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domingo, 24 de fevereiro de 2013

MORDOMIA CRISTÃ, UMA DOUTRINA ESQUECIDA: Dízimos e Ofertas




TEXTO BÁSICO: Gêneses 2:15-17

INTRODUÇÃO:

Antes de qualquer coisa é importante dizer que Deus não precisa do seu dinheiro. O salmo 24:1 afirma que “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. Por que Deus iria querer o dinheiro que você pensa que é seu?

Jesus nos dá uma prova clara disso, em Mateus 17:27, quando precisando de dinheiro para pagar um imposto foi ao “banco peixe” e pegou quanto precisava. Disse Jesus: “vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti”. Você acha mesmo que Deus quer seu dinheiro? Ou melhor, o que você pensa que e seu?

Portanto, aprenda isso: Tudo é de Deus, nada é seu.

Então, por que temos que devolver 10% de dízimo a Deus se tudo é dele e se ele não precisa do nosso dinheiro? Antes de responder você precisa saber de outra verdade: os 90% que ficam com você, depois que você tira o dízimo, também não são seus. São de Deus também. Lembre-se: tudo é dele.

Deus não quer nosso dinheiro, Ele quer nossa fidelidade. Deus não precisava de uma árvore no jardim, Ele só a colocou Lá para testar a obediência de Adão. Deus não precisa de 10% da nossa renda. Deus quer nossa obediência, nossa fidelidade.

O Rev. Jacó silva, em seu livro Fidelidade afirma que “o homem precisa ser testado porque ele pode estar enganado quanto à sua capacidade de obedecer e ser fiel” (SILVA, 2002, p.9).

Quantos estão dispostos a obedecer? Quantos estão dispostos a dedicar-se em fidelidade a Deus?

Ler Mateus 25: 14-30

Tudo é de Deus, mas Ele nos colocou como Mordomos para administrarmos seus bens, sua criação, suas posses, seu dinheiro. Essa doutrina e conhecida na teologia como Mordomia Cristã.  Esse é um termo que tem ficado obsoleto em nossas igrejas. Os novos crentes sequer sabem do que se trata.

A Mordomia Cristã é muito ampla e envolve muitos aspectos. Por exemplo: envolve a questão do tempo. Então quando dizemos que não temos tempo para ir à igreja no Dia do Senhor não estamos administrando bem o tempo que Deus nos deu para administrar. Não estamos sendo bons mordomos ou administradores.

Contudo, sem dúvida, a parte mais importante dessa doutrina diz respeito à administração do dinheiro de Deus que Ele nos entrega para que administremos. E o teste de fidelidade é o Dízimo.

O DÍZIMO E A MORDOMIA CRISTÃ

Ler Malaquias 3:8-10

O dízimo equivale à décima parte da nossa renda que deve ser devolvida a Deus, como prova de nossa Fidelidade a Ele. É uma espécie de teste mesmo que Deus faz conosco. Assim como Ele testou Adão e Abraão, também nos testa. E o resultado desse teste será: se entregarmos o dízimo seremos considerados como Mordomos ou administradores fies por Deus. Se não o entregamos, teremos sido reprovados nesse teste que Deus faz conosco.

O Rev. Jacó Silva chega a afirmar que “só está interessado no Progresso do Reino de Deus, quem traz fielmente o dízimo à casa Dele” (Silva, 2002, p.14).

O Presb. Jonas, da 1ª IPB Jordão, costuma dizer que uma das razões de Deus ter estipulado o Dízimo – 10% - um percentual fixo, é também para que seus servos não fossem explorados por “lobos roubadores”. Mas, não é exatamente o que vemos hoje em dia? Isso ocorre pelo distanciamento do ensino bíblico sobre esse assunto. Há muitos “pastores” e “igrejas” explorando o povo, pedindo tudo e não o percentual bíblico.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O DÍZIMO:

1-      Os Dízimos e as Ofertas são os ÚNICOS métodos que Deus estabeleceu para arrecadação de verbas de sua igreja. E as ofertas só podem ser dadas depois de ter sido devolvido o dizimo. Ou seja, só tem direito de dar oferta quem já devolveu o dízimo. A ordem apresentada em Malaquias não é à toa: primeiro dizimo, depois, se for o caso, ofertas.  Entenderam isso?

Rev. Jacó Silva, sobre isso afirma:

“Algum crente diz eu não entrego o dizimo mas faço ofertas. Esse crente está muitíssimo enganado. Satanás o enganou terrivelmente [...].  Se fizer ofertas sem antes entregar o dízimo está ofendendo a Deus. Preste bem atenção a isto. Dizimo é dívida (Lev 27:30,32) [...]. Se eu não entregar o dízimo estou roubando, porque não e meu, e de Deus” (SILVA, 2002, p.27).

REPETINDO: O único método bíblico de arrecadação de verbas para a igreja é o Dízimo e depois, só depois,
Oferta.

Sobre isso o Rev. Jacó Silva faz uma das mais belas e corajosas afirmações sobre o assunto de arrecadação na igreja de Deus. Diz ele:

“Esse e o método que Deus estabeleceu para a contribuição na sua igreja – o dízimo. E depois do dízimo mas só depois do dízimo, as ofertas [...]. Todos os demais métodos usados pelas igrejas são métodos pecaminosos, inventados pelos homens, com duplo propósito de encobrir o pecado do roubo e de enganar a Deus [...]. Igreja de Deus não faz churrascada, nem canjicada, nem bazar” (SILVA, 2002, p.14). E ainda:

“Esse foi o único pecado que Cristo corrigiu com violência (Jo 2:16). Dois mil anos após a morte de Cristo há igrejas, que se chamam evangélicas, que estão fazendo a mesma coisa” (SILVA, 2002, p.19).

Eu ainda completaria:  Igreja de Deus não deve ter cantina, não deve vender caneta, chaveiros ou qualquer outra coisa. Igreja de Deus não deveria permitir que as sociedades internas cobrassem taxas ou ainda a tal da “renda per capta” da SAF, como se fora um clube.  

Precisamos retomar a confiança na palavra de Deus. Se formos fies nos nossos dízimos não precisaremos vender cocada, tapioca, roupa e sapatos velhos para fazer as coisas na igreja. Esse e um dos pontos de desvios mais sérios da igreja de Deus em nossos dias.

2-      Há aqueles que dizem: “Dízimo é da Lei. Vivemos no período da Graça e deve prevalecer o princípio de II Cor 9:7 (ler). Esse verso é estampado, inclusive, nos envelopes de dizimo e lido na liturgia, na hora da entrega dos dízimos e ofertas. Só tem um detalhe: esse texto não tem nada a ver com a questão das contribuições para a igreja. Se observamos o contexto, a oferta era para socorrer os irmãos (9:1) necessitados.

a)      O Dízimo é anterior à Lei, pelo menos 400 anos. Ler Hebreus 7:1-3; 15-17). Perceba: 400 anos da Lei Abraão dizimou ao sacerdote Melquisedec. Cristo é da ordem de Melquisedec (v.17), logo, devemos dizimar também no reinado de seu sacerdócio.

b)       Jesus reafirma o dízimo no Novo Testamente, mas não antes de retomar seu verdadeiro sentido e profundidade. Ler Mateus 23:23.

Não deixe de ver o vídeo abaixo. ele tem um recadinho pra vc:


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

AS CONTROVÉRSIAS DO BATISMO: MODELOS E APLICABILIDADE

1- BATISMO:

É o rito de ingresso na Igreja de Jesus Cristo. Esta é uma definição simples e que os evangélicos, em sua maioria, concordam.

Calvino definiu o batismo da seguinte forma: “É O sinal visível da graça invisível.”  De graça invisível entenda-se a operação interior do Espírito Santo, quanto ao sinal visível obviamente é a aplicação simbólica e externa do que aconteceu no interior da pessoa.

Este sacramento tem dado margem, quanto a sua interpretação, a calorosas discussões teológicas. As divergências aparecem basicamente em duas direções:

1º) Quanto ao Modo ou formas existentes de aplicar o Batismo;
2º) A Quem aplicar o Batismo.


1.1 FORMAS OU MODOS EXISTENTES DE APLICAÇÃO DO BATISMO:

Existem basicamente três formas de se aplicar o batismo:

a) Imersão (consiste em imergir completamente o batizando). Igrejas que utilizam esse modelo: Batistas, Pentecostais em geral;

b) Aspersão (consiste em aspergir água sobre a cabeça do batizando). Igrejas que adotam esse modelo: Presbiteriana, congregacional.

c) Efusão (consiste em derramar água na cabeça do batizando). Igreja que utiliza esse modelo: Católica Romana.

A igreja Presbiteriana do Brasil, sendo uma igreja confessional, como já vimos, não tem se furtado em assumir suas posições teológicas. Quanto ao modo de aplicação do batismo pratica somente a Aspersão mas aceita como forma também válida a Imersão, não fazendo qualquer tipo de restrição para receber algum irmão que tenha sido batizado assim.

 1.1.1 CONTROVÉRSIAS QUANTO À FORMA DE BATISMO

Não existe nenhuma prova clara e irrefutável na palavra de Deus que defenda esta ou aquela forma de batismo. Ao contrário, no imperativo de Cristo (Mt 28:19) não estão determinadas normas e/ou formas.

Algumas pessoas têm defendido com unhas e dentes o batismo por imersão, dizendo ser esta a única forma de aplicação do sacramento, baseando-se em alguns pressupostos que passaremos a demonstrar:

ü  TESE DA LINGUÍSTICA: Afirmam que no grego a palavra batismo “Bapto e Baptizo”, significam exclusivamente Imergir. Vale salientar que estes verbos no grego jamais foram usados com sentido religioso, e ainda, como o empregam, “Grego clássico”, não foi o grego usado para escrever a bíblia e sim o grego popular, conhecido como Koinê. ANTÍTESE: Em Hb 9:10 conforme Hb 6:2, é usado o mesmo termo para denotar as Abluções do ritualismo judaico. Em Lc 11:38 onde também aparece o termo, mostra claramente que ele nem sempre significa imergir. Como os Judeus faziam tal batismo? (Mc 7:4).

ü  A TESE DA SUPOSTA IMERSÃO JOANINA: O fato de “entrar ou sair da água” (Mt 3:16) leva os imersionistas a concluírem que houve imersão. Tudo na base da dedução. ANTÍTESE: Não se pode desprezar o fato de que a Lei e os Profetas duraram até João (Mt 11:13), e todos os ritos mosaicos eram feitos pela Aspersão (Nm 8:7, 19:13 e 18; Hb 9:19; Ez 36:25). Concluímos portanto que João não conhecia a imersão, e se por acaso a utilizasse, não seria aceito.
  

1.1.2 ALGUMAS  JUSTIFICATIVAS PRESBITERIANAS PARA A ASPERSÃO

  
ü  O Espírito Santo foi derramado quando do Batismo da Igreja (At 2:17, 18:32,33; Tito 3:5). João Batista afirmou que o Messias “batizará com o Espírito” (Mc 1:8). A promessa se cumpre em Atos 2:3, mas não houve Imersão, o Espírito foi derramado. Não somos batizados no Espírito, mas pelo Espírito;
ü  O batismo de Paulo definitivamente não foi por imersão (At 9:18,22,16);
ü  As abluções traduzidas por batismo (Hb 9:10) referen-se às aspersões do cerimonialismo judaico, onde as águas das purificações eram aspergidas sobre o contaminado (Hb 9:19-22). Se o batismo é sinal da Nova Aliança, concretizada com o derramamento do sangue de Jesus, deverá ser como o foi na Velha Aliança, por Aspersão (Hb 8:6);
ü  No batismo pelo mar e pela nuvem (1 Cor 10:1-2).  Cabe imersão?;
ü  Os três mil batizados (At 2:41)
ü  O batismo do carcereiro de Filipos (At 16:32-34). Haveria um rio ali?
ü  O batismo de Cornélio (At 10:22,47). Podemos enxergar aqui possibilidade de imersão?
ü  O batismo dos discípulos de João (At 19:5).

1.1.3 PRA DISCONTRAIR:


Conta-se que dois seminaristas - um Batista e outro Presbiteriano - estavam discutindo sobre o modo correto de se administrar o Batismo. O seminarista Batista, claro, só admitia a imersão, rejeitando qualquer outra forma. O Seminarista Presbiteriano então perguntou: "se o batizando entrar com água até o pescoço, está batizado? Não, respondeu prontamente o futuro pastor Batista. Se entrar com água até a testa, está batizado? Insistiu o presbiteriano. Não, claro que não, foi a resposta com ar de irritação do seminarista batista. Bom, se o problema é só molhar a cabeça é o que fazemos. Pronto. Tá tudo resulvido, concluindo o diálogo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CINCO MINUTOS DE REFLEXÃO SOBRE PEDOBATISMO E ANTIPEDOBATISMO: As refutações ao Batismo infantil são tão devastadoras assim?



Muitos textos bíblicos são utilizados para refutar o Batismo infantil, mas nenhum é tão “supostamente” avassalador quanto o texto abaixo, considerado o texto áureo dos Antipedobatistas - aqueles que são contra o Batismo Infantil:

"Quem crê e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Marcos 16:16).

O principal argumento é o seguinte: “A criança não pode exercer fé. Logo, ela também não poderá ser batizada”.

Algumas questões para nossa reflexão:

1ª) O que não for batizado não será salvo?

2ª) Pela mesma lógica argumentativa teríamos, obrigatoriamente, como conclusão, que toda criança está incondicionalmente condenada uma vez que, pela interpretação dada ao texto, não pode exercer fé, e, consequentemente, receber o batismo que, nesse caso, passa a ser quase uma condição sine qua nom para a salvação.

3ª) Batismo salva? Curiosamente, a maioria dos teólogos Antipedobatistas acreditam na salvação dos que morrem ainda na infância. 

2ª) Vamos utilizar a mesma metodologia para interpretar um texto do apóstolo Paulo, em II Tes 3:6-15, quando afirma que “se alguém não quer trabalhar também não coma". Usando a mesma lógica, a interpretação seria a seguinte: “Criança não pode ou não quer trabalhar. Logo, também não deve comer"? Estranho não é? Forte indício de que essa interpretação esteja equivocada.

3ª) Para entender a doutrina do Batismo infantil é preciso entender a doutrina da Circuncisão. Ambas representam um rito de entrada visível na igreja visível de CristoAssim como as crianças eram circuncidadas mediante a fé dos pais e/ou tutores (ver Gêneses 17), não podendo exercer, obviamente, fé ou mesmo decidir por participar ou não participar desse ato eminentemente religioso, devido sua pouca idade - eram circuncidadas ao oitavo dia de seu nascimento -, assim também devem ser batizadas, na fé dos pais e/ou tutores, as crianças filhas de pais ou tutores crentes. Em Colossenses 2:11 Paulo chama o Batismo de “Circuncisão de Cristo”, deixando ainda mais claro esse link. A equivalência é claríssima. Assim como a páscoa fui substituída pela ceia, igualmente a circuncisão foi substituída pelo batismo.

4ª) Pra finalizar, uma charada: Por que os Antipedobatistas não batizam crianças, realmente? Resposta: porque elas morreriam afogadas, uma vez que são todos imersionistas...rs (essa foi só pra descontrair).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O PODER DE MOBILIZAÇÃO DOS PENTECOSTAIS


Que o Pentecostalismo é questionável em muitos aspectos não precisa nem comentar. Mas uma coisa não podemos negar: quando eles resolvem promover uma mobilização em torno de um objetivo tornam-se quase imbatíveis. Por exemplo: se a Assembléia de Deus fechar apoio a um candidato político, seja qual for o cargo, executivo ou legislativo, é quase certo que será eleito.

Recentemente soube de uma história inusitada. Quase não acreditei, muito embora já tenha publicado sobre como funciona a "Ética Pentecostal", aqui no blog. O pior é que foi verdade mesmo. Seguinte: um presbítero amigo (da IPB) recebeu a visita de um médico da família, do posto de saúde que fica localizado no Jordão Baixo, um populoso bairro do Recife. Em meio a consulta, o médico descobriu que o referido presbítero era  oficial da IPB. Foi o suficiente para iniciar sua trágica "experiência gospel": segundo ele, há algum tempo foi procurado por uma irmã pentecostal, da Assembléia de Deus, pedindo que lhe desse um laudo afirmando uma suposta doença do seu filho, pois ele havia faltado muitas aulas e isso interferiria no recebimento de sua "bolsa família". O médico, claro, se recusou a cometer tal crime. De pronto foi ameaçado pela irmã: "se o senhor não me der o laudo vou fazer um abaixo assinado com o "povo da igreja" para tirar o senhor daqui. Dito e feito. Não demorou muito e o médico foi realmente afastado, por alguns meses, a pedido de um grande número de moradores daquela comunidade. O detalhe é que esses moradores, por pura coincidência, eram todos da igreja daquela "alma cristã". Não precisa dizer o tamanho da revolta daquele médico com relação "aos crentes".

Evidentemente que, ao publicar essa história verídica, não tenho a intenção de generalizar exatamente todos os membros da Assembléia de Deus. Sei que existem muitas pessoas dignas e honestas congregando ali. Contudo, nossa intenção é: primeiro, denunciar esse modelo de vida que está presente no "cerne do Pentecostalismo", certamente uma consequência do seu arcabouço doutrinário, como já expliquei em outra postagem, na série sobre Pentecostalismo e Reforma protestante. Fazendo isso, temos a esperança que esses irmãos acordem do seu sono social. A ideia principal que norteia esse estilo de vida é: "sou filho do Rei, logo, sou príncipe". Então, primeiro eu, segundo eu e terceiro eu. Depois, nossa intenção é também exortar a todos os Cristãos, especialmente aos Calvinistas, que jamais procedam dessa maneira, ainda que isso signifique "perder algum benefício". Portanto, não coloquem "macaco" na energia, nem "jacarés" na água; não utilizem carteira de plano de saúde de outra pessoa. Enfim, como diz o apóstolo Paulo: "quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (I Cor 10:31). 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CAMPANHA PELA PENA DE MORTE NO BRASIL: Bandido Estupra e Mata menino de 2 anos.


Mais um crime hediondo chocou Pernambuco. Esse crime tem a mesma característica da maioria dos crimes bárbaros: foi cometido por um ex-presidiário com uma longa ficha corrida na polícia. O marginal, acreditem, pasmem, estuprou e matou uma criança de apenas dois anos de idade. Que tipo de pena ele merece? Ficar apenas preso? Ainda que houvesse prisão perpétua e que recebesse essa sentença, certamente, o princípio de justiça não teria sido satisfeito.

Só há uma pena capaz de satisfazer a reta justiça, nesses casos: a pena de morte. Muitos são contrários à sua aplicabilidade por considerarem incompatível como o direcionamento cristão. Isso é pura falta de conhecimento das Escrituras Sagradas. Grandes teólogos afirmam peremptoriamente que há nas Escrituras base legal para a aplicação da pena capital. é ampla também a base de defesa da pena capital no ambiente da filosofia.

Evidentemente que o ordenamento jurídico do nosso país não permite nem mesmo tal discussão com objetivos práticos. Mas, será mesmo que esse é um tema intocável e que não mereça ser discutido? Até quando conviveremos harmoniosamente com tamanha atrocidade e injustiça? A pena de prisão, apenas, ainda que pelo tempo máximo permitido no Brasil - de 30 anos - para esses casos, constitui um grave atentado à justiça. Aqui no blog,  numa rápida pesquisa, você poderá encontrar vários artigos em defesa da pena capital, com argumentos teológicos e filosóficos.

Veja trecho da reportagem:

"Uma criança de dois anos de idade foi encontrada morta dentro de uma máquina de lavar roupas no bairro de Afogados, no Recife, no sábado (26). Ele estava enrolado em um lençol, ensanguentado e com marcas de facada, segundo a mãe do menino, Jadna Rodrigues. O suspeito, um homem de 27 anos, foi preso neste domingo (27) e teria confessado à policia que abusou sexualmente e matou o menino. O garoto estava brincando na calçada, perto da casa da avó, por volta das 17h do sábado, quando desapareceu. A mãe estava chegando do trabalho quando uma prima contou que a criança tinha sumido, enquanto a avó tomava conta. Vizinhos e parentes se uniram para procurar de porta em porta a criança". 
Conforme: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/01/crianca-e-encontrada-morta-dentro-de-maquina-de-lavar-no-recife.html
Assista ao vídeo da reportagem:

Divulgue, compartilhe e lance essa campanha nas redes sociais:
MORTE AOS ASSASSINOS IMPIEDOSOS (após justo julgamento, pela espada do Estado)! PENA DE MORTE JÁ!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A TEOLOGIA DE LUIZ GONZAGA E A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM. UMA HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE GONZAGÃO - Parte 3/3



Depois de uma breve pausa para refletir sobre Natal e Ano Novo, estamos de volta para encerrar a série em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Nas duas primeiras postagens tratamos da “Depravação Total do Homem”, partindo da afirmação “gonzaguiana” de que “o homem é mau”.

Vimos que historicamente duas pregações vêm assumindo posturas antagônicas com relação a esse assunto, deixando de lado por completo a lógica do terceiro incluído. Ou seja, uma delas está, necessariamente, correta e a outra errada, pois são auto-excludentes.  

A primeira delas, conhecida convencionalmente de Calvinismo, dá ouvidos à pregação de Deus, que afirma peremptoriamente: “certamente morrerás”  (Gêneses 2:16,17), acreditando, portanto, que Deus cumpriu sua ameaça solene e que o homem, de fato, está numa condição de morte espiritual,  não havendo, assim, nele, nenhum, poder de escolha em relação a qualquer bem espiritual, como converter-se a Deus, por exemplo. 

A segunda pregação, conhecida convencionalmente como Arminianismo, escolheu dar ouvidos à voz de Satanás, que minimiza o problema da desobediência a Deus ensinando: “é certo que não morrereis” (Gêneses 3:4).

Logo, estando o homem morto, (e aqui já assumimos que preferimos ficar com a opinião de Deus em detrimento da de Satanás) resta-lhe apenas uma alternativa de Salvação: Deus resolver, de forma incondicional, salvá-lo; mesmo que não haja nele o menor merecimento, antes, pelo contrário, ainda sendo ele merecedor dos maiores castigos e finalmente do fogo eterno. Essa possibilidade ficou conhecida na história da teologia como “Eleição Incondicional”, que passaremos a abordar agora.

ELEIÇÃO INCONDICIONAL:

O segundo ponto do Calvinismo, Eleição Incondicional, tem por objetivo combater o também segundo ponto do arminianismo – Eleição Condicional -. Armínius e seus seguidores acreditavam que Deus havia elegido os homens que elegeu baseado em seu pré-conhecimento ou presciência. Ou seja, Deus anteviu aquele que iria, por seu próprio mérito, (não podemos esquecer que o homem arminiano é um homem que ainda está habilitado, mesmo depois da queda, a buscar a Deus mesmo sem que, necessariamente, haja alguma intervenção divina para isto) crer Nele, e, por conta disso, o elegeu. Isso faz de Deus um mero jornalista que apenas registra os “atos soberanos” do homem.

No sínodo de Dort, foi elaborada a seguinte contra-argumentação, relativamente ao condicionamento ou não da eleição do homem, por Deus, a algum movimento ativo desse homem:

Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação (DORT, 1996, p.34).

Na visão calvinista, diferentemente da arminiana, nada havia no homem, que fosse condição, a seu favor, para que justificasse um merecimento, por  menor que seja, muito menos ainda um merecimento do tamanho da salvação eterna. A eleição de Deus baseou-se exclusivamente por sua graça (que por definição já denota um favor não merecido) e imensa bondade. Isso faz de Deus o autor da salvação e não apenas um coadjuvante dos direcionamentos humanos.

Agostinho também subscrevia uma eleição incondicional, como afirma:

Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes (AGOSTINHO, 1999, p.194).

Analisemos o texto Escriturístico a seguir:

 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza” (Lucas 10:13).

Nesse texto, fica muito evidente que o decreto de Deus sobrepõe-se à sua presciência. Deus conhece todas as possibilidades, evidentemente, mas permite acontecer tão somente o que já de antemão decretou.

A confissão de Westminster, em seu capítulo sobre os “Eternos decretos de Deus”, faz as seguintes afirmações:

Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece [...]. Ref. Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17; Sal.5:4; Tiago 1:13-17; I João 1:5; Mat. 17:2; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28 e 27:23, 24, 34. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições Ref. At. 15:18; Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18. Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. Ref. Ef. 1:4, 9, 11; Rom. 8:30; II Tim. 1:9; I Tess, 5:9; Rom. 9:11-16; Ef. 1: 19: e 2:8-9. (WESTMINSTER, 1999. p.13).

Como bem afirma Spencer: 

Se a eleição dependesse do homem, ele nunca creria, porque o homem é totalmente depravado e incapaz de fazer aquilo que é bom aos olhos de Deus. Deixando a si mesmo para decidir-se por Cristo, sem que antes a fé lhe seja outorgada por um ato de Deus, o homem nunca irá a Cristo (SPENCER, 1992. p.39).

Diante do exposto, eis aqui o único remédio possível para a doença mortal que atinge a toda a raça humana, como já diagnosticou Luiz Gonzaga, o Rei do Baião: “O homem é mau”.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A TEOLOGIA DE LUIZ GONZAGA E A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM. UMA HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE GONZAGÃO - Parte 2/3



Como vimos na postagem anterior, a afirmação de Luiz Gonzaga em sua lendária música “Apologia ao jumento” é que o homem é mau. Provavelmente o Rei do Baião, como já dissemos, não tinha noção das implicações teológicas de sua afirmação. Mas, a partir dela, iremos desenvolver o tema acerca da condição do homem. Por que é importante saber da condição do homem diante de Deus? Primeiro porque esse assunto está diretamente ligado à sua própria salvação.  Segundo porque só há uma forma de receitar o remédio correto: através de um correto diagnóstico da doença. Ou seja, se o homem  é bom, o remédio será um; provavelmente bem fraco ou até mesmo não haja necessidade de sua prescrição. Se, ao contrário, o homem é realmente mau, como afirma Gonzaga, o remédio prescrito será bem mais poderoso; talvez o mais poderoso de todos.

Devemos nos certificar sobre o estado do homem no que diz respeito ao seu direito de escolha, à liberdade que supostamente tem, ao seu Livre-arbítrio. Para tanto iremos abordar o primeiro ponto da doutrina calvinista: A depravação total do homem, contudo, para fins analíticos, vamos transcrever tanto o primeiro ponto do calvinismo como também o primeiro ponto do Arminianismo, refutador principal da doutrina de Calvinista. Começaremos com ele:

ARMINIANISMO

O homem é dotado de vontade livre. Armínius  acreditava que a queda do homem não foi total e sustentou que, no homem, restou bem suficiente, capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador.

CALVINISMO

O homem não regenerado é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente para salvar-se, sendo absolutamente escravo do pecado e, dependendo, portanto, da intervenção  de Deus, que  vivifica o homem (regeneração) antes que este possa crer em Cristo.


A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM

a)   Situação do homem antes da queda, conforme a interpretação dos teólogos  da Assembleia de Westminster:

Deus dotou o homem de liberdade natural, e não era obrigado a fazer nem o bem  nem o mal (Tiago 1:14; Deut. 30:19; João 5:40; Mat. 17:12; At.7:51; Tiago 4:7). O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder (Ec. 7:29; Col. 3: 10; Gen.  1:26 e 2:16-17 e 3:6), conforme Confissão de Fé de Westminster, Capítulo IX.I,II.

b)   Situação do homem depois  da queda, conforme a interpretação dos teólogos  da Assembleia de Westminster:

O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu pr6prio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso (Rom 5:6 e 8:7-8; João 15:5; Rom 3:9-10,12,23; Ef.2:1, 5; Col. 2:13; João 6:44, 65; I Cor. 2:14; Tito 3:3-5.). Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. (Col 1:13; João 8:34, 36; Fil 2:13; Rom 6:18,22; Gal 5:17; Rom 7:15, 21-23; I João 1:8, 10) , conforme Confissão de Fé de Westminster, Capítulo IX.III,IV.

Como vimos acima, o homem, antes da queda, possuía uma natureza boa. Depois da queda ela é totalmente corrompida pelo pecado, ficando o homem completamente averso às coisas de Deus, como se, de fato, estivera morto espiritualmente, sendo  assim, completamente incapaz de, por ele mesmo, buscar a Deus ou mesmo desenvolver bondade tal que o habilite, por merecimento, a um retorno à comunhão com Deus.

O homem recebeu uma ameaça solene de Deus: De toda árvore do jardim comerás livremente,  mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gêneses 2:16,17). Satanás, porém, mentindo, disso o contrário: “É certo que não morrereis” (Gêneses 3:4). Acreditar que a queda não trouxe morte espiritual ao homem, isto é, a depravação total de sua natureza, como afirmam Agostinho, Lutero, Calvino e até Luiz Gonzaga, é dar ouvido a voz de Satanás e desprezar a ameaça solene de Deus.

O homem é  tão degradado quanto pode ser. O homem está além de toda capacidade de se auto-ajudar, como diz Paulo em (Ef 2:2-3). Ponto também defendido por Lutero, Calvino e Knok. O espírito do homem está morto.

O homem em seu estado natural é incapaz de fazer qualquer coisa ou desfazê-la para agradar a Deus, no que se refere à salvação (Gn 6:5).

Do ponto de vista de Deus, todos os homens (não regenerados) estão sob condenação, porque amou o pecado e este o impede de dar glória a Deus. E para os que afirmam que existe no coração do homem o bem divino, veja as afirmações da bíblia nestes textos (Rm 3:10-11; Jo 3:19).

O homem é totalmente depravado, no sentido de que tudo, na sua natureza, é rebelião contra Deus (Is 64:6). A depravação total significa que o homem, por sua livre vontade, nunca se decidirá por Cristo (Jo 5:40,42). E por que Jesus diz isto? Paulo explica a Timótio (II Tm 2:26).

A depravação total significa que o homem natural é incapaz de discernir a verdade de Deus (I Co 2:14).

Só pode ver ou discernir as coisas de Deus quem é regenerado pelo Espírito Santo (Jo 3:3-4).

O homem natural não pode ver a “luz”, porque nasceu espiritualmente morto (Sl 51:5). A só vem depois do dom ou dádiva da  vida (espiritual), e tanto a fé como a vida é Deus quem os dá (Ef 2:1,4,5).

O homem não é salvo por algum ato de sua livre vontade. Ele é salvo pela graça (Ef 2:8-9).

As escrituras afirmam que o homem é escavo do pecado, está espiritualmente morto, que amou mais as trevas do que a luz, e que só pode ouvir a voz de satanás, a menos que Deus lhe dê ouvidos para ouvir e olhos para ver (Pv 20:12; Jo 8:43-44, At 16:14).

Depravação total significa que o homem  não regenerado está enredado no pecado, sem esperança e atado a satanás com laços da morte espiritual, e por isso desinteressado pelas coisas do criador, até o tempo daqueles laços serem quebrados, da morte ser substituída pela vida eterna, coisa que só a obra de Deus pode realizar. Veja o que Paulo diz aos eleitos (Ef 2:11-13).

Assim como Lázaro jamais teria ouvido a voz de Jesus nem jamais teria “saído do túmulo”, sem que primeiro Jesus lhe tivesse dado vida, assim todos os homens, mortos em seus delitos e pecados, devem primeiro receber a vida de Deus (regeneração),  antes de poder querer a vida, por sua “livre vontade”  (Jo 10:26-28).

A doutrina da Depravação Total afirma que a única esperança do “morto pelo pecado”, do homem perdido, está na eleição (Jo 8:47).

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A TEOLOGIA DE LUIZ GONZAGA E A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM. UMA HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE GONZAGÃO - Parte 1/3


Que Luiz Gonzaga, também conhecido como Rei do Baião, foi  um dos maiores e mais importantes cantores da música popular brasileira, isso todo mundo já sabe. Que exatamente hoje, 13/12/2012, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos, isso todo mundo também já sabe.  Aliás, como prova disso, as justíssimas homenagens se espalham por todo o Brasil. 

Luiz Gonzaga, como todos também já sabem, era Pernambucano, da cidade de Exu. Por conta disso, os Pernambucanos, com sua conhecida mania de grandeza, pelas glórias do passado e por ser hoje o Estado que mais cresce no Brasil são, muitas vezes, tentados a reivindicarem para si  a "naturalidade exclusiva de Gonzaga". Tudo bem que aprouve a Deus que ele nascesse nessa "terra dos altos coqueiros, de beleza soberbo estendal", mas seu Luiz e sua obra pertencem ao patrimônio histórico-cultural Mundial. Ele não apenas cantava um ritmo, como é próprio dos que são apenas cantores. Ele os inventava e depois, como criador que conhece profundamente sua criação, demonstrava como deveria ser cantado. 

O que muita gente não sabe é que o genial Luiz Gonzaga fez uma das mais profundas e importantes afirmações teológicas: "O homem é mau". Aquilo que os grandes teólogos da história do cristianismo dizem em centenas de páginas em compêndios teológicos, Luiz Gonzaga dizia cantando, em sua lendária música "Apologia ao jumento". Ele "matava a cobra e mostrava o pau", como se diz no Sertão. Dizia e provava. Ele desnudava o mal residente no nosso coração decaído com um testemunho simplório, mas muito revelador. Depois de elencar uma série de benefícios que o jumento, historicamente, proporcionou ao homem, ele pergunta: 

"E o homem? Em retribuição o que é que lhe dá? Castigo", responde ele mesmo e continua: "pau, nas pernas, no lombo, no pescoço, nas ureia; e quando o bichinho não aguenta mais o peso duma carga e se deita no chão, o homem faz é um foguinho debaixo do rabo dele". E conclui: "o homem é mau".  Veja uma animação dessa música abaixo:


Gonzaga percebeu, como poucos, que esse tipo de atitude é inerente à natureza humana, que não são raras as vezes que o homem sente prazer na dor do outro ser. Evidentemente que ele não vislumbrava a dimensão dos desdobramentos teológicos dessa afirmação, contudo, intuitivamente, talvez por experiência própria, ele sabia: o homem é mau. Na verdade, sentimos uma forte identificação com e pelo mal; pelo erro, e pior: gostamos dele.   Já assim nascemos,  mau. Herdamos de nossos pais o "gen" do pecado.  "Pecamos porque somos pecadores e não o contrário; isto é, ser pecador porque pecamos". Precisamos ensinar o mal aos nossos filhos? Existe a necessidade de escolas e cursos para os mais variados crimes? Alguém precisou fazer um curso intensivo de como tornar-se um viciado em crack? Obviamente que não. O mal, esse já sabemos fazer. Fazer o mal é simples para nós; é fácil. Fazer o bem e aprender coisas boas é uma luta constante.

Alguém em sã consciência ousaria discordar do Rei do Baião?  

Um dos mais brilhantes teólogos e filósofos de todos os tempos, Agostinho de Hipona, em suas Confissões, faz um relato surpreendente de como sua própria vontade corrompida tinha prazer no pecado, no erro, no mal. Diz ele, em perfeita harmonia com Luiz Gonzaga, mas, por ser "dotor", em palavras "bunitas":  "o homem é mau". Vale à pena ler:

Tua lei, Senhor, condena certamente o furto, como também o faz a lei inscrita no coração humano, que a própria iniquidade não consegue apagar. Nem mesmo um ladrão tolera ser roubado, ainda que seja rico e o outro cometa o furto obrigado pela miséria. E eu quis roubar, e o fiz, não por necessidade, mas por falta de justiça e aversão a ela por excesso de maldade. Roubei de fato coisas que já possuía em abundância e da melhor qualidade; e não para desfrutar do que roubava, mas pelo gosto de roubar, pelo pecado em si. Havia, perto da nossa vinha, uma pereira carregada de frutos nada atraentes, nem pela beleza nem pelo sabor. Certa noite, depois de prolongados divertimentos pelas praças até altas horas, como de costume, fomos, jovens malvados que éramos, sacudir a árvore para lhe roubarmos os frutos. Colhemos quantidade considerável, não para nos banquetearmos, se bem que provamos algumas, mas para jogá-las aos porcos. Nosso prazer era apenas praticar o que era proibido. […] Que o meu coração te diga, agora, o que procurava então, ao praticar o mal sem outro motivo que não a própria malícia. Era asquerosa e eu gostava dela… Pobre alma embrutecida, que se apartava do teu firme apoio para autodestruir-se, buscando, não algo desonesto, mas a própria desonestidade! […] Eu, miserável, o que foi que amei em ti, furto meu, noturno delito dos meus dezesseis anos? Não eras belo, pois eras roubo!… Sim, eram belas aquelas frutas, mas não era a elas que minha alma infeliz cobiçava, eu as possuía em abundância e melhores. Eu as colhi somente para roubar, e uma vez colhidas atirei-as fora para saciar-me apenas com a minha maldade, saboreada com alegria. Se alguma tocou meus lábios, foi o meu crime que me deu sabor.[…] Talvez eu tenha sentido prazer em agir contra a lei pela fraude… Eis-me aqui, escravo que foge do seu senhor, à procura da escuridão. Oh, podridão! Oh, vida monstruosa! Oh, abismo da morte! Como pude achar prazer no ilícito somente por ser ilícito?… Eu, que amei o pecado por si mesmo, sem motivo?… Daquele furto que me satisfez pelo furto em si e nada mais? De fato, ele em si nada valia, e por isso me tornei ainda mais miserável! No entanto, eu não o teria praticado, se estivesse sozinho. Lembro-me bem do meu estado de alma: sozinho não o teria feito absolutamente. Portanto, amei também no furto a companhia daqueles com quem o cometi; daí não ser verdade ter amado apenas o furto em si. […] Se eu tivesse na ocasião desejado de fato aqueles frutos que roubei, e com eles me tivesse regalado, poderia tê-los roubado sozinho. Poderia ter cometido a iniquidade, satisfazendo o meu desejo, sem necessidade de estimular, por outras companhias, o prurido de minha cobiça. O fato é que não eram os frutos que me atraíam, mas a ação má que eu cometia em companhia de amigos que comigo pecavam. […] Era uma vontade de rir que nos acariciava o coração ao pensar que estávamos enganando os que não esperavam de nós semelhante ato e muito o detestariam. Por que eu me divertia ainda mais por não praticá-lo sozinho? Talvez porque seja mais difícil rir sozinho? Sim, é mais difícil. No entanto, acontece às vezes que rimos sozinhos, sem a presença de outros, se algo muito ridículo se apresenta aos nossos sentidos ou ao nosso pensamento. Ah! sozinho eu não teria praticado tal ação; absolutamente, não o faria! Meu Deus, eis diante de ti a lembrança viva de minha alma. Sozinho, eu não cometeria aquele furto, no qual não me comprazia na coisa que eu roubava, mas no ato de roubar; sozinho, não me teria atraído a ideia de roubar, nem sequer teria roubado. Oh! Amizade tão inimiga! Oh, sedução misteriosa da mente, vontade de fazer o mal por brincadeira ou diversão, gracejo, prazer de lesar os outros sem vantagem pessoal ou sede de vingança! Basta que alguém diga: “Vamos! Mãos à obra”! E temos vergonha de não ser despudorados  (Confissões, Santo Agostinho, São Paulo: Editora Paulus, 1984, 446p).


E não pense o senhor que somente Agostinho concordava com Gonzaga não. Na segunda postagem dessa série traremos a opinião de outros renomados teólogos acerca da natureza humana. Demonstraremos também quem é o homem aos olhos de Deus à luz das Escrituras Sagradas. Na terceira e última postagem, abordaremos a única solução de Deus para esse mal que nós, pela nossa própria vontade, nos metemos. Aguardem!

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