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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

PREVISÃO DO FUTURO

Você gostaria de saber o que lhe acontecerá no próximo ano? Se você tivesse a oportunidade de "dar uma espiadinha" no seu futuro, perderia essa oportunidade?
Não há um ser humano que não tenha pelo menos curiosidade em saber como será seu futuro. E qual o objetivo de saber o futuro? Talvez, quem sabe, para direcionar o presente (CORREIA, 2009, p.86).
Quantas coisas faríamos diferente se tivéssemos tido a oportunidade de antever, de prever as consequências de nossas escolhas, de nossas decisões. Saber antecipadamente do futuro seria um grande benefício. Não faríamos um investimento financeiro, por exemplo, se pudéssemos ter tido acesso, antecipadamente, que a consequência dele seria a falência futura. Muitos relacionamentos que fracassarão no ano que se avizinha, poderiam ter sido evitados. Quem sabe ter escolhido outra pessoa ao invés da que foi, efetivamente, escolhida. Muitas pessoas que morrerão de acidentes automobilísticos no próximo ano, se tivessem tido a oportunidade de prevê-los, como certo, provavelmente pegariam outra estrada ou, simplesmente, não fariam a mesma viagem ou ainda não beberiam no dia "antecipadamente" marcado de sua morte.

A grande questão é:

É realmente possível prever o futuro?

Para o filósofo medieval, Agostinho de Hipona, um dos maiores especialistas do "problema do tempo", essa possibilidade de previsão do futuro simplesmente NÃO EXISTE. Veja o que ele diz:
Sei com certeza que nós premeditamos nossas ações futuras e que tal premeditação é presente, mas o ato que premeditamos ainda não existe, porque é futuro [...] qualquer que seja a natureza dessa misteriosa previsão do futuro, não podem ver senão o que existe, mas o que existe não é futuro e sim presente (CONFISSÕES, XI, 18,24).
 O que Agostinho quis dizer? De forma mais simples, isto:
Agostinho afirma que o futuro, tal qual imaginamos prever, nada mais é que uma espécie de expectativa, criada a partir de experiências já gravadas antecipadamente em nossas mentes" (CORREIA, 2009, p.87)
Para entender melhor essa questão, vejamos uma clara e prática explicação de Agostinho sobre a real natureza daquilo que pensamos ser uma pretensa previsão do futuro:
Vejo a aurora e posso predizer que o sol está para surgir. O fenômeno que observo (a aurora) está presente, o que não vejo é futuro. Não é futuro o sol, que já existe, mas sim seu surgimento que ainda não se realizou; todavia, se eu não tivesse no espírito um imagem desse surgimento [...] não o poderia prever. No entanto, nem essa aurora que vejo, nem a imagem dela são o próprio nascimento do sol: são os dois fatos presentes que vejo e que me servem para predizer um acontecimento futuro. Portanto, o futuro não existe, de maneira nenhuma pode ser visto (CONFISSÕES XI, 18,24).
Para Agostinho, NÃO É POSSÍVEL, em hipótese alguma, hoje, PREVER O FUTURO, pelo simples fato de que não se pode ver ou mesmo antever algo que ainda efetivamente não existe.
Se o futuro existe, quero saber onde está [...] todavia sei que, onde quer que esteja, não será futuro, mas presente (CONFISSÕES, XI, 19,23).
Não é possível, ordinariamente, ao mortal prever o futuro. Como única possibilidade temos uma REVELAÇÃO, extraordinariamente, direta daquele que é Eterno e, portanto, vive num presente constante por decretar e saber, antecipadamente todas as coisas. A Bíblia relata episódios em que Deus, de fato, REVELOU O FUTURO (que só é futuro para os homens) a algumas pessoas, geralmente Profetas. Porém, segundo a boa Teologia Reformada, essa possibilidade foi encerrada, descontinuada, com o fechamento do Canon Bíblico. Sobre essa questão, diz a Confissão de Fé de Westminster, formulada no século XVII pelos Puritanos, no Capítulo I, DA ESCRITURA SAGRADA:

Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo. Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.

Sendo assim, todos os prognosticadores, adivinhadores, cartomantes, necromantes, crentes que dizem ter tido algum tipo de "nova revelação" ou "profecia", sem exceção, aqueles do "eis que te digo, varão", são "enganadores da fé alheia". 
 
Todos, sem exceção, são CHARLATÕES; ora em busca de prestígios e cargos em suas igrejas ora em busca de dinheiro fácil. E quando acertam algo? Generalidades previsíveis, em alguma medida. Para cada "acerto" há uma infinidade de chutes e erros.  Sem contar que, uma suposta previsão lançada sob um auditório repleto, pode, de alguma forma, coincidir com alguma situação que alguém esteja passando.

Essas tentativas de prever o futuro são extremamente repudiadas e condenadas por Deus, vejamos alguns exemplos:

Deuteronômio: 18.10 Não se achará entre ti [...], nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; 18.14 Porque estas nações que hás de possuir ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR, teu Deus, não permitiu tal coisa.

Levítico: 19.31 Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. 20.6 Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo.

Isaías: 8.19 Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?

O que fazer, então, se não é possível prever o futuro para, de alguma forma, direcionar nosso presente? Isso não nos deixará extremamente ansiosos pelo dia de amanhã?

O Salmista Moisés (muitos desconhecem que Moisés, inspirado por Deus, foi autor desse Salmo), no Salmo 90, refletindo sobre a transitoriedade da vida do homem e sobre a Eternidade de Deus, aprende e nos ensina lições importantes, que devem acalentar nossos corações quando a expectativa irresistível e impossível de conhecer o futuro se nos abater a alma:

1º) Deus é Eterno. Deus sabe de todas as coisas, inclusive como será nosso futuro, que pra Ele já é presente. Afinal, ele sabe não porque, simplesmente anteviu algo e, sim, porque decretou que fosse assim, considerando, inclusive, as questões circunstanciais. Moisés aprende que deve confiar em Deus em todas as situações, sobretudo naquelas que lhes são ocultas, como o futuro, por exemplo;

2) O homem é transitório
. Moisés também aprende que é loucura viver fora de sintonia com os desígnios de Deus, que é Infinito e Eterno, e com Sua vontade;

3) Moisés aprende ainda que a única maneira de não viver uma vida, no presente, sem sentido, é ter todos os momentos de sua vida na presença do Senhor; cada momento, cada instante. Fazendo isso, devemos DEPOSITAR AOS PÉS DE CRISTO TODA A EXPECTATIVA do novo ano, bem como todas as incertezas, dúvidas, medos e ansiedades.

Diz Moisés em seu belo Salmo:
2.Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. 3.Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens. 4. Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite. 10. Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos. 12 Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio (SALMOS 90).

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