador dele é original?

Estamos diante de um problema Ético? Ou seria o problema (se é que é problema) de ordem Moral? Quando você compra um CD ou DVD pirata está sendo “anti-ético” ou uma pessoal “i-moral”? Responder a essas perguntas é muito importante para o entendimento desse caso.

A Ética é a parte da filosofia que supervisiona a Moral. Tem caráter Universal, o que significa dizer que não se preocupa com as questões circunstanciais e variáveis da vida, mas apenas com as necessidades elementares dos seres humanos. Por ser essencialmente filosofia é especulativa e crítica. A Ética não estabelece norma, antes, já se depara com ela, estabelecida na e pela sociedade, cabendo-lhe julgar a validade dessas normas que são, em última análise, práticas culturais. Já a Moral é normativa, é lei, é norma, é código de conduta, circunstancial e "variável", de cultura para cultura e mesmo dentro da mesma cultura de “tempo para tempo”.

Portanto, por força conceitual, quando tratamos da Pirataria estamos diante de um tema relacionado à “Moral” e não à “Ética”. Ou seja, estamos falando de normas de condutas, de leis "variantes", por não terem caráter elementar nem validade univesal. Não precisaremos de muito esforço para lembrar que as leis existem para organizar sociedade. Mudando a sociedade, necessariamente deverá haver, também, mudança das leis. Essa idéia óbvia está presente até na Bíblia: “Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei” (Hebreus 7:12).

Nesse sentido, concordo em número, gênero e grau com Alexandre Matias, que é jornalista, editor do Link, caderno sobre tecnologia e cultura digital, que circula às segundas-feiras no Estadão. Matias também tem um blog pelo jornal e outro pessoal, o Trabalho Sujo. Ele acompanha de perto o dia a dia das transformações tecnológicas e seus impactos em diversos meios (entre eles, na indústria cultural). Veja o que ele diz sobre a Pirataria:

“Pela legislação atual, a troca de arquivos pela internet é pirataria. O problema é que quando a sociedade muda, as leis devem mudar. As leis são feitas para se adequar ao comportamento das pessoas – e não o contrário. Já foi permitido, um dia, ter escravos humanos, por lei. E até o começo do século XX a mulher tinha menos direitos legais do que o homem. As leis relacionadas a esses assuntos mudaram porque a sociedade mudou. A troca de conteúdos digitais via internet é um fenômeno muito recente e as leis ainda não se adequaram a ele. Por isso mesmo, a definição de pirataria nesta época é vaga – da mesma forma que definir quem perde ou quem ganha com ela [...]. o próprio Paulo Coelho advoga a favor da pirataria de seus livros. E há uma frase de Hermeto Paschoal que ilustra bem esse dilema: Por favor, me pirateiem – se não ninguém vai ouvir minha música. O que estamos vendo é um movimento que permite que a humanidade, como um todo, possa ter acesso ao que ela mesma produz, todo dia, o tempo todo. Artistas estabelecidos e indústria cultural são só obstáculos no meio dessa comunicação total que estamos começando a assistir”. Disponível em: http://culturanaeradigital.wordpress.com .

Meu amigo blogueiro também disse o seguinte: "O desenvolvimento da informática e dos meios de comunicação a ela associados (Internet, CDs e MP3s) facilitou esse tipo de pirataria". Acho que esse é exatamente o ponto.

O Estado promove esse desenvolvimento tecnológico, permite criar-se e comercializar-se, livremente, equipamentos com capacidade de copiar CD’s e DV's e depois diz que não pode copiar? Ou que só pode copiar para determinados fins? Será que nossos legisladores pensavam que iriam poder controlar isso? Essa é uma briga que já começou perdida. Os interessados terão que dar outro jeito de ganhar seus milhões, pois a questão da "pirataria é irreversível e invencível".

Tenho dificuldade em aceitar o argumento que o cristão deve seguir as leis, as normas, os códigos de conduta, enfim, a Moral, a todo custo, independentemente se ela é justa ou injusta, lógica ou completamente desprovida de logicidade. Até mesmo no militarismo não se deve cumprir ordens absurdas. Não podemos esquecer que o apóstolo Pedro descumpriu uma ordem “expressa” de uma autoridade (ver Atos 5:27-29). O profeta Daniel e tantos outros, da mesma forma. Eles foram Éticos por terem questionado a “lei” antes de cumpri-la. Sim, isso mesmo: “É moral cumprir a lei, é Ético questioná-la e não cumpri-la, inclusive, se seu fundamento não for justo ou ainda desprovido de logicidade.

Acho que até mesmo o conceito de “roubo” deve ser revisto. As informações estão disponíveis na internet para quem quiser pegar. Isso é roubo? Na minha opinião, somente se há quebra de senha de forma desautorizada. Da mesma forma o CD/DVD. Alguém invadiu a gravadora ou distribuidora para "roubar" a matriz da obra para daí fazer várias cópias "piratas"? Nesse caso teríamos a configuração de um "roubo". Penso que estamos querendo usar as mesmas categorias do passado para classificar as práticas de hoje, situação completamente diferente.

Não estou dizendo, contra o mandamento, que o roubo não é mais pecado. Sempre será! Mas questiono: será mesmo que as “novas práticas” cybernéticas e tecnológicas podem ser julgadas com a mesma legislação e juízo de valor? Acaso não precisaríamos de uma “legislação” específica, com linguagem específica para só então classificar o que é e o que não é um crime? Talvez por isso não se consiga combater os abusos, pois estão usando as "armas erradas".

Enquanto cidadãos, somos também responsáveis e convocados por e para promover a justiça social. Portanto, se a lei não é justa ou se beneficia apenas uma parcela da sociedade em detrimento das outras, devemos ser "Éticos" e questionar a sua validade. Não podemos admitir que poderosos oprimam os mais carente, para seu auto-benefício. Isso também é evangelho; evangelho integral. As grandes indústrias fonográficas estavam contabilizando lucros que chegavam a 100%, em relação ao custo. Em contrapartida, os autores intelectuais das obras - os artistas - sempre ficaram com a ínfima parte desse lucro. Arte não é uma mercadoria qualquer; todos devem ter acesso.

A banda Calypso é um bom exemplo de como se pode promover um CD por um preço acessível à população e ainda assim ganhar muito dinheiro. Em média seus CD's são vendidos a um preço de R$ 9,99. A banda ainda paga pela distribuição, do que se conclui que poderia ser mais barato ainda. Aqui cabe uma reflexão: quem compraria um CD "pirata" a R$ 5,00 se um "original" tivesse um preço parecido? O ex-titãs Arnaldo Antunes, que produz seus discos em sua própria casa, fez a seguinte afirmação: "não adianta me pedir para dizer a meus fãs que comprem um CD de R$ 30,00 se eles podem comprar por R$ 5,00".

Cada vez mais os artistas "abrem os olhos" para a questão da pirataria e acabam percendo que, ao contrario do que querem que pensemos, ela pode ser uma excelente fonte de divulgação de seus trabalhos e que, além disso, os "piratas" não são seus "reais" inimigos e sim aqueles que deles se aproveitam para aumentar potencialmente seus "lucros privados".

A Revista "IstoeDinheiro", em sua edição nº 385, tratando sobre a questão da pirataria, publicou uma reportagem intitulada "Ralf, o salvador?". Segundo a revista  “O cantor Ralf, da dupla Chrystian & Ralf, diz ter a salvação. Ele inventou o SMD (Semi Metalic Disc), uma alternativa ao CD convencional, que toca em qualquer aparelho e é mais barato que o pirata. “Tenho muito orgulho de chegar aos EUA e dizer que um brasileiro acabou com a pirataria”, diz o pai da idéia. O segredo do baixo custo do SMD, que será vendido a R$ 4, está no número de músicas “injetadas” e na embalagem. Ele armazena de 3 a 7 faixas (para que mais, se as pessoas compram CD só por causa do hit que toca na novela e no rádio?) e, por isso, a parte metálica do disco é menor. “Ninguém compra pirata porque gosta. A única maneira de competir com ele é no preço”, diz Cristina Monteiro, diretora da produtora Rádio Mídia System, que comprou a licença para gerenciar a patente do SMD por dez anos. O novo CD não traz um sistema de segurança que impeça a produção de cópias caseiras. “Mas não compensa, pois ele é mais barato que o pirata sem ser pirata e a qualidade é de CD original”:
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/8616_RALF+O+SALVADOR .

Em 2006 foi realizado pela FGV o seminário "O processo da Música", teve como tom geral das mesas a contestação à posição assumida pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), que anunciou que processaria 20 brasileiros que têm mais de 3.000 músicas compartilhadas na internet, estreando aqui uma forma de atuação que já usa em outros países."Não vejo diferença entre uma pessoa que troca arquivos gratuitamente pela internet e outra que entra numa loja e rouba um CD", afirmou, na época, o presidente da IFPI, John Kennedy. A importante reflexão que se fez nesse seminário foi a seguinte: "Até que ponto estamos fazendo bom uso dos custos públicos mobilizando polícia e Justiça para proteger lucros privados? É melhor contratar 50 mil fiscais para implementar a lei atual ou mudá-la?", conforme:
http://www.creativecommons.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=69&Itemid=1.

Ainda sobre essa questão, em entrevista à revista Trip, Chinbinha, considerado um dos articuladores da nova forma de ganhar dinheiro com música, à pergunta: "Mas a piataria não ajudou a divulgar a Banda Calypso no começo?" Respondeu da seguinte forma: Olha, é difícil falar mal da pirataria porque eu fui ajudado por ela. Mas no nosso começo não existia essa pirataria de internet que tem hoje, de baixar música de graça. Na época a pirataria era só de CD. Isso ajudou bastante a gente", conforme: http://revistatrip.uol.com.br/revista/175/paginas-negras/guitar-hero/page-4.html

As leis do Estado não são e não podem ser absolutas. Elas são variáveis. Sempre modificam e uma das formas de promover essa mudança para um melhor ajuste social é, também, pela pressão popular, e não considero que um cristão deve se eximir dessa luta. Isso não tem nada a ver com Marxismo, antes que me acusem de militante do MST.

Relembrando: O mercado vende o aparelho de DVD pra copiar, vende CD e DVD virgem (que só servem para virar cópias) e depois pede para que o Estado regule e proíba copiar? Ou ainda que delimite o que eu posso ou não fazer com os recursos disponíveis em um aparelho que peguei por ele o preço que me pediram? Existe muita coisa envolvida nisso. Existe muito interesse econômico e financeiro de grupos poderosíssimos, que sempre lucraram absurdamente sob a proteção do Estado. Mas as coisas mudaram, senhores. E essa é uma mudança irreversível e de base.

Não quero nem entrar no mérito da injusta divisão de renda que existe em nosso país, além da falta de empregos e oportunidades. Se a realidade fosse outra será mesmo que muitas pessoas iriam querer ficar empurrando o dia inteiro um carrinho de CD e DVD pirata? Vejo nessa “nova atividade” uma forma de socializar os lucros que sempre encheram, egoisticamente, os cofres das grandes corporações do mundo da música. Serão 60.000 empregos a menos, argumentam alguns, se a pirataria continuar nesse ritmo. Verdade, mas a sociedade e o mercado são dinâmicos. Por que não enxergamos o problema da seguinte forma: as pessoas estão deixando de ser empregados e se tornando pequenos empreendedores? Quem sabe assim, com essa pressão popular, os empregos não reapareçam?

Não seria hora de repensar alguns valores e práticas? Esse negócio de CD, DVD e outras “mídias físicas” estão fadadas ao desaparecimento. Tudo será virtual. Quem quizer não tornar sua obra pública que coloque suas travas.

John Ulhoa é músico, guitarrista e líder da banda mineira Pato Fu, e produtor musical, com trabalhos com Zélia Duncan, Arnaldo Antunes, entre outros. O Pato Fu lançou um álbum, ‘Daqui pro Futuro’, em agosto de 2007 de forma independente. A banda foi uma das primeiras a ter site e disponibilizar suas músicas para download em MP3. Hoje, eles cuidam pessoalmente do site da banda e até criaram um outro endereço, o Pato Fu Extra!Extra!, para divulgar e também oferecer boa parte do conteúdo dos últimos DVD's da banda. Em entrevista, falando sobre a pirataria, John se revela bastante consciente em relação aos desafios e possibilidades do futuro da música na era digital. Veja o que ele diz:

“Prefiro tentar me adaptar e aperfeiçoar esses novos meios do que lutar contra eles, isso seria perda de tempo”.

E ainda:

“Enxergo como algo irreversível (o compartilhamento de arquivos na internet), vamos ter que torná-lo positivo de alguma maneira, para artistas e usuários. Em minha opinião, até mesmo a venda de músicas em lojas de download legal está com os dias contados, as pessoas não pagam por aquilo que é ofertado de graça logo ali ao lado. Só consigo enxergar um futuro bom para os dois lados no streaming de música. Liberado, sem custo para o ouvinte, mas remunerado para os artistas pelos anunciantes dos sites. Exatamente como funciona uma rádio. Em breve, a tecnologia vai fazer as pessoas pararem de fazer download de musicas, vão simplesmente ouvir online. Se tudo isso estiver ali nos grandes portais, quem vai perder tempo procurando torrents?”. Disponível em:
http://blogs.estadao.com.br/link/pessoas-nao-pagam-por-aquilo-que-e-ofert .

Talvez tudo isso seja somente uma questão de assumir que vivemos em “outra era”: a era das coisas virtuais, e assim devem ser tratadas. Leis específicas para "dimensões" específicas. Travas específicas para tentativas específicas de “novos crimes”.

Não dá pra dizer: "Tá na net, mas é proibido baixar". Pode copiar, mas não pode copiar muito e para algumas finalidades. Esse tipo de proibição não cabe mais. Se é proibido, então coloquem "travas ou proibições adequadas e funcionais"; virtual, quem sabe. Caso contrário terão que dar voz de prisão aos “bytes”.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PENA DE MORTE: MAIS UM CRIME HEDIONDO REFORÇA A NECESSIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA PENA CAPITAL NO BRASIL

O carpinteiro Jonas Marcolino da Silva, de 35 anos, confessou ontem ter estuprado e matado a facadas Camila Evangelista da Conceição, de 9 anos. A criança foi encontrada morta segunda-feira em uma lixeira nos arredores do Morro da Providência, na zona portuária do Rio. Policiais chegaram ao acusado após denúncia de um vizinho. Silva, que foi preso em casa, morava próximo da casa dos pais da menina, na Gamboa (zona portuária). O carpinteiro foi transferido para a Delegacia de Homicídios na Barra da Tijuca.
(http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=26207123).

"O que eu fiz foi uma maldade. Quando bebo fico com a mente assim... não me lembro do que aconteceu. Eu queria morrer" (http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/-o-que-fiz-foi-maldade-diz-homem-que-estuprou-e-matou-crianca-de-nove-anos-20101103.html).

Até o carpinteiro do mal reconhece ser merecedor da morte, tendo perdido o direito à vida ao tornar-se, voluntariamente (o crime, inclusive, foi premeditado), um assassino cruel.

Jonas afirma que a menina praticou sexo oral com ele, mas a perícia ainda vai indicar se houve ou não penetração. O marceneiro contou que após o ato sexual, a menina e ele dormiram. Camila teria acordado assustada e gritado. Na tentativa de calar a criança, Jonas tentou esganar a menina. Sem sucesso, ele a esfaqueou. O suspeito foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa, e estupro de vulnerável. Somadas, as penas chegam a 45 anos. Camila foi encontrada em meio a sacos de lixo, sem roupa e com um corte no pescoço. Ela estava desaparecida desde a noite de domingo (31), quando participou de uma festa na favela, onde morava com a família. Os pais estiveram no local e reconheceram o corpo. A menina foi enterrada terça-feira (2), no cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador, na zona norte
(http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/-o-que-fiz-foi-maldade-diz-homem-que-estuprou-e-matou-crianca-de-nove-anos-20101103.html).

Veja o vídeo abaixo com a reportagem completa.


Até quando iremos ouvir esse tipo de barbárie e ficaremos passivos quanto à necessidade da implantação imediata da Pena de Morte no Brasil?

Essa pena, caros leitores, efetivamente já existe. Eis aqui mais uma prova inquestionável. A diferença é que, hoje, somente assassinos cruéis como Jonas e tantos outros a utilizam, e fazem isso sem dor nem piedade com suas vítimas inocentes. Queremos que o Estado, após justo julgamente e provas incontestáveis, "também" possa fazer uso "legal" dessa pena, que "em si" é legítima. Na verdade, naturalmente, o pai de Camila é que teria o direito de, com suas próprias mãos, "vingar" o sangue derramado de sua filha. Contudo, como vivemos em um Estado democrático de direito, por meio de um contrato social, abrimos, e ele conosco, mão desse "direito natural" e o entregamos ao Estado. Abrimos mão de, nós mesmo, executarmos a justiça e passamos esse direito ao Estado que, assumindo, passa a ter o dever de nos proteger e de promover a justiça em nosso lugar e em nosso benefício, quando for o caso. Como contrapartida desse contrato lho pagamos o imposto acertado.

Nenhuma outra pena, além da Pena Capital, será justa o suficiente para punir e atender o critério de proporcionalidade que esse tipo de crime exige. Nem mesmo a prisão perpétua iria satisfazer o "Princípio de Justiça". Mesmo ela, aliada ainda a trabalhos forçados dia e noite, seria uma pena muitíssimo mais branda que o crime cometido e a punição que requer, pois o agressor estaria em vantagem em relação à criança vitimada. Ela morta e ele vivo. Ainda que ele, após o crime, se arrependesse e se tornasse o homem mais espiritual e bondoso do mundo, mesmo assim deveria ser executado, pelo simples fato de que essa pena, e somente ela, seria a única justa.

E para os cristãos que querem ser mais bondosos que Deus e que, certamente, nunca estudaram o assunto à luz das Escrituras Sagradas, recomendo a leitura e análise do estudo sobre "pena capital", de Solano Portela, disponivel em:

http://www.solanoportela.net/na_integra/pena_capital.htm

Minha sugestão é que façamos uma verdadeira corrente de assinaturas (dessas que rolam na internet) para chamar a atenção para a necessidade de rever o tema e, quem sabe, levar os legisladores desse país a promoverem as mudanças necessárias na Constituição, com o objetivo de implantar a Pena Capital, para a punição dos "Jonas" e proteção das "Camilas". Caso alguem saiba como fazer, ficaria grato e honrado em ser um primeiro a assinar a lista.

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