Páginas

quarta-feira, 26 de julho de 2017

SOLA SCRIPTURA - Parte 4/5


   4- O EMBATE ENTRE O SOLA SCRIPTURA E O PENTECOSTALISMO NO SÉCULO XIX E XX

Os REFORMADORES não enfrentaram esse problema relativo CONTEMPORANEIDADE E ATUALIDADE DE DONS ESPETACULARES COMO LÍNGUAS, PROFECIAS, NOVAS REVELAÇÃO, SONHOS. Esse é um debate que é travado na igreja cristã principalmente a partir de 1906 com o advento do Pentecostalismo, que nasce na Rua Azuza, nos EUA, onde um grupo reunido disse ter recebido manifestações dos DONS ESPETACULARES QUE CARACTERIZARAM A ERA APOSTÓLICA. O Brasil foi muito afetado pelo Pentecostalismo porque muito cedo essa movimento iniciado na Rua Azuza, em 1906 chegou por aqui. Já em 1910 o Pentecostalismo se estabeleceu no Brasil. 

Sola Scriptura, como já vimos, significa que todas as práticas religiosas, doutrinas e cultos devem emanar “somente” das Escrituras Sagradas. Pressupõe também que toda e qualquer “nova revelação” e, portanto, extrabíblica, deve ser REJEITADA, pois a Escritura, o Canon fechado, os 39 livros do VT e os 27 do NT, são SUFICIENTES PARA A IGREJA DE CRISTO e inerrantes. 

Era assim que pensavam os reformadores. É assim que pensam os Reformados até hoje.  Agora, perguntamos: É assim que pensam os Pentecostais?

Para os  PENTECOSTAIS, assim como para os CATÓLICOS, como já vimos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os CATÓLICOS DÃO À TRADIÇÃO E AS BULAS PAPAIS o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os PENTECOSTAIS, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES, que podem vir por “profecias”, “sonhos”, ou através das “línguas estranhas”.  
Quantos casamentos feitos e desfeitos; quantas “visitas pessoais” do próprio Deus nos arraiais Pentecostais. Falam como se pela boca do próprio Deus: “eis que sou Deus que te digo varão”. Quebra flagrante do terceiro mandamento. É mais do que claro que “as novas revelações” possuem, para os pentecostais, status de regra de fé e de prática, posto que eles obedecem cegamente a “ordem de Deus”, vinda diretamente de um “VASO”. Bom seria que obediência se estendesse à voz de Deus publicada na bíblia. Mas não é esse o caso, infelizmente. Alguém poderia negar essa realidade?

O pressuposto Pentecostal de “ESCRITURA TAMBÉM” e não “SOMENTE A ESCRITURA”, como defendiam os REFORMADORES, pode causar a falsa impressão de similaridade com o pressuposto da Reforma, mas são diametralmente opostos. “ESCRITURA TAMBÉM” pode ser, e tem sido em muitas ocasiões, TRAVESTIDO por “Somente Novas Revelações, nada de bíblia”.

Permita-me ilustrar o que acabamos de argumentar: há muitos anos atrás, em nossa igreja, uma irmã envolvida com o Pentecostalismo recebeu a seguinte revelação: “seu atual marido não é o que Deus escolheu para você”. Essa mesma “profecia” foi levada pela mesma “profetisa” (pessoa com grande reconhecimento no meio pentecostal, possua cargo ou não) a um membro da igreja Assembléia de Deus: “vaso, a sua atual esposa não é a mulher que Deus escolheu pra você”. Resultado: ambos deixaram seus cônjuges e passaram a viver maritalmente “felizes para sempre”. Detalhe: a tal profetisa conhecia os dois pombinhos. Lembro que o conselho da igreja listou uma série incalculável de versículos bíblicos para aquela irmã, na esperança de fazê-la entender o quanto estava enlameada com o pecado de adultério. Sua resposta a cada versículo era: “esse eu já sei decorado, mas nada vai fazer eu mudar de ideia porque eu tenho a confirmação da revelação de Deus na minha vida”. É ou não é “somente nova revelação e bíblia nada”? Ela foi disciplinada, saiu da nossa igreja e foi fazer parte de uma igreja Pentecostal com seu novo parceiro "canela de fogo". 

Diante disso, podemos afirmar: o pressuposto Pentecostal que contrasta com o “Sola Scriptura” é: “Escritura também, mas não só Escritura”. 

A IPB, como uma igreja reformada, ENTENDE QUE A BÍBLIA É SUFICIENTE E NÃO ACREDITA NA CONTEMPONEIDADE DOS DONS ESPETACULARES. A IPB entende que eles CESSARAM COM O FECHAMENTO DO CANOM BIBLICO.

Aliás, já havia profecia quando ao encerramento desses dons. Leia I COR 13: 8-11. A TEOLOGIA REFORMADA TEM ENTENDIDO QUE ESSE “PERFEITO” É A CONCLUSÃO DO CÂNON BÍBLICO, A COMPLETUDE DAS ESCRITURAS, visto que todo o contexto anterior, como o capítulo 12 e o posterior, como o 14 estão tratando de formas de Deus se revelar ao seu povo.

Agora leia Hebreus 1:1 – João 14:6 e João 17:17

Palmer Robertson, escrevendo sobre o fim, a cessação dos DONS ESPETACULARES, em seu livro "A palavra Final", faz a seguinte afirmação:

"O término da atividade revelacional concretizado por Deus não deve ser lamentado como se fosse algo como o expirar de um amigo predileto. Ao contrário, deve ser visto como uma caixa repleta de joias que expõe à vista o inestimável tesouro existente em seu interior. Por mais decorada e bela que seja a caixa, a substância propriamente dita tem de ser encontrada na plena revelação do  próprio tesouro que jaz no seu interior" (pg.62). 

A Escritura Sagrada é esse tesouro e os dons espetaculares a bela caixa de deu lugar ao tesouro propriamente dito.

A Confissão de Fé de Westminster, interpretação oficial da IPB sobre esse assunto de ATUALIDADE OU CESSAÇÃO DOS CHAMADOS DONS ESPETACULARES, faz a seguinte afirmação: 

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19. VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas. II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

SOLA SCRIPTURA - Parte 3/5




Não vamos nos deter muito nesse ponto porque já trabalhei de alguma forma esse ponto quando do apanhado histórico que fizemos na introdução. Basta tão somente lembrar que o cenário que caracterizava a IGREJA CATÓLICA do século XVI era uma cenário que NÃO TINHA A BÍBLICA COMO ÚNICA REGRA DE FÉ DE PRÁTICA.  Ou seja, eles tinham a bíblia como uma fonte, uma regra de fé e prática, mas TAMBÉM A TRADIÇÃO DA IGREJA E AS BULAS PAPAIS. Ou seja, A BÍBLIA, A TRADIÇÃO E AS BULAS PAPAIS tinham à época, e ainda hoje é assim, exatamente o MESMO VALOR DAS ESCRITURAS SAGRADAS.

É por isso que quando você vai conversar com um Católico Romano que entenda um pouco da teologia de sua teologia e pergunta “onde eles veem na bíblia Maria sendo assunta aos céus, elevadas aos céus”? (esse é um dos mais importantes dogmas católicos) Eles responderão: “não precisa ter na bíblia. A tradição da igreja ensina que foi assim”.

Da mesma forma quando Lutero perguntava “em que parte da bíblia vocês veem o ensinamento para vender perdão, vender salvação”, eles respondiam: “Não precisa. A bula papal diz que deve ser assim”.

Então, a Luta de LUTERO e de outros reformadores do século XVI, como Calvino e tantos outros, era contra esse erro  acerca da doutrina da Salvação, que ensinava salvação pelas obras. Contra isso LUTERO e os outros gritavam bem alto: NÃO É ISSO QUE AS ESCRITURAS ENSINAM. SOBRE SALVAÇÃO OU QUALQUER OUTRO ASSUNTO, SOMENTA  A ESCRITURA DEVE SER CONSIDERADA COMO AUTORIDADE NO ASSUNTO. SOLA SCRIPTURA – SOMENTE A ESCRITURA, NADA MAIS.

sábado, 8 de julho de 2017

SOLA SCRIPTURA - Parte 2/5



1-    O QUE NÃO É O SOLA SCRIPTURA:

Sola Scriptura, Somente a Escritura, não significa uma rejeição à teologia e a outros textos que têm a intenção de interpretar as Escrituras. É importante dizer isso porque é comum ouvirmos algo do tipo: “não quero saber de livros como confissão de Fé e Catecismo, meu negócio é com a bíblia; só me interessa a bíblia; somente a bíblia”. Isso parece piedade e apego às Escrituras, mas não passa de um argumento falacioso. Teria validade se tão somente a pessoa se limitasse a ler a bíblia, mas a partir do momento que ela lê e quer entender, ela já está interpretando. Eu costumo dizer o seguinte pra essas pessoas: “eu tenho a sua interpretação das escrituras, que nunca leu um livro de teologia na vida e tenho a interpretação de 121 dos melhores teólogos do século XVII que se debruçaram sobre vários assuntos da bíblia, por longos 5 anos e 7 meses, na assembleia de Westminster. E concluo: você acha que devo ficar com qual interpretação? Obviamente que com a dos teólogos de Westminster.

2-    O QUE É O SOLA SCRIPTURA

A expressão latina traduzida por SOMENTE A ESCRITURA significa que absolutamente nada deve servir como base para nossas práticas religiosas, para nossas práticas cúlticas, para nosso pensamento doutrinário e teológico e até para nossa prática de vida. Daí a afirmação confessional: “A BÍBLIA É A NOSSA ÚNICA REGRA DE FÉ E DE PRÁTICA”. Não uma regra, mas A ÚNICA regra de Fé e de Prática.

O texto que lemos no início (Salmo 119:105) indica que havia um entendimento no VT que todos os desígnios para  o povo de Deus deveria emanar da própria palavra de Deus, quer por ESCRITURA JÁ ESCRITA, como o caso da LEI, quer por alguma palavra vinda do próprio Deus a partir da BOCA DOS PROFETAS, através DAS PROFECIAS e REVELAÇÕES ou de alguma manifestação de algum dom espetacular concedido por Deus, como o sonho, por exemplo. Voltaremos a esse assunto mais adiante. Por hora basta entender que quando o SALMISTA afirma ser a PALAVRA DE DEUS lâmpada para seus pés, indica que “A revelação de Deus fornecia o discernimento para guiar os justos. Consequentemente, eles não tropeçariam nas trevas.   Ou seja, não havia, na mente deles, nenhuma outra fonte que pudesse ditar e iluminar os caminhos por onde deveriam trilhar, senão A PALAVRA DE DEUS, nesta época, ainda trazida de forma ordinária, bem como extraordinária.

sábado, 1 de julho de 2017

SOLA SCRIPTURA - Parte 1/5


“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” (Salmo 119:105).

INTRODUÇÃO:

Em 2017 estamos comemorando 500 anos da Reforma Protestante, ocorrida no século XVI.  Na verdade, a Reforma não deveria ser considerada um movimento pontual, circunscrito apenas ao século XVI. De forma que, em qualquer tempo em que servos de Deus se levantem corajosamente contra erros teológicos, doutrinários ou heresias, aí estará havendo uma Reforma: “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”. Porém,  fixaremos nosso olhar no século XVI, em virtude dessa comemoração.

Pra entendermos um pouco acerca do cenário encontrado por Lutero e por outros Reformadores, devemos retroceder ao século IV. Mais precisamente a 313 d.c, quando assume o governo do Império Romano um homem chamado Costantino, depois de anos de violenta perseguição aos cristãos, desde Atos capítulo 8. Vendo que todo o massacre imposto à igreja de Cristo tinha sido em vão, o imperador Constantino disse ter se convertido ao Cristianismo, numa espécie de atitude muito parecida com aquela que se diz de um inimigo muito forte: “se não pode vencê-lo, junte-se a ele”. Sua conversão é contestada por muitos historiadores, que parecem sugerir que teria sido uma decisão política e estratégica.

Constantino, então, em 325, emite um decreto proibindo a perseguição aos cristãos. Mais que isso: o cristianismo agora se tornaria a região oficial do Estado.  Isso trouxe duas consequências para o Cristianismo:

Uma positiva: os Cristãos deixaram de ser perseguidos e barbaramente mortos.

A outra foi terrível: como não era boa política ser de uma religião diferente da do Imperador, muitas pessoas acabaram vindo para o Cristianismo sem a devida conversão.

A partir disso, a genuína igreja de Cristo no ocidente começou a entrar num processo de afastamento das escrituras e, como consequência, de gradação moral. Isso só piorou quando no século V o Bispo da Igreja de Roma se autodenominou “maioral dentre todos os outros Bispos”, devido seu poderio bélico e sua influência política desenhando, assim, um processo de centralização de poder na igreja, que culminaria com a estrutura da Igreja Católica Romana Romana como  conhecemos hoje. 

A igreja do ocidente ia de mal a pior. Umberto Ecco, em seu livro “O nome da Rosa”, que conta a história da igreja no século XIII, retratou bem a situação em que a igreja se encontrava: não era raro padres e religiosos sacrificando a demônios nos porões da igreja, depois das missas.

Quando a genuína igreja de Cristo, no ocidente, chega ao século XVI  já está completamente desviada dos preceitos da palavra de Deus. Aqui temos uma grave advertência: se a igreja de Deus se corrompeu no passado também pode se corromper hoje, bastando para isso começar fazendo pequenas concessões, sob a aprovação e olhar passivo de sua liderança. Mas nada é tão ruim que não possa piorar: a igreja, então, passou a vender indulgências, que em última análise é a venda de perdão, de salvação das almas presas no purgatório. Isso foi a gota d’água que faltava para estourar de vez a Reforma Protestante.

O restante da história todos já conhecem: Lutero fixou 95 teses na porta da Abadia de Wintemberg, na Alemanha, onde era padre, monge agostiniano, combatendo todos os erros da igreja de sua época e UM DESSES ERROS TINHA A VER COM O TEMA QUE ESTAREMOS ABORDANDO: A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS. Teria a igreja autoridade para assumir uma prática religiosa sem que essa tenha embasamento nas sagradas escrituras? Essa era a grande questão que norteou todas os embates dos Reformadores contra a igreja católica.

Vale salientar, ainda, que apesar da Alemanha ser considerada como berço da Reforma Protestante, não é justo circunscrever e resumir o movimento da Reforma do século XVI a esse país e ao próprio Lutero. Movimentos de repulsa e combate aos desmandos da igreja medieval já ocorriam em várias partes, como por exemplo, na Escócia, na França, na Suíça e na própria Itália. Também não é correto dizer que esse movimento tenha iniciado e terminado no século XVI. Em todos os desvios da igreja e do povo de Deus, Ele sempre preservou seus servos para realizar o contraditório e trazer a igreja de volta aos caminhas dos Seus preceitos. O padre John Huss, queimado vivo em Constança, no século XIII, já lutava contra os erros da Sé Romana.

O resumo de todas as lutas e combates dos Reformadores do século XVI podem ser resumidas no que comumente é chamado de OS SOLAS DA REFORMA. ABORDAREMOS UM DESSES SOLAS:

TEMA: SOLA SCRIPTURA.

Sola Scriptura significa: SOMENTE A ESCRITURA. Dividiremos nossa explanação, depois desse apanhado histórico, da seguinte forma:

1- O QUE NÃO É O SOLA SCRIPTURA;

2- O QUE É O SOLA SCRIPTURA;

3- O EMBATE ENTRE O SOLA SCRIPTURA E OS ERROS DA IGREJA NO SÉCULO XVI;

4- O EMBATE ENTRE O SOLA SCRIPTURA E O PENTECOSTALISMO NO SÉCULO XIX E XX;


5- O EMBATE ENTRE O SOLA SCRIPTURA E O RELATIVISMO NOS NOSSOS DIAS.

domingo, 28 de maio de 2017

O OLHAR DOS PRESBITERIANOS FRENTE À HOMOSSEXUALIDADE


Antes de tudo...

É preciso entender que “Presbiteriano” não é o nome de uma igreja e, sim, o nome de um regime de governo, onde alguns governam todos. Portanto, toda igreja que é governada por presbíteros pode ser chamada de presbiteriana;

É preciso entender também que a “Igreja Presbiteriana” não tem um governo mundial, como a igreja católica, por exemplo. Portanto, não há nenhuma ligação governamental entre os presbiterianos existentes nos mais variados países e até mesmo há "presbiterianos" e "presbiterianos" numa mesma localidade, sem, contudo, terem nenhum tipo de relação eclesiástica, necessariamente.

É preciso entender que existem várias “Igrejas Presbiterianas”;  uma independente da outra. Por exemplo: Igreja Presbiteriana Conservadora, Igreja Presbiteriana Independente e muitas outras que têm se mantido fieis ao princípio de ter na bíblia sua única regra de fé e de prática. Outras, porém, tendo abraçado o liberalismo teológico, que relega as opiniões bíblicas a um plano quase que inexpressível, têm se desviado dos preceitos mais basilares da Reforma Protestante e da ortodoxia Cristã, a exemplo da Igreja Presbiteriana Unida e da PCUSA, ambas com um olhar inclusivo em relação à homossexualidade, permitindo até mesmo a ordenação de homossexuais ao ofício de ministros.

É preciso entender, por fim, que o olhar que apresentaremos é o olhar da IPB – IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL frente à difícil questão da homossexualidade.

Esse OLHAR DOS “PRESBITERIANOS DO BRASIL” será dividido da seguinte forma:

a) Do ponto de vista da definição da homossexualidade;
b) Do ponto de vista bíblico;
c) Do ponto de vista confessional;
d) Do ponto de vista de seus documentos mais recentes.

Passemos a analisar, portanto, cada um desses pontos de vista:

a)  Do ponto de vista da definição da homossexualidade:

TEORIAS sobre as possíveis causas da homossexualidade:

a1) DETERMINISMO BIOLÓGICO: afirma que os homossexuais simplesmente nasceram assim e que isso não pode ser mudado. O principal ícone dessa teoria é Alfred Kinsey. Outro pesquisador, Simon Levay, importante defensor dessa teoria, chega a afirmar que a causa da homossexualidade é uma  alteração nos neurônios. O grande problema dessa teoria é que Faltam evidências empíricas comprobatórias;

a2) DISTÚRBIO MENTAL: afirma que a homossexualidade é causada por distúrbios mentais. Em 1973 a Associação Psiquiátrica Americana retirou a homossexualidade da relação de doenças mentais;

a3) FATORES PSICOSSOCIAIS: A maneira como a criança é criada vai determinar sua sexualidade. A teoria Queer parece seguir esse modelo teórico, levando-o ao extremo, afirmando que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um “constructo social”. Muitos desavisados e outros tantos por pura má-fé, têm ensinado os conceitos da teoria Queer como uma verdade absoluta, como se fora algo naturalmente dado e inquestionável. Mas ela é apenas uma teoria, carente, inclusive, de provas factuais e inequívocas.

Um fato digno de nota é que a maioria esmagadora das teorias anula o aspecto volitivo do indivíduo homossexual.

a4) Diante da falta de evidências inequívocas, as igrejas cristãs tradicionais, entre as quais a IPB, entendem que é mais correto pensar na homossexualidade como uma PREFERÊNCIA ADQUIRIDA. É evidente que as influências psicossociais têm seu grau de comprometimento na apresentação, influência e encantamento do indivíduo quanto à homossexualidade. Contudo, o fator preponderante para causar a homossexualidade não é outro senão a decisão individual de adotar tal comportamento.

b)  Do ponto de vista bíblico:

A IPB é uma igreja Reformada que tem a bíblia como sua ÚNICA regra de fé e de prática. Portanto, seu olhar sobre a homossexualidade, antes de qualquer coisa, é o olhar da bíblia sobre a homossexualidade, à luz da interpretação da Teologia Reformada e da ortodoxia cristã.

Portanto, nesse sentido, a IPB entende que a prática homossexual, juntamente com outras práticas sexuais, como o adultério, a fornicação, prostituição e a bestialidade (necrofilia, zoofilia, etc), são práticas pecaminosas; pecado.

Por que pecado? Porque são práticas CONTRÁRIAS ao que Deus determinou como práticas naturais e adequadas, em sua palavra. Pecado é tudo que vá de encontro aos preceitos, ordenanças e mandamentos de Deus.

Nesse sentido, alguns ativistas homossexuais têm perguntado: O que fazer com o desejo homossexual?

A IPB, à luz das escrituras, entende que a tentação, em si, não constituí pecado. Só há pecado quando o indivíduo cede à essa tentação. Logo, a resposta é a mesma que seria dada para um  homem casado que se sente tentado por outra mulher ou para um jovem que quer transar com sua namorada antes do casamento: A bíblia ensina que todas essas práticas são pecaminosas e praticá-las se constitui desobediência à Deus, que claramente proibiu tais práticas em sua palavra. Portanto, todos devem lutar para não cair nesses pecados.

Vejamos alguns textos bíblicos que tratam da questão da homossexualidade:

ALGUNS TEXTOS DO VELHO TESTAMENTO:

 GN 1:26-27: Deus, portanto, criou os seres humanos à sua imagem, à imagem de Deus os criou: macho e fêmea os criou. Deus os abençoou e lhes ordenou: “Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e sujeitai toda a terra; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal que rasteja sobre a terra;

Lv 18:22 Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação. 

Dt 23:18 não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus.

1Re 15:12 Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos os ídolos que seus pais tinham feito.

ALGUNS TEXTOS DO NOVO TESTAMENTO:

Mateus 19:4-6 Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem;

1Co 6:9 Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas; 

1Tm 1:10 para os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros, e para tudo que for contrário à sã doutrina;

Rm 1:26-27 Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro;

C)  Do ponto de vista confessional

A IPB, por ser uma igreja confessional, tem registrado, de forma clara, tudo aquilo que confessa crer, através da Confissão de Fé de Westminster e dos Catecismos Maior e Breve de Westminster. Vejamos:

CATECISMO MAIOR:

24. Que é pecado? Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra, à criatura raciona. Rom. 3:23; 1 João 3:4; Gal. 3:10-12.

138. Quais são os deveres exigidos no sétimo mandamento? 

Os deveres exigidos no sétimo mandamento são: castidade no corpo, mente, afeições, palavras e comportamento; e a preservação dela em nós mesmos e nos outros; a vigilância sobre os olhos e todos os sentidos; a temperança, a conservação da sociedade de pessoas castas, a modéstia no vestuário, o casamento daqueles que não têm o dom da continência, o amor conjugal e a coabitação; o trabalho diligente em nossas vocações; o evitar todas as ocasiões de impurezas e resistir às suas tentações.Jr 5:7; Pv 2:16,20;5:8,18,19;23:31,33;31:27; Mt 5:28;  I Ts 4:4,5; Ef 4:29; Cl 4:6; I Pe 3:2,7; I Co 5:9;7:2,5,9; I Tm 2:9;5:13,14; Tt 2:4,5;

139. Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento?
 
Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são: adultério, fornicação, rapto, incesto, sodomia e todas as concupiscências desnaturais; todas as imaginações, pensamentos, propósitos e afetos impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas os olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imoderado; a proibição de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos [.. ] e todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós mesmos, quer nos outros.Lv 18:1-21;19:29;20:15,16; Jr 5:7; Pv 4:23,27;5:7,8; II Sm 13:14; II Rs 23:7; Ml 2:16; Ez 16:49; Gl 5:19; Ef 5:5,11; Mt 5:32;19:5,10-12;Mc 6:18,22; I Co 5:1,13;7:2,12,13; Rm 1:26,27;13:13,14;I Tm 4:3;5:14,15; I Pe 4:3; II Pe 2:17,18; Hb 13:4.

CONFISSÃO DE FÉ, CAPÍTULO XXIV - DO MATRIMÔNIO E DO DIVÓRCIO

I. O casamento deve ser entre um homem e uma mulher; ao homem não é licito ter mais de urna mulher nem à mulher mais de um marido, ao mesmo tempo.Gen. 2:24; Mat. 19:4-6; Rom. 7:3. II. O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a propagação da raça humana por uma sucessão legítima e da Igreja por uma semente santa, e para impedir a impureza. Gen. 2:18, e 9:1; Mal.2:15; I Cor. 7:2,9.


C)  Do ponto de vista de seus documentos mais recentes

Manifesto Presbiteriano sobre a PL-122:


II – Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualidade é homofóbica, e caracteriza como crime essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos. Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam quea prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11). Ante ao exposto, por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualidade não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais. Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil não pode abrir mão do seu legítimo direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo.Patrocínio, Minas Gerais, abril de 2007 AD.Rev. Roberto Brasileiro Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Nota: Palestra proferida no Fórum Interreligioso Petrôno Portela, em Jaboatão dos Guararapes: 

Divulgue meu Blog no seu Blog