Salomão, no auge de sua "sabedoria"
inspirada, alertou: "Ensina a criança no caminho em que deve
andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Prov 22:6). A
questão é: no quesito "adoração" o que estamos ensinando às nossas
crianças? Como elas devem adorar ao Senhor? Antes de responder, uma dúvida logo
se abaterá nos corações observadores: a questão que se coloca se aplica somente
enquanto forem crianças ou também quando elas crescerem, quando se tornarem
adultas? Por isso a resposta à primeira pergunta seria: "depende".
Ensinamos que a adoração ao Senhor deve seguir o Princípio Regulador do Culto.
Ou seja, na adoração aquilo que está ordenado nas escrituras, deve ser feito.
Aquilo, porém, que não está ordenado nas escrituras ou delas não se possa
inferir, deve ser evitado; abolido. Criticamos igrejas que teimam em manter em
suas liturgias "grupo de coreografias", "danças litúrgicas"
e todas essas invenções. Mas, entrando direto no assunto, nas EBF'S (Escola
Bíblica(?) de Férias) da vida, ensinamos nossas crianças a "adorarem"
ao Senhor com "danças" e ainda nos sentimos gratos por vê-las "pulando
e dançando" enquanto "adoram" ao Senhor. Ensinamos às crianças:
"dancem, pulem, saltem de um lado para o outro", quando estiverem
"adorando" ao Senhor. Quando crescem, porém, queremos a todo custo
ensinar: "a adoração ao Senhor deve ser ordeira, solene, sem inovações,
sem danças, sem pulos, sem invenções da mente humana ou sugestões de
satanás". Quanta incoerência! Seria essa incoerência fruto do entendimento
de que as crianças de hoje em dia são retardadas e não mais entendem o puro e
simples evangelho e os preceitos básicos de Deus e que por isso precisamos, como
diz um adágio que critica essa postura, "vestir Jesus de palhaço" para que
seja mais agradável e palatável aos seus olhos"? Ou, antes, essa
incoerência é fruto de quem aprendeu errado e hoje está apenas repassando
errado às crianças? Ou ainda é ela apenas uma forma de rebeldia e resistência
aos ensinamentos corretos que conhecem, mas não concordam muito? Radicalidade?
Sim, sim. Parece que essa última opção responde bem às indagações. Afinal, são
"apenas crianças". Sem problemas, se Salomão estivesse errado! As grandes
barragens começam a se romper e ao final causam grandes tragédias por meio de
pequenas brechas e pequenas rachaduras. Da mesma forma temos visto isso
acontecer na igreja cristã. Pequenos desvios doutrinários e litúrgicos e
pequenas concessões de líderes que não quiseram parecer "radicais"
levaram a igreja Romana, por exemplo, ao nível de desvio que se encontra hoje.
Portanto, sejamos pelo menos, coerentes: se entendemos que não há nenhum
problema teológico/doutrinário em "adorar" ao Senhor com "danças"
ensinemos isso à toda igreja e não apenas aos pequeninos. Tá cheio de adulto
nas igrejas querendo "soltar a franga" na liturgia da
"adoração". Certamente vão "amar". Mas, se ao contrário,
entendemos que o a adoração deve seguir o Princípio Regulador do Culto, que
ensina que ela deve ser ordeira, simples e sem inovações, ensinemos igualmente
do menor ao maior, porque, como alertou o sábio: "o caminho que ensinarmos
é o caminho que as crianças seguirão". Que seja assim, para a aprovação ou
reprovação dos que ensinam a esses pequeninos.
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