Páginas

Mostrando postagens com marcador o Rei do Baião. Apologia ao Jumento. Depravação Total do Homem. Teologia de Luiz Gonzaga. Livre-Arbítrio. Eleição Incondicional.. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador o Rei do Baião. Apologia ao Jumento. Depravação Total do Homem. Teologia de Luiz Gonzaga. Livre-Arbítrio. Eleição Incondicional.. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A TEOLOGIA DE LUIZ GONZAGA E A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM. UMA HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE GONZAGÃO - Parte 3/3



Depois de uma breve pausa para refletir sobre Natal e Ano Novo, estamos de volta para encerrar a série em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Nas duas primeiras postagens tratamos da “Depravação Total do Homem”, partindo da afirmação “gonzaguiana” de que “o homem é mau”.

Vimos que historicamente duas pregações vêm assumindo posturas antagônicas com relação a esse assunto, deixando de lado por completo a lógica do terceiro incluído. Ou seja, uma delas está, necessariamente, correta e a outra errada, pois são auto-excludentes.  

A primeira delas, conhecida convencionalmente de Calvinismo, dá ouvidos à pregação de Deus, que afirma peremptoriamente: “certamente morrerás”  (Gêneses 2:16,17), acreditando, portanto, que Deus cumpriu sua ameaça solene e que o homem, de fato, está numa condição de morte espiritual,  não havendo, assim, nele, nenhum, poder de escolha em relação a qualquer bem espiritual, como converter-se a Deus, por exemplo. 

A segunda pregação, conhecida convencionalmente como Arminianismo, escolheu dar ouvidos à voz de Satanás, que minimiza o problema da desobediência a Deus ensinando: “é certo que não morrereis” (Gêneses 3:4).

Logo, estando o homem morto, (e aqui já assumimos que preferimos ficar com a opinião de Deus em detrimento da de Satanás) resta-lhe apenas uma alternativa de Salvação: Deus resolver, de forma incondicional, salvá-lo; mesmo que não haja nele o menor merecimento, antes, pelo contrário, ainda sendo ele merecedor dos maiores castigos e finalmente do fogo eterno. Essa possibilidade ficou conhecida na história da teologia como “Eleição Incondicional”, que passaremos a abordar agora.

ELEIÇÃO INCONDICIONAL:

O segundo ponto do Calvinismo, Eleição Incondicional, tem por objetivo combater o também segundo ponto do arminianismo – Eleição Condicional -. Armínius e seus seguidores acreditavam que Deus havia elegido os homens que elegeu baseado em seu pré-conhecimento ou presciência. Ou seja, Deus anteviu aquele que iria, por seu próprio mérito, (não podemos esquecer que o homem arminiano é um homem que ainda está habilitado, mesmo depois da queda, a buscar a Deus mesmo sem que, necessariamente, haja alguma intervenção divina para isto) crer Nele, e, por conta disso, o elegeu. Isso faz de Deus um mero jornalista que apenas registra os “atos soberanos” do homem.

No sínodo de Dort, foi elaborada a seguinte contra-argumentação, relativamente ao condicionamento ou não da eleição do homem, por Deus, a algum movimento ativo desse homem:

Esta eleição é o imutável propósito de Deus, pelo qual Ele, antes da fundação do mundo, escolheu um número grande e definido de pessoas para a salvação, por graça pura. Estas são escolhidas de acordo com o soberano bom propósito de sua vontade, dentre todo o gênero humano, decaído pela sua própria culpa de sua integridade original para o pecado e a perdição. Os eleitos não são melhores ou mais dignos que os outros, porém envolvidos na mesma miséria dos demais. São escolhidos em Cristo, quem Deus constituiu, desde a eternidade, como Mediador e Cabeça de todos os eleitos e fundamento da salvação (DORT, 1996, p.34).

Na visão calvinista, diferentemente da arminiana, nada havia no homem, que fosse condição, a seu favor, para que justificasse um merecimento, por  menor que seja, muito menos ainda um merecimento do tamanho da salvação eterna. A eleição de Deus baseou-se exclusivamente por sua graça (que por definição já denota um favor não merecido) e imensa bondade. Isso faz de Deus o autor da salvação e não apenas um coadjuvante dos direcionamentos humanos.

Agostinho também subscrevia uma eleição incondicional, como afirma:

Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes (AGOSTINHO, 1999, p.194).

Analisemos o texto Escriturístico a seguir:

 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza” (Lucas 10:13).

Nesse texto, fica muito evidente que o decreto de Deus sobrepõe-se à sua presciência. Deus conhece todas as possibilidades, evidentemente, mas permite acontecer tão somente o que já de antemão decretou.

A confissão de Westminster, em seu capítulo sobre os “Eternos decretos de Deus”, faz as seguintes afirmações:

Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece [...]. Ref. Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17; Sal.5:4; Tiago 1:13-17; I João 1:5; Mat. 17:2; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28 e 27:23, 24, 34. Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, ele não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condições Ref. At. 15:18; Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18. Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. Ref. Ef. 1:4, 9, 11; Rom. 8:30; II Tim. 1:9; I Tess, 5:9; Rom. 9:11-16; Ef. 1: 19: e 2:8-9. (WESTMINSTER, 1999. p.13).

Como bem afirma Spencer: 

Se a eleição dependesse do homem, ele nunca creria, porque o homem é totalmente depravado e incapaz de fazer aquilo que é bom aos olhos de Deus. Deixando a si mesmo para decidir-se por Cristo, sem que antes a fé lhe seja outorgada por um ato de Deus, o homem nunca irá a Cristo (SPENCER, 1992. p.39).

Diante do exposto, eis aqui o único remédio possível para a doença mortal que atinge a toda a raça humana, como já diagnosticou Luiz Gonzaga, o Rei do Baião: “O homem é mau”.

Divulgue meu Blog no seu Blog