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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

COLÓQUIO PROTESTANTISMO E POLÍTICA NO CONTEXTO ATUAL: Breves Reflexões sobre o Voto de Protestantes em Partidos de Esquerda



Da proposta do colóquio “Protestantismo no contexto atual”, entendo que devemos pensar sobre a postura do protestante diante do atual cenário de polarização política em que vivemos. De um lado, um projeto de poder mais à esquerda e do outro uma forma de governar mais à direita. Já adianto que gosto dessa polarização. Acho que isso traz clareza para o eleitor. Aqueles que gostam de um modelo mais à esquerda (com Estado grande e intervencionista), com todos os seus ônus e bônus (se é que existem bônus), escolherão candidatos com esse perfil, o mesmo ocorrendo com o eleitor que prefere um modelo mais à direita (com um Estado mínimo). Vou tentar direcionar minha fala no sentido de identificar o modelo que mais se adequaria ao que entendo ser pressupostos basilares do protestantismo e se isso está acontecendo e por qual motivo.

Inicio minha fala dizendo que, no contexto atual, sou protestante mas não sou militante político. Já fui. Era um ativo militante Ptista, ainda que moderado, igual a maioria dos que estão presentes aqui. Minhas credenciais: votei duas vezes em Lula, duas vezes em Dilma e nas eleições municipais e estaduais sempre escolhi candidatos mais à esquerda e quem tivesse doido falasse mal do “companheiro Lula”. Peguei várias brigas com amigos pastores que ousavam falar mal daquele que se auto intitula como a “alma mais honesta do país”.

Mudei! Mudei porque entendo que o que vou chamar de “esquerdismo” traz algumas incompatibilidades teóricas com o cristianismo, que tentarei, com brevidade, expor.

Abraan Kuypper (1837-1920), ex-primeiro ministro da Holanda, costumava apontar a existência do que ele chamava de “sistemas de vida”. Um sistema é uma cosmovisão ampla que engloba o que vc pensa acerca do homem, de Deus e do mundo. Segundo ele: “Dois sistemas de vida estão em combate mortal”.  De um lado “o Modernismo [...] comprometido em construir um mundo próprio a partir de elementos do homem natural, e a construir o próprio homem a partir de elementos da natureza”, do outro, o cristianismo, em linhas gerais. (KUYPER, 2002, p.19). Nessa mesma linha, referindo-se à concepção materialista de um filósofo da antiguidade, Heráclito, segundo o qual "o mundo forma uma unidade por si mesmo e não foi criado por nenhum deus e por nenhum homem, mas foi, é e será eternamente um fogo vivo que se acende e se apaga de acordo com as leis", diz Lenin: "Eis aqui uma excelente definição dos princípios do materialismo dialético." (Lenin, "Cadernos filosóficos", pag. 318).

Essa ideia parece representar bem a polarização que vivemos hoje, também no Brasil. De um lado, um conservadorismo que tenta recuperar os pressupostos cristãos de família como “célula mater” da sociedade, que asfaltou o caminho para a civilização ocidental e do outro lado um modelo mais secularista/materialista que tenta desmistificar e se colocar numa posição antagônica ao cristianismo. Isso é muito interessante porque, no final das contas, trata-se de um embate sobre temas gerais religiosos, sintetizados por Kuypper como sendo “nossa relação com Deus, nossa relação com o homem e nossa relação com o mundo”. De forma prática: Deus existe/Deus não existe; o homem e o próprio mundo são criados/não são criados e todas as outras coisas decorrentes dessas.

Nesse sentido, então, não é difícil concluir que Partidos e Políticos de esquerda são, necessariamente, por conta de sua base teórica, voltados para a construção de um Estado e de uma Sociedade mais aproximada com os pressupostos do Ateísmo, que é bem diferente de um Estado Laico[1].  Gramisc já deixava isso muito claro ao afirmar: “A nossa religião torna a ser a história, a nossa fé torna a ser o homem, a sua vontade e atividade” (GRAMSCI, 1972a, p. 231) e ainda: “O mundo civilizado tem sido saturado com cristianismo por 2000 anos, e um regime fundado em crenças e valores judaico-cristãos não pode ser derrubado até que as raízes sejam cortadas”[2]. Gramisc também considerava o Socialismo como uma espécie de “religião” secular que dispensa “a necessidade da religião para a produção do bem, da verdade, da vida moral” (GRAMSCI, 1972b, p. 116). Por sua vez, Marx já se referia à religião da seguinte forma: “suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é o ópio do mundo[3]; Por fim, Gramisc atribuía à “filosofia práxis”, Marxismo, o papel de, em certo sentido, usar a religião como uma espécie de “degrau”, para, por fim, superá-la; substituí-la. Diz ele:  “Uma concepção do mundo não pode revelar-se como válida e impregnar toda uma sociedade até converter-se em uma fé, se não demonstrar que é capaz de substituir as concepções e crenças anteriores em todos os graus da vida estatal”[4]. Isto é, usou o catolicismo para acabar com o catolicismo[5].

Esse tipo de visão de mundo, reverbera na sociedade pela defesa de pautas que confrontam diretamente a moralidade cristã, como por exemplo:  aborto, toda a agenda LGBT, incluindo a teoria Queer, mais conhecida como ideologia de gênero, um Estado grande, intervencionista, que interfere até mesmo na criação dos filhos, diminuição das liberdades individuais, como se ver em países onde o socialismo avançou mais, diminuição das liberdades religiosas, da mesma forma (em alguns países com severas perseguições a cristãos), controle social das mídias, etc.

Dito isso, penso que o protestante que ainda insiste em votar e defender partidos e políticos esquerdistas estão remando na contramão do cristianismo e do modelo forjado por ele no mundo ocidental e ajudando a construir uma nova ordem social, incompatível com o cristianismo. Não é coerente votar fortalecendo a “ideologia marxista”, ateia e anticristã por definição e, ao mesmo tempo, orar por missionários que sofrem perseguição em países com esse viés ideológico. Em última análise, votar significa escolher entre uma cosmovisão cristã (que não tem nada a ver com igreja, num sentido mais amplo) e a cosmovisão secularista/marxista. Uma antagônica em relação à outra. Por isso mudei!

Mas, não tivesse esse entendimento teórico, como cristão protestante, também me sentiria na obrigação de mudar de lado ou de, pelo menos, votar diferente. Não me sentiria à vontade em continuar votando num modelo que se corrompeu tanto que acabou por estabelecer a Cleptocracia, no dizer do ministro Gilmar Mendes. Continuar a apoiar esse esquema criminoso seria pecar contra o oitavo mandamento, conforme a interpretação do Catecismo Maior de Wesminster, em sua pergunta de nº 142: 142. Quais são os pecados proibidos no oitavo mandamento? Os pecados proibidos no oitavo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: o furto, o roubo [...] a recepção de qualquer coisa furtada; as transações fraudulentas [...] o suborno, [...] os meios ilícitos de vida, e todos os outros modos injustos e pecaminosos de tirar ou de reter de nosso próximo aquilo que lhe pertence, ou de nos enriquecer a nós mesmos; a cobiça, a estima e o amor desordenado aos bens mundanos.

Os números da corrupção são astronômicos. Só a Operação Lava Jato, que envolveu basicamente a corrupção no âmbito Petrobras já recuperou R$ 4.069.514.758,69, até outubro de 2019, de um total já previstos em acordos de leniência, colaboração, TAC e renúncias voluntárias chega a R$ 14,3 bilhões[6]. Por conta disso e de muitos outros crimes, praticamente toda a cúpula do PT já foi condenada e presa ou está aguardando em liberdade o dia do encarceramento final: José Genuíno, presidente do PT, preso; José Dirceu, homem forte do PT, ministro chefe da casa civil, preso, Antônio Palocci, ministro da economia, preso; João Vacari, secretário do PT, preso; Delúbio Soares, tesoureiro do PT, preso; e, finalmente, o poderoso chefão, Luis Inácio Lula da Silva, preso depois de duas condenações em segunda instância, aguardando o julgamento de pelo menos mais sete processos e por aí vai. Alista é grande.

Por tudo isso, penso que, assim como eu, muitos protestantes mudaram foram ler um pouco, observar e voltaram a um realinhamento com a Cosmovisão Cristã, tão importante à construção do mundo ocidental. Claro que muitos protestantes ainda ousam gritar “Lula Livre”, mas estão sendo incoerentes com o que dizem crer, na minha humilde opinião.



[1] Um Estado secular ou estado laico é um conceito do secularismo onde o Estado é oficialmente neutro em relação às questões religiosasnão apoiando nem se opondo a nenhuma religião. O Estado secular deve garantir e proteger a liberdade religiosa e filosófica de cada cidadão, evitando que alguma religião exerça controle ou interfira em questões políticas. Difere-se do estado ateu - como era a extinta URSS - porque no último o estado se opõe a qualquer prática de natureza religiosa. Entretanto, apesar de não ser um Estado ateu, o Estado Laico deve respeitar também o direito à descrença religiosa”. Conforme: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_secular. Para saber mais, acessar: http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2013/05/breves-reflexoes-sobre-laicidade-do.html.
[2] A ESCOLA DO MST: REVOLUÇÃO ANTICRISTÃ E ASSALTO À SAGRADA ESCRITURA http://www.puggina.org/artigo/outrosAutores/a-escola-do-mst-revolucao-anticristaeassalt/3279).
[3] (MARX, Karl. “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”. In: Temas de Ciências Humanas. Vol. 2. São Paulo, Editorial Grijalbo, 1977, p. 2.)
[4] GRAMSCI, Antonio. Concepção Dialética da História. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1966, p. 20
[5] Decreto contra o comunismo foi uma designação popular de um documento da Igreja Católica, publicado pelo Santo Ofício no dia 1 de Julho de 1949, durante o pontificado do Papa Pio XII. Este documento afirmava a excomunhão automática ipso facto (ou latae sententiae) de todos os católicos que, em obstinação consciente, aderem ao ateísmo e ao materialismo associado ao comunismo e às doutrinas marxistas. Além deste célebre documento de 1949, outros decretos contra o comunismo também foram publicados pelo Santo Ofício entre as décadas de 1940 e 1950.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A REFORMA PROTESTANTE E O HOLOCAUSTO



A imagem acima é do MEMORIAL DO HOLOCAUSTO em Berlim, na Alemanha. Ele foi construído em homenagem aos seis milhões de judeus "assassinados de maneira orquestrada cruel e sistemática",  entre 1933 e 1945. Em 2017 outro importante memorial do holocausto foi inaugurado. Ele fica na cidade de São Paulo, na antiga Sinagoga do Bom Retiro. Além desses, muitos outros pelo mundo.

Mas, por que rememorar esse momento tão terrível da história mundial, que foi o holocausto?

A resposta de todos os memoriais não é outra senão: Para que a história não se repita!

Hoje, 01 de novembro, infelizmente, não podemos dizer que muitas igrejas rememoraram, estão rememorando ou que ainda irão rememorar a Reforma Protestante, o já agora pretérito 31 de outubro.

Passou batido! Tem passado batido! Um ano, dois anos, três anos, cinco anos, no máximo, sem rememorar essa data e as novas gerações de crentes serão formadas sem o DNA protestante achado e transmitido somente na e pela Reforma Protestante.

Muitas igrejas, já, sequer sabem o que significa essa data. Nem mesmo as igrejas reconhecidas como como "herdeiras da Reforma" têm tido essa preocupação. 31 de outubro não existe mais no calendário de suas sociedades internas. Comemora-se dia do adolescente, da criança, do homem, da mulher, do idoso, do pastor, da esposa do pastor, do presbítero, do diácono, dos pais, das mães, dos avós, aniversário da SAF, da UPH, da UPA, da UCP, da igreja e por aí vai; só não da Reforma Protestante. 

Mas, por que se deve rememorar a Reforma Protestante?

A resposta a essa pergunta não é outra senão: Para que a história não se repita!

A igreja do Senhor já se desviou terrivelmente. Passou, pelo menos, onze séculos em situação de crescente desvio dos preceitos da palavra de Deus, chegando ao ponto de "vender a salvação". Esse processo não começou com grandes erros ou grandes heresias e, sim, com pequenas concessões por parte da liderança da igreja, tal qual Arão diante daquele povo sedento por seguir seus próprios caminhos, só que em doses homeopáticas. Depois, em ritmo acelerado rumo ao desvio completo, ocorre o "esquecimento" de que a Bíblia é a única regra de fé e de prática, na prática; nem sempre na teoria. Não mais se perguntará o que ela ensina sobre isto ou aquilo que se quer fazer ou crer. Isso já aconteceu no passado e acontecerá, inevitavelmente, com toda igreja que "esquecer" da Reforma Protestante.

A Reforma Protestante é a  personificação da lembrança do Sola Scriptura

Por isso é tão grave esquecer de rememorá-la, ano após ano. Esquecer de rememorá-la é o começo para o esquecimento daquilo que ela pregava.

Aí, bem; aí pode fechar as portas da igreja. Não fará muita diferença.

Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia e Soli Deo Gloria.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

ATEÍSMO RADICAL CONFUSO



Ser ateu e, portanto, materialista e empirista radical, deve ser muito ruim; muito confuso. Porque ele tem que negar a existência de Deus, mas, ao mesmo tempo, para ser honesto com seus pressupostos e para levá-los até às últimas consequências, tem que admitir pelo menos a possibilidade de Sua existência, uma vez que não tem materialidade, prova empírica básica, para poder, assim, negá-lo absolutamente, considerando que o enunciado empírico/radical deve, necessariamente, conformar-se a um fato verificável.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A POSSÍVEL CAUSA DA VIOLÊNCIA CONTRA OS PROFESSORES


Agostinho de Hipona defendia que o homem é "naturalmente mau". Para ele, educar consiste em retirar coisas ruins do coração, presentes lá desde o nascimento, e colocar coisas boas. Esse pensamento, como consequência, gera um processo de "ensinagem" mais disciplinador, mais rigoroso e uma relação de superioridade hierárquica do professor em relação ao aluno. Nesse modelo, adotado no Brasil, também, no passado, é inimaginável aluno desrespeitando professor; menos ainda batendo nele. Simplesmente imimaginável! Não era raro os alunos ficarem de pé para receberem o professor(a), em sinal de reverência e respeito. 

Rousseau, diferentemente, defendia que o homem é "bom por natureza". Para ele, educar passa a ser um processo onde todos os envolvidos são iguais, sem vantagens hierárquicas para o professor; daí os trabalhos em grupo, no modelo circular. Afinal, o círculo pressupõe igualdade entre os "entes". O professor deixa seu lugar de proeminência, à frente da turma, e senta-se ao lado, como um igual, hierarquicamente falando. A criança, segundo ele, deve ser deixada à sua própria liberdade, para construir seu próprio conhecimento. Esse pensamento acerca da natureza do homem também gera consequências práticas para a educação: maior autonomia e liberdade para o aluno, redução a quase zero da disciplina na sala de aula. Afinal, com que autoridade o professor "disciplinaria" o aluno, considerando que ele é apenas "um-igual" no processo educativo? Nesse modelo adotado, também no Brasil, impulsionado pelo "freireanismo", nos últimos 30 anos, é quase inimaginável pensarmos em professores sendo reverenciados e respeitados por seus alunos; quase inimaginável! Não é raro sabermos de casos e mais casos de professores que foram espancados e humilhados dentro da sala de aula. 

Toda essa situação, dirão alguns, se dá pelo aumento da violência social. Será? Então, porque no modelo passado os professores eram igualmente respeitados mesmo dentro das favelas mais perigosas do Brasil? 

Precisamos refletir criticamente acerca desses dois modelos. Qual deles trouxe melhores resultados? Qual deles produziu mais intelectuais? 

Finalmente, perguntamos: quem é o homem, para aqueles responsáveis pelo norteamento do ensino?

sábado, 28 de setembro de 2019

SATANÁS MIRA NA FAMÍLIA PARA ACERTAR NA IGREJA: UMA BREVE ANÁLISE SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CASAMENTO



O  apóstolo Paulo escrevendo à igreja de Éfeso, diz:

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo. Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Efésios 6:12).
O contexto aqui é de uma GUERRA ESPIRITUAL que a IGREJA de Cristo travaria durante toda a sua trajetória. Uma guerra ferrenha contra o que o apóstolo chama de "forças espirituais do mal", para qual a igreja precisa se preparar, sob pena de perder algumas batalhas.

Sabemos que no fim dessa GUERRA a IGREJA de Cristo sairá vencedora. É o próprio Senhor desse exército chamado de igreja quem assegura isso: "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18) . 

Porém, numa GUERRA há muitas BATALHAS. Algumas se ganha outras se perde. Sobretudo quando se está lutando contra um inimigo tão poderoso. Paulo propõe até uma "armadura" especial para lutar essa GUERRA, tal é a forço desse INIMIGO da IGREJA.

Quando olhamos para a história do cristianismo conseguimos perceber claramente as ESTRATÉGIAS de GUERRA utilizadas pelo DIABO contra a IGREJA DE CRISTO. Enumeraremos apenas três delas:

1) Estratégia da Perseguição:  

Essa é uma estratégia muito utilizada desde o começo da trajetória da igreja Cristã, em Atos 8, passando pelas grandes perseguições do primeiro século, como as impostas por Nero, no ano 64 dc, até aos nossos dias. 

Relatório publicado em 2018 no site VaticanNews dá conta que cerca de 300 milhões de cristãos sofrem ferrenhas perseguições, em 38 países Islâmicos ou COMUNISTAS, ainda hoje.  

Interessante que o COMUNISMO e suas VARIAÇÕES, historicamente, sempre foram INIMIGOS da IGREJA de Cristo e mataram milhares de cristãos em Cuba, China, Ulcrânia, Rússia, Venezuela, etc. Verdadeiras "forças espirituais do mal", como diz Paulo. 

Mas, apesar disso, muitos cristãos apoiam e até votam em políticos e partidos que seguem essa ideologia, que é por definição materialista, ateia em seus pressupostos.

Mas, satanás acabou percebendo que não adiantava perseguir a IGREJA e matar Cristãos. 

Justos Gonzales, historiador Cristão, afirmou em sua famosa obra Livro dos Mártires que "O SANGUE DOS MÁRTIRES É A SEMENTE DO EVANGELHO".


2) Estratégia da disseminação de heresias na Igreja de Cristo:

Vendo que a estratégia de perseguir e matar a IGREJA de Cristo não estava dando muito resultado, satanás MUDA DE ESTRATÉGIA DE GUERRA, passando a implantar heresias no meio da IGREJA com o objetivo de enfraquecê-la e, por fim, destruí-la.

Quase deu certo! Umas das primeiras heresias plantada na igreja foi o Gnosticismo, que negava que Cristo veio em carne, como está registrado na carta de I João. Desde então ele começou a contaminar a IGREJA de Cristo com vários vírus de heresias. A IGREJA foi então "morrendo por dentro", perdendo VÁRIAS BATALHAS, chegando ao Século XVI quase que completamente desviada.

Aí veio a REFORMA PROTESTANTE, depois os PURITANOS e essa poderosa ESTRATÉGIA DE GUERRA de satanás também fracassou. 


3)  Estratégia de destruição da Família:
 
Vendo que depois da TEOLOGIA REFORMADA não conseguiria mais DESTRUIR a IGREJA de Cristo, via estratégia da disseminação de heresias, satanás, agora, tenta de outra forma: investindo na destruição da FAMÍLIA.

Nunca a FAMÍLIA TRADICIONAL, estabelecida por Deus em Gêneses 2:24 (ler),  foi tão atacada. Esse ataque parte principalmente do chamado MARXISMO CULTURAL, com sua agenda progressista cujo objetivo último é destruir a chamada FAMÍLIA TRADICIONAL, que engloba ataques como:

a) NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES (união homoafetiva, poliamor);

b) DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO;
c) DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS;
d) DISTORÇÃO DO CONCEITO DE ESTADO LAICO COM OBJETIVO DE IMPLANTAR UM ESTADO ATEU.

Notem que essas são pautas defendidas por partidos comunistas e socialistas como PT, PSOL, PC do B. Portanto, cristão votar em candidatos desses partidos é, em última instância, FORTALECER O INIMIGO na GUERRA CONTRA A IGREJA DE CRISTO.

O objetivo final de atentar contra a FAMÍLIA é destruir a IGREJA DE CRISTO,

Por isso é tão importante quando dois jovens (homem e mulher), CRENTES, resolvem CASAR-SE NO SENHOR

Sabe por quê? Porque vão constituir uma família e posteriormente vão gerar FILHOS e fazer com que a IGREJA CRESÇA e isso garantirá a CONTINUAÇÃO DA IGREJA MILITANTE DE CRISTO, VOZ PROFÉTICA DESSE MUNDO EM CAOS.

A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo XXIV, que trata sobre o MATRIMÔNIO e o DIVÓRCIO explica direitinho sobre a IMPORTÂNCIA do casamento PARA A CONTINUAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO:

I. O casamento deve ser entre um homem e uma mulher;

II. O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão legítima e da IGREJA por uma semente santa (o pessoal até brinca que igreja Presbiteriana só cresce quando nasce alguém. Pois bem! Esse é um dos objetivos do casamento: fazer a igreja crescer e continuar sua batalha contra o mal).

III. A todos os que são capazes de dar um consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente no Senhor.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

A INCOERÊNCIA DAS EBF'S NO ENSINO DA ADORAÇÃO PARA AS CRIANÇAS


Salomão, no auge de sua "sabedoria" inspirada, alertou: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Prov 22:6). A questão é: no quesito "adoração" o que estamos ensinando às nossas crianças? Como elas devem adorar ao Senhor? Antes de responder, uma dúvida logo se abaterá nos corações observadores: a questão que se coloca se aplica somente enquanto forem crianças ou também quando elas crescerem, quando se tornarem adultas? Por isso a resposta à primeira pergunta seria: "depende". Ensinamos que a adoração ao Senhor deve seguir o Princípio Regulador do Culto. Ou seja, na adoração aquilo que está ordenado nas escrituras, deve ser feito. Aquilo, porém, que não está ordenado nas escrituras ou delas não se possa inferir, deve ser evitado; abolido. Criticamos igrejas que teimam em manter em suas liturgias "grupo de coreografias", "danças litúrgicas" e todas essas invenções. Mas, entrando direto no assunto, nas EBF'S (Escola Bíblica(?) de Férias) da vida, ensinamos nossas crianças a "adorarem" ao Senhor com "danças" e ainda nos sentimos gratos por vê-las "pulando e dançando" enquanto "adoram" ao Senhor. Ensinamos às crianças: "dancem, pulem, saltem de um lado para o outro", quando estiverem "adorando" ao Senhor. Quando crescem, porém, queremos a todo custo ensinar: "a adoração ao Senhor deve ser ordeira, solene, sem inovações, sem danças, sem pulos, sem invenções da mente humana ou sugestões de satanás". Quanta incoerência! Seria essa incoerência fruto do entendimento de que as crianças de hoje em dia são retardadas e não mais entendem o puro e simples evangelho e os preceitos básicos de Deus e que por isso precisamos, como diz um adágio que critica essa postura, "vestir Jesus de palhaço" para que seja mais agradável e palatável aos seus olhos"? Ou, antes, essa incoerência é fruto de quem aprendeu errado e hoje está apenas repassando errado às crianças? Ou ainda é ela apenas uma forma de rebeldia e resistência aos ensinamentos corretos que conhecem, mas não concordam muito? Radicalidade? Sim, sim. Parece que essa última opção responde bem às indagações. Afinal, são "apenas crianças". Sem problemas, se Salomão estivesse errado! As grandes barragens começam a se romper e ao final causam grandes tragédias por meio de pequenas brechas e pequenas rachaduras. Da mesma forma temos visto isso acontecer na igreja cristã. Pequenos desvios doutrinários e litúrgicos e pequenas concessões de líderes que não quiseram parecer "radicais" levaram a igreja Romana, por exemplo, ao nível de desvio que se encontra hoje. Portanto, sejamos pelo menos, coerentes: se entendemos que não há nenhum problema teológico/doutrinário em "adorar" ao Senhor com "danças" ensinemos isso à toda igreja e não apenas aos pequeninos. Tá cheio de adulto nas igrejas querendo "soltar a franga" na liturgia da "adoração". Certamente vão "amar". Mas, se ao contrário, entendemos que o a adoração deve seguir o Princípio Regulador do Culto, que ensina que ela deve ser ordeira, simples e sem inovações, ensinemos igualmente do menor ao maior, porque, como alertou o sábio: "o caminho que ensinarmos é o caminho que as crianças seguirão". Que seja assim, para a aprovação ou reprovação dos que ensinam a esses pequeninos.     

segunda-feira, 24 de junho de 2019

A MORADA FINAL DOS JUSTOS A PARTIR DOS PURITANOS


O que os Puritanos pensavam sobre a MORADA FINAL dos justos e dos ímpios? 

Joel Beek e Mark Jones, em sua extensa obra "Teologia Puritana", tratando sobre a "Escatologia Puritana", fazem a seguinte advertência à quem quer estudar o pensamento escatológico dos "gigantes da fé": 
Existe nossa tendência de impor as categorias escatológicas de amilenarismo, pré-milenarismo e pós-milenarismo, vigentes nos séculos 20 e 21, à escatologia puritana, que não tinha tais categorias. Craw Gribben defende convincentemente que a teologia puritana consegue "desafiar e transcender os conceitos contemporâneos [...]. Às vezes intérpretes contemporâneos impõem aos puritanos categorias do século 21 (BEEKE, JONES, 2016, p.1090, 1110).
Portanto, conceitos como  "morada temporária ou provisória no CÉU e morada definitiva e final dos justos na TERRA, ainda que transformada" definitivamente não fazem parte, como padrão, do arcabouço teológico/doutrinário dos Puritanos.

Mas isso significa que os Puritanos não tinham uma INTERPRETAÇÃO sobre onde seria a MORADA FINAL dos homens, justos e ímpios? Obviamente que não!

O fato é que aqueles que querem defender tais conceitos devem seguir sozinhos em suas "aventuras hermenêuticas escatológicas contemporâneas", novidades dos séculos XX e XXI, sem o apoio dos Puritanos. 

Os Puritanos não tinham nenhuma dúvida de onde seria a MORADA FINAL dos justos e dos ímpios e isso foi refletido, irrefutavelmente, na Confissão de Fé e nos Catecismos de Westminster, produzidos por eles. 

O problema é que os teólogos reformados presbiterianos contemporâneos consideram, majoritariamente, a INTERPRETAÇÃO dos Puritanos acerca desse assunto como "INGÊNUA" e "INCOMPLETA". Mas, para não assumirem isso, sob pena de serem acusados de "não confessionalidade" dizem que os puritanos são "silentes" quanto ao tema. Mas isso não é verdade, como demonstraremos e como já demonstramos em outra postagem, sob o título: A MORADA FINAL DOS JUSTOS A PARTIR DAS CONFISSÕES E CATECISMOS REFORMADOS (pesquisar no blog):

1) Para começar, vejamos o que diz John Bunyan, contado entre os puritanos, em sua obra mais famosa "O peregrino", que conta a trajetória do Cristão até chegar à sua morada final. No último capítulo, intitulado "Cristão e Esperançoso atravessam o Rio da Morte e entram, finalmente, na Cidade Celestial". A narrativa utiliza expressões como "nova Jerusalém", "cidade celestial", "Sião", "Monte Santo" sempre como sinônimos de CÉU, como fica claro:
Já às portas do CÉU [...] à medida que se aproximavam da cidade, tinham dela uma vista cada vez mais perfeita. Era toda de pérolas e pedras preciosas. Também as ruas eram revestidas de ouro.  Ali — disseram — estão o monte Sião, a Jerusalém celeste, o inumerável exército dos anjos e os espíritos aperfeiçoados dos homens justos. Agora vocês irão para o paraíso de Deus, onde verão a árvore da vida e comerão de seus frutos eternos. Quando lá chegarem, receberão mantos brancos e viverão todos os dias ao lado do Rei, por toda a eternidade[...]. A cena, para quem a pudesse observar, era como se o próprio CÉU descesse para recebê-los [...]. E agora os dois homens, por assim dizer, se viam no CÉU antes de lá entrar, extasiados que estavam pela visão dos anjos e pela audição de notas tão melodiosas. Dali também já avistavam a própria cidade e julgaram ouvir todos os sinos repicando como sinal de boas-vindas (trecho da obra O peregrino).

2) Outro puritano, Thomas Manton, escrevendo sobre "o que aguarda cada pessoa", afirma: "Naquele dia, o bodes serão separados das ovelhas [...]; essa distinção permanecerá para sempre, um daqueles grupo ocupará o CÉU, e o outro o inferno" (BEEKE, JONES, 2016, p.1127). E ainda: "O longo estudo de Manton oferece uma exposição daquilo que é resumido na Confissão de Westminster" (BEEKE, JONES, 2016, p.1127)

3) Escreve o puritano John Dod; "A cada manhã considere: 1. Vou morrer. 2. Posso morrer antes do anoitecer.3.Para onde irá minha alma: para o CÉU ou para o inferno?  (BEEKE, JONES 2016, p.1156)

4- Richard Baxter escreveu "O descanso eterno dos santos. Um guia para o CÉU e para longe do inferno" (BEEKE, 2016, p.1156).

5- O puritano Samuel Rutherford, no leito de morte afirmou: "Estarei radiante - eu o verei como ele é - eu o verei reinar [...] meus olhos, estes meus próprios olhos, e não outros, verão meu Redentor". O CÉU tinha muitas glórias, mas a visão de Cristo, o redentor, era a glória principal (BEEKE, JONES, 2016, p.1160).

6) Chistopher Love, puritano DELEGADO DA ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER, escreveu sobre "as glórias do CÉU e o pavor do inferno", uma série de de dezessete sermões que falavam sobre  o CÉU e o inferno. Em um deles, sobre a segunda vinda de Cristo, afirma:
Aquela condição felicíssima e imutável [...], que Deus preparou para os eleitos no CÉU, para ser desfrutada depois do dia do juízo, ocasião em que o corpo se levantará da sepultura e ser unido à alma, e ambos receberão para sempre a glória com de Deus, jesus cristo, O Espírito Santo, os santos e os anjos. É isso que chamamos de glória: esse ajuntamento do corpo e da alma, em que ambos participarão da glória, desfrutando das três pessoas da Trindade, de todos os santos e anjos para sempre (BEEKE, JONES, 2016, p.1163).
Beeke, comentando sobre o pensamento escatológico de Love, para não deixar nenhuma dúvida, afirma: "Esse estado envolve a glorificação tanto do corpo quanto da alma. Love, delegado da Assembleia de Westminster, reflete o ensino puritano padrão da Confissão de Fé de Westminster (CFW)" (BEEKE, JONES, 2016, p.1163) e ainda: 
Love comenta que o CÉU, que é a morada de Deus e a capital do seu reino [...] é o local onde a alma é glorificada no momento de sua morte e onde mais tarde o corpo e a alma serão glorificados por ocasião da ressurreição. o CÉU existe como paraíso (Lc 23;43), habitação eterna (Jo 14.2; 2 Cor 5.1; Lc 16.9), cidade que virá (Lc 23;43), habitação eterna (Col 1.12) e lugar de alegria (Sl 16.11). Quanto a localização, Love rejeita a ideia de "que existirá um novo CÉU e uma nova terra e que aqui [i.e., na nova terra] os eleitos viverão e serão glorificados". Ele também rejeita a ideia de que o CÉU é simplesmente qualquer local onde Deus habita, sem estar ligado a um lugar em particular. Em vez disso, ele defende [...] que o CÉU é aquele espaço mais brilhante e glorioso bem acima dos céus visíveis, chamado terceiro CÉU, onde Deus manifesta sua glória a anjos e santos benditos (BEEKE,JONES, 2016, p.1167).
Essa é a INTERPRETAÇÃO padrão dos puritanos acerca da "morada final dos santos", transmitida aos Símbolos de Fé de Westminster, como já deixaram claro Joel Beeke e Mark Jones, citados acima.

Portanto, não há possibilidade de assumir para si outra INTERPRETAÇÃO sem rejeitar essa INTERPRETAÇÃO dos puritanos e dos próprios símbolos de Fé, como demonstrei também na outra postagem citada acima.
Os escritos de Love sobre o CÉU e o inferno são uma expressão fiel das ideias puritanas comuns sobre o assunto. Embora as posições de Love e a de seus contemporâneos sobre o CÉU não tenham as mesmas nuanças que encontramos em estudos reformados atuais sobre o tema [...], não há dúvida de que até o século 17 não houve geração alguma de teólogos que se equiparasse aos puritanos no que diz respeito a expor as glórias do CÉU e os pavores do inferno. A obra de Love está entre as melhores (BEEKE, JONES, 2016, p.1188).
Como já está claro, tudo se resume à escolha entre as duas escolas de INTERPRETAÇÃO que tratam sobre MORADA FINAL DOS SANTOS - a escola Puritana, refletida, também, nos Símbolos de Westminster e a escola dos teólogos atuais.

7) Thomas Goodwin, puritano, ao escrever sobre "o bendito estado de glória que os santos possuirão após sua morte", afirma; "Não há nada mais encorajador para os piedosos [...] que o fato de poderem caminhar [...] com o coração erguido ao CÉU (BEEKE, JONES, 2016, p.1159).

8) John Owen, afirmou; "os santos na terra anseiam pelo CÉU (BEEKE, JONES, 2016, p.1165).

9) Richard Sibbes, puritano, afirmou: "Sem Cristo o CÉU não é CÉU" (BEEKE, JONES, 2016, p.1165).

10) Outro puritano, Robert Bolton, afirma: "CÉU é aquele lugar ao qual Cristo ascendeu e onde Deus, de forma bem especial, habita, e é o lugar onde todos os benditos estarão para sempre" (BEEKE, JONES, 2016, p.1168).
Bolton e Love refletem a ideia histórica e comum cristã de que a morada eterna dos santos ressuscitados - e não somente a morada das almas de homens justos aperfeiçoados - será  [...] o CÉU (BEEKE,JONES, 2016, p.1168). 

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

REFORMA 501 ANOS: A NECESSIDADE DE REFORMA E AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA QUE ELA OCORRA


O que foi a Reforma Protestante? De forma sintética, podemos dizer: foi um movimento de retorno aos princípios basilares das Escrituras Sagradas, que haviam sido pulverizado a ponto de quase desaparecerem. Ou seja, a Reforma não foi um movimento pontual, circunscrito a um tempo, visto que o que gerou sua necessidade pode ocorrer, e tem ocorrido, em todo e qualquer tempo. Desviando-se do princípio de Sola Scripture a Igreja de Cristo, nasce junto a necessidade de Reforma.

Foi assim com a igreja de Roma, única igreja cristã no ocidente, até o século XVI. Foi assim também na Igreja da Inglaterra - Anglicana -, separada da igreja Romana por motivos espúrios e conveniência do Rei Henrique VIII. Separou-se da Igreja Romana, mas não promoveu as Reformas necessárias para que a igreja retornasse às Escrituras Sagradas, motor que move todo e qualquer movimento de Reforma da Igreja de Cristo. Lloy-Jones, comentando sobre essa questão, afirma:

"Henrique VII, como se sabe muito bem, estava realmente interessado em uma só coisa, e essa era poder conseguir o divórcio e novo casamento. Isso o levou  ao desejo de livrar-se do Papa e da sua autoridade, para que ele próprio se tornasse o chefe da igreja da Inglaterra" (LLOY-Jones, 2016, p.282).

Isso deixa claro que não basta afastar-se do epicentro do erro. É preciso muito mais que isso pra que se crie um ambiente adequado e favorável à Reforma da igreja. Não basta nem mesmo ser apenas combativo; é preciso ser assertivo e proativo.

Já aqui passamos a refletir sobre as condições necessárias para que aja essa Reforma. Não é preciso muito. Basta, tão somente, haver homens ou pelo menos um homem com a consciência de que as Escrituras Sagradas devem nortear todos os princípios de Fé e de Prática da igreja. E, na Igreja da Inglaterra, assim como Lutero na Igreja Romana, eles existiam. Eram os Puritanos. Ainda que exista alguma dificuldade para determinar a data de nascimento do movimento Puritano na Inglaterra,  Lloy-Jones defende que ser Puritano não é simplesmente fazer parte de um grupo temporal. Ser Puritano é ter uma "atitude Puritana", que é sumarizada no desejo e no empenho para que a Igreja de Cristo tenha as Escrituras como única regra de Fé e de Prática.

Algumas controvérsias na Igreja da Inglaterra, acabaram por deixar claro a diferença entre o que  Lloy-Jones chama de "espírito Anglicano" e "espírito Puritano". Uma delas tratava sobre a necessidade e obrigatoriedade do uso dos paramentos clericais:

"Essas questões indiferentes são sem importância e, contanto que o evangelho esteja sendo pregado e a igreja esteja sendo preservada, todos deveriam ficar satisfeitos" [...]. A isso, replicavam os puritanos: se não são importantes, por que vocês as impõe obrigatoriamente? [...]. O conceito anglicano é progressivo, evolutivo, é o conceito tipicamente "católico", ao passo que o dos puritanos é um conceito estático, que declara que essas coisas são determinadas pelo Novo Testamento, e isso de uma vez por todas [...]. Essa é uma exposição ampla da diferença. O anglicanismo sempre ensinou esta ideia progressiva, esta ideia evolutiva que acentua que a igreja, em sua experiência e sabedoria, continua a fazer descobertas e obtém novas percepções do ensino das Escrituras. Isso leva a certos desenvolvimentos e  acréscimos na igreja, em questões de governo, cerimônia e assim por diante. Por outro lado, os Puritanos diziam: Não, o ensino é fixo no Novo Testamento, e devemos permanecer nele" (LLOY-Jones, 2016, p.285.287).

E, ainda, tratando sobre o "rosto" que a igreja de Francoforte deveria ter:

Diziam os Anglicanos: "eles teriam que fazer como haviam feito na Inglaterra, e teriam que ter o rosto de uma igreja inglesa. Ora essa era uma declaração tipicamente anglicana [...]. A isso Jon Knox replicou: Queira o Senhor que ela tenha o rosto da igreja de Cristo. Igreja inglesa - igreja de Cristo. Aí vocês têm a divisão essencial entre anglicano e puritano" ((LLOY-Jones, 2016, p.287).

Na igreja de Cristo sempre haverão aqueles que apresentarão o "espírito anglicano/católico", que não entende inclusões e inovações (extra-bíblicas) no culto e nas práticas religiosas como problemáticas. Mas, também, em todos os tempos, haverão homens e mulheres com o "espírito puritano", que conclamarão a igreja de Cristo a voltar para as Escrituras Sagradas, somente.

Qual a postura e o "espírito" que você tem adotado na sua comunidade cristã?

Lembre-se: "não é preciso muito. Basta, tão somente, haver homens ou pelo menos um homem com a consciência de que as Escrituras Sagradas devem nortear todos os princípios de Fé e de Prática da igreja".

sábado, 13 de outubro de 2018

A (CONTRA) COMEMORAÇÃO DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE: A doutrina que liga o Protestantismo ao Cristianismo Apostólico - Parte 3/4


Qual a doutrina mais importante para o Protestantismo?

Se fizéssemos uma enquete com esse questionamento, entre as mais variadas correntes teológicas do protestantismo, teríamos um inacreditável reduzido número de respostas; pois, em linhas gerais, no que é essencial, a maioria dos protestantes concordam. A doutrina da salvação pela graça, provavelmente, seria a mais votada. Outras doutrinas também receberiam um considerável número de votos, a exemplo das doutrinas da Soberania de Deus, Suficiência das Escrituras e da Contemporaneidade dos Dons.

No entanto, no que diz respeito à historicidade do cristianismo protestantes, nenhuma dessas doutrinas, em nossa opinião, é a mais importante. A questão é: qual a apostolicidade das igrejas evangélicas? O que liga – historicamente – os protestantes ao cristianismo primitivo, fundado por Cristo e por seus apóstolos?

É legítimo um grupo que não tem essa “raiz histórica” dizer-se igreja legítima de Deus? Os antigos católicos romanos costumavam responder que não. Segundo eles, a Igreja Católica Apostólica Romana foi a “primeira” e “única” igreja fundada por Cristo e pelos Apóstolos. Mas, isso não é verdade?

Tirando alguns exageros e o descabido “homicídios da história”, essa afirmação tem algo de verdadeiro sim. A igreja romana não foi a “primeira” nem a “única”, mas, certamente, foi “uma das” igrejas fundadas por Cristo e pelos Apóstolos. Nesse sentido, podemos afirmar: historicamente, é uma igreja apostólica. Desse mal eles não sofrem, diferentemente dos evangélicos.

Qual foi o apóstolo que fundou a igreja evangélica? (Claro que não estou aqui me referindo a esses “pseudo-apóstolos dos últimos dias”). Aquele que tem o mínimo de bom senso e que conhece um pouquinho de história tem que reconhecer: as igrejas evangélicas foram criadas à revelia de Cristo e de seus Apóstolos. O protestantismo mais próximo dessa “raiz primitiva” é aquele fruto imediato da Reforma Protestante: Luteranos, Reformados Calvinistas Anglicanos, Reformados Calvinistas Presbiterianos, Batistas (se considerarmos sua origem no movimento Anabatista) e outros reformados.

Todo esse “protestantismo raiz” tem como único “parentesco histórico” com os apóstolos o “Catolicismo Romano”. O problema é que os protestantes negam e não querem saber dessa espécie de “cordão umbilical do cristianismo apostólico”. Não querem ter nada a ver com ela. Com isso, reconhecem: são outra coisa e não – historicamente – uma igreja legitimamente fundada por Cristo e seus apóstolos.

Nosso leitor deve estar pensando: “isso é uma brincadeira; ele vai concluir explicando tudo”. Não é não. Vou repetir: as igrejas evangélicas – todas elas – historicamente, não possuem nenhuma ligação com o cristianismo primitivo, nem com os Apóstolos, nem com Cristo, historicamente falando.
Mas, há uma doutrina que salva toda essa história; que evitou que os protestantes tivessem se tornado em um “aborto da história”. A doutrina mais importante para os cristãos não católicos (romanos e ortodoxos): a doutrina das duas naturezas da igreja.

O Catecismo Maior de Westminster, com grande heroísmo, da pergunta 62 até a pergunta de nº 65, aborda essa importantíssima questão. Diz o catecismo (pergunta 62) que a igreja possui uma dimensão visível – é a igreja visível -, constituída por todos (salvos e não salvos) que professam a “verdadeira religião”. Ora, o que é a verdadeira religião se não aquela fundada e comissionada por Cristo e por seus Apóstolos, com suas marcas?

Nesse sentido, os protestantes estariam fora, considerando apenas o aspecto histórico. Contudo, a outra dimensão da igreja, a dimensão espiritual – a igreja invisívelnos trás de volta ao cristianismo autêntico.
Vejamos:

Pergunta 64:“O que é a igreja invisível?” Resposta: “A igreja invisível é o número total dos eleitos que foram, são ou ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, o cabeça”.

Eis a doutrina mais importante do protestantismo. Dela depende estar unido verdadeiramente a Cristo ou não. A ideia de uma igreja invisível (mas real e verdadeira) acaba, por completo, com a necessidade lógica de uma ligação direta, física e histórica com o cristianismo primitivo; com a igreja literal fundada por Cristo e pelos seus Apóstolos (Jerusalém, Roma, etc).
Em ultima análise, todos os protestantes verdadeiros e eleitos em Cristo (porque há aqueles que só fazem parte da igreja visível) fazem parte da verdadeira igreja de Cristo: a igreja invisível, aquela constituída apenas pelos eleitos de Deus, em qualquer época, em qualquer lugar,  independe de tempo, espaço e história.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A (CONTRA) COMEMORAÇÃO DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE: estaria correto o pressuposto da ICAR em ter sido ela a única e verdadeira igreja de Cristo, fundada pro ele mesmo? - Parte 2/4


Temos registrado no livro de Atos dos Apóstolos, em seus primeiros capítulos, e particularmente nos capítulos 1 e 2, que tratam respectivamente da ascensão de Jesus e da descida do Espírito Santo, o marco Zero do Cristianismo, dando início assim a sua grande carreira missionária.


A INFLUENCIA DO IMPÉRIO ROMANO

Já em meados do ano 100 dC existiam Igrejas em inúmeras cidades da Ásia Menor e muitos lugares da Palestina, Síria, Macedônia, Grécia, Roma, Alexandria e provavelmente na Espanha. Este progresso assustador, em tão pouco tempo, deve-se, em certo sentido, pelo domínio que o Império Romano exerceu em todo mundo, alcançando seu apogeu exatamente no desabrochar da igreja de Cristo.

As condições facilitadoras e necessárias, criadas e/ou desenvolvidas para atender à expansão do Império Romano, acabaram contribuindo para o avanço do Cristianismo. Vejamos algumas das mais importantes:

Um mercado interlocal ativo;
A unidade cultual;
Língua comum;
Os meios de transporte terrestres e marítimos.

Ao estudarmos este assunto é  impossível não notar a clara intervenção de Deus na História, moldando os mapas geopolíticos, os tempos, os povos, os corações dos governantes, os poderes políticos e tudo o mais que se fizesse necessário para que seu Filho viesse tão somente na “Plenitude dos Tempos“, isto é, quando todas as condições estivessem favoráveis para possibilitar o alastramento de sua pregação, como registra o apóstolo Paulo em sua epístola: “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei” (Gal. 4:4).


AS PERSEGUIÇÕES

Por mais que pareça paradoxal, um outro fator que possibilitou o alastramento do Cristianismo foi a perseguição. Em  Atos 8:1-4, temos os primeiros registros dessas perseguições, que se estenderam até o século IV, com momentos de abrandamento e picos de crueldade.

Dentre os mais  impiedosos perseguidores da Igreja destacamos o imperador Nero, que governou de 54 a 68 dC. A História registra fatos de extrema impiedade, como, por exemplo, o de se divertir com os cristãos, que eram atirados para os leões ou feitos tochas humanas para iluminar a noite.

Entre o ano 100 dC e o reinado de Constantino  em 306 dC, apesar das perseguições, o Cristianismo alcançou um maravilhoso progresso, passando inclusive de Igreja perseguida para religião oficial do império Romano em 313. O edito do imperador Constantino não só proibia a perseguição aos cristãos como impunha a seus súditos que se tornassem cristãos. Isto trouxe duas consequências para a história do Cristianismo, com tentáculos que perduram até aos dias atuais:

A primeira foi positiva: Sendo o imperador Constantino favorável ao cristianismo, possibilitou e facilitou seu progresso físico.

A segunda foi negativa: Obrigados ou ainda constrangidos a se tornarem cristãos (não era uma boa política fazer parte de uma religião diferente da religião do imperador), os súditos do império  ingressavam no cristianismo sem a devida e necessária conversão, levando assim para a Igreja suas muitas práticas antigas, na maioria das vezes, oriundas de religiões pagãs, como culto ao Imperador (de onde se origina as indumentárias do papa), adoração de outras divindades  e  muitas outras heresias comuns à cultura greco-romana, que foram posteriormente adaptadas e incorporadas até aos dias de hoje.

COMO A IGREJA SE TORNOU CATÓLICA

Até aproximadamente o ano 400 dC, todas as Igrejas existentes se reuniam em concílios para tomar alguma decisão de caráter doutrinário. Isto fica evidente em Atos 15. Foi exatamente isso que promoveu a ligação da igreja nos mais variados pontos, passando a ser Católica (que quer dizer Universal), formando assim uma espécie de  governo geral para todas as Igrejas, pois aceitavam a autoridade das decisões desses concílios. Os principais concílios foram:

Data dC
Nome do concílio
Motivo

50
Jerusalém
Leis judaicas e os Cristãos – Atos 15
325
Nicéia
Contra o arianismo – Credo (Maria mãe de Deus)
381
Constantinopla 1º
Finalização do Credo
432
Éfeso
Contra o nestorianismo
451
Calcedônia
Contra o monofisitismo
553
Constantinopla 2º
Contra o nestorianismo
681
Constantinopla 3º
Contra monotelitismo
869
Constantinopla 4º
A paz entre o Leste e Oeste
1123
Latrão 1º
Disciplina. Contra os Valdenses (Inquisição)
1545
Trento
Contra-Reforma (Igreja Católica Romana)
1870
Vaticano 1º
Infabilidade do Papa

A partir daí vemos na Igreja Católica (universal), um processo de centralização de autoridade, com o aparecimento do Bispo com caráter monárquico, isto é, o Bispo que a principio é somente o dirigente de sua igreja local, surge como dirigente de várias igrejas.

A ideia de Diocese (conjunto de igrejas) se fortalecia cada vez, tornando cada vez maior o poder dos Bispos.

Num passo mais adiante no processo de centralização, os Bispos das  províncias romanas tornaram-se, naturalmente, mais importante que os demais e foram chamados Bispos de suas dioceses.

Continuando o  processo de centralização, Cinco Bispos se destacaram e foram considerados Patriarcas, por serem Bispos de cidades importantes e influentes tanto na política como na economia do império. A existência dessas "cinco maiores igrejas" (porque, na verdade, haviam muitas outras, faz cair por terra o argumento católico Romano de ser ela a única e verdadeira igreja, fundada por Cristo. Foram eles:

Bispo de Roma;
Bispo de Constantinopla
Bispo de Alexandria
Bispo de Antioquia
Bispo de Jerusalém


COMO A IGREJA SE TORNOU ROMANA

Das cinco cidades patriarcais, duas eram as mais importantes: Roma e Constantinopla, pois eram capitais do Império Romano, do ocidente e do oriente, respectivamente.

No V século, com a chamada pretensão petrina (que o apóstolo Pedro teria sido o primeiro Bispo de Roma), o Bispo de Roma fortaleceu-se e passou a ser a última palavra do Cristianismo, dominando e liderando as demais Igrejas e patriarcados, exceto o de Constantinopla que não se encurvou ao poderio do Bispo de Roma. Este patriarcado deu origem a Igreja católica Ortodoxa Grega, até hoje existente. Isto, na verdade, traz luz à pretensão católica romana que afirma ter sido a primeira e única igreja cristã, fundada por Cristo e por seus apóstolos. Como vimos, a igreja Ortodoxa Grega e outras são da mesma época de fundação da igreja romana.


Também nesse período houve um grupo que se separou do patriarcado de Constantinopla e fundou outra Igreja independente, a Nestoriana (498 dC.).

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