A Confissão de Fé de Westminster, importante documento Cristão de declaração de Fé, do século XVII, sobre a Bíblia, faz as seguintes afirmações, no Capítulo I - Da Escritura Sagrada:
I. Ainda que a luz da natureza e
as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a
sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são
suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário
para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes
modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para
melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento
e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do
mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a
Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua
vontade ao seu povo. Referências - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1:
19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4;
Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.
IV. A autoridade da Escritura
Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho
de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que
é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus. Ref.
II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.
V. Pelo testemunho da Igreja
podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura
Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a
majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo
(que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de
salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa
perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a
palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível
verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que
pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações. Ref. I Tim. 3:15; I
João 2:20,27; João 16:13-14; I Cor. 2:10-12.
VI. Todo o conselho de Deus
concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação,
fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser
lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo
algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens;
reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de
Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há
algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum
às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da
natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que
sempre devem ser observadas. Ref. II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João
6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.
VII. Na Escritura não são todas
as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos;
contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a
salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e
explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos
meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas. Ref. II
Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos 17:11.
VIII. O Velho Testamento em
Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a
língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi
escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e
providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e
assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como
para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o
povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de
Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas
vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus,
permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a
esperança pela paciência e conforto das escrituras.
Ref. Mat. 5:18;
Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I Cor. 14; 6, 9, 11, 12, 24,
27-28; Col. 3:16; Rom.
15:4.
IX. A regra infalível de
interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão
sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que
não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por
outros textos que falem mais claramente. Ref. At. 15: 15;
João 5:46; II Ped. 1:20-21.
X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias
religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os
decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as
doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença
nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na
Escritura. Ref. Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.
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