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segunda-feira, 22 de junho de 2015

A LIBERDADE CRISTÃ - 4/6


O 3º eixo de relacionamento do PEREGRINO/EMBAIXADOR com o MUNDO em que vive é o eixo das COISAS QUE NÃO SÃO PECAMINOSAS EM SI, MAS QUE PODE E DEVE DEIXAR DE FAZER PARA O BEM DA PÁTRIA QUE REPRESENTA:

Gosto sempre de usar os verbos nesta ordem: PODER e DEVER. Há coisas que PODEMOS abrir mão; que não nos são essenciais, especialmente no que diz respeito ao nosso lazer/prazer. Ao mesmo passo em que há coisas que DEVEMOS fazer ou deixar de fazer, mas nem sempre PODEMOS.

Por exemplo: devemos deixar de trabalhar no domingo, Dia do Senhor, mas nem sempre PODEMOS, de imediato. Outro exemplo: tomar cachaça não é pecaminoso, em si. O próprio Jesus ensinou: “não é o que entre pela boca que contamina o homem” (Mat. 15:11). Pecado é embriagar-se. Talvez o nome “cachaça” incomode? Ora, se vinho pode, cachaça também pode. Portanto, em certo sentido, você pode sair da Igreja, da Escola Dominical, e ir tomar uma cachaça no bar na frente da igreja e o conselho ou liderança de sua igreja não poderá lhe disciplinar por isso, porque ingerir qualquer tipo de álcool, de cachaça, whisky ou qualquer outra bebida, não é pecaminoso, em si.

Mas a questão é: Você PODE abrir mão disso PEREGRINO/EMBAIXADOR de Cristo? Isso causa algum embaraço para a Pátria Celestial, que você representa?

As pessoas defendem o uso do vinho e argumentam que Jesus fez uso e até recomendou. Mas, será que se ele vivesse numa sociedade que trava uma grande luta para se libertar do vício do álcool, ele teria feito o mesmo?

John Piper tratando desse assunto tem algo bem interessante a nos dizer. Assista:


Deixar de fazer algumas coisas, ainda que lícitas, está em plena harmonia com o ensino das Escrituras. Devemos lembrar ainda que, como vimos anteriormente, não somos livres para satisfazermos nossos desejos.

a)            Jesus Ensina:   devemos “negar-se a si mesmo”. Comentarista desse verso, na bíblia de Genebra, diz que “para sermos discípulos precisamos abandonar totalmente o nosso desejo natural de procurar o nosso próprio progresso, conforto, respeito e poder”.

Isso também está em harmonia com o Catecismo de Heiderberg (1563), na pergunta 124:

“124. Qual é a terceira petição ?R.Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu". Quer dizer: Faze com que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade (1) e obedeçamos, sem protestos, à tua vontade (2) , a única que é boa, para que cada um, assim, cumpra sua tarefa e vocação (3) , tão pronta e fielmente como os anjos no céu (4). (1) Mt 16:24; Tt 2:11,12. (2) Lc 22:42; Rm 12:2; Ef 5:10. (3) 1Co 7:22-24. (4) Sl103:20,21”.

b)            Paulo ensina: Devemos deixar de fazer coisas lícitas, muitas vezes: Não deixe de ler:  I Cor 8:4 ,9, 13.

No capítulo 9 de I Coríntios, Apóstolo Paulo continua ensinando sobre coisas lícitas, em si, mas que podemos e devemos abrir mão para não causar algum tipo de embaraço à nossa missão de representar a Pátria Celestial, como Embaixadores que somos. Não deixe de ler:

I Cor 9:1-6 e I Cor 9:12; 23.

No capítulo 10 Paulo continua e insiste no mesmo ensino: o Peregrino/Embaixador de Cristo pode e deve abrir mão de coisas lícitas em prol da mensagem de sua Pátria Celestial. Leia:

I Cor 10:23-33

Nos textos acima Paulo parece entender as Escrituras considerando, também, aspectos culturais, especialmente as práticas pagãs da cultura desse momento histórico, em Corinto. Mas, os defensores da “Liberdade” religiosa dizem “só as Escrituras devem regular nossa prática”.

É evidente que essa é uma afirmação verdadeira, mas existe muito mais por trás dela. Quando dizem isso querem desconsiderar completamente aspectos culturais que devem ser levados em consideração na interpretação das Escrituras, assim como Paulo levou.

Permitam-me citar dois casos reais, relatados no livro “Costumes e Culturas”, sobre a importância de se levar a cultura local em consideração, no trato com as questões éticas, morais e de práticas religiosas ou ainda no comportamento do crente:

a) No México duas missionárias tiveram muita dificuldade em pregar o evangelho simplesmente porque foram vistas tomando “suco de limão”. Naquela região acreditava-se que se tratava de uma substância abortífera. Logo, os nativos pensaram se tratar de “mulheres de vida desregradas”, quanto a questão sexual.

b) Em uma tribo no continente africano missionários quase foram agredidos quando sugeriram que as esposas dos líderes nativos daquela igreja deveriam frequentar a igreja de blusas. Depois ficaram sabendo que apenas as prostitutas naquela comunidade usavam blusas.

Percebam como o Peregrino/Embaixador precisa estar atento a essas variações culturais. Nestes casos, o que o representante da “pátria celestial” deveria fazer? Argumentar em favor de sua “liberdade” e simplesmente desconsiderar o fator cultural que está criando algum tipo de embaraço à pregação da mensagem do evangelho, da qual é representante? É óbvio que não. Ele deve abrir mão de “tomar sua deliciosa limonada” ou de qualquer outra coisa, mesmo que não seja, em si, pecaminosa.

O princípio é: trouxe algum tipo de embaraço à pregação ou mesmo ao testemunho da mensagem da Pátria Celestial, da qual é representante, o Peregrino/Embaixador PODE e DEVE abrir mão do seu direito.

Temos o direito de beber bebidas alcoólicas ou de fazer qualquer outra coisa lícita. Afinal, a bíblia não nos proíbe. Mas, a questão é: na sociedade em que vivemos  essa prática traria alguma dificuldade, algum embaraço à pregação da mensagem da qual somos representantes, enquanto PEREGRINO/EMBAIXADOR? Devemos sempre nos perguntar: isso que queremos fazer trará algum embaraço para a comunidade cristã que pertencemos? Devemos pensar seriamente nisso antes de decidirmos sobre algo que nos trará prazer e que não é, em si, pecaminoso. 

Nossa sociedade vive lutando contra o uso de álcool, por exemplo. Não é coerente que a igreja trate o assunto com tanta liberalidade, sob o argumento da Liberdade Cristã. Seguindo o mesmo princípio, o PEREGRINO/EMBAIXADOR pode ou deve viver cantando músicas seculares? Não seria o caso dele promover e privilegiar a música de sua PÁTRIA CELESTIAL?

Esse princípio pode também ser abstraído de Col 3:1-4. Alguém, então, pode dizer: se for assim  nem poderemos mais trabalhar por que as atividades são seculares e não espirituais. Certo, mas a questão é: deixar de trabalhar você NÃO PODE, mas PODE DEIXAR de escutar músicas seculares, especialmente em público, de beber bebidas alcoólicas, de fazer uma tatoo que ache legal, de usar um brinco bacana, no caso dos adolescentes homens que gostam desse adereço, ou qualquer outra coisa que, tendo direito por não ser pecaminoso, em si, mas que  cause algum tipo de empecilho à pregação do evangelho ou mesmo à comunidade cristã que você faz parte ou ainda que não promova os interesses da PÁTRIA CELESTIAL da qual é representante enquanto PEREGRINO/EMBAIXADOR. Por fim, se você é ovelha de algum rebanho de Cristo, você tem um pastor. Procure-o, pergunte a opinião dele sobre a "prática não pecaminosa" que você pretende assumir ou fazer. Sabe por que algumas coisas você deve perguntar a seu pastor ou à sua liderança? Por que sua vontade pode afetar, de alguma forma, toda a comunidade que você pertence.

REFLEXÃO CONCLUSIVA:

Temos amado muito esse mundo. Gostamos tanto desse mundo, DAS MÚSICAS DESSE MUNDO, DAS COMIDAS, BEBIDAS E MODA DESSE MUNDO, DAS ARTES DESSE MUNDO, que se não tomarmos cuidado passaremos a não mais ansiar pelos céus, PELAS COISAS DE NOSSA PÁTRIA CELESTIAL.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A LIBERDADE CRISTÃ - 3/6



O 2º eixo de relacionamento do PEREGRINO/EMBAIXADOR com o MUNDO em que vive é o eixo das COISAS QUE QUEREM LHES PROIBIR DE FAZER OU LHES ORDENAR A FAZER, QUANDO A LEGISLAÇÃO DE SUA PÁTRIA – A BÍBLIA – NÃO PROÍBE OU NÃO ORDENA:

Aqui entramos no campo do LEGALISMO RELIGIOSO. Quais são as “normas” da sua igreja? Lembro que no ensino médio uma colega virou-se pra mim, com um caderno e uma caneta e mandou: “o que é que não pode fazer na tua igreja”? Ela estava fazendo um levantamento e a igreja que tivesse menos proibições seria a igreja escolhida para congregar.

Seria cômico se não fosse trágico. Pasmem: tem igreja que proíbe cortar o cabelo; tem igreja que proíbe homens de barba; tem igreja que ensina que o homem tem que ter barba. aqui abro um parênteses para falar da “igreja dos barbudos” – Igreja adventista da Profecia. Estava eu no trabalho do meu pai lendo a bíblia e chegou um cliente, que mais parecia com aqueles personagens bíblicos, de filme, com longas barbas brancas. Olhou estranho para minha leitura e perguntou: “Oi e você é crente?”. Sim, respondi. “Sem barba”? Confesso que fiquei meio que desconcertado, mas curioso: E precisa ter barba pra ser crente? Perguntei. Ao que me respondeu: “Você não lê a bíblia não?” (era exatamente o que estava fazendo). De pronto ele puxou um novo testamento clássico, aquele cinza, e disse que iria provar. Falou com tanta autoridade que já estava até visualizando como seria agora ter que usar barba. Abriu no salmo 133 e leu: “Oh quão bom e suave é que os irmãos vivam em união; é como o óleo que desce suave sobre a BARBA de Arão”. Pronto! Eis a base bíblica pra formar uma igreja legalista onde todos, obrigatoriamente, devem usar barbas. Mas há igrejas ainda que ordenam o uso de véus para as mulheres; tem igreja que só prega quem tiver BIGODE – Igreja Batista Canaã. Nessa mesma igreja não se pode pregar com o paletó com abertura atrás. Dá pra acreditar?

Mas não devemos criticar os de fora. Muitas vezes esse tipo de legalismo é praticado dentro de igrejas sérias e bíblicas. Por exemplo: há algumas igrejas que não veem problemas em que as mulheres usem calças compridas; porém, o regente do coral se acha no direito de proibir esse tipo de vestimenta quando da apresentação no domingo a noite. Outra coisa: faça o teste de tentar assistir ao culto de domingo com chapéu, em algumas igrejas tradicionais. Certamente ouvirá de algum diácono que “não é adequado”. O que não dizer de tatuagens, brincos (no caso dos homens), além de muitas outras coisas que não estão claramente ordenadas ou proibidos nas Escrituras, mas que muitas igrejas proíbem ou ordenam? Isso ocorre aos montes.

Esse era precisamente o problema que ocorria entre os Gálatas e também na igreja dos Colossenses. Vejamos:

Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: 2.21   não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, 2.22   segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem.2.23   Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade (Col 2:20-23).

Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo (Gal 1:10).

E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão; 2.5   aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós (Gal 2:4-5).

Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? 4.10   Guardais dias, e meses, e tempos, e anos (Gal 4:9-10).

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 5.2  Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará (Gal 5:1-2).

eles haviam sido libertos das “doutrinas e mandamentos humanos”, bem como dos rudimentos do mundo, mas ainda insistiam em continuar subjugados a elas. É incrível como o ser humano tem uma vocação inexplicável para a escravidão.

A Confissão de Fé de Westminster, tratando exatamente sobre essa questão do legalismo, no capítulo que trata “da Liberdade Cristã e da Liberdade de Consciência”, faz a seguinte afirmação:
Só Deus é senhor da consciência, e ele deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa, sejam contrários à sua palavra ou que, em matéria de fé ou de culto estejam fora dela. Assim crer tais doutrinas ou obedecer a tais mandamentos como coisa de consciência é trair a verdadeira liberdade de consciência; e requerer para elas fé implícita e obediência cega e absoluta é destruir a liberdade de consciência e a mesma razão. Ref. Rom. 14:4, 10; Tiago 4:12; At. 4:19, e 5:29; Mat. 28:8-10; Col. 2:20-23; Gal. 1: 10, e 2:4-5, e 4:9-10, e 5: 1;. Rom, 14:23; At. 17:11; João 4:22; Jer 8:9; I Ped. 3: 15 (CFW XX.II).

O PEREGRINO/EMBAIXADOR não pode se deixar enredar por doutrinas e mandamentos humanos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A LIBERDADE CRISTÃ - 2/6



O 1ª Eixo de relacionamento do PEREGRINO/EMBAIXADOR com o MUNDO em que vive é o eixo das COISAS QUE LHES SÃO PROIBIDAS:

Ainda que estejamos falando de coisas boas, de coisas que causam prazer ao corpo, apetitosas; ainda que a sociedade em que o PEREGRINO/EMBAIXADOR vive tenha por natural ele é proibido de fazer ou de participar, porque as Leis que regem sua vida claramente lhes proíbem de fazer ou participar. Por exemplo:

a)  Beber cachaça até ficar embriagado. Nada proíbe, no mundo e na sociedade em que ele vive, ficar embriagado; muitos “nativos” ficam. Mas ele não pode, porque a Legislação da Pátria que ele REPRESENTA e que, portanto, deve obediência, diz claramente: “Não vos embriagueis”.

b)  Sexo fora do matrimônio. A sociedade em que vive o PEREGRINO/EMBAIXADOR considera essa prática absolutamente normal. Ela já está incorporada ao estilo de vida de seus “habitantes nativos”. De tal forma que se o PEREGRINO/EMBAIXADOR diz ter 15,16,17,18 anos e ainda não transou as pessoas vão perguntar: “Você é de que planeta? Você não é desse mundo?”.

Ao que terá que responder: “Não, não sou desse mundo. Sou de outra nação, de outra Pátria – A Celestial. Na Legislação da Pátria a qual pertenço e sou REPRESENTANTE, diz que sexo fora do matrimônio é proibido, é pecado. É adultério se o indivíduo for casado e fornicação, se solteiro. Constitui-se em quebra do 7º mandamento das Leis que regem minha Pátria. Sou proibido de pensar e agir como vocês, nesse assunto”.

sábado, 18 de abril de 2015

A LIBERDADE CRISTÃ - 1/6


TEXTO BÁSICO:   “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II COR 5: 20).

INTRODUÇÃO:

Há um livro cujo título é “O Peregrino”, que é simplesmente o 3º livro mais publicado no mundo, perdendo apenas para  bíblia e para “O pequeno príncipe”. Escrito pelo pastor batista John Bunyan e publicado na Inglaterra em 1678, O livro é uma alegoria da vida cristã.

Bunyan relata, no prefácio, que escreveu "O Peregrino" como uma forma de alerta aos perigos e vicissitudes enfrentados na vida religiosa por aqueles que seguem os ensinamentos bíblicos e quer  levar o leitor a refletir sobre como deve ser vigilante na vida terrena; simbolizada pela jornada de Cristão.

O livro conta a história de um jovem peregrino, chamado simplesmente de Cristão, que segue sua jornada por um caminho estreito, indicado por um homem chamado Evangelista, pelo qual se pode alcançar a Cidade Celestial. Na narrativa, todas as personagens e lugares que o peregrino se depara levam nomes bem sugestivos, como Hipocrisia, Boa-Vontade, Sr. Intérprete, gigante Desespero, A Cidade da Destruição, O Castelo das Dúvidas, etc. MUITOS DELES TÊM A MISSÃO DE DESVIAR O PEREGRINO DE SEU CAMINHO.

Essa ideia de que somos PEREGRINO está completamente em harmonia com o ensinamento das Escrituras. Existe uma quantidade considerável de textos bíblicos que nos lembram que somos peregrinos, isto é, que NÃO SOMOS CIDADÃOS DESSE MUNDO; QUE ESTAMOS AQUI DE PASSAGEM, CAMINHANDO À NOSSA PÁTRIA CELESTIAL, que nossa pátria não é aqui e que, portanto, não devemos nem amar, nem buscar as coisas desse mundo:

Jo 17:13-16;  “Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos” (Salmo 119.19); “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (Hebreus 11.13 );  “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1 Pedro 2.11); “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” (Efésios 2.19);


ELUCIDAÇÃO:

No texto transcrito inicialmente - II Cor 5:20 -, Paulo também fala de um PEREGRINO, isto é, de alguém que ESTÁ EM UM PAÍS, MAS NÃO É DAQUELE PAÍS.

Em certo sentido, Paulo reveste de especial responsabilidade esse PEREGRINO. 

Essa responsabilidade é TAMBÉM estendida a todos os Cristãos. Muito embora o texto possa apontar para Ministros do Evangelho, a maioria dos comentaristas está de acordo com essa interpretação.

Paulo diz que esse PEREGRINO é também um EMBAIXADOR de Cristo.

O que significa isso? O que significa ser um embaixador?

O PEREGRINO EMBAIXADOR está em um país estrangeiro, mas é regido pelas LEIS de seu país de origem. A própria embaixada deve ser regida como se fosse uma extensão do seu país que representa. É um pedaço de um país dentro de um país estrangeiro e o EMBAIXADOR é seu representante.

Comentando esse texto, Simon Kistemaker diz que o EMBAIXADOR é uma pessoa que:

“Foi nomeada como porta-voz para representar um Rei, um governador ou uma comunidade. Um embaixador representa seu governo ao transmitir ao país que o recebe as palavras do seu presidente” (SIMON. Comentário II Cor, pg.280. Citação sem rigor metodológico).

É o que somos! Somos PEREGRINOS; mas não qualquer peregrino. Somos PEREGRINOS EMBAIXADORES DO REINO CELESTIAL. Portanto, temos que viver aqui neste mundo, mas com os PADRÕES DO MUNDO CELESTIAL. NÃO podemos viver e transmitir a mensagem desse mundo. Precisamos transmitir a mensagem da PÁTRIA que estamos representando – a PÁTRIA CELESTIAL.

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fil 3:20),

“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade”. (HB 11:13-16).

Com essa perspectiva de que somos PEREGRINOS, EMBAIXADORES de Cristo, agora sim, podemos abordar nosso:

TEMA: A LIBERDADE CRISTÃ

A LIBERDADE CRISTÃ, nada mais é que o NÍVEL de RELACIONAMENTO que esse PEREGRINO, que esse EMBAIXADOR, pode ter com esse país, com esse MUNDO, onde está vivendo sem, contudo, ferir aos interesses da PÁTRIA CELESTIAL, da qual é REPRESENTANTE.

Enquanto vive nesse país, nesse MUNDO, DE PASSAGEM e MOMENTANEAMENTE, O que esse PEREGRINO EMBAIXADOR pode utilizar dele? No que pode se beneficiar dele? De que pode agradar-se dele?

Aqui já podemos notar que o relacionamento desse PEREGRINO, desse EMBAIXADOR com esse MUNDO, com esse lugar, onde vive momentaneamente, é e deve ser bem RESTRITO e LIMITADO. Por dois motivos:

a) Primeiro porque ele está, enquanto PEREGRINO, caminhando rumo à sua PÁTRIA CELESTIAL, todos os dias, todos os momentos e não pode perder tempo com as coisas desse mundo; precisa estar o tempo todo focado em buscar os interesses de sua PÁTRIA (II TIM 2: 3-4).

b) Segundo porque o LOCAL onde está vivendo como ESTRANGEIRO, PEREGRINO, EMBAIXADOR é hostil e quer o tempo todo desviá-lo de sua missão, de sua CAMINHADA rumo à PÁTRIA CELESTIAL à semelhando do que ocorre no livro “O Peregrino” (I JO 2:15-17).

Quando um PEREGRINO, um EMBAIXADOR não tem isso bem claro em sua mente ele abandona a missão; ele deixa de representar sua PÁTRIA e passa a viver de conformidade com as LEIS e os COSTUMES do país/MUNDO onde está morando.

Paulo relata um caso assim: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou” (II TM 4:10).

William Hendriksen, comentando esse texto diz que foi uma separação espiritual, de fato, que causou muita decepção em Paulo e que não se tem notícia de que ele tenha se arrependido, como Marcos, o que pode ter ocorrido ou não. Ele perdeu o foco, deixou de ser PEREGRINO, fixou residência nesse MUNDO; deixou de ser EMBAIXADOR. Contudo, o contexto aqui não deve ser entendido como soteriológico. 

O fato, prezados, É QUE MUITOS PEREGRINOS têm AMADO o presente século, as coisas desse mundo; mais que as de sua PÁTRIA CELESTIAL. Não têm, portanto, sido bons REPRESENTANTES/EMBAIXADORES DE CRISTO.

Em fim, a questão da LIBERDADE CRISTÃ diz respeito ao RELACIONAMENTO desse PEREGRINO/EMBAIXADOR com o MUNDO. O que pode fazer e o que não pode fazer.

Esse RELACIONAMENTO pode ser dividido em 3 EIXOS. Estaremos abordando cada um deles nas próximas postagens. Não deixe de conferir.

sábado, 28 de março de 2015

REVENDO VALORES: A SALVAÇÃO NUNCA FOI, NÃO É E JAMAIS PODERÁ SER SOMENTE PELA GRAÇA E PELA FÉ-Parte 2/2

 
Na postagem 1/2, dessa série, afirmamos a necessidade da prática de Boas Obras para a Salvação. Reafirmamos. De fato, sem a prática delas, não há salvação.

Vejamos alguns textos que nos dão base para fazer tal afirmação:

"Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem , mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tiago 2:14).

"Assim, também a , se não tiver obraspor si só está morta" (Tiago 2:17).

"Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a  sem as obras é inoperante?" (Tiago 2:20)
Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a  sem obras é morta (Tiago 2:26).

A pergunta retórica "Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" requer apenas uma resposta: Não. Aqui já identificamos algo importante: não é toda fé que "salva"; tem fé que "salva" e fé que não "salva"; tem fé que trás a morte em seu próprio DNA, isto é, trata-se de um tipo de fé que pode até servir para alguma coisa, mas não serve para a "salvação".

Então, diante de tais "textos prova", podemos afirmar que os Católicos e Espíritas estão corretos quando depositam uma esperança meritória nas obras que praticam?  Não, óbvio que não. Isso é um entendimento errado dos textos acima, que são interpretados sem levar em consideração a totalidade do ensinamento das escrituras, no que diz respeito à soteriologia.

É evidente que Tiago não está ensinando salvação baseado em obras. Nos textos acima, Tiago vai ensinar sobre o que não é a fé que Paulo menciona. Destacamos a palavra  fé em vermelho para indicar que, nesse momento, o uso da palavra fé não está se referindo à mesma fé indicada por Paulo, tendo em vista que essa é uma fé inoperante; apenas intelectualizada.

Ninguém, exceto Adão, teve ou tem a possibilidade de salvar-se pelas obras que pratica. A confissão de Fé de Westminster, no capítulo VII, interpretando esse assunto, afirma:

"II. O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal (Ref. Gal. 3:12; Rom. 5: 12-14 e 10:5; Gen. 2:17; Gal. 3: 10). III. O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz de vida por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça; nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos; e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer (Ref. Gal. 3:21; Rom. 3:20-21 e 8:3; Isa. 42:6; Gen. 3:15; Mat. 28:18-20; João 3:16; Rom. 1:16-17 e 10:6-9; At. 13:48; Ezeq. 36:26-27; João 6:37, 44, 45; Luc. 11: 13; Gal. 3:14)". 

Existe uma ideia errada de que há uma flagrante contradição entre o ensino de Tiago, que parece sugerir salvação pelas obras, e o de Paulo; especialmente em Romanos e Efésios, quando afirma: "O justo viverá pela " (1:17) e "Porque pela graça sois salvos, mediante a ; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 2.9   não de obraspara que ninguém se glorie(Ef 2:8-9).


É evidente que não existe contradição nenhuma entre o ensino de um e do outro. Nem seria possível, pois ambos são igualmente inspirados pelo Espírito Santo. O que ocorre é o seguinte:

Paulo apenas fala da fé, mas não a explica. Ele não entra em detalhes acerca da natureza dessa fé. Esse papel coube ao apóstolo Tiago. A fé que Paulo fala é a mesma que Tiago explica.

É como se Tiago dissesse o seguinte: "sabe aquela fé que o apóstolo Paulo fala em Romanos, em Efésios e em muitos outros texto? Muito bem, vou explicar o que é e como é essa fé. 

Nos textos a seguir, finalmente, Tiago vai explicar a natureza da fé utilizada por Paulo, trabalhando, paralelamente, com o conceito de  de Paulo e um conceito equivocado de , que não provoca vida, nem serve para a salvação. Utilizamos a cor azul quando Tiago estiver explicando a fé utilizada por Paulo e vermelha quando estiver falando de um  diferente da que Paulo utiliza.Vejamos mais alguns textos: 

"Mas alguém dirá: Tu tens , e eu tenho obras; mostra-me essa tua  sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha " (Tiago 2:18).

"Vês como a  operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a  se consumou" (Tiago 2:22), 

"Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por  somente" (Tiago 2:24). 

"De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?" (Tiago 2:25).

Concluímos afirmando que as obras são absolutamente necessárias para a a confirmação da salvação. As obras funcionam como uma espécie de "doutrina da prova da eleição". Eleitos, necessariamente, praticam boas obras. Se alguém se julga eleito, salvo e não tem obras que abonem seu discurso, de fato, está absolutamente enganado. As obras são evidências da eleição.

A confissão de Fé de Wesminster, no capítulo XVI, nos ensina sobre essas boas obras que são inerentes aos salvos. Evidentemente que "boas obras" são somente aquelas designadas pelas Escrituras sagradas, incluindo, aí, "toda obra de bom testemunho e a próprio estilo de vida do eleito"


"II. Estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham no fim a vida eterna (Ref. Tiago 2:18, 22; Sal. 116-12-13; I Ped. 2:9; I João 2:3,5; II Ped. 1:5-10; II Cor. 9:2; Mat. 5:16; I Tim. 4:12; Tito 2:5, 912; I Tim. 6:1; I Pedro. 2:12, 15; Fil. 1,11; João 15:8; Ef. 2:10; Rom. 6:22). 

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