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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

USOS E COSTUMES. A IGREJA PODE DITAR A MODA?


Em um bairro do Recife havia uma loja cuja placa anunciava em letras garrafais: "Vendemos Roupas Evangélicas".  Infelizmente não fotografei. A loja passou por uma reforma e a placa foi substituída. Minha ingenuidade, porém, me levava a acreditar que aquela loja era um caso atípico, isolado, uma aberração. Ledo engano. Esse nicho de mercado cresce a todo vapor. Basta uma rápida busca no Google e logo surgirão site especializados em "moda evangélica". O tema já foi até reportagem da revista veja:

Dá para conciliar preceitos religiosos rigorosos com o gosto brasileiro por roupas vistosas? Cerca de 15 milhões de evangélicas, uma multidão que, na hora de compor o guarda-roupa, segue mais ou menos ao pé da letra (ou melhor, da tradição, já que textos religiosos raramente entram em tais detalhes) as doutrinas da sua igreja, tentam fazer isso. De modo geral, o código de vestuário das religiões evangélicas reza o seguinte: calça comprida, não; decote, também não; saia, abaixo do joelho; transparências, nem pensar; mangas, sempre, conforme: http://veja.abril.com.br/040804/p_146.html. 

Possivelmente me acusarão de exagerado, mas essa tendência pode ser também sintomática. Cada vez mais as pessoas estão deixando de ser "evangélicas", no sentido mais restrito da palavra, que significa uma profunda identificação com o genuíno evangelho de Cristo. Como suas ações já não mais denunciam sua fé, restando-lhes apenas a vaga necessidade de pertencer a uma "tribo", nada melhor que uma grife que diga o que seu testemunho não consegue mais dizer:  "sou da tribo dos evangélicos".

Será que Jesus, em seu tempo, usava roupas de alguma grife especializada para religiosos? Havia roupas especias para "apóstolos"?

Claro que não! Tanto Jesus quanto os Apóstolos, bem como todos os outros discípulos, homens e mulheres que seguiam a Jesus, usavam as roupas habituais para sua época.  Evidentemente que àquela época também havia roupas inapropriadas para os servos de Deus, mas, de forma geral, suas roupas seguiam o mesmo padrão do restante do povo. Jesus, algumas vezes, precisou se ocultar, provavelmente no meio do povo, para livrar-se de ser apedrejado (Jo 8:59; Jo 10:30,31,39). Certamente ele não teria conseguido passar desapercebido se utilizasse indumentárias diferentes das que o povo usava. Isso pode ser verificado também quando Judas o entregou. Foi necessário um sinal (o beijo) para que os guardas identificassem Jesus, tal sua semelhança com as outras pessoas. Judas o beijou como quem quisesse dizer "o homem é este".

Preocupavam-se os principais sacerdotes e os escribas em como tirar a vida a Jesus; porque temiam o povo.    Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze. Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus;  Falava ele ainda, quando chegou uma multidão; e um dos doze, o chamado Judas, que vinha à frente deles, aproximou-se de Jesus para o beijar.  Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? (Lucas 22:1-48).

A ideia de utilização de roupas diferenciadas em relação ao povo e à época como forma de distinção e de separação religiosa é bem antiga. No Velho Testamento encontramos a indicação de paramentos religiosos para os Sacerdotes. Mas tudo isso mudou com o "véu que se rasgou". No Novo testamento essa ideia de "separação por moda" já não existe mais. A igreja Católica Apostólica Romana, na idade média,  retomou o uso de paramentos eclesiásticos como forma de distinção religiosa.

Os pentecostais fazem o mesmo. Se observarem bem na reportagem da revista Veja, acima, perceberão que a "moda evangélica" em questão está diretamente relacionada com as "vestimentas Pentecostais", o que mais uma vez prova sua aproximação ideológica com a Igreja Católica Romana. As santas de lá, certamente, servem como inspiração e modelo para a "grife gospel" de cá. Desculpem o anacronismo, mas, já viram alguma santa da igreja Católica de calça comprida? Da mesma forma não verão calças compridas nos catálogos das inúmeras lojas virtuais de "moda evangélica". Afinal, seu público alvo - as irmãs pentecostais - simplesmente não as podem usar; são proibidas pelo "esquadrão da moda pentecostal".

Essa semana o jornal matinal Bom Dia Pernambuco noticiou que algumas alunas de uma escola pública, que também fazem pate da igreja Assembléia de Deus, foram impedidas de entrar na escola porque estavam de "saia". O problema é que o fardamento da escola prevê o uso de calças compridas. Pronto, a confusão estava formada.

A direção da escola exige calça e os "estilistas" da Assembléia de Deus, saia.

Não estamos discutindo aqui sobre o direito constitucional de culto, liberdade de expressão e religiosa que essas irmãos, certamente, têm. Nosso foco se restringe à pergunta retórica:

A igreja pode ditar a moda?

             Não  deixe de ver o vídeo da reportagem:

Penso que só Deus deve ser o senhor de nossas consciências. Nenhum líder religioso, nenhuma igreja tem o direito de normatizar nossas vidas com suas regrinhas humanas. Somos livres, inclusive para decidir o que vestir e o que não vestir. Paulo, escrevendo aos Gálatas, deixa claro a existência dessa antiga tendência, presente nos religiosos e nas religiões, de colocar algemas invisíveis na mente das pessoas, tal qual ocorre com as irmãs da Assembléia de Deus. Diz ele: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho,  o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.   Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1:6-8).

Mas, e a Bíblia? Não se pronuncia com relação ao que se deve vestir? Existe algo do tipo "moda dos eleitos" na Bíblia? Obviamente que não. Porém, as Escrituras trazem alguns princípios que devem nortear nossas vidas quanto a esse assunto. Por eles, devemos deixar de usar roupas provocantes, sensuais, indecorosas. Devemos nos vestir de forma recatada. Os teólogos de Westminster, interpretando o sétimo mandamento (não adulterarás), nos trazem algumas informações importantes quanto a esse assunto. Vejamos as perguntas 137 e 138:

Pergunta 138: Quais são os deveres exigidos no sétimo mandamento? Resposta:  Os deveres exigidos no sétimo mandamento são a castidade no corpo, entendimento, afetos( I Ts 4. 4,5), palavras( Ef 4. 29; Cl 4. 6) e comportamento(I Pe 3. 2, e a preservação dela em nós mesmos e nos outros( I Co 7. 2; Tt 2. 4,5); a vigilância sobre os olhos e todos os sentidos( Mt 5. 28); a temperança( Pv 23. 31,33; Jr 5. 7), a conservação da sociedade de pessoas castas( Pv 2. 16,20; I Co 7. 9), a modéstia no vestuário( I Tm 2. 9) [...]. Pergunta 139: Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento?  Resposta:  Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos( Pv 5. 7; Pv 4. 23,27), são [...] o comportamento imprudente ou leviano; o vestuário imoderado ( Pv 7. 10,13,14) [...].

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