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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

BREVE REFLEXÃO SOBRE A MILITÂNCIA CRISTÃ PRÓ-ARMAMENTO

 
Fiz esse pequeno artigo por ocasião do Referendo do Desarmamento. Estava esquecido dele mesmo. Foi publicado em um jornal e depois nunca mais toquei nele. Nem publiquei no blog, à época. Resolvi pesquisar por onde andava por conta de uma espécie de campanha que tá rolando no facebook, promovida por muitos cristãos, dentre os quais pastores, líderes e seminaristas, defendendo o uso indiscriminado de armas pela população. Ou seja, defendendo o direito de qualquer pessoa “normal” portar uma arma. Usam como exemplo os EUA e outros países desenvolvidos. Mas, será que em nossa realidade seria algo positivo mesmo armar a população? Por se julgarem, esses irmãos, fortes, sábios e equilibrados emocionalmente, será que não estão nivelando a população “por cima”, como se toda ela morasse no auge desse pedestal também? A discursão é boa e precisa ser feita. Porém, será que esses irmãos, militantes do armamento, que mais parecem sócios da Taurus, não estão deixando de lado desse importante debate a diferença social gritante, entre eles e nós? É claro que não se fundamentam apenas na comparação e na inveja das outras nações que “têm um Rei”. Há muito mais por trás desse apelo e sabemos disso. Poderia expor alguns motivos pelos quais não considero uma boa ideia armar a população. Porém, prefiro lembrar que muitos cristãos lúcidos, que defendem o uso de armas defendem igualmente o uso do álcool. Não considero que essa seja uma mistura muito boa. Seria necessário uma campanha à semelhança da veiculada pela chamada “lei seca”. Algo do tipo, “se beber não ande armado, querido irmão”. Obviamente que deveria fazer uma adaptação do texto a seguir, pois foi escrito para um momento histórico e pontual. Não farei isso, por enquanto, por pura falta de tempo. Então, vai bruto como está e como foi publicado. Lembrando que a retomada desse texto, que não tem rigor acadêmico, tem como objetivo apenas abrir outras possibilidades nesse debate. Vamos a ele:
 
Vivemos num estado democrático. Isto pressupõe direitos e deveres. Pressupõe também que abrimos mão de alguns de nossos direitos e alguns de nossos deveres e os entregamos ao Estado, visando um bem maior, um bem comum. Um desses direitos está relacionado à questão da segurança publica. Nós, enquanto cidadãos de um estado democrático, não temos MAIS o direito de fazer nossa própria segurança, não temos o direito de portar uma arma sob este pretexto, precisamente porque o repassamos ao Estado para que fizesse isso, não somente por nós, mas por toda a sociedade. A questão do desarmamento, ao que me parece, é uma questão defendida por todos, inclusive pela frente do NÃO. O problema principal não é se eu tenho ou não tenho o direito de possuir uma arma, de ser responsável pela minha própria segurança, o problema, principalmente que incomoda a frente do NÃO e a todos nós, está intimamente relacionado com a capacidade, ou melhor dizendo,  com a incapacidade e dificuldade do Estado em  assumir, de forma eficaz, a segurança publica. O que fazer então? Ou melhor, como votar então, se de um lado abro mão dos meus direitos em prol da coletividade e o repasso a um Estado que promete fazer isso, não somente por mim, mas também pelos meus pares, e não está conseguindo cumprir com o “acertado”? Temos algumas opções: a primeira é desistirmos de um Estado democrático e assumirmos a forma de governo da Anarquia, o que nos daria direito de não somente sermos responsáveis pela nossa segurança mas também pela água da nossa torneira e pela energia elétrica que consumimos (como faríamos isso é outra história). Neste caso, o “Estado” seria totalmente ausente com relação à segurança publica. Isto equivale a dizer que toda a responsabilidade da nossa segurança seria, exclusivamente, nossa e dependeria tão somente de nós a forma como iríamos fazer isto. Com armas brancas ou armas de fogo ou até mesmo com armas químicas, seria nossa responsabilidade e nosso o poder da decisão. Cabe aqui agora uma pergunta para a frente do NÃO e seus simpatizantes: ao votar NÃO, você também estaria disposto a isentar o Estado total e incondicionalmente da responsabilidade de sua segurança e assume o compromisso de jamais ligar para o 190? A segunda opção que temos, se de fato acreditamos que a democracia é a melhor forma de governo, apesar de suas falhas, mas não há regimes de governo sem elas, é, como cidadãos conscientes, RATIFICAR que abrimos mão desse e de outros direitos, em favor de uma coletividade e que o repassamos ao Estado. Cobrar veementemente desse Estado que cumpra o seu papel e que assuma as responsabilidades que a ele  confiamos. É precisamente assim que o Estado se fortalece e um Estado forte e poderoso, como um “grande monstro”, será capaz de nos defender a contento. Não devemos fragilizar o Estado, como fazem alguns membros ignorantes desse mesmo estado, como os deputados e senadores da frente do não. Eles negam o Estado. Eles são a antítese do Estado democrático de direito. Mas restar-nos-ia ainda uma terceira opção se não concordamos com um Estado democrático e nem com um “Estado” Anárquico: cada individuo se enclausuraria em uma ilha deserta e pronto. Estaria eliminada a necessidade do Estado. Esse referendo nem deveria acontecer, mas já que está marcado, fortaleçamos o Estado votando SIM.
 

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