De 24 a 26 de fevereiro de 2010 ocorreu em Genebra - cidade de Calvino – o IV Congresso Mundial contra a Pena de Morte. A Suíça, co-patrocinadora do evento, considera a pena de morte “um obstáculo inaceitável para a marca da humanidade”, afirmou o embaixador Thomas Greminger, responsável da divisão política de "Segurança Humana" no Ministério helvético das Relações Exteriores. O Congresso Mundial teve a participação de mais de mil pessoas procedentes de todos os cantos do planeta, num total de 58 países representados. Esse mega envento, “contra a justiça”, teve como prinicpais objetivos e pautas “debater sobre preconceitos relativos ao tema; desenvolver os laços entre os partidários da abolição e sensibilizar a opinião pública em relação a essa forma de punição que, na opinião de muitos, contraria a dignidade humana”.
Durante o encerramento do Congresso, a ministra das Relações Exteriores da Suíça, Micheline Calmy-Rey, se engajou na luta pela abolição universal da pena de morte. Disse ela: "Incontestavelmente, o movimento abolicionista ganha amplitude em todo o mundo [...]. Entramos agora na fase mais delicada do caminho para a abolição mundial".
Apenas três dias depois do IV Congresso Mundial Contra a Pena de Morte, o estado do Texas (EUA), não temendo a opinião pública internacional e não se preocupando em ser “politicamente incorreto”, antes, promovendo a justiça, executou, com injeção letal, nesta terça-feira (02/03/10), Michael Sigala, de 32 anos, condenado à morte pelo assassinato de um casal de brasileiros (Kléber Santos e sua mulher, Lilian), que ocorreu no apartamento dos dois em um subúrbio da cidade de Dallas (Texas), em agosto de 2000.
“Segundo apontou a Promotoria durante o julgamento, o assassino deu um tiro na cabeça de Kléber imediatamente após entrar no apartamento com a intenção de roubar. Depois, torturou e estuprou durante várias horas a mulher, que, antes de também ser baleada na cabeça, foi amarrada”. A execução de Michael Sigala é a terceira deste ano no Texas, Estado onde estão previstas mais três execuções apenas no mês de março.
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo:
Os parentes das vítimas vieram à prisão de Huntsville e assistiram à execução. Por telefone, em entrevista ao Jornal da Noite, da Rede Globo (02/03/10), o cunhado de Lillian falou em nome da família. “A família participou do procedimento, da execução do Sr. Michael Sigala. Inclusive presenciando a execução final”. E resumiu o sentimento de todos. “A sensação de que tudo isso acabou e fechou uma cicatriz, fechou uma ferida que estava em aberto”.
Esse sentimento, resumido na frase destacada acima, além de legítimo, deixa claro que a “única” coisa capaz de satisfazer o “princípio de justiça”, em casos de assassinatos, especialmente aqueles com requintes de crueldade, é a Pena de Morte. As outras questões, como a discussão acerca da diminuição ou não da violência, por exemplo, são questões periféricas diante do sentimento de justiça/injustiça. Esse deve ser o principal motivo do estabelecimento da Pena Capital.
Notem: durante dez anos o assassino do casal esteve preso, mas isso não era suficiente para os familiares das vítimas sentirem-se justiçados. Isso ocorre porque a pena de prisão, ainda que perpétua, para esses casos, não é proporcional à falta praticada, gerando um claro e correto sentimento de injustiça.
Precisamos urgentemente retomar a discussão acerca da Pena Capital, da Pena de Morte. Essa opção legítima da sociedade, reconhecida pelo próprio Deus, gerenciada e executada pelo Estado, não deve ser descartada; antes, devemos promover um amplo debate, envolvendo cientistas, filósofos, teólogos e a sociedade em geral.
Para saber mais sobre o assunto, acesse:
Notem: durante dez anos o assassino do casal esteve preso, mas isso não era suficiente para os familiares das vítimas sentirem-se justiçados. Isso ocorre porque a pena de prisão, ainda que perpétua, para esses casos, não é proporcional à falta praticada, gerando um claro e correto sentimento de injustiça.
Precisamos urgentemente retomar a discussão acerca da Pena Capital, da Pena de Morte. Essa opção legítima da sociedade, reconhecida pelo próprio Deus, gerenciada e executada pelo Estado, não deve ser descartada; antes, devemos promover um amplo debate, envolvendo cientistas, filósofos, teólogos e a sociedade em geral.
Para saber mais sobre o assunto, acesse:
Olá Fabio!
ResponderExcluirSou contra a pena de morte e sigo acreditando que a humanidade pode acordar desse sonho que se encontra. Peço sempre a Deus para emanar amor e sabedoria as pessoas.
Já tinha refletido sobre esse caso. E rezei por todos envolvidos.
Abraços
http://nefertitisouza.blogspot.com/
Oi Fábio. Fiz um comentário antes, mas parece que se perdeu. Começo por reafirmá-lo. A família a qual você faz referência satisfez unicamente a sede de sangue e de vingança. A de justiça, jamais.
ResponderExcluirAliás, se você faz o comentário para provocar, você é um bom provocador. Se você fosse comunista, alguém diria que é um bom agitador. rsrs. Afinal, você, bom filosófo que é, sabe muito bem que a idéia de justiça não se confunde em momento algum com as legislações que de fato existem. E que essas legislações não existem para cumprir com a Justiça, mas com tão apenas com a justiça, em alguns casos, uma justiçazinha muito michuruca. O direito do século XIX em diante, assumiu sem nenhuma crise de consciência que a lei não se confunde com a justiça. Na mesma direção, é importante deixar claro que a pena de morte não é uma questão de fé. É uma questão de opinião, no caso em que discutimos sobre sua conveniência.
De fato, a trajetória da sociedade moderna é abolir a pena de morte, as penas cruéis e degradantes. Sugiro o artigo da CARTA CAPITAL desta semana, que pode ser lido no sítio da revista sobre o assunto e cujo título, muito sugestivo é: O DIREITO EXECUTADO. No deadline, outra boa provocação: "EUA, CHINA, IRÃ, ARÁBIA SAUDITA E PAQUISTÃO RESPONDEM POR 90% DAS EXECUÇÕES [NO MUNDO]". Que boa companhia tem os defensores da pena de morte, hem?
ResponderExcluirHá também um outro problema que envolve o tema, que trata de que "PENA CAPITAL É PARA QUEM NÃO TEM CAPITAL". No caso que você usou para ilustrar a postagem, PARECE que não houve dúvida quanto a autoria.
Mas, é bom sempre lembrar que o mundo moderno também aboliu o processo inquisitivo, típico da idade média e do início da modernidade (daquela época em que Genebra ainda queimava pessoas por crime de opinião, lembra?) e adotou o princípio do DEVIDO PROCESSO LEGAL que tem o seu sentido completado com a VEDAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO, isto é, aqueles tribunais constituídos exclusivamente para determinado caso. Os juízes que apreciam todo e qualquer tipo de qualquer tipo de ação movida tem que ser aqueles que ingressaram por vias normais e legais no poder judiciário.
Portanto, o "parece" precisa ser confirmado por um tribunal legítimo (não de exceção), que respeite o processo legal estabelecido, o direito de defesa (o processo não é inquisitorial).
ResponderExcluirMesmo assim, o número de inocentes executados é alto e não acredite que isso torne o sistema aceitável. Coloquemos a coisa nestes termos: se a pessoa não for contra a pena de morte por princípio (e quiser que o Estado referende o seu desejo de cobrar o 'preço do sangue', já previsto nas 'legislações' bárbaras da antiguidade), tudo bem. Então, deveria ser pelo menos, cínico e calculista. Admitir que continua sedento de sangue, mas reconhece que o índice de erros torna o sistema um tanto ou quanto indigesto.
Sugiro a reportagem especial do El Pais Semanal, de janeiro deste ano, onde o jornal tratou do CLUBE DOS RESSUSCITADOS, um grupo que reúne condenados ao corredor da morte, mas que foram inocentados antes que a pena fosse executada. Está na página http://www.elpais.com/fotogaleria/club/resucitados/elpgal/20100112elpepusoc_1/Zes/1
Bem, no mais, acho interessante que este teu post esteja motivando menos participação do que o anterior. Não sei se é bom ou ruim que as pessoas estejam mais dispostas a arengas em torno de questões doutrinárias do que aquelas que tratam da vida. rsrs. Agora, quem provocou fui eu. Um abraço.
Lembrei de outra coisa. Para quem gostar de firulas jurídicas, uma boa. Todos sabem que há uma "bancada da bala" no Congresso Nacional fortemente influenciada pelas indústrias de armas. E que muitos candidatos esbravejam nas campanhas que irão defender a adoção da pena de morte. Os leitores nunca se perguntaram porque não há o cumprimento dessa promessa e nenhuma PEC circula nesse sentido?
ResponderExcluirO entendimento majoritário é que a discussão no congresso sob a atual constituição é simplesmente vedada pela mesma. Ocorre que o artigo 5° estabelece a proibição de penas desumanas, cruéis ou degradantes (inciso III). Depois estabelece que "não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada" (inciso XLVII). Muito bem. Vamos adiante.
Toda constituição possui lado a lado os instrumentos e ritos que preveem a reforma dela própria e estabelece aquilo que NÃO PODERÁ SER OBJETO DE REFORMA CONSTITUCIONAL, ou seja, determina a "cláusula pétrea" da constituição. Na nossa, ela está no art. 60, inciso IV, que diz que não será 'objeto de DELIBERAÇÃO', isto é, nem discutir se pode: (a) a forma federativa; (b) o voto direto, secreto, universal e periódico; (c) a separação de poderes; (d) OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS (o famoso art. 5°).
Ora, já vimos que este veda a pena de morte, exceto em guerra declarada; e que o art. 60, IV, diz que nada que esteja no art. 5° é sequer passível de deliberação. Portanto, aquele simpático político que pedir o seu voto prometendo lutar pela pena de morte, está mentindo ou não sabe do que está falando. Em nenhum dos dois casos é merecedor do teu sufrágio. Pena de morte em crimes comuns no Brasil, apenas sob a égide de uma nova constituição, o que implica o rompimento completo da atual ordem, seja por um golpe de direita ou de esquerda. É isso. Um abraço.
Prezado Profº Cláudio:
ResponderExcluirDevo dizer que é uma honra tê-lo por aqui. É sempre bom ouvir e ler comentários de quem sabe muito como você. Acho que estou virando seu fã..rs, tirando as maquiagens do programa Consensus.
Quanto à "minha provocação", fico feliz que não tenha ficado quieto. Quero começar pegando logo pesado com você..rs, segura esta:
1- A igreja que vc faz parte e diz amar tanto é a favor e uma ardorosa defensora da pena de morte. (gostou dessa?..rs);
Quando recuperar o fôlego continue lendo..rs..
2- Você quer mandar no sentimento dos outros agora é? A família disse que "agora" respirou aliviada, fechou a ferida, a cicatriz, que agora sentiu-se "justiçada" e vc quer dizer que o sentimento dela não é verídico? Cláudius, Cláudius, eles disseram o que estavam sentindo e ninguém pode dizer o contrário.
3- Seu argumento é muito comum à outros abolicionistas: a lei é falha, pena capital para quem não tem capital, só vai morrer pobre e preto etc, etc. Veja: isso são outros problemas, não tem nada haver com a validação do argumento da pena de morte. Suponhamos que todos esses problemas sejam resolvidos, vc passará a ser a favor da pena de morte? Uma coisa não está diretamente ligada à outra. Claro que antes da implantação desse tipo de pena muitas e profundas mudanças precisarão acontecer.
4- Você tem razão que a constituição brasileira não deixa nenhuma margem para a implantação dessa pena. Mas, qual o problema? Essa não é a primeira e será que será a ultima? Se houvesse uma mobilização nacional isso aí modificaria rapidinho, vc sabe disso.
5- Não estou tratando de legislação e muito menos de "direitos humanos" (que aliás, para os assassinos, só lhes serve como argumento de defesa). O caso em questão aqui, caríssimo Cláudio é de "Justiça". Claro que esse conceito é variável, nem sempre sabemos dizer exatamente o que ele é; mas, identificamos de imediato quando vemos uma Injustiça.
Você diria, meu amigo, que é "justo" alguém matar, sem motivo e de forma perversa, e apenas "ficar preso"? Dormindo e acordando, enquanto a vítima continua inerte no túmulo? Comendo e tomando banho de sol en quanto a vítima tem suas carnes comidas pelos vermes? A pena está sendo proporcional a falta? Nesse caso, se vc for bem sincero e deixar as paixões de lado, você não poderá responder que sim; isso seria uma arbitrária contradição. Se você responde que não, logo, estará, de imediato, reconhecendo que a prisão não promove o sentimento de justiça.
Por isso, a família em questão só teve esse sentimento de justiça satisfeito quando uma pena proporcional à falta foi aplicada ao assassino.
Tudo de bom!
Prezadíssimo Fábio, tive uma pane na conexão neste final de semana e muito trabalho durante o dia de hoje, por isso apenas estou podendo retomar nossa conversa agora. Pensou que eu ira correr, num foi? rsrs.
ResponderExcluirAcredito também que é preciso uma consideração antes de continuarmos o debate. Principalmente para os leitores. Exceto pela possibilidade de nosso amado presbítero ser efetivamente um extraordinário provocador (ele entra com os dois pés, com uma afirmação pesada para abrir o debate, sem, talvez partilhar efetivamente da opinião original emitida), em vários momentos teríamos um pequeno impasse. Aí não há mais lugar para re/tréplica porque andaríamos em círculo. Eu topo o diálogo também para que os leitores possam acompanhar os argumentos (interferir também) e possamos ter contrapontos.
Bem, vamos por partes, como diria um famoso serial killer da Londres vitoriana, este sim, nunca alcançado por justiça alguma, exceto a de Deus.
A primeira questão que você levantou, trata sobre o "alívio" que a família expressou. Ninguém pode julgar, evidente, mas você como bom filósofo sabe bastante bem que há, no mais das vezes, um abismo entre o que intentamos e o que fazemos efetivamente. Um abismo entre o que dizemos sentir e o que de fato vai por nosso interior. Aliás, o próprio catecismo evidencia bem o texto bíblico ao anunciar que nem todos que estão na igreja visível estão na invisível. Que a religiosidade e pietismo expressos pelos gestos de muitos não corresponde a um real sentido de conversão.
Reafirmo minha fala. Mesmo falando em justiça, sem muito esforço pode se reconhecer a cobrança do que os bárbaros diziam ser "o preço do sangue". Aquela família, bem como cada um de nós, deve ser alvo das mais sinceras orações. Porque não há como passar por essa experiência-limite da existência humana (primeiro a perda, depois assistir ao assassinato do criminoso) e sair incólume. Não há. Em algum momento, os 'fantasmas' daquele dia voltarão. A sanidade de todo o grupo está deveras por um fio e ameaçada. É assim que penso.
Continuemos. Sobre o conceito de 'justiça', efetivamente é pacífico que muda com o tempo. Mas é importante perceber que não é uma mudança simples. Há um verdadeiro predomínio por longo tempo de determinados valores, que representam mesmo o que acho que os alemães chamariam de 'espírito de uma época'. No mundo primitivo, a vingança pessoal era cumprida sem limites. O código de Hamurábi representou um avanço imenso. As pessoas gostam de lembrar do 'olho por olho', mas a sua função era civilizadora. Primeiro, retirava da pessoa o direito de executar a vingança. A pena deveria ser aplicada pelo Estado, depois de passar por um juízo igualmente conduzido pelo Estado. Segundo, a pena, salvo raras exceções (afinal, era uma transição), não passava da pessoa do réu nem era superior à ofensa.
ResponderExcluir[de certa forma, isso foi absorvido pelos códigos penais modernos quando eles admitem o direito de autodefesa e excluem o sentido criminoso da morte praticada em legítima defesa. o FATO houve: alguém tirou a vida de outrem. Mas, a legítima defesa exclui o sentido de antijuridicidade, isto é, do crime. MAS ATENÇÃO: não é legítima defesa quando se é agredido, a pessoa vai em casa, pega a arma e dispara 10 tiros no agressor original!!! É preciso atender a um princípio de razoabilidade e de proporcionalidade.]
Durante toda a idade média e moderna a pena refletia a 'devolução na mesma moeda', bem como nos casos religiosos, até um certo pietismo. Afinal, queimava-se hereges por 'preocupação com suas almas': era melhor arder um pouco e temporariamente no fogo visível do que do eterno. Quanta bondade!
Em algum momento por volta do século XIX, progressivamente, o ocidente iniciou uma mudança radical nessa compreensão e penas cruéis, desumanas, degradantes e de morte começaram a ser abolidas.
Por isso, os defensores da mesma estão hoje em tão más companhias: o Irã, o Iraque, o Texas (da família Bush, rsrs), a China, a Arábia Saudita, que como indicamos acima, respondem por 90% das execuções globais.
Quanto ao catecismo, duas questões. Primeiro, quando apresenta a resposta sobre o "não matarás", abre exceção para a "justiça pública". Parece estar tratando da pena de morte aplicada pelo Estado, considerando que as outras duas exceções admitidas são a 'guerra legítima' e a 'defesa necessária'. O catecismo trata em quase todos os casos de enunciações de verdades ancoradas no texto bíblico, mas parece-me que em dois momentos pelo menos (não vi outro caso) faz um comentário absolutamente vinculado ao 'espírito de sua época'.
ResponderExcluirA primeira, quando estende a interpretação do 'honrar pai e mãe' para todo tipo de autoridade. Acho temerário, mas não avançarei sobre o tema. Você pode provocar depois. rsrsrs.
A segunda, quando legitima a pena de morte. Por óbvio, os homens que redigiram o catecismo estavam apenas ecoando o entendimento de sua própria época. Apenas dois séculos depois da redação do catecismo (que é do XVII) começa a se abolir a pena de morte. Aliás, os genebrinos defensores de uma teocracia tinham mesmo que legitimar a pena de morte porque, entre outras coisas, entendiam bastante de intolerância e partilhavam das mesmas opiniões dos católicos sobre o que fazer com 'criminosos de opinião'. Seria muito difícil outra coisa ser escrita.
Resta algo mais importante. Primeiro, se eu tenho que professar fé na bíblia ou no catecismo. Porque se este último não puder ser questionado, estamos instituindo ao lado da bíblia, a Tradição, tal qual os católicos. rsrsrs. É bem verdade que 98% de seu conteúdo parece não precisar de tal questionamento, mas ele não é a Palavra de Deus. É a interpretação de homens, que em alguns casos, refletiam uma sociedade de intolerância.
Segundo, se e qual igreja local (nacional, pois é um tema nacional), como instituição fez recentemente (últimas décadas) alguma declaração nesse sentido. Porque também é importante lembrar que se há protestantes que defendam a pena de morte, há também muitos mais que são contra e dirigem movimentos pela sua abolição nos EUA e no mundo.
Portanto, sua afirmação de que 'a igreja é uma ardorosa defensora de pena de morte', parece que não é bem assim. 'A igreja' é generalizante por demais; há um texto escrito no século XVII que reconhece sua legitimidade (e é a esse texto que você fez referência); e ao que parece, um rigoroso abandono desta parte do mesmo, a não ser que você indique outros textos OFICIAIS e recentes que defendam a pena de morte. rsrs.
Caro Fábio,
ResponderExcluirEstou vendo que o debate está muito bom, devido ao número de comentários postados, por isso decidi deixar o meu comentário também.
Como cristão e teólogo calvinista que extrai a sua visão de mundo das Escrituras Sagradas, eu não posso ser contrário a pena de morte. E isto por entender que Escritura é favorável a pena de morte por amor a vida, a vida da vítima e não a do homicida, textos como o Nm 35.30-34 (dentre outros)nos oferece um princípio interesante (e elucidador no debate sobre a pena de morte, o princípio de que pena deve ser propocional ao crime e que no caso de homicídio a única forma de fazer justiça é vida por vida, eis o texto:"Todo aquele que matar a outrem será morto conforme o depoimento das testemunhas; mas uma só testemunha não deporá contra alguém para que morra. 31 Não aceitareis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; antes, será ele morto. 32 Também não aceitareis resgate por aquele que se acolher à sua cidade de refúgio, para tornar a habitar na sua terra, antes da morte do sumo sacerdote. 33 Assim, não profanareis a terra em que estais; porque o sangue profana a terra; nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que nela for derramado, senão com o sangue daquele que o derramou. 34 Não contaminareis, pois, a terra na qual vós habitais, no meio da qual eu habito; pois eu, o SENHOR, habito no meio dos filhos de Israel".
Cláudius:
ResponderExcluir1-Veja o que vc diz: “Um abismo entre o que dizemos sentir e o que de fato vai por nosso interior”. Não vou tratar mais desse assunto; apenas quero pontuar que vc continua insistindo que a família em questão não está sendo honesta com o que diz estar sentindo, antes, pelo contrário, está agindo como os “fariseus”, isso se evidencia pelo exemplo do catecismo que citou. Além de fariseus vc os acusa de “doidos” (com a sanidade abalada)..rs..? Apenas porque está dizendo sentir-se aliviada ao ver a “justa” execução do assassino cruel de sua parente amada? Claro, seus sentimentos “podem” estar confusos, mas o que disseram brotou do fundo do coração; acho pouco provável que essa família pudesse “forjar” um sentimento, seguindo o expediente dos fariseus.
2-Você dá uma aula sobre “princípio de justiça” e depois diz ser contra pena de morte? Isso não é incoerência lógica? Veja sua aula: “Primeiro, retirava da pessoa o direito de executar a vingança. A pena deveria ser aplicada pelo Estado, depois de passar por um juízo igualmente conduzido pelo Estado [...] não passava da pessoa do réu nem era superior à ofensa”. O que tem de negativo nisso? Pois a idéia da implantação da pena de morte é exatamente essa. Serve, inclusive, para não fazermos “justiça com as próprias mãos (que seria o correto, o justo e o honesto. Mas, como vivemos num estado democrático, abrimos mão desse direito e o entregamos ao Estado, por determinação bíblica, inclusive). Cláudio, vc mesmo deixou claro as benesses trazidas pela implantação da pena máxima, que poderíamos resumir assim: evita o caos social em que estamos vivendo.
3-Se você observar bem o argumento do Rev.Alexandre (que é a favor da pena de morte) terá que incluir, ao lado dos “maus exemplos”, o próprio Deus. Então, deverias acrescer sua lista, que passaria a ser a seguinte: “o Irã, o Iraque, o Texas (da família Bush, rsrs), a China, a Arábia Saudita, a bíblia e o próprio Deus”. Terás coragem?..rs...
4-Agora vamos para o pior..rs: Veja o que vc diz, quanto trata da questão do catecismo de sua - própria igreja-: “Por óbvio, os homens que redigiram o catecismo estavam apenas ecoando o entendimento de sua própria época”. Bom, estamos diante de “duas interpretações” da mesma questão: 1ª) A de 121 teólogos (séc.XVII) – considerados por muitos, os melhores da história – que durante cinco anos e quatro meses, estudaram profundamente essa e outras questões; 2ª) A do professor e historiador Cláudio de Souza (séc.XXI) – reconhecido por mim como um dos maiores conhecedores de história que eu conheço. Considerando que o assunto em pauta não tem nada haver com questões culturais e temporais, como o senhor quis dar a entender, e sim, puramente, de interpretação exegética dos textos Escriturísticos, além de outros princípios basilares do homem, que remontam, inclusive, à época do Gêneses (direito à vida), pergunto eu: qual das duas “interpretações” têm mais possibilidade de estar coerente com os ensinamentos bíblicos? Você é muito meu amigo, mas, desculpe....rs....não irei optar pela sua interpretação..rs...kkk.
Por último caríssimo historiador, não professamos fé no Catecismo ou em qualquer outro livro, além das Escrituras. “A sua igreja” entende que o Catecismo, bem como a CFW, nada mais são que a “fiel interpretação” das Escrituras. Exatamente para não haver diversidade de interpretações, “sua igreja” resolveu adotar a interpretação dos melhores teólogos que a história já conheceu. Simples não é? Então, quando vc discorda do Catecismo, em última analisem, está discordando da “interpretação oficial” que “sua igreja” tem dos textos que abordam o assunto. Concluo lhe fazendo um pedido: se algum dia eu “interpretar” algum assunto que seja diferente da interpretação trazida por esses 121 teólogos, seja inteligente e coerente: opte pela interpretação deles..rs....
Forte abraço!
Fábio, a conversa está boa, embora em um momento delicado, afinal você está atribuindo a mim coisas que não escrevi. "Fariseu" é uma palavra carregada de significados (e para os cristãos, não são bons significados) e não a utilizei. Pensei ter expresso um sentimento de dor e preocupação com a família, não de 'acusações' contra a mesma. Mas sobre isso, está claro que já estamos a andar em círculos. Só não vale colocar moldezinhos de 'pés de curupiras' no caminho [aqueles que são postos para confundir]. rsrs.
ResponderExcluirsegundo, eu expliquei o contexto de UMA ÉPOCA, tento entender o que nela se passou e mostrar como ela mudou. Certamente não sou o mais capaz para isso. Mas acredito que a mudança do conceito de pena como vingança foi positivo para o ocidente. Os filósofos e juristas foram seguramente mais piedosos que os pastores e teólogos.
Acho que você pode perfeitamente propor uma mudança nos exames para recepção de novos membros nas igrejas. No lugar de perguntar sobre a bíblia como única regra de fé e prática, você pode acrescentar: '... e na CFW, no Catecismo e sei lá mais no que'! Não esqueça também de acrescentar se o neófito crê na inerrância dos 121 de Westminster [para não dar muito problema, não precisa nem lembrar ao examinando que os católicos consideram a interpretação papal nesse nível].
Sobre ser uma determinação divina, seria bom uma pesquisa para listar toda a legislação civil/penal estabelecida 'pelo próprio Deus' e que perdeu validade depois quando o mundo mudou. Afinal, continuaremos a tentar apedrejar adúlteras? Repito, tranquilamente o que escrevi. No século XVII seria difícil que um texto com referências a penas escrevesse outra coisa.
Pensar na pena de morte como controle do caos, Fábio, é primário. Perdões. Se pena de morte controlasse caos, não tinha mais bandido em periferia porque o monte de grupos de extermínio que tem por aí. Nem tinha mais ninguém no tráfico, porque os casos de execuções já teriam servido para dissuadir os que pretendessem se achegar ao grupo.
Prezado Cláudio:
ResponderExcluir1-Devo ter me enganado com relação à sua opinião a respeito do sentimento da família em questão. Desculpe pelo "pé de curupira"...rs.
2- Com relação à sua proposta de mudança de exame nos novos membros, devo dizer que isso já é feito. A pergunta é feita exatamente assim mesmo como vc, ironicamente, propõe..rs: "Crê nas escrituas como sua única regra de fé e prática e nos símbolos de fé de westminter como fiel exposição das sagradas escrituras? Alias, vc respondeu que sim, não lembra? Cláudio, a questão é que não exsite, hoje, uma interpretação melhor. Todas são interpretações, não use "o pé do curupira", não tem nada haver com inerrância e vc sabe disso muito bem. É apenas uma opção por uma interpretação reconhecidamente coerente.
3- Como eu já falei no artigo, não é uma questão de lei, como vc coloca. Essa questão remonta à gênese. Tenho absoluta certeza que se vc estudar o assunto, vai mudar de idéia.
4-Como eu disse tb, no artigo, qualquer outro benefício da pena de morte é periférico. O principal é a satisgação do princípio de justiça.
Forte abraço..
eu sou contra a pana de morte quando se tem duvidas sobre o crime,mas sou a favor quando alguem é capaz de cometer um ato de sumano,como assassinato,estupro ou tortura.
ResponderExcluirse a pena de morte acontece com alguém inocente eu acho esse fato muito cruel,porque em muitas vezes primeiramente se exerce a tortura,que nem o pior dos seres humanos merece passar.é preciso ter o minimo de compaixão pelo outro pois a pana de mortes na maior parte é algo desumano.
ResponderExcluirNo comentário de 06/03/2010, onde se lê "haver" leia-se "a ver".
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